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No teatro de Afrodísias |
Sair de Istambul não é uma
tarefa fácil. Além da emoção que a cidade nos provoca, convidando-nos a
permanecer por mais alguns dias, é bom lembrar que também se trata de uma
grande metrópole de um país que está numa situação de desenvolvimento parecida
com a do Brasil. Por isso, ficamos quase duas horas e meia para sair do
aeroporto, parte delas dentro do avião, numa imensa fila de naves que esperavam
a ordem para decolar. Ufa! Nessas horas não tem nada para fazer, senão ler um
pouco e relaxar.
Descemos em Izmir (em português, Esmirna), uma cidade de
3,5 milhões de habitantes, na região do mar Egeu. Um senhor muito solícito, com
sua van, nos esperava há horas no aeroporto. Tentamos nos comunicar com um
misto de gestos e palavras. Ele nos levou para Kusadasi, uma cidade a aproximadamente
60 km dali, importante balneário turco, com um grande número de resorts e praias maravilhosas. Mas o
nosso objetivo não era entrar no mar, embora isso parecesse quase irresistível,
apesar da temperatura ser um tanto baixa para os nossos padrões (cerca de 17º).
A proposta era visitar, nos próximos dias, algumas das mais belas cidades
turcas do período greco-romano: Ephesus, Pérgamo e Afrodísias.
Antes, porém, um pequeno à parte para esclarecer sobre a
amabilidade do povo turco. Numa postagem anterior, comentei sobre a abordagem
que por vezes se insinua inconveniente em Istambul. No interior, tivemos outra
impressão. O tempo todo e a qualquer momento, os turcos nos davam um show de
gentileza. São falantes, comunicativos, alegres, hospitaleiros. Eles prezam pelo
princípio da reciprocidade. Sempre que você compra um serviço, eles dão algo em
troca. Seja um chá, uma bijuteria com o famoso olho grego, que aqui é o olho
turco (para espantar mal olhado) ou até mesmo uma garrafa de vinho. Foi a
recepção calorosa, por exemplo, que tivemos ao chegarmos ao nosso hotel, o Vila
Konak, talvez o mais simpático e aconchegante espaço em que nos hospedamos.
Nas ruas, recebemos sorrisos, afagos e palavras de
carinho. E nem sempre em troca de algum benefício ou serviço; nem sempre com
fins comerciais. Fiquei pensando se isso é realmente uma característica do povo
turco ou se é uma maneira de agir das regiões mais turísticas. Enfim, de
qualquer maneira, ficamos felizes com a receptividade. Quando falávamos que somos
brasileiros, redobravam-se as exclamações afetuosas. Obviamente, nem todos
sabem onde fica Belo Horizonte, mas reconhecem que na cidade jogou o Alex de
Souza (ex-Cruzeiro), que atua em um dos times mais famosos da Turquia, o Fenerbahce. Quando revelávamos nossa
nacionalidade, ouvíamos os gritos de “Ronaldo” “Pelé”, “Kaká”, "samba", "Carnaval", “Rio de Janeiro”,
“São Paulo”. Viva!
Depois dessa
introdução, e de degustar o delicioso vinho tinto turco, passamos para a História.
Nunca visitei a Grécia, a Itália e o Egito, que espero conhecer um dia. Portanto,
tenho pouca experiência nessa área de arqueologia da antiguidade. Wagner Cosse,
que viaja comigo, já esteve em Roma e Athenas, entre outras cidades que
vivenciaram este período. Para mim, tudo era uma novidade. Por isso, conhecer
Ephesus, Pérgamo e Afrodísias foi uma emoção particularmente tocante. Andando
por aquelas ruínas, onde podemos nos confrontar com a maneira greco-romana de
dispor a malha urbana – Acrópole, Ágora, banhos, teatro, biblioteca, fontes,
latrina, entre outros edifícios – experimentamos o grande poder humano de
construir, de pensar a vida filosoficamente, de elaborar e redefinir sua
existência.
