terça-feira, 6 de março de 2018

ENTREVISTA: Jacqueline Farid e as memórias das viagens pelo mundo


Jacqueline Farid em Veneza: "a cidade mais linda do mundo"



A jornalista e escritora Jacqueline Farid é natural de Itabirito (MG), mas vive atualmente no Rio de Janeiro. Depois de militar durante muitos anos no jornalismo econômico, ela agora abraça uma nova paixão: a literatura voltada para o turismo. Em 2017, publicou o livro No Reino das Girafas, que mistura ficção e a experiência em sua viagem à Namíbia, país africano. Recentemente, ela excursionou para a Índia. Descobertas do Thelmo entrevista a escritora, procurando saber de onde nasceu essa paixão por conhecer outros povos e costumes.

Descobertas do Thelmo - O prazer de viajar, quando surgiu?

Jacqueline Farid - Surgiu desde as primeiras viagens, já no início da adolescência, para Guarapari (ES). Ali já era possível antever que o mundo era vasto e merecia ser visto. Mas a primeira viagem que me marcou e mostrou o poder dos deslocamentos como experiência de vida ocorreu ainda na época da faculdade, em 1987, quando eu e duas amigas fomos para o Nordeste e nos aventuramos, por um mês, entre Pernambuco e Ceará, até o dinheiro terminar e termos que retornar de carona para casa. Foi uma viagem linda e transformadora, que revelou todo o redimensionamento pessoal que viajar pode provocar.

Epupa Falls, fronteira de Angola e Namíbia

Visita à tribo Himba, na Namíbia

Deserto Dead Vlei, na Namíbia


Viajamos de carro por quase todo o país [Namíbia], que me impressionou por inteiro, com as imagens cênicas que se descortinam ininterruptamente na estrada.

Descobertas do Thelmo - Recentemente, você lançou um livro sobre a Namíbia. O que é o trabalho? O que no país mais a impressionou?

Jacqueline Farid - Fui à Namíbia três vezes, por 30 dias cada uma delas, nos anos de 2009, 2010 e 2011. Meu companheiro naquela época é fotógrafo e viveu na África, sendo apaixonado pelo continente. As belíssimas fotos dele da savana africana me fizeram apaixonar pela África e me inserir naquela atmosfera selvagem mesmo antes de conhecê-la. Essa paixão se materializou na Namíbia. Adoro as grandes paisagens e o contato com a natureza e a Namíbia oferece doses gigantescas de ambos.
Viajamos de carro por quase todo o país, que me impressionou por inteiro, com as imagens cênicas que se descortinam ininterruptamente na estrada. Mas, em meio a tanta beleza, posso dizer que o parque de Etosha se transformou no meu lugar favorito entre tudo o que já visitei neste planeta. A vida selvagem é incrível no parque e é possível admirar, sem muito esforço, os animais no seu habitat natural: gazelas, leopardos, leões, rinocerontes, elefantes, zebras, orix, kudus e muitos, muitos pássaros, num cenário magnífico. É um país incrível para explorar de carro e, nas estradas, é possível cruzar com os simpáticos namibianos e conhecer algumas tribos com tradições milenares.



Descobertas do Thelmo – Quando você escreveu o livro? E onde o leitor pode adquiri-lo?

Jacqueline Farid - Escrevi o livro em 2012, a partir de algumas reflexões que escrevi sobre o que via na Namíbia em meio às viagens. O livro, No Reino das Girafas, mistura relato de viagem e ficção. É um livro curto, mas intenso. A tiragem foi pequena e o livro foi lançado pela Editora Jaguatirica. Hoje, é possível encomendar exemplares no site da livraria Travessa.

Descobertas do Thelmo -  A viagem à Índia foi um sonho ou uma oportunidade?

Jacqueline Farid - Ao contrário da África, nunca sonhei ir à Índia ou à Ásia. Já ouvi de algumas pessoas que a Índia nos chama quando estamos preparados para ela. Creio que foi isso que ocorreu comigo. Estava programando uma viagem à África em 2018, para o Quênia, este sim um velho sonho.
Porém, fui a um retiro de yoga no interior do Rio, em setembro do ano passado, e de lá retornei “mordida” pela Índia.
Encontrei pela Internet o Roberto e a Larissa, do Vem Comigo para a Índia, que ofereciam um roteiro perfeito para os meus objetivos – que, aliás, se revelou ainda mais perfeito ao vivo e a cores.

