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Jovens brincam no Rio São Francisco, na prainha de Sobradinho (BA) |
Clique nas fotos para ampliá-las. Fotos de Thelmo Lins
A expedição Brasil Profundo chega ao
seu 33º dia. No dia 16 de janeiro, saímos de São Raimundo Nonato, na Serra da
Capivara, Piauí e rumamos em direção a Petrolina (PE). Alcançamos 6.564 km desta
viagem, que estamos fazendo de carro, em um Renault Duster, que tem se mostrado
um ótimo companheiro de aventura. Na bagagem, além da circulação por sete
estados brasileiros, trazemos lembranças fotográficas e artesanais. E muitas
histórias saborosas desse intraduzível povo brasileiro.
No som do carro, um pouco do que há
de melhor na música brasileira, com pitadas de trabalhos regionais, que fomos
conhecendo ao longo da jornada. E dá-lhe Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano
Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Elizeth Cardoso, Fafá de Belém, João
Gilberto, a família Caymmi, dentre tantos outros. Ouvimos ainda obras do cancioneiro
de Minas Gerais, nas vozes de Ana Cristina, Déa Trancoso, Milton Nascimento.
Aproveitamos também para ouvir novamente nossos trabalhos, gravamos por mim e
por Wagner Cosse, meu companheiro de viagem. Rememoramos os poemas musicados de
Drummond, Cecília Meireles e Henriqueta Lisboa.
Depois de encararmos as bem
pavimentadas estradas de rodagem piauienses, recebemos o aviso de que, na
divisa com a Bahia, as condições não eram as mesmas. Havia, segundo
informações, muitos buracos na estrada. Constatamos, na verdade, que nem havia
estrada direito. De repente, o asfalto acabou e atravessamos cerca de 45 km de
terra, em péssimo estado de conservação. Uma placa anunciava: “Sorria, vc tá cú
do Brasil”. É claro que eu registrei.
O que nos salvou do tédio foi uma
inesperada carona. No início desse acidentado trecho, fomos parados por um
senhor (achamos até que era da Polícia Rodoviária), que perguntou se poderíamos
levar uma senhora até Remanso (BA), a próxima cidade. Ajeitamos nossas coisas no
banco de trás do carro e oferecemos um espaço para Dona Nildete Modesto de
Moura, 76 anos.
Passamos uma agradável hora com essa
senhora bem humorada, que nos contou muitos causos. Falou do seu dia a dia, da
sua família, das viagens que faz e um pouco de sua história. Foi uma diversão.
Quando chegamos a Remanso, e retomamos a estrada asfaltada, ela fez questão de
nos conduzir a um restaurante de sua preferência, para que pudéssemos almoçar e
conhecer o bom tempero local. Dali nos despedimos, sem antes trocarmos os
nossos contatos. Ela precisava fazer as compras do mês e voltar para a fazenda,
onde o seu pessoal aguardava os mantimentos.
Foi inevitável, neste momento da
viagem, lembrar da canção de Sá e Guarabira: “Remanso, Casa Nova, Sento Sé,
Pilão Arcado, Sobradinho, adeus, adeus...” Estávamos às margens da represa de
Sobradinho, no Rio São Francisco. O grande lago de águas azuis inundava toda a
região. Na cidade de Sobradinho, onde foi implantada a hidrelétrica (uma cidade
planejada), sentamos à beira do rio, onde fica a prainha, para apreciar a
paisagem. A tranquilidade daquela segunda-feira, com crianças e jovens se
banhando e se divertindo no rio de águas abundantes, foi relaxante. Ao cair da
tarde, aproveitamos para flagrar o pôr-do-sol refletido no espelho do lago.
Momento em que o tempo parece estancar, abrindo um intervalo para que
meditássemos sobre a vida e as belezas que a natureza nos oferece.
A noite caía quando saímos para
Petrolina, a próxima etapa dessa turnê.
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Na rodovia (?) entre Piauí e Bahia |
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Wagner, Dona Nildete e eu |
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Represa de Sobradinho, em Remanso (BA) |
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Área de piscultura em Sobradinho (BA) |
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Hidrelétrica de Sobradinho (BA) |
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Pôr-do-sol |
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Rio São Francisco na prainha de Sobradinho (BA) |
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Prainha de Sobradinho (BA) |
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Wagner observa a preparação dos peixes em uma barraca da prainha de Sobradinho (BA) |