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domingo, 13 de março de 2016

Marrocos Parte 4 - Chefchaouen, Volubilis, Moulay Idriss e Méknes

 
Na azulíssima Chefchaouen (foto de Wagner Cosse)

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            Es salaam aleikum (Olá!).
            Estamos chegando à quarta postagem a respeito da viagem que empreendemos pelo Marrocos (Wagner Cosse e eu). Quem está nos acompanhando, sabe que já estivemos em Oarzazate, passamos pelos vales do Drá e das Rosas, fomos até Merzouga, andamos de dromedário e pernoitamos no deserto do Sahara, rumamos para o norte até a gelada região de Ifrane e conhecemos uma das mais antigas cidades do país, Fez.
            Esta nova etapa reforça o sentimento de pluralidade e diversidade natural que encontramos nesse país do norte da África. Visitamos quatro cidades, que se localizam a curta distância uma da outra, que nos dão uma nova dimensão do Marrocos: Chefchaouen, Volubilis, Moulay Idriss e Méknes.
            A paisagem já está mudando. Depois do gelo e do rio, chegamos a uma região de planícies verdejantes, lagos, abundância de água, florestas, extensas plantações, que tem uma temperatura mais amena e é mais próxima do Mediterrâneo. É onde fica a cadeia montanhosa do Rife. Ali, em no alto das colinas, está a deslumbrante (não é exagero) Chefchaouen, a cidade azul e branca que, por alguns guias aportuguesados, é chamada de Xexuão. Com menos de 50 mil habitantes, ela é uma das mais belas cidades de Marrocos. Sua medina é pequena, fácil de transitar e não tem o movimento exagerado de outras cidades maiores, como Fez ou Marrakech. Como nosso hotel ficava em uma das entradas principais do centro velho. Por isso, o acesso à parte histórica era bem tranquilo. Com menos de 30 minutos de caminhada já estávamos na praça principal do lugar, a Uta el-Hamman, onde também ficam a casbá e a grande mesquita. É o point do local, com muitos restaurantes e lojas.
            Notamos que, ali, os preços abaixaram. Era possível comer uma boa refeição por 30 ou 40 dh, ou seja, entre 3 e 4 euros. Os preços dos artesanatos também eram menores do que em Fez. Os moradores foram muito simpáticos conosmo, como, aliás, são os marroquinos, sem a insistência dos comerciantes das grandes cidades. São amáveis e prestativos, bem humorados.
            Mas o que nos levou a Chefchaouen foram as inúmeras tonalidades de azul que colorem o casario. Até os táxis são azuis. Mas nem sempre foi assim. A cor foi introduzida anos 1930, para dar um charme e uma diferenciação à cidade que, até então, era uma antiga vila típica marroquina, fundada na Idade Média. O resultado é arrebatador. Coisa que só a imagem pode traduzir (confira nas fotos abaixo).
            Outra característica da região é que ela atrai muito o turismo hippie, por causa da facilidade de se conseguir maconha. Ali pertinho, a cidade Tétouan é a maior produtora de cannabis do mundo, correspondendo a 42% da produção global. Como não é a minha praia, preferi curtir o “barato” que os azuis provocavam nas minhas lentes.
            Chefchaouen tem, ainda, uma praça criada por Miró, graças ao fato de ser um destino muito querido os espanhóis, que investem muito dinheiro na cidade, inclusive para restaurar o patrimônio histórico. A recém reformada mesquita espanhola, contruída pelos espanhóis, de onde se tem uma belíssima vista da cidade, e que atualmente é uma espécie de museu, foi reformada graças ao dinheiro da Espanha.
            Ainda com os olhos vidrados pela beleza de Chefchaouen, partimos para Volubilis, antiga cidade romana. São apenas 166 km que separam as duas regiões, com perfis completamente diferentes. Volubilis remonta ao século 3 a.C. Era um entreposto dos mercadores cartaginenses e foi anexada a Roma em 40 d.C. Estima-se que, no auge, entre 200 e 300 d.C., viveram ali cerca de 20 mil pessoas. Como antigamente, vêem-se inúmeras plantações de vinhedos e azeitona.
