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Wagner Cosse e a moderna Cartagena ao fundo |
O blog Descobertas do Thelmo
implanta mais uma inovação. Desta vez, passando a palavra para o cantor,
produtor cultural e jornalista Wagner Cosse, que me acompanhou em várias
viagens. Ele teve a oportunidade de conhecer a belíssima Cartagena, na
Colômbia. Então, eu pedi a ele que fizesse um texto sobre as suas descobertas.
Confiram! (Thelmo Lins)
Texto e fotos de Wagner Cosse
Clique nas imagens para ampliá-las.
A viagem para Cartagena das
Índias foi um acontecimento inesperado em minha vida. Não foi fruto de
planejamento, mas de uma decisão sob pressão a partir do momento em que fui
informado de que precisava utilizar rapidamente minhas milhas antes que elas
expirassem. Entre minha decisão e a chegada a essa bela cidade, passaram-se
apenas sete dias. Mas, apesar da tensão e dos malabarismos necessários para
viabilizar a viagem em tão pouco tempo, foi uma das melhores coisas que me
aconteceram nos últimos anos.
A cidade é encantadora, impregnada
de história, arte e cultura. Apesar do nome, está localizada no litoral norte
da Colômbia, banhada pelo mar do Caribe.
Logo à primeira vista, Cartagena
das Índias impressiona pela profusão de cores, por suas belas construções em
estilo colonial e pelas monumentais muralhas que a cercam, revelando seu
passado de glória. A cidade foi fundada em 1° de junho de 1533 e teve um papel fundamental na
administração e na expansão do Império Espanhol nas Américas, sendo sede de governo e moradia dos vice-reis
espanhóis. De seu porto, o ouro e a prata extraídos no Peru, na Bolívia e
em outras províncias da América Espanhola eram transportados para a Espanha.
Ao longo do tempo, sua riqueza e prosperidade atraíram
a atenção de piratas e corsários que tentaram constantemente pilhá-la. Por esse motivo, o rei espanhol Filipe II resolveu
protegê-la, determinando a construção de 11 quilômetros de muralhas, além de fortificações
localizadas em pontos estratégicos. A mais importante delas, conhecida como
Castelo de São Felipe de Barajas, é considerada a maior e mais completa edificação
militar construída pelos espanhóis na América do Sul. Suas dimensões monumentais
fizeram do Castelo um dos principais pontos turísticos da cidade, localizado a
apenas 20 minutos de caminhada do Centro Histórico.
Aliás, andar pelas ruas do
Centro Histórico, na cidade amuralhada, é uma experiência mágica. Um delírio
para os olhos e para a alma. Os becos e ruelas, repletos de casarões coloridos
em estilo colonial, conduzem a praças rodeadas de bares e restaurantes com
mesinhas na calçada. Um toque especial de charme é dado por carruagens que cruzam
a cidade, transportando os turistas para um mundo de magia e encantamento. As “palenqueras” - mulheres negras vestidas
com trajes típicos colombianos, levando pequenas bacias de frutas na cabeça -
são outra atração à parte. Elas circulam sua simpatia pela cidade, vendendo
frutas e doces, e são sempre solicitadas pelos turistas para fotos históricas.
A principal entrada para o Centro Histórico é a Porta do Relógio,
que leva à Praça dos Coches. A partir daí, caminhando para a esquerda, há uma
sequência de praças interessantes, com destaque para a Praça da Aduana e a Praça
São Pedro Claver, com a monumental igreja em homenagem ao santo de mesmo
nome, tendo, à frente, várias esculturas em ferro fundido, reproduzindo cenas
de moradores da cidade.
Próximo a essa igreja, rodeada por edifícios com varandas
coloniais sempre floridas, está a Praça
de Bolívar, um pequeno parque com uma estátua de Simón Bolívar no centro.
Aí também se encontra o antigo Palácio da Inquisição, hoje Museu Histórico da
cidade, e o Museu do Ouro Zenu. Logo a seguir, aparece, soberana, a Catedral de Cartagena, com sua belíssima Torre do Sino, atraindo para si todos os
olhares.
Outro local que chama a atenção dos turistas é a charmosa Praça Santo Domingo, onde, além de bares,
restaurantes e da igreja de mesmo nome, recentemente restaurada, encontra-se a
escultura Mulher Reclinada, um presente do grande artista
colombiano Fernando Botero para a cidade.