Taj Mahal, Índia
 Tive momentos de epifania ao contemplá-lo [o Taj Mahal} e é impressionante como aquela construção quase mística é um mausoléu, abrigando apenas dois túmulos. É como se o amor adquirisse ali uma materialidade.

Descobertas do Thelmo - Quais os momentos mais marcantes da viagem?

Jacqueline Farid - É difícil dizer o que é mais marcante na Índia que conheci – uma porção pequena do país tão vasto.
Estive em Nova Delhi, Rishikeshi, Agra, Kajuraho, Varanasi e Bodhgaya, uma Rota Sagrada e cheia de religiosidade e templos.
O mais marcante e surpreendente foi o mais conhecido: o Taj Mahal. Claro que eu sabia que era bonito mas, de perto, se revelou muito mais que isso, é hipnotizante. Tive momentos de epifania ao contemplá-lo e é impressionante como aquela construção quase mística é um mausoléu, abrigando apenas dois túmulos. É como se o amor adquirisse ali uma materialidade.
Mas seria impossível dizer que Agra, com seu Taj Mahal, seja mais marcante do que Varanasi, com seus crematórios ao ar livre na beira do Ganges. Varanasi é tão inacreditável e poderosa que ainda vou demorar um tempo para conseguir descrevê-la.

Descobertas do Thelmo - Como você organiza suas viagens?

Jacqueline Farid - Normalmente resolvo tudo pela Internet, usando os sites de reservas de hotéis, consultando as experiências e dicas de outros viajantes nos sites pessoais (ou profissionais) e blogs (como o Descobertas do Thelmo), pesquisando preços de passagens aéreas, que também compro nos sites das empresas. Para mim a parte da organização é quase tão prazerosa quanto a viagem. Acho que sou boa nisso, inclusive, recentemente fiz uma viagem à Grécia que foi simplesmente perfeita logisticamente. Na Índia foi diferente, porque o pessoal do Vem Comigo para a Índia organizou tudo. Então, acabei mergulhando em filmes e livros relacionados ao país nos meses que antecederam a viagem, o que também foi muito prazeroso.

E Veneza, a cidade mais linda do mundo, e afirmo isso mesmo sem conhecer todas as cidades do mundo, simplesmente porque é impossível existir mais bela.

Descobertas do Thelmo - Das viagens que fez, além das já citadas, quais as que mais recomendaria aos leitores?

Jacqueline Farid - No Brasil, recomendo firmemente a Amazônia, seja Manaus e seus arredores, ou Alter do Chão, no Pará. Um hotel de selva na Amazônia foi o lugar que mudou para sempre a minha vida. São maravilhosas também as piscinas de água doce em meio às dunas dos Lençóis Maranhenses e as flutuações de Bonito. 
     Na América do Sul, o Chile inteiro é altamente recomendável, com a beleza extraordinária do Deserto de Atacama, os mistérios e os moais da Ilha de Páscoa, o charme contemplativo de Puerto Varas e Pucon ou o magnífico parque de Torres Del Paine, cujo ponto de partida é a instigante cidade de Puerto Natales. Sou apaixonada pelo Chile. Não há como esquecer a Patagônia argentina, especialmente as geleiras do Perito Moreno. Ou Machu Picchu e Ollantaytambo, no Peru, passando por Cusco, uma viagem que dá para fazer em poucos dias.
     Na América Central, adorei passear pelas ruas e bares de Havana, em Cuba, que só vendo (e bebendo). 
     Na Europa, a Grécia é destino de uma viagem sensorial, com a maravilha estonteante da Acrópole, as ruas e restaurantes de Plaka e a hospedagem nas ilhas, em meio ao azul indescritível do mar de Mykonos e Santorini.  É uma experiência incrível dormir uma noite em Montsserrat, nos arredores de Barcelona, onde a beleza da catedral e dos cânticos nos faz sentir mais perto do céu. E Veneza, a cidade mais linda do mundo, e afirmo isso mesmo sem conhecer todas as cidades do mundo, simplesmente porque é impossível existir mais bela.


 
Ilha de Páscoa, no Chile

Acrópole iluminada, em Atenas, Grécia

Oia, Ilha de Santorini, Grécia

Templo em Khajuraho, Índia

Varanasi, Índia

Bodhgaya, Índia

  
Bebedouro de Okaukuejo, Parque Etosha, Namíbia

Tuk Tuk, principal meio de transporte na Índia

Montserrat, arredores de Barcelona, na Espanha

 
Amanhecer no Rio Amazonas, próximo a Manaus

Geiser del Tatio, no Atacama, Chile

Glaciar Perito Moreno, na Patagônia argentina

Na Patagônia


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