quinta-feira, 31 de julho de 2025

Gramado e Canela: entre a memória e o presente

 

No surpreendente Museu da Moda, em Canela

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Gramado e Canela são duas cidades gaúchas que se tornaram sinônimo de turismo qualificado no Brasil. Muitas atrações, uma natureza exuberante e um povo preparado para receber bem os visitantes. Voltei lá depois de muitos anos e vou contar o que vi e senti.

Dois mundos separam a minha visita original, no início dos anos 1990, da realidade atual. Antigamente, eram pequenas vilas ainda muito características, com casas originais e uma arborização mais intensa. Agora, as duas cidades praticamente se uniram; há muitas construções novas, e o número de turistas aumentou consideravelmente. São também inúmeras as opções de hospedagem, para quase todos os bolsos.

Digo “quase” porque não são cidades de custo baixo. A maioria das atrações exige uma boa preparação financeira — assim como os bons restaurantes. Ou seja, não é barato turistar por aquela região.

Pegamos (eu e meu companheiro de viagem, Wagner Cosse) um tempo ruim, chuvoso, em pleno mês de junho. Fomos preparados para o frio intenso, que acabou não se confirmando, mas a chuva foi constante, atrapalhando um pouco nossos planos — principalmente porque gostamos de fazer caminhadas e queríamos apreciar melhor as atrações ao ar livre.

Para não perder o passeio, procuramos por espaços fechados. Felizmente, há muitas opções, tanto em Gramado quanto em Canela. No entanto, muitas delas não têm relação direta com o Sul do Brasil, que era justamente o que eu procurava nessa viagem. Há uma certa “síndrome de Disneylândia” na região, que migrou boa parte de suas atrações para temas mais americanizados.

Museu da Moda

No meio disso tudo, tentamos escolher o que nos pareceu mais aprazível e significativo. A primeira — e talvez mais surpreendente — das atrações foi o Museu da Moda, em Canela. Descobrimos o museu quase por acaso, ao encontrar um livro sobre o assunto no hotel onde nos hospedamos.

O prédio, em estilo neoclássico, abriga uma coleção espetacular de roupas femininas que contam um pouco da história da vestimenta ao longo dos séculos — do Egito Antigo até os dias atuais —, somando 4.000 anos de história. A ideia foi da estilista gaúcha Milka Wolff, que sempre pautou suas coleções por pesquisas aprofundadas sobre a moda em diversos países e épocas. A curadoria ficou a cargo de Débora Elman. O mais impressionante é que a maioria das vestimentas foi confeccionada pelo ateliê de Milka, a partir de tecidos similares aos originais. Há também peças autênticas, doadas por apoiadores do museu ou adquiridas pela própria criadora, mas essas são minoria.

Nas vitrines, muito bem posicionadas e iluminadas, podem ser apreciadas as modas utilizadas na França de Luís XIV, na Rússia do século XIX, na revolução modernista de Paris dos anos 1930, entre outras. Há uma ala toda dedicada a Jacqueline Kennedy Onassis (1929–1994), icônica primeira-dama dos Estados Unidos, que foi uma lançadora de tendências. Outra ala homenageia Lady Di (1961–1997), outro ícone da moda do século XX. As roupas foram reproduzidas com riqueza de detalhes. O museu ainda exibe uma ala com figurinos de grandes estrelas do cinema, como Rita Hayworth, Audrey Hepburn e Marilyn Monroe.

Estilista de alta costura, Milka (1942) dedica uma parte do museu às suas principais criações, assim como a produções de outros ateliês gaúchos — inclusive trabalhos de estudantes de Moda. Ela também expõe sua coleção de bonecas inspiradas em grandes estilistas internacionais e criou uma vitrine com trajes típicos de todos os estados brasileiros.

O museu vale cada centavo da visita.

Outras atrações

Outro local que apreciamos foi a antiga estação ferroviária de Canela, transformada em área de lazer, com rua coberta, lojas e até um charmoso vagão-restaurante, entre outros pontos gastronômicos. A igreja matriz de Canela também é muito bonita, assim como as principais ruas do centro, que — apesar da chuva — não perderam a beleza característica da época do ano, quando as folhagens das árvores se tingem de tons ferruginosos para celebrar a chegada do inverno.

Em Gramado, conhecemos alguns museus típicos, mas nenhum me chamou tanto a atenção quanto o Palácio dos Festivais, sede do Festival de Cinema de Gramado. O local abriga um museu que conta a história do mais importante evento cinematográfico do Brasil, criado em 1973.

Há cartazes, placas, fotos e objetos — como o Kikito —, cobiçado prêmio entre atores, diretores e produtores de cinema do país. A grande sala de cinema, onde os filmes são exibidos, também está aberta à visitação.

Obviamente, há muito mais o que conhecer na região. Ficamos apenas três dias por lá e — reforço — dias chuvosos. Isso atrapalhou bastante nossos planos. Mas, mesmo assim, valeu muito a visita.

Em breve, novas postagens. Aguarde!

FOTOS

Canela

Igreja Matriz de Canela

Interior da igreja

Clima chuvoso

Arborização da rua principal

Vagão-restaurante

Restaurante na estação ferroviária

Wagner e o vagão-restaurante


Rua coberta

Gramado


Rua principal

Largo da Borges

Interior do Largo da Borges

Pracinha

Museu da imigração italiana (casa vermelha)

Interior do museu (peças doadas pela comunidade italiana)

Igreja de São Pedro

Interior da igreja

Vitral

Palácio do Festival de Cinema



Museu do cinema


Kikito

Wagner ouve audios relativos ao festival

Sala de exibição dos filmes

Museu da Moda de Canela





Maria Antonieta e eu



Figuro à moda russa

Adereços doados por colecionadores

Famoso tailleur de Chanel

Detalhe de vestido original de Clodovil

Vitrine dedicada à Lady Di

Roupas de Jacqueline Kennedy Onassis

Bonecas com trajes típicos

Vestido famoso de Marilyn Monroe

Criações de Milka










Retrato de Milka criado nos anos 1980


Lustres da loja

Criações de estudantes de Moda


Roupa feita de papel jornal

Roupa feita de películas de filmes

Roupa feita de forminhas de doces

Bonecas inspiradas em grandes estilistas internacionais

Gramado e Canela: entre a memória e o presente

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