As muralhas que contornam boa parte de Cartagena não são apenas
uma atração para os olhos. Por meio de várias rampas localizadas em pontos
estratégicos, pode-se acessar o topo para longas caminhadas, tendo-se a
oportunidade de explorar as belezas da cidade, vendo-as por cima, de diferentes
ângulos. Algumas das mais concorridas atrações desse passeio são os barzinhos,
onde se pode sentar ao redor das mesinhas, saborear alguns petiscos
tradicionais e contemplar um dos mais belos espetáculos da natureza local: o
pôr-do-sol sobre o mar do Caribe.
Repleto de atrações, que abrangem casarões coloniais, praças,
igrejas, bares, restaurantes, galerias de arte, museus, lojas, hotéis e
pousadas para todos os gostos, o Centro
histórico de Cartagena foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, em 1984.
Ainda na cidade amuralhada, vale a pena caminhar
pelas ruelas de Getsêmani, bairro de construções mais simples, mas não menos
charmosas. Ali concentrava-se a população de escravos de Cartagena. Esse bairro
alegre e boêmio, o preferido dos mochileiros, dispõe de hotéis, pousadas, bares
e restaurantes para todos os bolsos, além de apresentar uma imensa riqueza
visual, caracterizada por ruelas com bandeirinhas coloridas e muros cobertos
por belos grafites, que conferem charme especial à paisagem urbana.
Um dos momentos mais surpreendentes que vivi
nessa viagem aconteceu ao final da tarde do último dia, quando vagava pelas
ruas de Getsêmani e fui despertado por um batuque ao longe. Imediatamente redirecionei
meus passos, deixando-me conduzir pelo som. Ao subir a rampa de acesso à
muralha, no ponto de onde se avista o Castelo de São Felipe de Barajas,
deparei-me com uma cena impensável naquele momento: um dos principais grupos
folclóricos do país, o Ekobios,
estava fazendo uma apresentação para a gravação de um documentário. Com
figurinos exuberantes, que lembravam o estilo do carnaval carioca, tingiam de
cores e alegria os tons pastéis da muralha, fazendo reverberar o som de seus
tambores e de sua cultura centenária pelo ar.
Por falar em cultura, é certo dizer que a programação
cultural de Cartagena é outra grande atração da cidade. Seus eventos atraem
turistas de todos os continentes. O mais famoso deles é o Festival Internacional
de Cinema. De caráter competitivo, ele acontece anualmente e premia os
vencedores com uma estatueta da Índia Catarina, um dos ícones históricos da
cidade.
Cartagena também oferece atrações fora dos
limites da cidade amuralhada. Para aqueles que gostam da modernidade, um dos
pontos de maior interesse é o bairro de Bocagrande, com ruas largas, arranha-céus
de arquitetura arrojada, hotéis de luxo, restaurantes de comidas típicas e de
gastronomia internacional, comércio diversificado e praias de mar aberto.
Não há como resistir ao
charme dessa cidade que tem se preparado cada vez melhor para receber os
turistas, mantendo as ruas limpas, renovando a pintura da fachada dos casarões,
cuidando das sacadas sempre floridas e restaurando monumentos.
Como também fui tocado por
essa magia, pretendo voltar para saborear essas delícias cartaginenses e
mergulhar mais profundamente na história, na cultura e na arte dessa belíssima
cidade.
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Porta do Relógio |
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Detalhe das muralhas |
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Muralhas |
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Muralhas |
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Varandas coloniais |
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Sede do famoso festival de cinema, com a índia Catalina |
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Torre da Catedral, símbolo de Cartagena |
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Igreja de São Pedro Claver |
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Centro histórico com iluminação noturna |
Profusão de cores
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Ave símbolo de Cartagena |
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Mercado das Bóvedas: antiga prisão que virou centro comercial |
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Palanqueras |
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Bairro da Bocagrande, parte moderna da cidade |
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Castelo de São Felipe de Barajas |
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Culinária local |
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Estátua da índia Catalina |
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Artista de rua |
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Procissão de carruagens |
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Mercado dos doces |
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Igreja de São Pedro Claver |
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Palanquera vende frutas |
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Ao fundo, a torre da catedral |
Museu do Ouro Zenu
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Estátua de Simón Bolívar |
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Entrada do Palácio da Inquisição, atual Museu Histórico |
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Sacadas e varandas |
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Culinária local |
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Cais de Pégasus |
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Região do centro de convenções |
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Pôr-do-sol |
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Grupo assiste ao pôr-do-sol nas muralhas |
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Grupo folclórico Ekobios |
Getsêmani
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Gabriel Garcia Marques, o Gabo, o maior nome da literatura colombiana |
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