quinta-feira, 8 de março de 2018

No sul de Minas, entre cidades charmosas e pitorescas

Na praça principal de Cristina (MG) (Foto de Wagner Cosse)



Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse
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            Nesta postagem, continuarei falando do sul de Minas Gerais, especificamente na região do Circuito das Águas, onde estive entre o final de fevereiro e o início de março de 2018, com meus amigos Conceição e Wagner Cosse. Além de São Lourenço, que falei na outra postagem, visitei também Caxambu (que eu adoro!), Maria da Fé, Cristina, Soledade de Minas e Lambari. Vou falar um pouco de cada uma delas.
            Caxambu já foi alvo de uma postagem, há dois anos, quando estive em Aiuruoca e Baependi. Desta vez, encontrei o Parque das Águas em reforma. Para mim, é o mais belo da região e, talvez, o mais charmoso do país. Suas construções antigas são preciosas. Os plátanos que enfeitam a via principal do parque são escandalosos de tão bonitos. E há um sem número de árvores e flores pelos caminhos.
            Parece que, com a reforma – sob a administração da Codemig – o espaço vai ganhar mais conforto e beleza. Alguns prédios estão sendo pintados ou restaurados.
            Aproveitei e fiz uma caminhada também pela região central de Caxambu, onde visitei algumas lojinhas e restaurantes. A cidade continua muito bonita e aconchegante. Umas das novidades – para mim – foi conhecer a Igreja de Santa Isabel de Hungria, cuja pedra fundamental foi inaugurada pela princesa Isabel, ainda no século 19. Dali se tem uma bela vista da área central.
            Por falar em vista, os meus companheiros de viagem – Conceição e Wagner Cosse – fizeram o passeio de teleférico, que une a região do parque das águas com um dos morros mais altos da região, a 900m de altitude. Embora curto – cerca de 15 minutos – do alto do passeio tem-se uma ampla e bela vista de Caxambu.
            Soledade de Minas tem poucos atrativos na sede urbana, exceto sua estação ferroviária e o entorno. A cidade fica cerca de 10 km de distância de São Lourenço e ambas participam do circuito da Maria Fumaça. Quando estive lá, tanto a estação quanto as lojinhas de artesanato estavam fechadas. Imagino que elas funcionem apenas nos fins de semana, quando o trenzinho está em atividade. Na igreja matriz, há pinturas interessantes.
            Cristina está a 30 km de São Lourenço. A estrada que une das duas cidades é belíssima, como quase todas as estradas daquela região. A chuva fez verdadeiros tapetes verdes nos pastos e as quaresmeiras enfeitavam as montanhas. A cidade conserva um expressivo e bem preservado casario do início do século 20. As ruas são limpíssimas. A atração principal é a pracinha da prefeitura, onde há curiosas estátuas e enfeites. Dentre elas, a de um leão. Ali, bem pertinho, tem uma loja de tecidos e artigos de cama, mesa e banho de encher os olhos. Ela conserva o mobiliário antigo, todo feito em madeira. Não resistimos e fomos lá para comprar alguns tecidos e conhecer os proprietários.
            Cristina também tem um café premiado internacionalmente, assim como sua vizinha, Carmo de Minas. Por isso, é fundamental dar uma passadinha no supermercado local para levar um pouco dessas preciosidades. Pelo menos, as que cabem no nosso bolso. Contam que, um quilo do café premiado tipo exportação, está na casa dos R$ 400,00 o quilo.
            A única nota triste foi conhecer o local onde havia o cinema da cidade. Ele deu lugar a uma galeria de lojas. No entanto, há uma menção à antiga sala de exibição, com fotos e cartazes. De acordo com seus proprietários, a manutenção era dispendiosa e não havia retorno financeiro.
            De Cristina, demos um pulinho em Maria da Fé (19 km de distância). Famosa por seu rigoroso inverno, a cidade é bastante simpática. Tem uma estação de trem desativada e uma maria-fumaça de enfeite na pracinha principal. Já estive na cidade há 11 anos, quando me hospedei na Fazenda Pomária, uma deliciosa pousada que não existe mais. Fomos lá tentando encontrar D. Lourdinha, sua proprietária, mas encontramos a casa fechada. Na pitoresca estradinha, muitas araucárias.
            Chamam a atenção em Maria da Fé as pinturas internas da Igreja Matriz, dedicada à Nossa Senhora de Lourdes. São lindíssimas. As obras são autoria dos irmãos italianos Pietro e Ulderico Gentilli. E o trabalho do grupo Gente de Fibra, que criou um artesanato caprichadíssimo a partir da fibra de bananeira. Para conhecer melhor o trabalho, sugiro que acesse o site www.gentedefibra.com.br. Vale a pena visitar! Chamou a atenção, também, uma nova obra da prefeitura local. São várias casinhas que servirão, brevemente, para abrigar os artesãos locais com mais conforto.
            Lambari merece uma visita melhor. Na verdade, passamos pela cidade para almoçar e dar uma volta pelas ruas principais. Mas a visão da lagoa com o antigo cassino ao fundo é de tirar o fôlego. O conjunto é maravilhoso, apesar de construções desajeitadas, nos morros que circundam o local, atrapalharem a paisagem. Ou seja, falta de planejamento urbano. Felizmente, o antigo cassino está sendo restaurado e parece que, brevemente, será aberto para visitação.
            A cidade tem também um parque das águas e muitas cachoeiras na zona rural, que não conheci desta vez. Mas pretendo voltar um dia, para curtir melhor os atrativos.
            Chuvas torrenciais caem sobre Minas nessa época do ano, assustando com seus fortes raios e trovões. O sol também deu seu ar da graça, deixando alguns dias excepcionalmente quentes. Mas é hora de voltar para casa e planejar um novo passeio para breve!
            Até mais!

