segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Inhotim

Thelmo Lins em Inhotim (MG), foto de Wagner Cosse


Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse
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            Inhotim é um museu de arte contemporânea, localizado em Brumadinho (MG), a cerca de 70 quilômetros de Belo Horizonte, em estrada asfaltada. Além disso, é um belíssimo parque, com inúmeras espécies vegetais, lagos e trilhas, com parte dos jardins desenhada por Burle Marx, o maior paisagista brasileiro de todos os tempos. Por isso, é natural que haja um confronto entre o que é mais belo: as obras de arte ou a vegetação?
            Tive a oportunidade de conhecer Inhotim antes de sua fundação oficial, em outubro de 2006, graças ao querido amigo, o professor Claudio Moura Castro, que, na época, fazia parte do conselho do museu. Visitei, naquela época, com um grupo de amigos e colegas de trabalho, que atuavam na área cultural e de turismo. O encantamento quando se vê aquele empreendimento pela primeira vez é impactante. Mas a surpresa continuou nas outras visitas. Já estive lá quatro vezes, sendo a última em dezembro de 2018, com um grupo de cerca de 50 pessoas da academia que frequento no bairro Sagrada Família, na capital mineira.
            Como o museu ocupa um espaço muito grande, 140 hectares (ou 1.400.000 m2), é impossível conhecer tudo em um só dia. Mesmo nas quatro visitas, só consegui conhecer uma parte. Há 23 galerias, algumas delas dedicadas a artistas como Cildo Meireles, Adriana Varejão, Rivane Neuenschwander, Lygia Pape, Tunga e a fotógrafa Claudia Andujar, dentre outros. E há também esculturas e obras espalhadas pelos jardins. Elas são assinadas por grandes nomes da arte nacional e internacional, como Amílcar de Castro, Waltércio Caldas, Hélio Oiticica, Olafur Eliasson, Yayoi Kusama, Giuseppe Penone, dentre tantos.
            Na minha opinião, não é preciso ser um conhecedor de arte ou até mesmo conhecer os nomes citados acima para apreciar melhor o espaço. É claro que, tendo tempo para ler as legendas, a gente tem uma noção e um conhecimento mais profundo de cada instalação ou obra. Caso contrário, deixe que a emoção e o sentimento tomem conta.
            Na última vez que visitei Inhotim, fui numa quarta-feira, dia em que o museu é aberto gratuitamente. Por isso, havia muitos estudantes. Observei a reação de alguns deles e variava entre o espanto, o deboche, a ironia e a gozação. Mesmo para aqueles que acham algumas obras ridículas (a arte contemporânea é, muitas vezes, difícil de ser compreendida), vale a pena levar seus filhos, parentes e amigos. No mínimo, eles vão fazer uma busca rápida no Google para saber de onde vem aquele artista ou a inspiração que o levou a fazer tal trabalho.
            Algumas obras e instalações são lúdicas. Permitem que o visitante penetre em sua estrutura, toque, se envolva e até sinta algumas sensações táteis ou sonoras. A obra The Murder of Crows (2008), dos canadenses George Bures Miller e Janet Cardiff reproduz a apresentação de um coral, com alto falantes, amplificadores e computador. Cada caixa de som reproduz a voz de um componente que, unidos, formam um belo canto. Outras obras muito apreciadas são os fuscas coloridos de Jarbas Lopes; a Cosmococa; a instalação True Rouge, de Tunga, para citar algumas.
            Nesta visita, caminhei cerca de um quilômetro e meio dentro da mata para visitar o Sonic Pavilion (2009), obra do norte-americano Doug Aitken. Trata-se de um pavilhão em vidro e aço, revestido por uma película. Dentre dele há um poço tubular dede 202 m de profundidade que, com ajuda de microfones e equipamento de amplificação sonora, pode-se ouvir o barulho da terra.
            É possível passar o dia inteiro em Inhotim. O museu funciona de terça a sexta, de 9h30 às 16h30. Sábado, domingo e feriado, o espaço abre de 9h30 às 17h30. Caso não visite o museu na quarta-feira, dia gratuito e, consequentemente, com maior afluxo de visitante, paga-se o ingresso de R$ 44,00 (inteira). Há alguns carrinhos, tipo aqueles do Projac (Rede Globo) que circulam nas trilhas do museu. Para usá-los, paga-se a diária de R$ 30,00. Eles têm pontos nas principais galerias e funcionam como um lotação, em circulação constante. Quem preferir a exclusividade de um desses automóveis terá que desembolsar R$ 500,00/dia ou R$ 200,00/hora.
            Inhotim tem um amplo estacionamento para carros, ônibus e vans. Quem preferir ir de ônibus, há uma linha que atende diariamente entre Belo Horizonte e o museu, administrada pela empresa Saritur. O veículo sai da rodoviária da capital mineira às 8h15 e retorna no final da tarde, no encerramento das atividades do museu. A passagem custa R$ 35,00.
            Há também restaurantes, lanchonetes, cafés e até uma hamburgueria. Vi também muitas pessoas fazendo piqueniques no museu. Não sei se é permitido, mas é uma opção para grupos grandes, especialmente de estudantes. O conselho é não deixar nenhuma sujeira. Para isso, centenas de lixeiras são espalhadas por todo o local.
            Inhotim também oferece atrações culturais. Todo mês de maio, é realizado o Meca Inhotim, com shows e espetáculos musicais. Marisa Monte e Lenine são alguns dos artistas que participaram do evento. Há também um teatro de 230 lugares, onde são apresentadas peças teatrais e outras atividades.
            Há um site (inhotim.org.br) onde podem ser conferidos os horários e a programação.
            P.S. Dizem que Inhotim (e o instituto que dá sua forma jurídica) é fruto de uma fenomenal lavagem de dinheiro. Seu criador já foi denunciado e os valores chegam a quase R$ 100 milhões, inclusive por dívidas com impostos. Parte do acervo, atualmente, pertence do Estado de Minas Gerais, com forma de ressarcimento da dívida. Não defendendo este tipo de contravenção, mas, na minha opinião, foi uma brilhante forma de usar essa “lavagem”. Pelo menos contribuiu com o mais internacional dos museus de Minas Gerais e um dos mais atrativos do país.

Turma da academia que fez o passeio em Inhotim (dezembro de 2018)

Obra de Hélio Oiticica 






Pavilhão de recepção do museu



Obra de Hélio Oiticica (detalhe)

Obra de Hélio Oiticica (detalhe)



Wagner Cosse na Trilha Rosa


Galeria Miguel Rio Branco




Sonic Pavilion, de Doug Aitken




Transporte interno

Galeria Doris Salcedo






Banco feito a partir de tronco reciclado



Fuscas coloridos

Estátua de Edgard Souza

Estátua de Edgard Souza

Foto de Wagner Cosse

Corredor da Galeria Claudia Andujar

Foto de Claudia Andujar

Foto de Claudia Andujar

Foto de Claudia Andujar

Obra de Tunga

Coral com caixas de som
Galeria dedicada à Adriana Varejão

Patas de elefante

Cisnes

Um dos cafés do museu (foto de 2011)


Obra Narcissus Garden, da japonesa Yayoi Kusama (bolas prateadas que flutuam na água)

Com as amigas Rogéria, Regina e Julia, numa visita em 2012

Paisagem exuberante


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