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Na Grota do Angico, no município de Piranhas (AL), com o turismólogo Jairo Luiz Oliveira: o local onde Lampião e Maria Bonita foram assassinados (foto de Wagner Cosse |
Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse
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Eis que chegamos literalmente à
Trilha do Cangaço, às margens do Rio São Francisco, nas proximidades dos
municípios de Piranhas (AL), Canindé de São Francisco (SE) e Paulo Afonso (BA).
Optamos em nos hospedar em Canindé, pois as opções de hospedagem em Piranhas ou
estavam com lotação esgotada ou com preços muito altos, para o padrão que nos
impomos nessa jornada.
A cidade sergipana fica a apenas 12 km de
Piranhas, a principal cidade do circuito. Nela estão localizadas a Hidrelétrica
de Xingó, uma das maiores do país, e a melhor prainha do Velho Chico. Inclusive,
foi nessa praia de rio que o ator Domingos Montagner (1962-2016) se afogou, causando
grande comoção nacional. Tirando o fato de relembrar essa tragédia, o espaço é
delicioso, com boa estrutura de barracas, restaurantes, estacionamento e
segurança. No dia que estivemos lá, estava bastante tranquilo, com poucos
banhistas.
Em Canindé também ficamos na pousada Vitória,
a mais marcante de nossa viagem no quesito atendimento. Os proprietários são o
jornalista Silva Junior e sua esposa Valquíria, que não mediram esforços para
nos sentirmos em casa. Tanto que resolvemos estender nossa estadia, para curtir
um pouco mais o ambiente tão agradável e acolhedor.
Além da praia Canindé também oferece o famoso
(e belíssimo) passeio ao Cânion do Xingó, que já tínhamos feito em uma viagem
anterior, e a visita à Hidrelétrica com seu museu de arqueologia, que não
visitei (Wagner fez a visita).
O meu (nosso) interesse principal estava na Rota
do Cangaço, ou seja, as trilhas por onde Lampião e Maria Bonita passaram na
região. E, para realizarmos nossa meta, dois nomes foram fundamentais: o turismólogo
Jairo Luiz Oliveira, de Piranhas; e o escritor João Sousa Lima, de Paulo
Afonso. Tivemos a honra de tê-los nos ciceroneando por caminhos como a Grota do Angico, o museu Casa de Maria Bonita e os locais por onde o bando de Virgulino
Ferreira passou. Pudemos apreciar histórias bem particulares, fatos que ainda
não foram revelados pelos livros e que até contestam biografias de autores
consagrados.
Descobrimos, também, que Lampião é o
personagem mais biografado das Américas, batendo até mesmo o icônico Che
Guevara. O Rei do Cangaço era uma figura ímpar, apesar de suas ações
extremamente violentas. Era sanfoneiro e compositor e ainda costurava roupas,
além de apreciar perfumes importados de Paris. Com Maria Bonita, compôs um dos
casais mais midiáticos do país, que até suscitam lendas e causos.
Piranhas é um museu aberto. Linda, a cidade é
bem preservada e mantém um vasto patrimônio histórico, devidamente tombado pelo
IPHAN. Para coroar, ela situa-se à beira do São Francisco, compondo um
casamento bastante harmônico entre natureza e as construções urbanas. A vista
que se tem do alto dos dois principais morros do centro da cidade (um deles tem
mais de 300 degraus!), principalmente no pôr-do-sol, é um presente dos deuses.
Há também lugares muito agradáveis
para se provar uma boa comidinha local, bater papo e fazer novos amigos.
Existem muitos bares e restaurantes, que espalham mesas na praça principal da
cidade, onde se pode apreciar a música local, em especial o forró, executada ao
vivo. O melhor ficou por conta da Nossa Bodega, onde passamos a última noite na
cidade, embalados pelo violão do sofisticado músico Camilo Lemos. A
proprietária do espaço, Fabiana, é uma figuraça. Ela é quem dá a liga para que
o lugar se torne uma casa aberta à arte, ao entretenimento e à amizade.
Por falar em arte, Wagner e eu
conhecemos também duas outras pessoas especiais em Piranhas: a atriz Amanda
Acosta e o diretor teatral Sergio Módena. Eles estavam na cidade pesquisando
sobre o cangaço, para uma peça que irão levar em São Paulo sobre as
cangaceiras. Logo nos aproximamos e ficamos amigos, compartilhando muitas
afinidades e interesses. Vale também ressaltar a companhia agradabilíssima de
Angecila Oliveira, esposa de Jairo, que contagiou com seu humor fino. Ela é descendente
do antigo coiteiro de Lampião, proprietário do terreno da Grota do Angico, onde ele foi morto em
1938. Lá funciona atualmente um restaurante à beira do Rio São Francisco, para
onde se chega de catamarã.
