sexta-feira, 30 de março de 2018

Belo Horizonte para os íntimos

Em frente ao museu Casa JK, na Pampulha

Fotos de Thelmo Lins



            Vivo em Belo Horizonte há quase 30 anos. Mas a cidade me acolheu há mais tempo, quando eu ainda era estudante e fazia o percurso de 55 km entre minha cidade natal – Itabirito – e a capital mineira.
            Por isso, nesta postagem, vou falar de alguns locais que gosto da cidade, dentre tantos outros, que vou revelando aos poucos. Nem todos são lugares turísticos, mas são pontos de grande beleza e interesse.
            Vamos começar pelo Cemitério do Bonfim. Isso mesmo. Especialmente nos meses de junho e julho, quando é costume a capital mineira se abrir em flor. É nessa época que os ipês florescem. O cemitério tem vários deles. E muito mais. As tumbas são lindas, lembranças de um passado aristocrático. Há de tudo nelas: desde as construções neoclássicas do início do século 20 até o estilo Brasília-JK. Flanar pelo cemitério, tirando a tristeza que muitas vezes o local evoca, é como se estivesse em um belo jardim. O local é tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual.
            Por falar em JK, ou melhor, Juscelino Kubitscheck (1902-1976), ex-prefeito da capital, governador de Minas e presidente do Brasil, num período entre os anos 1940 e 1960, é impossível não associá-lo à Pampulha, sua obra mais famosa em Belo Horizonte. Hoje, patrimônio da Humanidade, os prédios desse elegante bairro que circunda a famosa lagoa, são ícones da cidade. Um dos lugares menos conhecidos é o museu Casa JK, chamado assim por ter sido a residência do político. Ela foi projetada por Niemeyer e teve os jardins criados por Burle Marx, os mesmos nomes que projetaram a Pampulha. O interior da casa é formado por belíssimos móveis de época. A gente se sente nos meados dos anos 1950, em um estilo de mobiliário conhecido como styling ou popularmente conhecidos como pés-de-palito. Eu adoro.
            A Praça da Liberdade é outro local icônico de Belo Horizonte. O antigo centro do poder (substituído recentemente pela Cidade Administrativa, também projetada por Niemeyer), a praça hoje concentra vários centros culturais nos locais das antigas secretarias de estado. Um dos mais belos locais é o Palácio da Liberdade, antiga sede do governo de Minas. Há poucos anos, era possível visitá-lo e conhecer sua arquitetura e sua decoração interna. Inclusive a deslumbrante escadaria de ferro belga, um de seus principais destaques. Infelizmente a visita foi proibida mais recentemente, por causa de danos em sua estrutura. Mas eu tive esta oportunidade e fiz alguns registros desse belo monumento. De qualquer maneira, a visão da fachada, das palmeiras e dos jardins já valem a pena.
            Na Região do Horto Florestal, zona leste da capital mineira, existe outro ponto que eu aprecio. Trata-se do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG. Trata-se de uma das mais impressionantes áreas verdes de Belo Horizonte. Lá dentro, é um paraíso para pessoas de todas as idades, pois há atrações para os estudantes (nas áreas de Arqueologia, Paleontologia, Geologia, Botânica, Zoologia, Cartografia Histórica, Etnografia, Arte Popular e Documentação Bibliográfica e Arquivística, dentre outras), há lagoa, locais para caminhadas, passeios noturnos da floresta. A maior atração, no entanto, é o Presépio do Pipiripau, construído desde 1906 por Raimundo Machado de Azevedo em sua casa e, posteriormente, adquirido pela UFMG e instalado no local. São 580 personagens tipicamente mineiros, movendo-se e narrando a vida de Cristo em 45 cenas. O presépio passou por uma completa restauração e está brilhando de tão bonito. As exibições têm horários previamente marcados. Aproveite para almoçar no local. A comidinha é deliciosa.


            Encerrando essa postagem sobre Belo Horizonte (outras virão posteriormente), ressalto o crepúsculo que deu o nome à cidade desde que ela foi fundada, em 1887. É seu famoso pôr-do-sol e as profundas maravilhas formadas em seu céu que lhe deram esse nome que hoje perpetua-se diariamente ao alcance de todos os moradores e visitantes.

