No mirante da laguna Blanca, na Bolívia (foto de Wagner Cosse) |
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Nesta nova etapa da viagem, cruzamos a fronteira do Chile para a Bolívia, que fica a 47 km de São Pedro de Atacama. Ainda de madrugada, antes do sol aparecer, um automóvel veio nos pegar no hostal. Temos que estar prontos, com toda a bagagem necessária.
Apesar dos poucos quilômetros que separam os dois destinos, existe uma burocracia medonha que se arrasta por volta de quatro horas na passagem de um país para o outro, por causa da fiscalização. Nesse ínterim, tomamos café (no frio, diga-se de passagem) e esperamos, esperamos, esperamos. O guia nos ajudou nos trâmites.
Já na Bolívia, adentramos a Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa, onde estão concentrados vários pontos de visitação. Pagamos as taxas pertinentes à entrada na reserva e, para minha surpresa, fiquei encantado com a beleza das notas de bolivianos, moeda local. Havíamos conhecido esse dinheiro em São Pedro, onde fizemos o câmbio (nos lugares em que fomos, na Bolívia, não costumam aceitar cartões. É preciso andar com dinheiro em cash), mas eram notas velhas. As novas são encantadoras, principalmente as de 50 bolivianos, adornadas com flamingos.
O parque é um deslumbre. Achei a paisagem da Bolívia ainda mais bela do que a encontrada no Deserto do Atacama. Visitamos os mirantes das lagunas Blanca, Verde, Colorada e Capina, o deserto de Salvador Dali, as Termas de Polques e alguns gêiseres nesta primeira etapa. Todo o percurso – a maioria em estradas muito mal conservadas – é feito em carros especiais, com tração nas quatro rodas.
O confronto do azul do céu com os picos nevados e seus respectivos reflexos nas águas límpidas foram uma paisagem quase inacreditável. Naquela imensidão, ficamos pequenos, humildes, perante a força da natureza em seu esplendor. Uma profusão de luzes e cores. Até esquecemos as agruras e o cansaço provenientes da longa espera na fronteira.
Quilômetros adiante, chegamos às Águas Termais de Polques, que apresentam piscinas de águas aquecidas a aproximadamente 30 graus. Embora fosse aparentemente convidativo, eu não me animei a entrar nas águas, porque do lado de fora o frio era intenso e o vento estava cortante. Wagner, o corajoso, mergulhou naqueles poços e conheceu seus poderes relaxantes e revigorantes. Na hora de sair é que a coisa ficou difícil.
Mais adiante, visitamos o deserto de Salvador Dali. O nome é de fantasia, devido às formações rochosas que lembram as obras do pintor espanhol/catalão, que foi um dos expoentes do surrealismo. Confesso que não vi nada disso, mas a parada serviu para fazermos algumas fotos “divertidas” com o nosso grupo, formado por 12 pessoas em dois veículos diferentes. A brincadeira rendeu boas risadas e ótimas lembranças.
A próxima parada foram os gêiseres. Tanto eles quanto as águas termais são provenientes dos vulcões ativos na região. Embora a visão seja interessantíssima, eles exalam um forte cheiro de enxofre. Além disso, estão a 4.850 metros de altitude. A paisagem parece um cenário do seriado Jornada nas Estrelas.
Encerrando as atividades do dia, visitamos a laguna Colorada. E haja frio e vento! A ventania era tão forte que parecia nos arrastar. Além da coloração avermelhada, muito característica, havia no local alguns bandos de flamingos. Estes, sim, em maior número. Trata-se de um lago salgado, que ocupa uma área de 60 km2. O tom escarlate da água é causado por sedimentos e algas muito apreciados por esses elegantes pássaros. Na medida em que eles vão ingerindo os alimentos, a penugem se torna rosada.
No meio da laguna, há alguns pontos esbranquiçados, que são ilhas de bórax branco. Este mineral, também conhecido como borato de sódio, tetraborato de sódio ou tetraborato dissódico, é muito utilizado na fabricação de produtos de limpeza e higiene, devido às suas propriedades antissépticas, antifúngicas e antibacterianas. Devido a esse elemento, a água da laguna torna-se salgada.
Depois de uma rápida passagem pela laguna Capina, nos hospedamos em Villamar, uma pequena vila no meio da reserva. A hospedagem é muito simples e, na minha opinião, muito inadequada para este tipo de viagem, pois geralmente as pessoas chegam exaustas do passeio, devido às condições da estrada, do clima e da altitude. A maior parte dos quartos é coletivo, assim como os chuveiros e banheiros. Levantar de madrugada para usar o vaso sanitário tornava-se um suplício.
O jantar servido ficou muito aquém das nossas necessidades básicas, o que gerou algum protesto. Mas, infelizmente, não havia nenhuma outra opção. Embora já soubéssemos disso, o fato de pagar pela toalha de banho, pela utilização do wi-fi, entre outros itens, gerou um desconforto. Nessa noite, a temperatura caiu para três graus Célsius.
É claro que simplesmente “desmaiamos” depois de jantar e só acordamos no dia seguinte para a segunda etapa da viagem à reserva. Novas e (ainda mais) belas surpresas nos aguardavam!
FOTOS
Mapa da região |
Na entrada da reserva |
A bela nota de 50 bolivianos |
Foto Wagner Cosse |
Com Wagner, na fronteira Chile/Bolívia |
Entre a Bolívia e o Chile |
Laguna Blanca
Wagner |
Laguna Verde
Deserto Salvador Dali e região
Gêiseres
Estrada
Termas de Polques
Wagner, o corajoso |
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