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sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Mergulhando nas cachoeiras de Carrancas

No complexo da Zilda, em Carrancas 

A cidade é famosa por ter mais de 70 cachoeiras

Quando se pensa em turismo ecológico, especialmente em número de cachoeiras, a primeira cidade que me vem à cabeça é Carrancas (MG), 280 km da capital mineira. O município fica na mesma região de São João del Rey, Tiradentes e Lavras.

            Conheci Carrancas há mais de 20 anos, quando o turismo ali ainda era incipiente e só havia uma pousada. Ouvi falar do lugarejo por meio de algumas cenas utilizadas em vários programas e novelas da Rede Globo, como “O fim do mundo” (1996), “Alma gêmea” (2005), “Império” (2014), dentre outras. Naquela época, a gente alugava casas para passar os dias na cidade. Fomos no período do carnaval, quando a população local realiza retiros espirituais, alheios à folia de outras cidades. Portanto, o sossego era geral.

            Atualmente, mesmo com pouco mais de 4 mil habitantes, Carrancas é outro município. Nota-se pelo grande número de hotéis e pousadas e o desenvolvimento do turismo ecológico, com guias especializados em levar grupos para conhecer as principais atrações, as cachoeiras.

            Duas décadas atrás, a gente encontrava as cachoeiras por dicas dos próprios moradores. Não precisava pagar para entrar e nem elas possuíam as infraestruturas que dispõem atualmente, como restaurantes, rampas de acesso, escadarias, etc. Parte da região foi transformada em um parque municipal, o que, de certa forma, ajuda a preservar o meio ambiente.

            Na virada de 2021, dias depois do Natal, visitamos Carrancas e ficamos (Regina, Wagner e eu) hospedados em uma casa alugada por meio do Booking. Mesmo fora da área central, o local era silencioso e próximo de uma cafeteria muito boa, que servia um farto café da manhã, o Cafezim Cachoeira. Estávamos de carro, mas na região central da nada era tão distante assim que não pudesse ser percorrida a pé.

            Pagamos ao guia R$ 80,00 por pessoa para visitar seis cachoeiras, no primeiro dia de viagem. O passeio durou o dia inteiro. É o preço médio praticado pela maioria dos guias da cidade, utilizando o nosso próprio veículo. Indo com o guia, o valor é mais alto. Há vários passeios disponíveis, pois Carrancas dispõe de mais de 70 cachoeiras.

         Visitamos o complexo Zilda 1, onde fica o Parque Serra do Moleque, com um grupo de aproximadamente 10 pessoas. Numa pequena área, com uma caminhada bastante tranquila, o grupo conheceu as cachoeiras de Guatambu, da Proa e da Zilda. Na parte da tarde, depois do almoço, parte da turma foi conhecer a Cachoeira do Escorrega (que eu não conheci) e a do Índio.

            Há muito tempo que eu não tomava banho de cachoeira e esse, em especial, foi providencial. Principalmente depois de quase dois anos de pandemia, recolhimento e as inúmeras situações ruins pelas quais estamos passando. Foi uma espécie de limpeza para o corpo e para a alma.

            Infelizmente, foi o único dia de sol que pudemos aproveitar. Nos outros dias, a chuva tomou conta da cena. Por sua altitude, 1.052m acima do nível do mar, e o fato de estar em um planalto, Carrancas é uma cidade que acumula muitas nuvens e, portanto, é muito chuvosa. Segundo alguns moradores, tem dias que é possível passar por todas as estações do ano. Durante nossa estadia lá, caiu uma chuva fortíssima que nos obrigou a ficar mais de 40 minutos dentro do carro, pois não havia guardachuva que suportasse o volume das águas. As ruas se transformaram em pequenos riachos. A melhor época para visitar a região é de março a setembro. O problema é que a água é gelada. Sem sol, fica difícil entrar.

            Além das cachoeiras, Carrancas está engatinhando no turismo. Há várias opções de hospedagem e nota-se que o público frequentador da cidade mudou. Antes, eram mochileiros e aventureiros; atualmente, muitos paulistas e cariocas da classe média estão conhecendo o local, o que obrigou à criação de restaurantes pretensamente mais sofisticados e com os preços nas alturas.

