Jacqueline Farid em Veneza: "a cidade mais linda do mundo" |
A
jornalista e escritora Jacqueline Farid é natural de Itabirito (MG), mas vive
atualmente no Rio de Janeiro. Depois de militar durante muitos anos no
jornalismo econômico, ela agora abraça uma nova paixão: a literatura voltada
para o turismo. Em 2017, publicou o livro No Reino das Girafas, que mistura
ficção e a experiência em sua viagem à Namíbia, país africano. Recentemente,
ela excursionou para a Índia. Descobertas do Thelmo entrevista a escritora,
procurando saber de onde nasceu essa paixão por conhecer outros povos e
costumes.
Descobertas
do Thelmo - O prazer de viajar, quando surgiu?
Jacqueline
Farid - Surgiu desde as primeiras viagens, já no início da adolescência, para
Guarapari (ES). Ali já era possível antever que o mundo era vasto e merecia ser
visto. Mas a primeira viagem que me marcou e mostrou o poder dos deslocamentos
como experiência de vida ocorreu ainda na época da faculdade, em 1987, quando
eu e duas amigas fomos para o Nordeste e nos aventuramos, por um mês, entre
Pernambuco e Ceará, até o dinheiro terminar e termos que retornar de carona para
casa. Foi uma viagem linda e transformadora, que revelou todo o
redimensionamento pessoal que viajar pode provocar.
Epupa Falls, fronteira de Angola e Namíbia |
Visita à tribo Himba, na Namíbia |
Deserto Dead Vlei, na Namíbia |
Viajamos de carro por quase todo o país [Namíbia], que me
impressionou por inteiro, com as imagens cênicas que se descortinam
ininterruptamente na estrada.
Descobertas
do Thelmo - Recentemente, você lançou um livro sobre a Namíbia. O que é o
trabalho? O que no país mais a impressionou?
Jacqueline
Farid - Fui à Namíbia três vezes, por 30 dias cada uma delas, nos anos de 2009,
2010 e 2011. Meu companheiro naquela época é fotógrafo e viveu na África, sendo
apaixonado pelo continente. As belíssimas fotos dele da savana africana me
fizeram apaixonar pela África e me inserir naquela atmosfera selvagem mesmo
antes de conhecê-la. Essa paixão se materializou na Namíbia. Adoro as grandes
paisagens e o contato com a natureza e a Namíbia oferece doses gigantescas de
ambos.
Viajamos
de carro por quase todo o país, que me impressionou por inteiro, com as imagens
cênicas que se descortinam ininterruptamente na estrada. Mas, em meio a tanta
beleza, posso dizer que o parque de Etosha se transformou no meu lugar favorito
entre tudo o que já visitei neste planeta. A vida selvagem é incrível no parque
e é possível admirar, sem muito esforço, os animais no seu habitat natural:
gazelas, leopardos, leões, rinocerontes, elefantes, zebras, orix, kudus e
muitos, muitos pássaros, num cenário magnífico. É um país incrível para explorar
de carro e, nas estradas, é possível cruzar com os simpáticos namibianos e
conhecer algumas tribos com tradições milenares.
Descobertas
do Thelmo – Quando você escreveu o livro? E onde o leitor pode adquiri-lo?
Jacqueline
Farid - Escrevi o livro em 2012, a partir de algumas reflexões que escrevi
sobre o que via na Namíbia em meio às viagens. O livro, No Reino das Girafas,
mistura relato de viagem e ficção. É um livro curto, mas intenso. A tiragem foi
pequena e o livro foi lançado pela Editora Jaguatirica. Hoje, é possível
encomendar exemplares no site da livraria Travessa.
Descobertas
do Thelmo - A viagem à Índia foi um
sonho ou uma oportunidade?
Jacqueline
Farid - Ao contrário da África, nunca sonhei ir à Índia ou à Ásia. Já ouvi de
algumas pessoas que a Índia nos chama quando estamos preparados para ela. Creio
que foi isso que ocorreu comigo. Estava programando uma viagem à África em
2018, para o Quênia, este sim um velho sonho.
Porém,
fui a um retiro de yoga no interior do Rio, em setembro do ano passado, e de lá
retornei “mordida” pela Índia.
Encontrei
pela Internet o Roberto e a Larissa, do Vem Comigo para a Índia, que ofereciam
um roteiro perfeito para os meus objetivos – que, aliás, se revelou ainda mais
perfeito ao vivo e a cores.
