Na Casapueblo. Foto de Wagner Cosse |
A maioria das fotos são de Thelmo Lins.
Outros créditos:
Wagner Cosse (WC) e Vinicius Cosse (VC)
Há casos de autores não identificados, como garçons, transeuntes e outros, que fizeram o registro a pedido do autor deste blog.
Desde que chegamos ao Uruguai,
tentamos alugar um carro para passear pela região com mais liberdade de
trânsito. No entanto, não conseguimos nenhum veículo disponível, talvez por
causa da época do ano (entre o Natal e o Ano Novo). Por isso, a opção (uma vez
que estávamos em grupo de cinco pessoas e sendo uma delas com mais de 70 anos)
foi comprar pacotes de excursões. E assim fizemos para conhecer Punta del Este
em pleno dia de Natal: 25 de dezembro de 2017.
O
passeio, que dura o dia inteiro, tem o destino final em Punta del Este, mas
percorre as regiões de Canelones e Maldonado, num percurso de aproximadamente
130 km. O custo da viagem é de 50 dólares por pessoa.
A
primeira parada aconteceu em Piriápolis (98 km da capital uruguaia). O pequeno
balneário foi criado no final do século 19 por iniciativa do rico empresário Francisco
Piria (1847-1933). A ideia foi criar, no Uruguai, uma atração turística nos
moldes da Riviera Francesa. A construção dos hotéis Argentino e Colón e do
Castelo de Piria, lá pelos anos 1930, foi o marco inicial para a atração da
elite uruguaia e argentina, que ali edificou suas belas mansões, várias delas
ainda preservadas com seus belos jardins. A rambla também é muito charmosa,
proporcionando um ar sofisticado ao local.
Atualmente
Piriápolis é o segundo balneário mais frequentado do Uruguai, perdendo apenas
em número de turistas para Punta del Este. E a população do país, sejam ricos
ou nem tanto, podem usufruir das praias tranquilas do Rio da Prata.
Cercada
de morros (cerros, em espanhol), uma das principais atrações da cidade é o
Cerro San Antonio, de onde se tem uma bela vista da região. No monte há também
uma pequena capela dedicada ao santo padroeiro, além de lojinhas de artesanato
e lanchonetes.
A
próxima parada foi a impressionante Casapueblo, o museu-atelier criado pelo artista
plástico Carlos Vilaró (1923-2014), expoente do modernismo uruguaio. Foi para esta
construção que Vinicius de Moraes, amigo do proprietário, criou a canção “A
casa” (“Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...”). A
guia da excursão mencionou o fato e fez todos os brasileiros que estavam no ônibus
cantarem a música. Aliás, diga-se de passagem, só se ouvia português no
Uruguai. De acordo com uma pesquisa de 2016, mais de 180 mil brasileiros
estiveram em terras uruguaias naquele ano, e o Brasil é o segundo país em
quantidade de visitantes, só perdendo para a Argentina, que enviou 1,3 milhão
de turistas. O Chile ficou com o terceiro lugar, com 32 mil visitantes.
A
Casapueblo, por sua beleza, localização e significado, é muito visitada. Seus
corredores tortuosos ficam lotados de pessoas de todas as faixas etárias e
nacionalidades. Há uma bela vista para o Rio da Prata, que contrasta com o
branco da sua pintura. Numa foto aérea, descobriu-se que o complexo tem o
formato do mapa do Brasil. Não se sabe se foi intencional ou não, mas é uma
curiosidade.
Há,
também, uma galeria de arte e lojas, onde podem ser adquiridas reproduções das obras
do Vilaró. Os cômodos e áreas de circulação trazem nomes de amigos do artista, dentre
eles o do poeta Vinicius e do pintor Pablo Picasso.
Deixamos
a Casapueblo e nos dirigimos para Punta del Este. Circulamos por bairros da
cidade, alguns deles com nomes importados como Pine Beach, Aidy Green, Deauville
e Beverly Hills (eca!). Este último deve-se ao fato de abrigar, dentre tantas
casas, mansões de estrelas de cinema. Há também campos de golfe e hotéis estrelados.
Segundo
a nossa guia turística, Punta del Este vem perdendo o espaço dentre as
preferências dos ricos e famosos para José Ignácio, outro pequeno balneário bem
perto dali. Tudo por questões de exclusividade. Mas, em Punta estão os
principais cassinos, dentre eles o luxuoso Conrad, que vimos só de passagem. A
famosa escultura La Mano, que mostra os cinco dedos de uma mão emergindo das
areias da praia, é a atração mais visitada. Fica lotada de turistas o tempo
inteiro. Ela foi criada pelo artista chileno Mario Irarrázabal, em 1982.
Transitamos
ainda pela Ponte Ondulada, de 1965, que proporciona uma pequena sensação de
vertigem quando o automóvel a percorre em velocidade mais alta. É claro que o
motorista do ônibus fez a brincadeira conosco!
Punta
del Este, fiquei sabendo nesta viagem, é onde termina o Rio da Prata e começa o
Oceano Atlântico. Por isso, parte das praias é de água doce (ou salobra) e outra
parte, de água salgada. A Praia Mansa é formada pelo rio, enquanto a Praia
Brava, pelo mar. Em alguns lugares, é possível observar as suas diferentes
tonalidades: o rio é mais barrento, embora as águas sejam limpas; e o mar, mais
azul esverdeado.
E
dá-lhe brasileiros. Parecia que um transatlântico, que estava ancorado no
porto, havia desembarcado centenas de conterrâneos no local. Era difícil ouvir
o castelhano. Nas lojas, não sei se para agradar ou espantar tocava em alto som
aquelas baladas sertanejas que ouvimos em nossas emissoras de rádio. Mas havia uma
loja onde se ouviam os sons de Gal, Bethânia, Chico, Gil, Caetano, Djavan,
dentre outros. Preferimos ficar mais tempo por ali.
Outra
coisa que chamou a atenção foi a tranquilidade. Tanto em Montevideo quanto em
Punta del Este, as mansões não têm muros. São belos jardins que se integram à
paisagem, sem anteparos. Há exceções, mas na maioria dos casos é assim. A
violência e a criminalidade no país são baixas e há muita segurança. Que
continue assim!
Desde
que viajamos (Conceição, Regina, Vinicius, Wagner e eu) fomos abençoados pelo
ótimo clima do Uruguai. Quase o tempo todo o sol brilhava no céu azul. Havia um
certo calor, principalmente na região das praias, mas adequadíssimo ao local e
à época do ano, o verão. Portanto, muito melhor do que a encomenda (tínhamos
receio que chovesse!).
Depois
do tour, voltamos ao nosso hotel em Montevideo, para um descanso. No dia
seguinte, logo da manhã, partiríamos para uma nova etapa da viagem: Colônia del
Sacramento.
Piriápolis
Hotel Colón |
Hotel Argentino e as ramblas |
Wagner no Cerro San Antonio |
Com Conceição, Vinicius e Regina, no Cerro San Antonio (foto WC) |
Casapueblo
Construção em formato do mapa do Brasil, vista do alto |
Na foto, Carlos Vilaró |
Picasso e Vilaró |
Conceição admira o hotel da Casapueblo |
Punta del Este
La Mano |
Regina e eu em La Mano (foto WC) |
Hotel e cassino Conrad |
Arquitetura da área de hotelaria |
Praia Brava |
Iate clube de Punta del Este (foto WC) |