| Na Comuna 13, em Medellín, com Wagner, Simone e Regina (foto de Dayana) |
Clique nas fotos para ampliá-las
Confira mais fotos no final deste texto
Esta é a sexta postagem referente à viagem à Colômbia, realizada em outubro de 2025, na companhia dos amigos Regina, Simone e Wagner. Nos textos anteriores, relatei como foi o planejamento e descrevi a nossa experiência em Bogotá, capital do país, e em outras cidades, como Zipaquirá, Ráquira, Villa de Leyva e Barichara.
Fiz também
um breve relato sobre nossa experiência pelas rodovias colombianas, já
que alugamos um carro em Bogotá para conhecer mais profundamente o interior.
Agora
chegamos a Medellín, segunda maior cidade da Colômbia e de grande
relevância cultural. Ficaremos três dias na cidade e, antes de seguir para a
etapa final da viagem — Cartagena — devolveremos ali o carro alugado.
A cidade
tem aproximadamente 2,5 milhões de habitantes e está situada a 1.538
m de altitude. Ficamos impressionados com os enormes túneis das
rodovias que dão acesso à cidade. Junto a eles, pedágios bastante caros,
pagos igualmente por moradores e visitantes. Um deles, que liga o centro ao
aeroporto, custou cerca de R$ 33,00.
Medellín é
uma cidade essencialmente montanhosa, com relevo parecido com o de Belo
Horizonte (MG), onde vivo. Como no Rio de Janeiro, os bairros mais
pobres se espalham pelos morros, contornando boa parte do município.
Esse contraste
entre riqueza e pobreza, tão familiar aos brasileiros, marcou profundamente
a história da cidade. Foi aqui que Pablo Escobar (1949-1993) reinou por
muitos anos. A população o vê com um misto de horror e admiração: um bandido
cruel para uns; um ícone popular, ainda estampado em camisetas e
souvenirs, para outros.
O narcotráfico
dominou a economia local nos anos 1980 e 1990, especialmente sob o comando do
cartel de Escobar. Enquanto isso, grupos como FARC, ELN e M19,
considerados terroristas, ampliavam a instabilidade com constantes confrontos
contra as forças do Estado.
Com o apoio
dos EUA, a Colômbia iniciou uma luta armada contra narcotraficantes e
grupos insurgentes. Muita gente inocente acabou envolvida, mas o processo levou
à pacificação do país, especialmente de Medellín — um período que
custou, segundo residentes, centenas de vidas, muitas delas encerradas
sem identificação.
Nas últimas
duas décadas, Medellín passou por uma profunda transformação. Urbanizou
favelas, aprimorou o transporte público, reduziu a violência e levou
esperança aos moradores. Tornou-se um referencial mundial de
urbanismo, inspiração inclusive para cidades brasileiras, como o Rio de
Janeiro.
Visita à Comuna 13
A Comuna
13, antigo epicentro de conflitos, tornou-se um dos maiores símbolos de renovação
urbana de Medellín. Ao chegar, fomos abordados por guias locais
credenciados, que oferecem visitas acompanhadas.
Nossa guia
foi Dayana, 38 anos, nascida e criada na comunidade. Apesar da pouca
idade, já é avó de uma menina de sete. Teve a filha na adolescência, quando se
relacionou com um jovem envolvido (ou cooptado) pelo narcotráfico. Viveu
intensamente os anos de conflito armado, mas reconstruiu sua vida, assim
como sua comunidade. Hoje é guia profissional. Ficamos sabendo também
que é viúva — seu marido morreu durante a pandemia de Covid-19, não por
violência.
A Comuna 13
é hoje a comunidade mais urbanizada e turística de Medellín. Diversos
programas sociais foram implementados ali: incentivo ao esporte, às artes,
além da instalação de escadas rolantes e teleféricos que
facilitaram o acesso às áreas mais altas. Há regras para uso dos equipamentos,
preservando sua conservação.
O bairro é
cheio de galerias de arte, lojas de artesanato, lanchonetes, mirantes e
passarelas. E, acima de tudo, oferece segurança e uma vista privilegiada
da cidade.
O sistema
de teleférico, conectado ao metrô e a outros modais, é fantástico. O uso se
dá por meio de um cartão abastecido em máquinas — como no Brasil. Para
turistas, o percurso é uma espécie de passeio panorâmico, com longo
trajeto e custo equivalente ao de uma lotação.
