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Bem-vindo à Viena! (foto de Wagner Cosse) |
Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse.
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Há
muitos anos, deparei-me com um livro instigante chamado “Viena fin-de-siècle”,
de Carl E. Schorske. Nele, o autor relatava a exuberante capital da Áustria,
entre o final do século 19 e o princípio do século 20, quando a cidade passou
por uma revolução urbanística, cultural, política e artística. No mesmo tempo,
conviveram nomes que hoje fazem parte da história da Humanidade, como o
fundador da psicanálise, Sigmund Freud, os pintores Gustav Klimt, Egon Schiele
e Oscar Kokoschka, os teatrólogos Hugo von Hofmannsthal e Arthur Schnitzler, o
arquiteto Otto Wagner e o urbanista Camillo Sitte.
O
livro chamou a minha atenção para este local impressionante, banhado pelo Rio
Danúbio e que foi o centro do Império Austro-Húngaro. E, desde então, sempre
cultivei o sonho de conhecer Viena. Em 2010, tive a oportunidade de passar uma
semana nessa cidade, encantado com cada um de seus inúmeros atrativos.
O
mais impressionante dos movimentos culturais de Viena, para mim, é o da
Secessão. Ele aconteceu entre 1897 e 1920 e é bem relatado no livro de Schorske.
Naquela época, um grupo de jovens artistas desenvolveu um novo estilo de arte,
que desejava romper com o tradicionalismo, principalmente na pintura. O grande
líder deste movimento é Klimt, um dos meus artistas preferidos.
Em
Viena, esbarramos com muitos edifícios do período da Secessão, marcados por uma
decoração arrojada, cúpulas douradas e detalhes arquitetônicos instigantes. Há
inclusive a sede do próprio movimento, que tive a oportunidade de visitar,
assim como uma bela estação de trem.
No
museu do Belvedere é onde estão abrigadas algumas das principais obras dos
artistas da Secessão, inclusive o icônico “O Beijo”, de Klimt. Lá também conheci
a obra de Egon Schiele. Ele não era tão famoso (e nem tão decorativo) como
Klimt. E viveu somente 28 anos, entre 1890 e 1918), mas deixou obras viscerais,
quase pornográficas, marcadas por personalidade vulcânica.
Viena
é muito além da Secessão. É, sobretudo, uma cidade imperial. Ali tropeçamos em
palácios e monumentos belíssimos. Talvez o símbolo mais evidente é da
imperatriz Sissi, ou melhor, Isabel (ou Elisabeth) da Baviera (1837 -1898), que
foi casada com o imperador Francisco José I. Ela era considerada a mulher mais bonita
do mundo, em sua época. E teve uma vida marcada por tragédias e encantamento.
Morreu assassinada ainda jovem. Sissi foi tema de edulcorados filmes estrelados
por Romy Schneider nos anos 1950.
Na
região central de Viena, localiza-se o Hofburg, um complexo de palácios onde
viviam os imperadores, e que atualmente abriga vários museus e a famosa Escola
Espanhola de Equitação (que não tive a oportunidade de conhecer). O luxo é
impressionante. A coleção de joias, telas e móveis é espantosa. Havia inclusive
uma mesa toda montada para centenas de convidados, com baixelas douradas. Os
jardins que circundam o complexo também são lindíssimos.
Um
pouco mais afastado do centro da cidade há outro espaço arrebatador. Trata-se
do Schonbrunn ou a Versalhes austríaca. A enorme mansão, concluída no reinado
de Maria Teresa (século 18), é composta de luxuosíssimos cômodos. Cada espaço,
uma decoração diferenciada, alguns com estilo francês, outras em estilo chinês.
A Grande Galeria, ou salão de baile, é chocante.
O
entorno do palácio é formado por jardins em estilo francês. O grande parque tem
vários atrativos, dentre eles um belo lago, um jardim botânico e um zoológico.
Voltando
à parte central de Viena, é imprescindível visitar a região da catedral de
Stephandson (Santo Estêvão), com seu estilo gótico. É lá que está um dos
principais símbolos do catolicismo austríaco, o altar Neustäder, de 1447. Lá
também estão muitas lojas e restaurantes, que são uma boa parada para relaxar.
Outro
templo belíssimo é a barroca Karlskirche (Igreja de São Carlos), de 1737. Os
principais atrativos desta igreja são as torres ou colunas, com passagens da
vida de São Carlos Borromeu, seu padroeiro, e a imensa cúpula de 72 metros de
altura.