  

Casa JK






 Cemitério do Bonfim







 Palácio e Praça da Liberdade










 Museu de História Natural






 Pôres-do-sol









Centro de BH com viaduto Santa Teresa

domingo, 25 de março de 2018

ENTREVISTA - Viajando de bicicleta com a escritora Clara Arreguy

Clara Arreguy, na Estrada Graciosa (Paraná): o desafio de viajar de bicicleta


A jornalista, escritora e editora Clara Arreguy é autora de diversos livros para crianças e adultos. Duas de suas obras – Siga as setas amarelas (2014) e Dias de sol em tempos de chuva (2015) - são relatos de viagem. Ela fez vários trajetos de bicicleta, esporte que desenvolveu já na maturidade. Descobertas do Thelmo entrevista a escritora, que já teve passagens por importantes veículos de comunicação, como a Veja Brasília, Estado de Minas e Correio Braziliense.  Ela também criou e dirige a Outubro Edições, que já publicou 35 livros, entre os de sua autoria e os de outros escritores. Natural de Belo Horizonte, Clara vive atualmente em Brasília (DF).

Clara Arreguy (foto divulgação)


Fotos de Paulo de Araújo e do acervo pessoal de Clara Arreguy

Capa de Siga as setas amarelas

"São só doze quilômetros, mas parece que o coração vai sair pela boca. São só doze quilômetros, mas a ladeira é a maior da vida de todos. (...) Como se o mundo se espalhasse aos seus pés e alguém sussurrasse ao seu ouvido tudo isto será teu contanto que te ajoelhes e me adores, mas não há que adorar ninguém, porque o mundo se espalha abaixo e adiante e o céu encosta em você, em seu peito e em seu cucuruto e as nuvens de um branco total radiante se emendam com seus pensamentos dividindo-se e multiplicando-se ad infinitum(trecho de Siga as setas amarelas, página 121. Outubro Edições)



Descobertas do Thelmo - Qual o significado de viajar para você?
Clara Arreguy - Viajar é conhecer, ampliar horizontes, ganhar o mundo, ser do mundo, e não apenas da aldeia da gente. Experimentar o diferente, sabores, odores, paisagens. Falar outras línguas, pensar diferente, estranhar, desconhecer, depois entender... Ir, ir, ir... e depois voltar! Que é a melhor parte da viagem: voltar pra casa.

Descobertas do Thelmo - Quais as viagens mais importantes ou significativas?
Clara Arreguy - Quando eu era mais nova, viajei pela Europa sozinha e com amigos. Pelos Estados Unidos, México, Cuba, Turquia, América do Sul, Brasil, praias, nordeste e sul. Fiz uma inesquecível viagem sozinha pela Grécia e Itália, com direito a cruzeiro nas ilhas gregas. Depois, de bicicleta e em grupo, duas viagens para Compostela, uma por Holanda, Bélgica e França, uma pela Estrada Real, de Diamantina a Paraty, de Salvador a Vitória, algumas pelo litoral de Santa Catarina e outras pelo do Espírito Santo, uma no interior do Rio Grande do Sul, até São Borja, na fronteira.

Na França

A bicicleta é excelente metáfora:
você precisa pedalar o tempo todo, senão cai.
Nem depressa demais nem devagar.



Descobertas do Thelmo - Você descreveu, em um livro, seu trajeto de bicicleta pelo caminho de Compostela (o livro Siga as Setas Amarelas). Como foi essa experiência em sua vida? Quais os frutos (físicos e emocionais) advindos dela? Quais foram as impressões mais fortes da viagem? Foi cansativa?
Clara Arreguy - Foi tão importante que escrevi um livro (risos)! A metáfora da viagem me inspirou o tempo todo. A bicicleta é excelente metáfora: você precisa pedalar o tempo todo, senão cai. Nem depressa demais nem devagar. Os desafios, afinal fiz a primeira vez aos 50 anos, e nunca fui atleta, nunca fui “forte”, e me sentia tentada a resistir, dar conta a qualquer custo. Ao final aprendi várias coisas, entre elas que não tenho que dar conta de tudo, posso parar, descansar, não ir de bike um dia e sim no carro de apoio; e a desapegar da bagagem que pesa e não serve pra nada: maus sentimentos, cargas negativas inúteis. Muita gente faz essa viagem como peregrinação de sentido espiritual. Eu não. Fui com espírito cultural e de desafio pessoal, mas aprendi muito e vi coisas maravilhosas. Recomendo a leitura do livro... (risos). Sim, foi muito cansativa. De 1.200km que meus amigos fizeram, eu completei apenas 400 e poucos, em 25 dias. Foi punk!

