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Thelmo Lins em Inhotim (MG), foto de Wagner Cosse |
Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse
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Inhotim
é um museu de arte contemporânea, localizado em Brumadinho (MG), a cerca de 70
quilômetros de Belo Horizonte, em estrada asfaltada. Além disso, é um
belíssimo parque, com inúmeras espécies vegetais, lagos e trilhas, com parte
dos jardins desenhada por Burle Marx, o maior paisagista brasileiro de todos os
tempos. Por isso, é natural que haja um confronto entre o que é mais belo: as
obras de arte ou a vegetação?
Tive
a oportunidade de conhecer Inhotim antes de sua fundação oficial, em outubro
de 2006, graças ao querido amigo, o professor Claudio Moura Castro, que, na época, fazia
parte do conselho do museu. Visitei, naquela época, com um grupo de amigos e
colegas de trabalho, que atuavam na área cultural e de turismo. O encantamento
quando se vê aquele empreendimento pela primeira vez é impactante. Mas a
surpresa continuou nas outras visitas. Já estive lá quatro vezes, sendo a
última em dezembro de 2018, com um grupo de cerca de 50 pessoas da academia que
frequento no bairro Sagrada Família, na capital mineira.
Como
o museu ocupa um espaço muito grande, 140 hectares (ou 1.400.000 m2), é impossível
conhecer tudo em um só dia. Mesmo nas quatro visitas, só consegui conhecer uma
parte. Há 23 galerias, algumas delas dedicadas a artistas como Cildo Meireles,
Adriana Varejão, Rivane Neuenschwander, Lygia Pape, Tunga e a fotógrafa Claudia
Andujar, dentre outros. E há também esculturas e obras espalhadas pelos
jardins. Elas são assinadas por grandes nomes da arte nacional e internacional,
como Amílcar de Castro, Waltércio Caldas, Hélio Oiticica, Olafur Eliasson,
Yayoi Kusama, Giuseppe Penone, dentre tantos.
Na
minha opinião, não é preciso ser um conhecedor de arte ou até mesmo conhecer os
nomes citados acima para apreciar melhor o espaço. É claro que, tendo tempo
para ler as legendas, a gente tem uma noção e um conhecimento mais profundo de
cada instalação ou obra. Caso contrário, deixe que a emoção e o sentimento tomem
conta.
Na
última vez que visitei Inhotim, fui numa quarta-feira, dia em que o museu é
aberto gratuitamente. Por isso, havia muitos estudantes. Observei a reação de
alguns deles e variava entre o espanto, o deboche, a ironia e a gozação. Mesmo
para aqueles que acham algumas obras ridículas (a arte contemporânea é, muitas
vezes, difícil de ser compreendida), vale a pena levar seus filhos, parentes e
amigos. No mínimo, eles vão fazer uma busca rápida no Google para saber de onde
vem aquele artista ou a inspiração que o levou a fazer tal trabalho.
Algumas
obras e instalações são lúdicas. Permitem que o visitante penetre em sua
estrutura, toque, se envolva e até sinta algumas sensações táteis ou sonoras. A
obra The Murder of Crows (2008), dos canadenses George Bures Miller e Janet
Cardiff reproduz a apresentação de um coral, com alto falantes, amplificadores
e computador. Cada caixa de som reproduz a voz de um componente que, unidos,
formam um belo canto. Outras obras muito apreciadas são os fuscas coloridos de
Jarbas Lopes; a Cosmococa; a instalação True Rouge, de Tunga, para citar
algumas.
Nesta
visita, caminhei cerca de um quilômetro e meio dentro da mata para visitar o
Sonic Pavilion (2009), obra do norte-americano Doug Aitken. Trata-se de um pavilhão
em vidro e aço, revestido por uma película. Dentre dele há um poço tubular dede
202 m de profundidade que, com ajuda de microfones e equipamento de
amplificação sonora, pode-se ouvir o barulho da terra.
É
possível passar o dia inteiro em Inhotim. O museu funciona de terça a sexta, de
9h30 às 16h30. Sábado, domingo e feriado, o espaço abre de 9h30 às 17h30. Caso
não visite o museu na quarta-feira, dia gratuito e, consequentemente, com maior
afluxo de visitante, paga-se o ingresso de R$ 44,00 (inteira). Há alguns
carrinhos, tipo aqueles do Projac (Rede Globo) que circulam nas trilhas do
museu. Para usá-los, paga-se a diária de R$ 30,00. Eles têm pontos nas
principais galerias e funcionam como um lotação, em circulação constante. Quem preferir
a exclusividade de um desses automóveis terá que desembolsar R$ 500,00/dia ou
R$ 200,00/hora.
Inhotim
tem um amplo estacionamento para carros, ônibus e vans. Quem preferir ir de
ônibus, há uma linha que atende diariamente entre Belo Horizonte e o museu,
administrada pela empresa Saritur. O veículo sai da rodoviária da capital
mineira às 8h15 e retorna no final da tarde, no encerramento das atividades do
museu. A passagem custa R$ 35,00.
Há
também restaurantes, lanchonetes, cafés e até uma hamburgueria. Vi também
muitas pessoas fazendo piqueniques no museu. Não sei se é permitido, mas é uma
opção para grupos grandes, especialmente de estudantes. O conselho é não deixar
nenhuma sujeira. Para isso, centenas de lixeiras são espalhadas por todo o
local.
Inhotim
também oferece atrações culturais. Todo mês de maio, é realizado o Meca
Inhotim, com shows e espetáculos musicais. Marisa Monte e Lenine são alguns dos
artistas que participaram do evento. Há também um teatro de 230 lugares, onde
são apresentadas peças teatrais e outras atividades.
Há
um site (inhotim.org.br) onde podem ser conferidos os horários e a programação.
P.S.
Dizem que Inhotim (e o instituto que dá sua forma jurídica) é fruto de uma
fenomenal lavagem de dinheiro. Seu criador já foi denunciado e os valores
chegam a quase R$ 100 milhões, inclusive por dívidas com impostos. Parte do
acervo, atualmente, pertence do Estado de Minas Gerais, com forma de
ressarcimento da dívida. Não defendendo este tipo de contravenção, mas, na minha
opinião, foi uma brilhante forma de usar essa “lavagem”. Pelo menos contribuiu
com o mais internacional dos museus de Minas Gerais e um dos mais atrativos do
país.
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Turma da academia que fez o passeio em Inhotim (dezembro de 2018) |
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Obra de Hélio Oiticica |
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Pavilhão de recepção do museu |
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Obra de Hélio Oiticica (detalhe) |
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Obra de Hélio Oiticica (detalhe) |
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Wagner Cosse na Trilha Rosa |
Galeria Miguel Rio Branco
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Sonic Pavilion, de Doug Aitken |

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Transporte interno |
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Galeria Doris Salcedo |
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Banco feito a partir de tronco reciclado |
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Fuscas coloridos |
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Estátua de Edgard Souza |
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Estátua de Edgard Souza |
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Foto de Wagner Cosse |
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Corredor da Galeria Claudia Andujar |
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Foto de Claudia Andujar |
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Foto de Claudia Andujar |
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Foto de Claudia Andujar |
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Obra de Tunga |
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Coral com caixas de som |
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Galeria dedicada à Adriana Varejão |
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Patas de elefante |
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Cisnes |
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Um dos cafés do museu (foto de 2011) |
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Obra Narcissus Garden, da japonesa Yayoi Kusama (bolas prateadas que flutuam na água) |
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Com as amigas Rogéria, Regina e Julia, numa visita em 2012 |
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Paisagem exuberante |