            Na pracinha principal, aonde situa-se a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, concentram-se as principais atrações gastronômicas. A própria praça é bastante encantadora e a igreja tem altares ricos em talhas barrocas. Na mesma região, está uma excelente loja de artesanato, o Quintal das Artes, com peças de todo o Brasil, escolhidas com muito bom gosto. Lembro que Carrancas está no circuito da Estrada Real, o que está ajudando bastante a alavancagem do turismo.

            Outro local que me chamou a atenção foi a loja Curupira, especializada em brinquedos artesanais, papelaria e uma livraria bastante singular, com livros diferenciados voltados para o público infantojuvenil. Comprei lá dois exemplares da coleção Anti-Heróis e Antiprincesas dedicados, respectivamente, ao escritor uruguaio Eduardo Galeano (autor de “As veias abertas da América Latina”) e a cantora e compositora chilena Violeta Parra, dois ícones da esquerda latina. As obras são editadas pelas editoras Sur e Chirimbote, de Santa Catarina.

            Há um centro de artesanato dedicado aos artesãos locais, com uma boa diversidade de produtos.

           Ficamos também encantados com um projeto social, desenvolvido por moradores que assumiram toda a jardinagem de uma rua de um determinado bairro da cidade. Em mutirão, eles cultivam flores e árvores e até construíram uma pequena gruta dedicada à Nossa Senhora de Lourdes. Além de plantarem, eles se revezam nos cuidados com o jardim. Ações como esta que deveriam servir de exemplo para outras comunidades, pois reforçam o papel da comunidade na melhoria da qualidade de vida da população.

            Dos pouco mais de 4 mil moradores, muitas pessoas chegaram a Carrancas recentemente, em menos de cinco anos, procedentes de outras cidades mineiras e até de outros estados. Lá montaram pousadas, restaurantes, cafés e lojas comerciais, apostando no desenvolvimento do turismo regional. Mesmo com a paralização provocada pela pandemia, muitos continuam investindo. Conhecemos uma família que assumiu recentemente um bar da cidade; um paulistano que trocou São Paulo pela tranquilidade do interior de Minas e lá construiu uma pousada; além de outros exemplos. Foi revigorante saber que os sonhos e esperanças de muitos estão se concretizando. Espero que, com tudo isso, eles valorizem a região e respeitem o meio ambiente, para que o progresso traga benefícios.

            É bom frisar que, em dezembro de 2021, Carrancas possuía apenas duas agências bancárias e nenhum caixa eletrônico. Para entrar nas cachoeiras, somente com dinheiro vivo e os pagamentos dos guias era feito por meio de PIX. O comércio local aceita cartões de crédito e débito.

            Em seguida, algumas fotos tiradas na região, que vale a pena ser conhecida. Boa viagem, sempre com respeito aos protocolos sanitários! 


Mapa ilustrativo das atrações locais

Cachoeira do Guatambu

Cachoeira da Zilda





Cachoeira do Índio

Regina caminha pela região


Wagner brinca nas águas da cachoeira

Wagner, Regina e eu curtindo as águas de Carrancas




Cafezim Cachoeira (fachada e interior)

