 |
Wagner e eu na Roliúde Nordestina |
Você
sabia que temos uma Roliúde brasileira? E que ela fica no Nordeste, mais
especificamente na Paraíba? E que ali já foram rodados mais de 25 filmes? Pois
bem, esta cidade existe e se chama Cabaceiras e dificilmente pode ser
encontrada nos guias de turismo, mas é uma excelente opção de passeio.
Eu
a conheci, em companhia de meu amigo Wagner Cosse, em 2009, durante uma viagem
àquele estado nordestino. Ela fica a 180 km de João Pessoa e a 70 km de Campina
Grande. Como estávamos hospedados na capital, a sugestão na época foi alugar um
táxi para conhecer melhor a região, conhecida como Cariri.
Depois
de boa parte do trajeto feito por rodovias asfaltadas, pegamos uma estradinha
de terra. Estávamos no semiárido nordestino, terra seca, onde nascem um sem
número de espinhosos cáctus. Sentimo-nos em uma atmosfera de filme de cangaço.
Por causa da beleza da paisagem e do casario de Cabaceiras, ela se tornou uma
das cidades preferidas dos cineastas para filmes dessa natureza. Para se ter
uma ideia, foram rodados na região películas como “O Auto da Compadecida”,
“Romance”, “Cinema, Aspirinas e Urubus”, dentre outros. E isso vem de longe,
desde 1921, quando a cidade foi o palco do primeiro filme.
Cabaceiras
parece mesmo um set de filmagem. Os edifícios coloridos, as praças e ruas criam
um cenário especial. Na época, conhecemos uma jovem (não me lembro de seu nome
agora), que foi nossa guia pelas belas ruas. Ela nos levou ao museu municipal,
à igreja matriz e à praça principal. Conhecemos, também, o local aonde acontece
a famosa festa do Bode Rei, que atrai mais de 20 mil visitantes nos primeiros
dias de junho. E tem até várias estátuas em homenagem a este animal tão
querido nas praças da cidade.
Perto
de Cabaceiras fica o incrível Lajedo do Pai Mateus, que tem este nome porque
ali viveu durante muitos anos um eremita com este nome, a quem davam poderes
sobrenaturais. As pedras parecem ter sido colocadas ali uma a uma, combinando harmoniosamente com a paisagem.
Tivemos a sorte de pegar uns raros pingos de chuva, que formaram um belíssimo
arco-íris. Digo raros, porque chove muito pouco nessa parte do país. E as cores
que surgiram no céu foram tal e qual uma bênção.
Dali
também se avista um dos mais belos pores de sol que já vi em minha vida.
Ficamos tão emocionados, que chegamos a verter algumas lágrimas. E suspiramos: “como
é belo o nosso país!”
Vale
ressaltar que, no caminho para Cabaceiras, fica o impressionante Sítio
Arqueológico da Pedra do Ingá ou Itacoatiara do Ingá (a 38 km de Campina
Grande). Sem qualquer infraestrutura – pelo menos na época em que visitamos o
local – o sítio abriga desenhos e inscrições rupestres talhadas na rocha. São
muitas e variadas imagens de um valor inestimável, que estavam muito desamparadas,
apesar do tombamento pelo IPHAN em 1944. Digo isso, porque não havia segurança
no local. Dessa forma, visitantes mal intencionados tinham feito rabiscos ou
colocado seus nomes em muitas imagens.
Há
muita controvérsia em relação à época e a autoria dos entalhes. Muitos
acreditam que elas foram criados por habitantes da região há 6.000 anos. Outros
defendem até interferência de habitantes de outros planetas na confecção dos
desenhos. O certo é que eles ocupam painéis imensos, com grande beleza e de uma
indiscutível importância história.
Com
o sol já de punha no sertão do Cariri e anunciava a chegada de uma lua cheia,
era hora de retomar o nosso táxi e voltar para João Pessoa, onde estávamos
hospedados. Para quem quer ficar mais tempo nas localidades citadas, há opções
em Cabaceiras e Campina Grande.
Espero
que tenham gostado da dica. Ficamos por aqui e, na próxima semana,
relembraremos mais uma viagem sedutora, que faz parte das minhas andanças pelo
país e pelo mundo.
Até
lá!
 |
De táxi para o semiárido nordestino |
Cabaceiras
 |
Entrada de Cabaceiras |
 |
Museu municipal |
 |
Homenagem ao bode |
 |
Casario colorido da cidade, que virou set de filmagem de várias películas |
 |
Wagner brinca com o bode |
 |
Wagner e nossa guia, na praça principal da cidade |
 |
Gêmeos brincam na janela de uma casa |
 |
Coreto da praça principal |
 |
Paço Municipal |
 |
Estrada |
 |
Represa na região do Lajedo do Pai Mateus |
Lajedo do Pai Mateus
 |
O motorista de nosso táxi |
 |
Eu me sento no local onde viveu o Pai Mateus |
 |
Pingos de chuva formam o belo arco-íris |
 |
Por do sol: espetáculo da natureza |
Sítio de Pedra do Ingá
 |
Wagner mostra os entalhes rupestres |
 |
Itacoatiara do Ingá |
 |
Formas estranhas no piso chamam a atenção de ufólogos |