Tudo em Piranhas e nas cidades
vizinhas nos inspira: sua luz, suas cores, o sol, o rio, a música. Não é à-toa
que o cantor Altemar Dutra (1940-1983), encontrava, na cidade alagoana, o refúgio
para seus dias de fossa, pescando, bebendo e cantando canções, principalmente
aquelas que não faziam parte de seu repertório. As visitas eram tantas que o
povo o homenageou com uma estátua nas proximidades do porto.
Outra ótima surpresa foi conhecer a cidade de Água Branca, localizada nas proximidades de Paulo Afonso. Ali viveu o Joaquim Antônio de Siqueira Torres, nominado Barão de Água Branca. O casarão onde ele e sua esposa viveram continua de pé, assim como a igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, apelidada de Taj Mahal alagoano. Além da beleza de sua fachada e de seu interior, a igreja foi construída como um presente de amor do barão para a sua esposa Joaquina Vieira Santes, a baronesa. No entorno da igreja há vários prédios históricos bem conservados. Lá está o segundo ponto mais alto do Estado, com 570 metros de altitude. Do morro do Calvário podem-se avistar as belas montanhas da região, o Rio São Francisco e também apreciar o deslumbrante crepúsculo.
Encerramos aqui esta etapa da viagem
e agora rumamos para Canudos, na Bahia, onde visitaremos as terras que
inspiraram um dos mais célebres clássicos da literatura brasileira, “Os
Sertões”, de Euclides da Cunha.
Canindé de São Francisco
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Praia de Canindé, no Rio S. Francisco. Ao fundo a Hidrelétrica de Xingó |
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Wagner almoça com os pés nas águas do rio |
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Wagner e eu, com Laís (blusa preta) e Valquíria, da Pousada Vitória: ambiente acolhedor |
Piranhas
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Praça principal de Piranhas |
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Artesanato local |
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Artesanato local |
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Torre da cidade |
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Antiga estação ferroviária |
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Antiga estação ferroviária, que hoje abriga o Museu do Sertão |
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Acervo do Museu do Sertão |
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Artesanato local, exposto no museu |
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Tipo de alpercata utilizada por Lampião e seu bando |
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Pertences de Lampião, no acervo do museu |
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Algumas das 600 biografias do Rei do Cangaço |
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Rio São Francisco em Piranhas |
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Matriz |
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Por-do-sol |
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Vista de Piranhas no fim de tarde, com o São Francisco ao fundo |
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Pracinha sendo preparada para o agito noturno |
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Wagner em um dos mirantes de Piranhas |
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Eu e o Rio (foto de Wagner Cosse) |
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Piranhas à noite |
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Fim de tarde em Piranhas |
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Jairo e eu, trocando presentes |
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Na bodega de Fabiana (ao centro, de cabelo comprido, ao lado da atriz Amanda Acosta): música e lazer |
Museu Casa de Maria Bonita
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Casa onde nasceu Maria Bonita |
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O acervo foi formado com peças da região |
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Maria Bonita e Lampião (dir) |
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Baú que pertenceu aos familiares de Maria Bonita |
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As cabeças cortadas de Lampião e Maria Bonita |
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Sala principal do museu |
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João Souza Lima, historiador e guia |
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Pequena vila, por onde o bando de Lampião sempre passava |
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Casas, como esta, que abrigaram o Rei do Cangaço, estão em ruínas |
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Casas de coiteiros de Lampião |
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Detalhe da decoração de uma das casas |
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Situação do acervo é precária |
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Memória do Cangaço está sendo destruída pelo tempo e pela falta de manutenção |
Grota do Angico
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Porto de Piranhas |
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Rota para a Grota do Angico, passando pelo Rio São Francisco de catamarã |
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Rio São Francisco |
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Área de lazer criada nas imediações da Grota do Angico |
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Trilha para a Grota |
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Flora local |
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Ponto de apoio na rota do Angico |
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Local onde Lampião, Maria Bonita e parte de seu bando foram assassinados |
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Placa descreve o nome dos cangaceiros abatidos |
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Imagem mostra Lampião (direita) e seus familiares |
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Angecila e Wagner |
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Prefeitura de Piranhas, onde as cabeças dos cangaceiros foram expostas |
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Por-do-sol no Rio São Francisco |
Água Branca
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Casa do Barão de Água Branca |
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Wagner e uma das casas do centro histórico |
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A fachada da Matriz de N.Sra. da Conceição: Taj Mahal alagoano |
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Detalhe da fachada |
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Detalhe da fachada |
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Interior da igreja |
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Outro exemplo do casario do centro histórico de Água Branca |
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Praça da Matriz |
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Casarão do centro histórico |
Morro do Calvário de Água Branca
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Wagner e o crepúsculo no Morro do Calvário |
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Wagner fotografa o por-do-sol |
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Fachada da Matriz à noite |
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Detalhe da iluminação noturna da matriz. |