            O que mais chama a atenção em Volubilis, além das ruínas, são os mosaicos. São muitos e estão bem conservados, com temas variados. As casas que os possuem são chamadas de Casa de Orfeu, Casa do Acrobata, Casa do Efebo, Casa das Colunas, Casa de Vênus, Casa de Hércules, e por aí vai. A via principal é a encantadora Decumanus Maximus que nos dá a exata impressão do quanto a cidade era majestosa no passado.
            Outro detalhe que nos chama a atenção são os ninhos que as cegonhas fazem no alto das colunas. Aliás, desde Portugal que temos visto muitos ninhos de cegonhas pelo caminho, seja nos postes de alta tensão, nos muros das medinas, no alto dos minaretes das mesquitas e, agora, nas colunas de  Volubilis. O inverno deve ser a época do ano em que nascem os bebês cegonha. Neste caso, eles viraram uma atração turística à parte.
            Bem perto de Volubilis fica a cidade sagrada de Moulay Idriss, com seu casario pintado de branco. Neste local está o mausoléu do homem que deu nome à cidade. Ele foi bisneto do profeta Maomé e fundador da primeira dinastia real de Marrocos, a dinastia idríssida (788 a 791). Mesmo com um currículo bastante violento, é considerado um santo em seu país. Anualmente, milhares de pessoas rumam a esta pequena cidade para venerá-lo.
            Depois de almoçarmos em Moulay Idriss, no terraço de um restaurante repleto de orientais (acredito que eram japoneses), deslocamo-nos para Méknes, uma das quatro cidades imperiais de Marrocos, com mais de um milhão de habitantes. Para relembrar, as outras são Fez, Marrakech e Rabat.
            Ficamos apenas algumas horas em Méknes, pois o nosso destino final era Rabat. Fomos direto para a medina, onde fica a praça el-Hedim, um imponente mercado a céu aberto. A praça é ladeada de muros e possui o mais belo portão do Marrocos, o Bab al-Mansour . Nela também está o museu Dar Jamai, considerado um dos melhores do país, que visitei acompanhado de um guia local. Trata-se de um antigo palácio, onde viveu o sultão Moulay al-Hassan I. O espaço mostra os hábitos e costumes dos ricos marroquinos do passado. O lugar mais impressionante é o harém, decorado com tapeçaria e mobiliário de luxo.
            Do lado de fora, a vida corria de forma enlouquecedora. Milhares de pessoas estavam nas ruas fazendo suas compras, mercando tecidos, sapatos, utensílios domésticos, roupas de cama, mesa e banho, alimentos e especiarias. Conseguíamos andar somente em fila indiana, tamanho o movimento. Nesse local, a vida pulsa de maneira intensa, em um colorido todo especial.
            Era hora de nos despedirmos da Méknes, ainda marcados por tantas emoções. Anoitecia e logo chegaríamos à capital do país. Mas isso é assunto para a próxima postagem.
            Continuem comigo. Em breve, mais novidades.


Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse


Paisagens da região do Rife






Chefchaouen ou Xexuão




Casbá



Wagner no azul



Mais uma de Wagner no azul

Moradora local


Fazendo charme no azul





















Grande mesquita

Grande mesquita

Crianças brincam na praça Miró

Detalhe da praça Miró

Táxi

Volubilis


















A via Decumanus Maximus








Moulay Idriss




Cemitério islâmico


Almoçando com os orientais. Seriam japoneses?

Méknes



Porta principal da medina

Detalhe do Bab al-Mansour

Praça el-Hedim

Museu Dar Jamai


Dar Jamai

Paramento do sultão

Harém

Harém

Mão de Fátima, que atrai boa sorte e proteção (Dar Jamai)

Colar


Harém

Mercado (souq)










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