 
Clara (bicicleta), em Santiago de Compostela, com os amigos Maninho, Clarice e Glória
Comecei a andar de bicicleta aos 48 anos, há exatos dez. Não tinha hábito nem de pedalar nem de praticar nenhum tipo de esporte.



Descobertas do Thelmo - Andar de bicicleta é um hábito em sua vida?
Clara Arreguy - Comecei a andar de bicicleta aos 48 anos, há exatos dez. Não tinha hábito nem de pedalar nem de praticar nenhum tipo de esporte. Nunca gostei de academia nem de ginástica. Com a bicicleta, me desloco, me exercito, mas sobretudo havia as viagens, que já mencionei, que eram anuais, nas férias, de 20 ou 25 dias, e aquelas de feriado e fim de semana, trilhas etc. Essas viagens não faço mais. A última foi em 2015. Mantenho a bicicleta como meio de transporte para trechos curtos, perto de casa, no meu bairro e nos bairros vizinhos.

Descobertas do Thelmo - Turismo combina com arte? Quais os livros, filmes ou outras manifestações artísticas que você mais apreciou que tinham a ver com turismo ou lugares de forte impacto turístico?
Clara Arreguy - Além de ter escrito o Siga as setas amarelas, sobre Compostela, escrevi também o Dia de sol em tempo de chuva, após uma viagem por Portugal. Então, claro que combina com todas as formas de arte. Os filmes inclusive inspiram na gente o desejo de conhecer lugares. Fui à Europa pela primeira vez instigada pela leitura de portugueses como Saramago, Camões e Eça, de italianos como Italo Calvino (que não nasceu na Itália!), aos Estados Unidos por causa de Philip Roth e dos filmes de Woody Allen sobre Nova York. As leituras e os filmes são tantos que a gente mal consegue citar.

Na Cidade do Porto, em Portugal

 Descobertas do Thelmo - Tem planos para outras viagens?
Clara Arreguy - Fiquei uns anos sem ir pra longe, por restrições financeiras, mas pretendo voltar a viajar. Ainda não tenho um plano concreto, mas sonho com a Toscana e, se possível, com pedalar na Toscana. Claro que inspirada pelo filme “Cartas para Julieta”, uma bela viagem por aquela região italiana.

Outras aventuras


Com Paulo de Araújo, em Amsterdã (Holanda)

Amsterdã

Bélgica

Bélgica

Espanha

Londres

Turquia

Com Moacir Assunção, em Nova York, quando ainda existiam as Torres Gêmeas


sábado, 17 de março de 2018

ENTREVISTA - André Salles mochilando pela Europa

André Salles em frente à Sagrada Família, em Barcelona (Espanha)


O multiartista André Salles – ator, palhaço, instrumentista, iluminador – já viveu duas importantes experiências de viagem em seus 25 anos de idade. A primeira aconteceu em 2014, quando fez um mochilão pela Europa. Deste período, 22 dias ele viajou sozinho, na cara e na coragem. Em 2017, ele voltou ao Velho Continente para conhecer a Península Ibérica e visitar amigos. E ali ficou quase dois meses. André faz do planejamento a principal arma para o sucesso de suas viagens. Conheça um pouco das suas experiências na entrevista que concedeu ao blog Descobertas do Thelmo.

Fotos de André Salles e amigos

Descobertas do Thelmo- Como foi que teve a ideia do mochilão pela Europa? Quantos anos tinha na época?
André Salles – A primeira vez que fiz o mochilão foi em 2014, quando eu tinha 21 anos. O que me estimulou foi o fato de ter um amigo que, na época, morava em Dublin (Irlanda). Comecei a pesquisar destinos, conversar com quem já tinha ido e, principalmente, consultar amigos para arrumar alguma companhia para a aventura. Ninguém se animou. Uns por falta de coragem, outros por falta de dinheiro, outros por falta de tempo. Como eu tinha dinheiro, tempo e coragem, arrumei as malas e fui sozinho. Foi a minha primeira experiência independente fora do país, depois de ter ido aos EUA em 2010 por uma empresa de turismo. Viajei 22 dias sozinho até encontrar com meu amigo em Dublin para o Natal e, posteriormente, para o réveillon em Hogmanay, na Escócia, considerado um dos melhores do Reino Unido. O ponto alto é um cortejo em que a população carrega enormes tochas de fogo, ao som das gaitas de fole. Uma dica importante: é preciso comprar o ingresso antecipado para ter acesso à festa, pela internet. Depois, juntos, viajamos um mês pela Europa.