Localização das cidades (Prefeitura de Caxambu)

Mapa rodoviário da região

Caxambu 

Igreja de Santa Isabel da Hungria




Detalhe de azulejo decorativo em escola da cidade

Igreja Matriz de Caxambu

Praça principal da cidade

Praça

Rua de pedestres

Praça

Parque das Águas

Caminho dos plátanos, no Parque das Águas

Balneário do Parque das Águas

Prédio do parque que está sendo restaurado pela Codemig

Parque das Águas

Parque das Águas

Detalhe da Fonte D. Pedro II

Teleférico (fotos Wagner Cosse)



Vista aérea do Parque das Águas (fotos Wagner Cosse)

Acima e abaixo, vistas de Caxambu a partir do morro do teleférico


Parque das Águas (detalhe)

 Estrada entre São Lourenço e Cristina


 Cristina

Wagner e Conceição na estátua do leão de Cristina


Loja de tecidos

Praça principal de Cristina






Montanhas dos arredores da cidade


Cinema que foi destruído para dar lugar a uma galeria

Matriz de Cristina

Praça próxima à matriz

Imagem do Cristo crucificado na matriz de Cristina

 Estrada entre Cristina e Maria da Fé

 Maria da Fé




Lojas de artesanato em construção na cidade

Gente de Fibra








Araucárias enfeitam as estradas na região de Maria da Fé

Estrada para a Fazenda Pomária

Matriz de Maria da Fé












Estrada entre Maria da Fé e Cristina


Vista de Cristina, com o céu carregado

Conceição e Wagner (ao fundo, a cidade de Cristina)

Em Cristina (foto de Wagner Cosse)

 Soledade de Minas

Estação ferroviária

Detalhe de pintura na matriz de Soledade, com lustre



terça-feira, 6 de março de 2018

ENTREVISTA: Jacqueline Farid e as memórias das viagens pelo mundo


Jacqueline Farid em Veneza: "a cidade mais linda do mundo"



A jornalista e escritora Jacqueline Farid é natural de Itabirito (MG), mas vive atualmente no Rio de Janeiro. Depois de militar durante muitos anos no jornalismo econômico, ela agora abraça uma nova paixão: a literatura voltada para o turismo. Em 2017, publicou o livro No Reino das Girafas, que mistura ficção e a experiência em sua viagem à Namíbia, país africano. Recentemente, ela excursionou para a Índia. Descobertas do Thelmo entrevista a escritora, procurando saber de onde nasceu essa paixão por conhecer outros povos e costumes.

Descobertas do Thelmo - O prazer de viajar, quando surgiu?