Jardim comunitário







Quintal das Artes







Regina e Wagner com os bonecos da casa de artesanato local

Matriz de Nossa Senhora da Conceição






sábado, 4 de maio de 2019

Um dia no Santuário do Caraça

Complexo do Caraça, com destaque para a Igreja de N.Sra. Mãe dos Homens

Fotos de Thelmo Lins
Clique nas fotos para ampliá-las



O Santuário do Caraça, localizado entre Catas Altas e Santa Bárbara (MG), a 127 km de Belo Horizonte (pela BR-262), é um dos mais encantadores recantos de Minas Gerais. Estive lá várias vezes, mas retornei no dia 01 de maio de 2019, com uma turma de amigos e colegas da academia Água Viva.
            O complexo do santuário inclui o colégio, fundado em 1820, e o parque natural, que preserva
11.233 hectares de matas nativas, cachoeiras, montanhas e animais típicos da Mata Atlântica e do Cerrado. O ponto mais elevado é o Pico do Sol, com 2.070 m de altitude. Há uma enorme diversidade vegetal, com destaque para mais de 200 espécies de orquídeas, além de ipês, macaúbas, candeias, dentre outras. Mais de 270 espécies de aves vivem no local, como tucanos, siriemas e beija-flores. E 65 espécies de animais, com destaque para o lobo-guará, tamanduá, suçuarana, raposas, antas e pacas. O Instituto Butantã catalogou ali mais de 50 espécies de aranhas e 500 tipos de besouros.
            O santuário também oferece uma pousada, para quem quiser se hospedar, restaurante, lanchonete e lojinha para os visitantes de um dia (como foi o meu caso). A comida é deliciosa, com pratos típicos da rica culinária mineira e, de sobremesa, doces de frutas como mexerica (ou tangerina), mamão, banana, dentre outros.
            Há programas para todos os tipos de gostos, idades e preparos físicos. Na sede, por exemplo, pode ser visitada a Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens (1883), em estilo neogótico, com vitrais franceses e um órgão de 700 tubos. Nela pode ser apreciada a tela A Ceia do Senhor, de 1828, obra-prima do mestre Manoel da Costa Athayde, grande pintor do período Barroco Mineiro. Os prédios que abrigam a pousada e o restaurante são oriundos de uma antiga hospedaria para os tropeiros da Estrada Real, que datam de 1774 e 1775.
            Outra atração são as ruínas do antigo seminário e colégio do Caraça, que foi quase totalmente destruído por um incêndio em 1968. Hoje, elas abrigam um museu e a biblioteca do santuário, que contam um pouco da rica história da escola, por onde passaram grandes nomes da política brasileira, como Afonso Pena e Artur Bernardes. No acervo de 40 mil livros, que sobreviveram ao incêndio (antes havia mais de 100 mil exemplares), há edições raríssimas, como a História Natural, de Plínio, o Velho (23 ? – 79), impressa em 1489. E uma biografia do Conselheiro Francisco José Furtado, escrita por Tito Franco Almeida, em 1867. A raridade está nas anotações feitas, no livro, por Dom Pedro II, quando esteve no local em 1881. Como curiosidade, o imperador levou um tombo numa das pedras do calçamento. O ponto se transformou em uma atração turística.
            No museu encontram-se objetos diversos, como móveis, imagens, batinas, obras de arte, dentre outros.
            Para quem gosta de apreciar a natureza, o Caraça oferece vários programas, dependendo do tempo e da disposição. O passeio mais longo é a trilha da Bocaina, com 5,5km. Nas proximidades, é possível banhar-se no Tanque Grande (1 km). Entre 1,5 e 2,5km, visitam-se a Prainha, o Banho do Belchior e a Cascatinha. Eu fiz este último passeio, com uma turma da Água Viva. Na trilha, é possível ter uma ideia da pujança da natureza naquela região. Os lugares são bem sinalizados e conservados.
            Para entrar no Santuário do Caraça é necessário atender a normas de segurança ambiental. É proibido acampar, acender fogo e levar animais domésticos. A fiscalização também é rígida com a limpeza, a poluição sonora e a utilização de qualquer tipo de arma. Para entrar no parque é obrigatória a imunização contra a febre amarela. Há um programa super especial para quem pernoita no Caraça. Todas as noites, os hóspedes recebem a visita de um lobo-guará, símbolo do santuário, que se alimenta com as comidas oferecidas pelos religiosos. Eu nunca vivenciei esta experiência, mas já ouvi relatos emocionantes de pessoas tiverem esta oportunidade.
            O horário de visitação acontece de 8 às 15h30, sendo que a permanência, para quem opta por passar o dia no local, não pode ultrapassar 17h. Mais informações sobre podem ser obtidas no site oficial: www.santuariodocaraca.com.br
            Boa viagem!


Parque Natural e Jardins







Na trilha para a Cascatinha (foto de Wagner Cosse)

Wagner na trilha

Cascatinha




Wagner na cachoeira. A água é gelada





Relaxando na Cascatinha

Igreja e Hospedagem








Famosa tela do Mestre Athayde, de 1828





Pedra que o imperador escorregou

Museu (antigo seminário e escola)






Foto mostra danos provocados pelo incêndio de 1968

História Natural, de 1498

Livro com anotações do imperador Pedro II


A amiga Regina Paulino

Regina, Wagner e eu, no ônibus

Turma da Água Viva


Turnê Atacama/Uyuni Parte IV: Salar de Uyuni

  No bosque das bandeiras, atração do Salar de Uyuni Veja as fotos no final do texto Clique nas fotos para ampliá-las      Chegamos à última...