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Em São Luís, no ano de 2006, segurando um guaraná Jesus (foto de Wagner Cosse) |
Clique nas fotos para ampliá-las. Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse
A
Copa do Mundo rolava solta na Alemanha, em 2006. O torneio consagraria a Itália
como tetracampeã mundial. Nesse período, eu conhecia uma das cidades mais belas
do nordeste brasileiro, São Luís do Maranhão.
Demorei
muito a viajar para aquela cidade, pois o preço da passagem aérea era um dos
mais caros do país. Acompanhado por meu amigo Wagner Cosse, que é filho de
maranhense, fomos conhecer o que a tornou digna do título de Patrimônio
Histórico da Humanidade.
Fundada
em 1612 por franceses, São Luís foi dominada pelos holandeses e, por fim,
colonizada por portugueses. Mas é possível observar todas essas influências,
principalmente no centro histórico. Nem as tenebrosas administrações da família
Sarney, que impuseram uma miséria impressionante ao Maranhão, conseguiram
apagar a beleza que o passado imprimiu nas ruas de sua capital.
Os
casarões do centro histórico são belíssimos, embora muitas vezes descuidados,
carecendo de restauração. Lá podem ser encontrados os famosos azulejos
portugueses em diversas cores e estampas. Na ocasião, havia muitos roubos
dessas peças, uma vez que se encontram nas fachadas dos edifícios, obrigando a
uma fiscalização mais intensa. Diziam, também, que não era muito seguro
caminhar na área histórica à noite, mas nós não tivemos problemas com roubos ou
assaltos.
Dentre
as construções históricas, havia o Palácio dos Leões (1766), sede do governo
maranhense. Não o conheci por dentro, mas soube que há visitas guiadas
gratuitas. Mas a fachada é muito bonita e sua localização, espetacular. O
Teatro Arthur Azevedo (1817) também é uma pérola. Tivemos a oportunidade de
assistir a um espetáculo no local e apreciar suas belas dependências. O
altar-mor da Catedral da Sé (1626), revestido de ouro, é muito marcante.
Conhecemos, ainda, o Museu de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, que
abrigava um importante acervo da intensa colaboração da comunidade
afro-brasileira ao município.
Por
falar em cultura popular, estivemos em São Luís durante a festa do
Bumba-meu-boi, a mais importante manifestação folclórica da cidade. As
bandeirinhas verde-e-amarelas da Copa do Mundo se confundiam com a decoração da
grande atração junina. A programação começa no dia 13 de junho e termina
somente no final do mês. A cidade fica enfeitada com enormes esculturas do boi
e barracas de alimentos. Em vários pontos são montados palcos para
apresentações artísticas. E aí que os inúmeros grupos de dança se apresentam,
com suas fantasias características. Como acontece no Amazonas, a cada ano eles
disputam qual é o grupo mais bonito e bem vestido, com a coreografia mais
elaborada. Há participações de
artistas locais e de reconhecimento nacional, como Alcione, que marcou presença
em um dos palcos.
Ficamos
hospedados em um hotel fora da área central da cidade, perto da lagoa Jansen.
Ali havia, já naquela época, um grande boom imobiliário, com a construção de
edifícios mais altos e condomínios da classe alta de São Luís. O local é muito
aprazível, bom para caminhar e apreciar a natureza.
Outra
atração muito interessante é o Centro de Artesanato (Ceprama). Trata-se de um enorme
galpão com muitas lojinhas de artesanato maranhense em cestaria, cerâmica,
tear, rendas, bordados, além de doces e bebidas. E atenção: não saia de São Luís sem experimentar o famoso guaraná Jesus, que tem um tom cor-de-rosa. Gostando ou não, é uma marca registrada da cidade.
Alcântara
Um
bate-volta imprescindível para quem está hospedado em São Luís é a cidade
histórica de Alcântara. Como a capital maranhense fica em uma ilha, é preciso
atravessar a baía de barco ou catamarã. O percurso dura aproximadamente uma
hora e vinte minutos.
Bem
pequena, pouco mais de 20 mil habitantes, Alcântara tem muitas ruínas. E em
torno delas, belíssimos gramados e coqueiros, que criam uma atmosfera bem
tropical. O casario está razoavelmente preservado e as ruas têm belos desenhos
criados a partir do calçamento de pedras.
Apesar
do imenso calor (mesmo em junho!), caminhar pelas ruas de Alcântara é
prazeroso. Há boas opções de restaurantes e todo o tempo você se depara com
meninos com cestos vendendo a grande atração culinária do local: o doce-de-espécie
(confira a receita em: http://www.nacozinhabrasil.com/2009/06/doce-de-especie.html).
Fica
em Alcântara o polêmico CLA - Centro de Lançamento de Alcântara, onde são desenvolvidas
as pesquisas espaciais brasileiras e realizados lançamentos de foguetes. Há,
ainda, o sítio arqueológico da Ilha do Cajual, que revelou importantes
descobertas de fósseis antigos. Este local não cheguei a visitar na época.
Queria
ter tido a oportunidade de ver Alcântara à noite, mas precisávamos retornar São
Luís, onde estávamos hospedados, e não havia barcos noturnos. O passeio rendeu,
ainda, uma ida aos Lençois Maranhenses, mas isso é tema de uma outra postagem.
Espero
que tenham gostado da lembrança e, na próxima semana, nos encontramos para um
novo passeio.
A lenda da serpente
Diz a
lenda que uma serpente encantada de proporção descomunal vive debaixo de São
Luís. O gigantesco animal crescerá sem parar até o dia que sua cabeça e sua calda
se encontrarem levando para o fundo do mar a Ilha, provocando seu completo
desaparecimento. A serpente, que já foi cantada pelos poetas e tomou forma
pelos artistas plásticos, habitaria as galerias subterrâneas no centro da
capital. A cauda do animal estaria na igreja de São Pantaleão, a barriga na
igreja do Carmo e a cabeça na secular Fonte do Ribeirão. Os que já passaram por
seus túneis dizem que é possível até ver, através da grade de uma das entradas
da fonte, a cabeça do monstro, com seus terríveis olhos vermelhos, com boca
aberta e uma língua muito comprida e vermelha saindo do meio dos dentes, como
descreve Josué Montello em seu romance “Os degraus do paraíso”.
(fonte: www.voluntarios.institutocea.org.br)
Centro Histórico de São Luís
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Igreja Matriz |
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Fonte do Ribeirão, de onde se "avista" a serpente que vive nos subterrâneos da cidade |
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Azulejos dos casarões são arrancados por ladrões |
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Centro de artesanato |
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Lagoa Jansen |
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Wagner e o palácio dos Leões, sede do governo estadual |
São Luís à noite
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Teatro Arthur Azevedo |
Sala no interior do teatro |
Centro de Cultura Popular
Bumba-meu-boi
Azulejos
Alcântara
Travessia de catamarã |
Desenho das ruas |
Monumento em homenagem ao centro de lançamento de foguetes |
O garoto vendedor dos doces-de-espécie |
Wagner e um casarão de Alcântara |