Jacqueline Farid - Surgiu desde as primeiras viagens, já no início da adolescência, para Guarapari (ES). Ali já era possível antever que o mundo era vasto e merecia ser visto. Mas a primeira viagem que me marcou e mostrou o poder dos deslocamentos como experiência de vida ocorreu ainda na época da faculdade, em 1987, quando eu e duas amigas fomos para o Nordeste e nos aventuramos, por um mês, entre Pernambuco e Ceará, até o dinheiro terminar e termos que retornar de carona para casa. Foi uma viagem linda e transformadora, que revelou todo o redimensionamento pessoal que viajar pode provocar.

Epupa Falls, fronteira de Angola e Namíbia

Visita à tribo Himba, na Namíbia

Deserto Dead Vlei, na Namíbia


Viajamos de carro por quase todo o país [Namíbia], que me impressionou por inteiro, com as imagens cênicas que se descortinam ininterruptamente na estrada.

Descobertas do Thelmo - Recentemente, você lançou um livro sobre a Namíbia. O que é o trabalho? O que no país mais a impressionou?

Jacqueline Farid - Fui à Namíbia três vezes, por 30 dias cada uma delas, nos anos de 2009, 2010 e 2011. Meu companheiro naquela época é fotógrafo e viveu na África, sendo apaixonado pelo continente. As belíssimas fotos dele da savana africana me fizeram apaixonar pela África e me inserir naquela atmosfera selvagem mesmo antes de conhecê-la. Essa paixão se materializou na Namíbia. Adoro as grandes paisagens e o contato com a natureza e a Namíbia oferece doses gigantescas de ambos.
Viajamos de carro por quase todo o país, que me impressionou por inteiro, com as imagens cênicas que se descortinam ininterruptamente na estrada. Mas, em meio a tanta beleza, posso dizer que o parque de Etosha se transformou no meu lugar favorito entre tudo o que já visitei neste planeta. A vida selvagem é incrível no parque e é possível admirar, sem muito esforço, os animais no seu habitat natural: gazelas, leopardos, leões, rinocerontes, elefantes, zebras, orix, kudus e muitos, muitos pássaros, num cenário magnífico. É um país incrível para explorar de carro e, nas estradas, é possível cruzar com os simpáticos namibianos e conhecer algumas tribos com tradições milenares.



Descobertas do Thelmo – Quando você escreveu o livro? E onde o leitor pode adquiri-lo?

Jacqueline Farid - Escrevi o livro em 2012, a partir de algumas reflexões que escrevi sobre o que via na Namíbia em meio às viagens. O livro, No Reino das Girafas, mistura relato de viagem e ficção. É um livro curto, mas intenso. A tiragem foi pequena e o livro foi lançado pela Editora Jaguatirica. Hoje, é possível encomendar exemplares no site da livraria Travessa.

Descobertas do Thelmo -  A viagem à Índia foi um sonho ou uma oportunidade?

Jacqueline Farid - Ao contrário da África, nunca sonhei ir à Índia ou à Ásia. Já ouvi de algumas pessoas que a Índia nos chama quando estamos preparados para ela. Creio que foi isso que ocorreu comigo. Estava programando uma viagem à África em 2018, para o Quênia, este sim um velho sonho.
Porém, fui a um retiro de yoga no interior do Rio, em setembro do ano passado, e de lá retornei “mordida” pela Índia.
Encontrei pela Internet o Roberto e a Larissa, do Vem Comigo para a Índia, que ofereciam um roteiro perfeito para os meus objetivos – que, aliás, se revelou ainda mais perfeito ao vivo e a cores.

Taj Mahal, Índia
 Tive momentos de epifania ao contemplá-lo [o Taj Mahal} e é impressionante como aquela construção quase mística é um mausoléu, abrigando apenas dois túmulos. É como se o amor adquirisse ali uma materialidade.

Descobertas do Thelmo - Quais os momentos mais marcantes da viagem?

