Na Plaza Mayor, em Lima, abrindo a viagem ao Peru (foto de Wagner Cosse) |
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A partir desta postagem, vamos percorrer alguns dos principais pontos turísticos do Peru, país localizado na parte centro-oeste da América Latina, cuja capital é Lima.
O Peru foi sede de um dos mais fascinantes impérios da antiguidade, os incas, que deixaram marcas profundas na arquitetura, nos costumes, na gastronomia e na cultura do país.
Mas a história peruana remonta a 10.000 anos a.C., como atestam outros sítios históricos, como Caral, considerada sua primeira cidade, e Huaca.
Este tour de 10 dias envolve as regiões de Lima, Arequipa, Puno, Cusco, Vale Sagrado e Machu Picchu, a partir de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Estamos viajando em três pessoas: Regina, Wagner e eu. Mas conhecemos muitos e novos amigos ao longo do percurso.
A excursão foi planejada pela agente de turismo Rita Conde, por meio de uma parceria entre a Diversa Turismo (operadora de São Paulo) e a peruana Vipac Travel. Todos os roteiros foram cumpridos em extremo profissionalismo, com guias de excepcional qualidade, bastante informados sobre os atrativos e muito carinhosos conosco e com os outros integrantes dos passeios, que conhecemos ao longo da viagem. Alguns deles ficaram cravados no nosso coração, como Rossel, Heidi e Sline.
Vale ressaltar que optamos por este tipo de pacote de viagem, por considerarmos as dificuldades que poderíamos ter com relação às altitudes que enfrentaríamos, quase todas a mais de 2.500 metros acima do nível do mar. E, também, por contarmos com poucos dias para realizar um roteiro tão extenso e com tamanha carga de informações e conhecimentos.
Tudo valeu a pena e, realmente, o Peru se configura como um dos lugares mais mágicos e belos que visitei em minha vida.
Lima
Chegamos a Lima por volta das 11 da manhã (a diferença é de duas horas a menos). Depois de deixarmos a bagagem no hotel, partimos para um city-tour pela cidade, que começou pela Plaza Mayor, localizada no centro histórico da capital peruana. Ali estão o palácio do governo e a catedral metropolitana, dentre outros importantes edifícios.
As coisas mais chamam a nossa atenção são as ornamentadas sacadas de madeira. Elas adornam vários prédios e trazem o estilo mudéjar, característico da influência causada pela invasão dos mouros na Península Ibérica, entre 711 e 1492. O mesmo pode ser visto na azulejaria, que traz formatos e cores variadas.
Outros edifícios do centro histórico mesclam influências espanhola e indígena, denominada de estilo “crioulo”. Isso pode ser observado, principalmente, nas pinturas, nas esculturas e em detalhes da arquitetura.
A Catedral Metropolitana, em estilo barroco renascentista, teve o início de sua construção em 1564. No entanto, ela sofreu diversos abalos provenientes dos terremotos que assolam frequentemente toda a região. Ao longo dos anos, ela foi sendo reconstruída e, por isso, recebeu virou uma profusão de influências estilísticas.
Os restos mortais de Francisco Pizarro (1478-1541) estão depositados em uma das capelas laterais da catedral. O sanguinário fundador de Lima é considerado o exterminador do império inca. De acordo com alguns historiadores, os espanhóis mataram cerca de 12 milhões de habitantes originários, em um dos maiores genocídios da história da Humanidade. Parte disso é proveniente das epidemias provocadas pelas doenças que os europeus transmitiram para esses povos e o uso de armas de foto, desconhecidas pelos incas.
Felizmente, apesar de todas as tentativas e saques, os espanhóis não conseguiram apagar a grande influência dos incas em tudo que se observa no Peru. E são eles a melhor razão para visitar o país. Mesmo que os europeus tenham edificado suas igrejas e palácios em cima dos seus templos, são justamente essas bases que resistem aos abalos sísmicos e melhor se adaptam às condições climáticas da região.
Bem próximo da Plaza Mayor está o grandioso Convento de Santo Domingo, cuja obra foi iniciada em 1540. No local estão as relíquias de Santa Rosa de Lima (1586-1617), a primeira santa das Américas, e de San Martín de Porras ou, simplesmente, Martinho de Lima (1579-1639), santo mestiço, fruto da união entre um espanhol e uma negra alforriada. Enquanto Rosa de Lima notabilizou-se pela defesa dos indígenas e pela caridade, Martinho exercia o ofício de cirurgião, dentista, barbeiro e ganhou fama por curar as pessoas pela simples imposição de mãos. Em sua iconografia aparecem um cão, um gato e um rato convivendo em harmonia, significando que a paz pode existir entre os rivais.
Saindo do centro histórico, rumamos para a região de Miraflores, que é uma espécie de área nobre de Lima. No caminho, avistamos o sítio arqueológico de Hauaca Pucllana, que testemunha os primórdios da ocupação de Lima. “Pucllana” significa “sítio” na língua quéchua, a segunda mais falada do Peru. O complexo, que está em constante processo de estudos científicos, compreende uma área de seis hectares, que abrigam uma pirâmide (que era utilizada para rituais e cerimônias religiosas), praças e antigas áreas de tecelagem e cemitérios, onde foram encontrados múmias, cerâmicas e tecidos. A população abandonou Huaca em 700 d.C., segundo os historiadores por influência de outras religiões.
Terminamos nosso city-tour no Parque do Amor, no alto dos penhascos de Miraflores, de onde se avista Oceano Pacífico. Na praça principal, há uma série de mosaicos que remetem ao Parque Güell, de Barcelona. No centro, uma grande escultura de Vitor Delfin denominada “O Beijo”. O complexo foi criado em 1993 e atrai grande número de visitantes, principalmente os próprios moradores de Lima que têm ali uma das suas principais áreas de lazer.
Miraflores encanta pelas praças e parques, com muitos jardins bem cuidados. Há também feiras de artesanato, apresentações musicais e áreas para brinquedos. Ali estão a Igreja da Virgem Milagrosa e a charmosa rua das Pizzas, além de muitas lojas e restaurantes.
No entorno do Parque Kennedy, que compreende também a Praça Sete de Junho, chama a atenção uma série de casinhas criadas pela abrigar os gatinhos de rua, que são alimentados por um grupo de voluntários. Eles são bem tratados e respondem carinhosamente aos acenos dos visitantes.
A noite cai em Lima e um vento frio nos convida a retornar ao hotel para descansarmos, porque enfrentaríamos as novas etapas da viagem. O clima é seco, pois a capital peruana está situada em um deserto litorâneo e, por vezes, fica mais de duas décadas sem chover. Além disso, no inverno a cidade é invadida por uma neblina densa, que esconde o sol, e deixa o céu nublado. A temperatura nesta época do ano (setembro de 2024) está em torno de 16ºC.
A próxima etapa chegaremos a Arequipa. Hasta luego!
Plaza Mayor
Catedral Metropolitana
Túmulo de Pizarro |
Fachada |
Sacadas
Biblioteca do convento |
Santa Rosa de Lima |
Santa Rosa de Lima |
Martinho de Lima |
Miraflores
Estátua d'O Beijo |
Penhascos à beira do Pacífico |
Mosaicos inspirados no parque Güell |
Regina e Wagner, companheiros da viagem |
Região de Miraflores |
Rua das Pizzaas |
Parque Kennedy e região |
Gatinho em canteiro do parque |
Igreja da Virgem Milagrosa |
Fachada da igreja |
Palácio Municipal de Miraflores |
Um dos abrigos dos felinos |