Voltando
ao século 20, mas ainda navegando no campo da arquitetura, outro prédio
singular de Viena é a Hundertwasser Haus, de 1985. Ela tem este nome em
homenagem ao arquiteto austríaco Friedensreich Hundertwasser (1928-2000). Com
certeza, é a construção mais estranha da cidade, com seus andares diferenciados
por cores e em um estilo que parece aproveitar materiais de diversas obras, com
janelas irregulares, linhas arredondadas e muitos jardins suspensos. Ele lembra
um pouco as viagens arquitetônicas de Gaudi, em Barcelona. O prédio mostra que
é possível morar em um edifício de apartamentos, sem que se sinta morando em
uma caixinha com todas as residências idênticas. Hundertwasser tem obras
espalhadas por todo mundo, todas marcadas por seu estilo personalíssimo.
Outra
visita que vale a pena, na parte moderna de Viena, é o complexo da ONU, que
fica às margens do Danúbio. O local é uma área internacional, localizado numa
área de 600 mil km2. Lá perto fica o famoso Prater, um parque de diversões
criado no século 19 e que se mantém ativo até os dias atuais. A roda gigante é
de 1896.
Mas
não é só a arquitetura e as artes plásticas que chamam a atenção nesta encantadora
cidade. Viena foi o centro musical do mundo durante muitos anos. Basta lembrar
que Mozart e Strauss são dois compositores austríacos famosos. E Beethoven
viveu parte de sua carreira na cidade.
Aproveitando
este clima, fui conhecer a sede da Filarmônica de Viena, uma das melhores
orquestras do mundo. Só o edifício já vale a visita. Mas o programa era a Nona
Sinfonia de Beethoven, com orquestra e coral. Com certeza, uma das mais belas
obras musicais de todos os tempos. Como não haviam lugares sentados
disponíveis, a solução foi comprar um ingresso bem no fundo do teatro, onde se
podia assistir ao concerto de pé ou sentado no chão. O respeito do público aos artistas e ao
espaço é inacreditável. Não se ouve nenhuma respiração mais ofegante durante o
tempo em que os músicos estão tocando. Dizem que até o papel de bala é
diferenciado, para não provocar barulho. Havia, na plateia, muitos jovens com a
partitura nas mãos, acompanhando cada acorde. Um momento ímpar em minha vida!
Fiquei
também muito admirado com a civilidade dos vienenses. As ruas são limpas,
impecáveis, com jardins repletos de tulipas e outras flores. Nenhum pedestre
atravessava a rua fora da faixa ou quando o sinal estivesse vermelho. Mesmo que
não tivesse nenhum automóvel transitando no local naquele horário. O metrô, de
superfície, não tinha catracas. A compra do ingresso era uma confiança entre os
usuários e companhia. Havia, sim, fiscais que de vez em quando percorriam os
vagões, mas nada além disso. De metrô, conseguimos chegar aos principais pontos
da cidade, inclusive os mais longínquos.
Viena
revelou-se acima de minhas expectativas. É um local múltiplo, vibrante. Há
atrações para semanas de viagem. Mas, como nem sempre isso é possível, espero
que gostem das minhas dicas.
E
até o nosso próximo encontro!
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Ópera de Viena |
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Museu Albertina, no Hofburg |
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Jardins |
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Burgtheater |
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Prefeitura de Viena |
Prédios da Secessão
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Prédio Secessão (detalhe) |
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Prédio Secessão |
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Arquitetura da Secessão |
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Arquitetura da Secessão |
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Estação em estilo da Secessão |
Área central da cidade
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Prefeitura de Viena |
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Senado |
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Belos parques são usados pela população para descansar e tomar sol |
Schonbrunn
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Horto Florestal |
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Igreja de São Carlos |
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Catedral de Santo Estêvão |
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Detalhes da catedral de Santo Estêvão |
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Acima, fotos do interior da catedral |
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Rua Graben |
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Coluna da Trindade |
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Pausa para o almoço na área central de Viena |
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Doces e tornas vienenses |
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Monumento em homenagem a Strauss |
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Ao fundo, a estátua de Schubert |
Hundertwasser Haus
Filarmônica de Viena
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Orquestra, coro e solistas da Nova de Beethoven |
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Monumento dedicado a Mozart |
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Monumento dedicado a Beethoven |
Belvedere
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Artigos do Museu Belvedere |
Sede da ONU europeia, Rio Danúbio e arredores
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Prédio da ONU |
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Rio Danúbio |
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Região do Rio Danúbio |
Postais
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Obra de Otto Wagner |
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Sissi |
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Sissi |
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O beijo, de Klimt (detalhe) |
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Obra de Klimt (detalhe) |
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Obra de Klimt |
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Obra de Klimt |
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Obra de Klimt |
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Obra de Schiele |
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Obra de Schiele |