Medellín além da Comuna 13
Visitamos a
Praça Botero, dedicada a Fernando Botero (1932-2023), o mais
importante artista plástico colombiano. O local é ladeado por edifícios
marcantes, como o Palácio da Cultura e o Museu Antioquia, e
abriga 23 esculturas monumentais do artista, doadas em 2004. Entre elas:
Mano, Gato, Mulher com fruta, Adão e Eva, Esfinge,
Rapto de Europa, Maternidade e Cabeça.
Outro ponto
imperdível é o Jardim Botânico Joaquín Antonio Uribe, com 14 hectares,
cerca de 4.500 flores e 139 espécies de aves catalogadas. O
espaço também abriga o Mariposário e o impressionante Orchideorama,
cujo acesso é limitado em alguns dias. Felizmente, estava aberto quando fomos.
Visitamos o
parque com uma guia bióloga, que apresentou de forma didática a rica
biodiversidade local.
Perto dali
está o Parque Explora, com o maior aquário de água doce da América do
Sul. Pelo horário avançado — e por já conhecermos museus semelhantes —
decidimos não entrar.
Bate-volta a Guatapé
Para
completar nossa estadia na região, fizemos um bate-volta a Guatapé, a 70
km de Medellín.
O maior
símbolo da cidade é a Piedra Del Peñol, uma formação rochosa de 220 m
de altura, semelhante ao Pão de Açúcar. É possível chegar ao topo por 740
degraus, altura equivalente a um prédio de mais de 40 andares. A vista lá
do alto é deslumbrante.
Entre 1972
e 1979, grande parte da área foi inundada pela construção de uma represa,
alterando profundamente a dinâmica econômica e social de Guatapé. A nova
paisagem transformou antigos povoados rurais em destinos turísticos.
Ao redor da
Pedra, há artesanato, restaurantes, mirantes e áreas de
lazer.
Mais
adiante está o centro histórico, com cerca de 6.500 habitantes.
Considero-o um dos lugarejos mais belos e coloridos que vi na Colômbia —
um lugar que transmite uma espécie de alegria, mesmo em uma curta
visita.
As casas
ganharam novos contornos com o crescimento do turismo, transformando-se em
hospedagens, lojas e cafés. Em suas fachadas estão os famosos “zócalos”,
pequenos relevos ou pinturas que narram histórias locais. Eles se espalham
charmosa e abundantemente por toda a cidade.
Além disso,
Guatapé caprichou também em suas ruas, praças, fontes de água
e até em alguns meios de transporte, que seguem o mesmo estilo colorido.
Retornando
a Medellín, começamos a nos preparar para a última etapa desta viagem, que
finalizará em Cartagena das Índias. Devolvemos o carro na locadora
próxima ao aeroporto e seguimos de avião até o famoso balneário, que
conheceremos mais profundamente na próxima postagem.
Até lá!
Comuna 13
![]() |
| Com Simone, Regina e Wagner na entrada da comunidade |
![]() |
| Vestidos ao estilo local |
![]() |
| Galeria de arte |
| Wagner pula corda com as crianças |
| Simone, Regina, Dayane e Wagner |
| Escadas rolantes |
| Mirantes |
| Vista de Medellín |
| No mirante, com Wagner, Simone e Regina |
| Rede de teleféricos |
| Região do nosso hotel em Medellín |
Praça Botero
Jardim Botânico
Mariposário
| Orchideorama |
![]() |
| Com Simone, Wagner e Regina no Orchideorama |
![]() |
| Palácio da Cultura |
| No teleférico, com Wagner, Simone e Regina |
| No Orchideorama |
Guatapé
![]() |
| Com Simone, Regina e Wagner na Piedra del Peñol |
![]() |
| 740 degraus |
![]() |
| Vista |
| Wagner e a represa |
Centro Histórico de Guatapé e os zócalos
| Moto-taxi no estilo local |
| Prédios coloridos |
| Fonte colorida |
| Rua dos artesãos |
| Lustre de rua |
| Moto colorida |
| Igreja matriz |
| Com Simone e Regina |
| Loja de artesanato |