Taj Mahal, Índia |
Descobertas
do Thelmo - Quais os momentos mais marcantes da viagem?
Jacqueline
Farid - É difícil dizer o que é mais marcante na Índia que conheci – uma porção
pequena do país tão vasto.
Estive
em Nova Delhi, Rishikeshi, Agra, Kajuraho, Varanasi e Bodhgaya, uma Rota Sagrada
e cheia de religiosidade e templos.
O
mais marcante e surpreendente foi o mais conhecido: o Taj Mahal. Claro que eu
sabia que era bonito mas, de perto, se revelou muito mais que isso, é
hipnotizante. Tive momentos de epifania ao contemplá-lo e é impressionante como
aquela construção quase mística é um mausoléu, abrigando apenas dois túmulos. É
como se o amor adquirisse ali uma materialidade.
Mas
seria impossível dizer que Agra, com seu Taj Mahal, seja mais marcante do que
Varanasi, com seus crematórios ao ar livre na beira do Ganges. Varanasi é tão
inacreditável e poderosa que ainda vou demorar um tempo para conseguir
descrevê-la.
Descobertas
do Thelmo - Como você organiza suas viagens?
Jacqueline
Farid - Normalmente resolvo tudo pela Internet, usando os sites de reservas de
hotéis, consultando as experiências e dicas de outros viajantes nos sites
pessoais (ou profissionais) e blogs (como o Descobertas do Thelmo), pesquisando
preços de passagens aéreas, que também compro nos sites das empresas. Para mim
a parte da organização é quase tão prazerosa quanto a viagem. Acho que sou boa
nisso, inclusive, recentemente fiz uma viagem à Grécia que foi simplesmente
perfeita logisticamente. Na Índia foi diferente, porque o pessoal do Vem Comigo
para a Índia organizou tudo. Então, acabei mergulhando em filmes e livros
relacionados ao país nos meses que antecederam a viagem, o que também foi muito
prazeroso.
E Veneza, a cidade mais linda do mundo, e afirmo isso mesmo
sem conhecer todas as cidades do mundo, simplesmente porque é impossível
existir mais bela.
Descobertas
do Thelmo - Das viagens que fez, além das já citadas, quais as que mais
recomendaria aos leitores?
Jacqueline
Farid - No Brasil, recomendo firmemente a Amazônia, seja Manaus e seus
arredores, ou Alter do Chão, no Pará. Um hotel de selva na Amazônia foi o lugar
que mudou para sempre a minha vida. São maravilhosas também as piscinas de água
doce em meio às dunas dos Lençóis Maranhenses e as flutuações de Bonito.
Na
América do Sul, o Chile inteiro é altamente recomendável, com a beleza
extraordinária do Deserto de Atacama, os mistérios e os moais da Ilha de
Páscoa, o charme contemplativo de Puerto Varas e Pucon ou o magnífico parque de
Torres Del Paine, cujo ponto de partida é a instigante cidade de Puerto
Natales. Sou apaixonada pelo Chile. Não
há como esquecer a Patagônia argentina, especialmente as geleiras do Perito
Moreno. Ou Machu Picchu e Ollantaytambo, no Peru, passando por Cusco, uma
viagem que dá para fazer em poucos dias.
Na América Central, adorei passear
pelas ruas e bares de Havana, em Cuba, que só vendo (e bebendo).
Na
Europa, a Grécia é destino de uma viagem sensorial, com a maravilha estonteante
da Acrópole, as ruas e restaurantes de Plaka e a hospedagem nas ilhas, em meio
ao azul indescritível do mar de Mykonos e Santorini. É uma experiência incrível dormir uma noite em
Montsserrat, nos arredores de Barcelona, onde a beleza da catedral e dos
cânticos nos faz sentir mais perto do céu. E Veneza, a cidade mais linda do mundo,
e afirmo isso mesmo sem conhecer todas as cidades do mundo, simplesmente porque
é impossível existir mais bela.
Acrópole iluminada, em Atenas, Grécia |
Oia, Ilha de Santorini, Grécia |
Templo em Khajuraho, Índia |
Varanasi, Índia |
Bodhgaya, Índia |
Bebedouro de Okaukuejo, Parque Etosha, Namíbia |
Tuk Tuk, principal meio de transporte na Índia |
Montserrat, arredores de Barcelona, na Espanha |
Geiser del Tatio, no Atacama, Chile |
Glaciar Perito Moreno, na Patagônia argentina |
Na Patagônia |
Espetacular...
ResponderExcluirAgradecido. Abraços
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