Jacqueline Farid - É difícil dizer o que é mais marcante na Índia que conheci – uma porção pequena do país tão vasto.
Estive em Nova Delhi, Rishikeshi, Agra, Kajuraho, Varanasi e Bodhgaya, uma Rota Sagrada e cheia de religiosidade e templos.
O mais marcante e surpreendente foi o mais conhecido: o Taj Mahal. Claro que eu sabia que era bonito mas, de perto, se revelou muito mais que isso, é hipnotizante. Tive momentos de epifania ao contemplá-lo e é impressionante como aquela construção quase mística é um mausoléu, abrigando apenas dois túmulos. É como se o amor adquirisse ali uma materialidade.
Mas seria impossível dizer que Agra, com seu Taj Mahal, seja mais marcante do que Varanasi, com seus crematórios ao ar livre na beira do Ganges. Varanasi é tão inacreditável e poderosa que ainda vou demorar um tempo para conseguir descrevê-la.

Descobertas do Thelmo - Como você organiza suas viagens?

Jacqueline Farid - Normalmente resolvo tudo pela Internet, usando os sites de reservas de hotéis, consultando as experiências e dicas de outros viajantes nos sites pessoais (ou profissionais) e blogs (como o Descobertas do Thelmo), pesquisando preços de passagens aéreas, que também compro nos sites das empresas. Para mim a parte da organização é quase tão prazerosa quanto a viagem. Acho que sou boa nisso, inclusive, recentemente fiz uma viagem à Grécia que foi simplesmente perfeita logisticamente. Na Índia foi diferente, porque o pessoal do Vem Comigo para a Índia organizou tudo. Então, acabei mergulhando em filmes e livros relacionados ao país nos meses que antecederam a viagem, o que também foi muito prazeroso.

E Veneza, a cidade mais linda do mundo, e afirmo isso mesmo sem conhecer todas as cidades do mundo, simplesmente porque é impossível existir mais bela.

Descobertas do Thelmo - Das viagens que fez, além das já citadas, quais as que mais recomendaria aos leitores?

Jacqueline Farid - No Brasil, recomendo firmemente a Amazônia, seja Manaus e seus arredores, ou Alter do Chão, no Pará. Um hotel de selva na Amazônia foi o lugar que mudou para sempre a minha vida. São maravilhosas também as piscinas de água doce em meio às dunas dos Lençóis Maranhenses e as flutuações de Bonito. 
     Na América do Sul, o Chile inteiro é altamente recomendável, com a beleza extraordinária do Deserto de Atacama, os mistérios e os moais da Ilha de Páscoa, o charme contemplativo de Puerto Varas e Pucon ou o magnífico parque de Torres Del Paine, cujo ponto de partida é a instigante cidade de Puerto Natales. Sou apaixonada pelo Chile. Não há como esquecer a Patagônia argentina, especialmente as geleiras do Perito Moreno. Ou Machu Picchu e Ollantaytambo, no Peru, passando por Cusco, uma viagem que dá para fazer em poucos dias.
     Na América Central, adorei passear pelas ruas e bares de Havana, em Cuba, que só vendo (e bebendo). 
     Na Europa, a Grécia é destino de uma viagem sensorial, com a maravilha estonteante da Acrópole, as ruas e restaurantes de Plaka e a hospedagem nas ilhas, em meio ao azul indescritível do mar de Mykonos e Santorini.  É uma experiência incrível dormir uma noite em Montsserrat, nos arredores de Barcelona, onde a beleza da catedral e dos cânticos nos faz sentir mais perto do céu. E Veneza, a cidade mais linda do mundo, e afirmo isso mesmo sem conhecer todas as cidades do mundo, simplesmente porque é impossível existir mais bela.


 
Ilha de Páscoa, no Chile

Acrópole iluminada, em Atenas, Grécia

Oia, Ilha de Santorini, Grécia

Templo em Khajuraho, Índia

Varanasi, Índia

Bodhgaya, Índia

  
Bebedouro de Okaukuejo, Parque Etosha, Namíbia

Tuk Tuk, principal meio de transporte na Índia

Montserrat, arredores de Barcelona, na Espanha

 
Amanhecer no Rio Amazonas, próximo a Manaus

Geiser del Tatio, no Atacama, Chile

Glaciar Perito Moreno, na Patagônia argentina

Na Patagônia


Turnê Atacama/Uyuni Parte IV: Salar de Uyuni

  No bosque das bandeiras, atração do Salar de Uyuni Veja as fotos no final do texto Clique nas fotos para ampliá-las      Chegamos à última...