Ephesus nos deixa
perplexos com a sua elegante biblioteca e com a cidade compacta que sobreviveu
a tantas intempéries econômicas e naturais. Foi um importante porto no passado,
mas vieram o assoreamento, as catástrofes naturais (principalmente, os
terremotos) e as mudanças econômicas internacionais e a urbe foi perdendo sua
importância. De Pérgamo, construída no século 8º A.C., por Alexandre, o Grande,
para ser um dos maiores centros educacionais da antiguidade, sobraram poucos
monumentos, mas que dão a noção de sua magnitude. Na Alemanha, existe um museu
que reconstruiu alguns dos seus principais monumentos a partir de estudos e
análises arqueológicas. Por sorte, foi publicada uma revista no Brasil sobre
este tema pouco antes desta viagem, que nos permitiu observar o confrontamento.
A visita a Pérgamo foi um pouco prejudicada pela chuva e pelos ventos que se
abateram sobre o sítio histórico no dia em que estivemos lá. As rajadas chegaram
a 100 km por hora, criando um visual de filme-catástrofe.
Afrodísias, o
sítio que mais me sensibilizou, foi um importante centro artístico, cultural e
religioso no passado. Se existem vidas passadas, eu senti que um dia estive por
ali, tamanho era o meu entrosamento com aquele espaço. O local é famoso pela
sua arte escultórica, de extremo bom gosto e habilidade. Os entalhes no
mármore, dispostos nas colunas, nas estátuas e na decoração das fachadas dos edifícios
são elegantes e requintados. Logo seus escultores ficaram famosos internacionalmente,
recebendo encomendas de outros países, principalmente de Roma. Outro local
impressionante em Afrodísias é o ginásio, com capacidade para 30 mil pessoas.
Fiquei pensando nas pessoas que estiveram por aqueles espaços, assistindo às
peças teatrais, concorrendo nas competições esportivas, esculpindo, estudando,
comercializando seus produtos. Para provocar um impacto ainda maior, o sítio é
cercado de montanhas belíssimas, algumas delas com seus cumes cobertos de gelo,
árvores e flores deslumbrantes.
Como já haviam
comentado alguns amigos que estiveram na Turquia, este país nos toca
profundamente. Ele adentra nosso organismo, como o sangue que circula nas
nossas veias, nos impregnando com seu fascínio, sua espiritualidade, sua
sensualidade e beleza. Num arco de poucos quilômetros, confrontamos o azul
turquesa do mar com o verde-escuro das montanhas, encimadas por pontos brancos
gelados, com suas flores de todos os matizes, as rochas, os mármores amarelados
pelo tempo, os tecidos bordados florais e dourados, os minuciosos mosaicos. Uma
grande experiência sensorial e emocionante. Um país para se conhecer e amar. E
para renovar nosso compromisso com a vida e o que ela tem de mais importante: o
amor!
Ephesus
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Teatro |
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Biblioteca |
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A rua principal lotada de turistas |
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Colunas de um templo |
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Wagner se embaralha com os fios do seu audio-guia |
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Fonte de Adriano |
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Guardião do monumento |
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A escultura que inspirou o símbolo da Nike |
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Adeuzinho para as câmeras! |
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Mosaico |
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Guardião do mosaico |
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Engraxando o sapato com o profissional turco e sua caixa maravilhosa |
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Wagner e eu bebendo o vinho turco, presente de nosso hotel em Kusadasi |
Pérgamo
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A mais recente escultura do templo de Pérgamo |
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A acrópole e um pedaço da plateia do teatro |
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A acrópole |
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Wagner com seu turbante de paxá visita a acrópole |
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Nuvens pesadas no horizonte |
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Chuva e vento de 100 km/hora |
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Nada como um chá para esquentar |
Afrodísias
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Na acrópole de Afrodísias |
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Túmulos |
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A guardiã das esculturas |
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As famosas Três Graças, que inspiraram muitos pintores |
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Detalhes de um monumento |
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E ainda tem a natureza cercando o sitio arqueológico... |
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Morador de Afrodísias |
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O teatro |
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As ruas principais |
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A papoula, flor típica da Turquia |
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Nos belos templos da Ágora |
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O lago |
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A fonte |
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Wagner no meio das esculturas e entalhes |
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Natureza e monumento: visão esplendorosa |
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Detalhes entalhados no mármore |
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Ginásio: capacidade para 30 mil pessoas |
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Monumento de Afrodísias |
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Será que eu vivi nesta cidade? Achei parecido comigo... |
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Uma das esculturas que tornaram Afrosísias famosa |
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No carro que alugamos para viajar pelo interior da Turquia |