André (dir.) com o amigo Filipe, em Dublin: motivo para viajar


Descobertas do Thelmo - Quais os lugares que visitou?
André Salles – Conheci Viena (Áustria), Praga e Kutná Hora (República Tcheca), Berlim e o campo de concentração nazista de Sachsenhausen (Alemanha), Amsterdã (Holanda), Dublin, Londres, Edimburgo e Glasgow (Reino Unido), Paris e Lille (França). Nessa última cidade, fiquei dois dias para acompanhar o espetáculo Quidam, do Cirque du Soleil, que é uma das minhas paixões.

Descobertas do Thelmo - O que mais impactou na viagem?
André Salles - Foi ver o quanto o mundo é grande e o quanto a Europa tem história para contar. Em Praga, por exemplo, tem a Torre da Pólvora, que foi construída no século 15, antes da colonização do Brasil, e continua lá, intacta, recebendo turistas. Esse interesse na preservação do patrimônio é algo que precisamos aprender e trazer ao Brasil, para conseguirmos perpetuar nossa cultura, nossos interesses, nossa história.

Em Viena, Paris e Glasgow, optei pela hospedagem amiga, por meio do site www.couchsurfing.com. É uma experiência incrível, pois você fica na casa dos moradores da cidade e sai um pouco do circuito turístico. Além do intercâmbio entre culturas, a economia é considerável.

Descobertas do Thelmo - E as condições de viagem? Os custos foram altos? Como fez para diminuir os custos?
André Salles - Ao todo, gastei uns 12 mil reais. Como foi minha primeira grande viagem, tive gastos básicos, como por exemplo comprar um mochilão, uma bota resistente, cachecol, luvas, touca e casaco. Esses gastos são altos mas, se você investir em qualidade, são bens que duram anos. Para minimizar os custos, hospedei em hostels na maioria dos países. O ponto negativo é que você não tem muita privacidade, pois divide os quartos com muitas pessoas. Em Londres, meu quarto tinha 50 leitos. É preciso levar cadeados para guardar os  pertences. Em Viena, Paris e Glasgow, optei pela hospedagem amiga, por meio do site www.couchsurfing.com. É uma experiência incrível, pois você fica na casa dos moradores da cidade e sai um pouco do circuito turístico. Em Paris, hospedado por um técnico de sonoplastia teatral chamado François. Ele me apresentou a seus amigos e me levou na garupa de sua moto para conhecer os subúrbios da cidade, entre uma cerveja e outra, sempre acompanhado de franceses, seus amigos. Além do intercâmbio entre culturas, a economia é considerável.

O avião às vezes parece uma Kombi velha, mas vale a pena o desconforto pela economia.

Descobertas do Thelmo – Você usou os mesmos recursos para comer e dormir?

André Salles - Para comer, eu sempre recorria às opções mais baratas. Como eu viajei no inverno, uma dica é visitar os mercadinhos. Lá, a gente come guloseimas incríveis, doces, salgados e alcoólicos, por preços acessíveis.
Para me locomover, viajei de ônibus, pela empresa Eurolines. As passagens são baratíssimas e você pode (e deve) comprar tudo pela internet, do Brasil mesmo. Os ônibus têm aquecedor, Wi-Fi e são confortáveis. E as estradas são lindas. Quando precisei pegar avião, optei por companhias como Vueling, RyanAir e EasyJet, cuja passagem custa cerca de 10 euros, com um custo adicional de bagagem. O avião às vezes parece uma Kombi velha, mas vale a pena trocar o conforto pela economia. Outra dica legal é Sandemans, uma empresa de turismo que opera tours na maioria das capitais europeias. Ela é administrada por gente jovem e os guias são bem preparados e humorados.


André (ao fundo), fazendo amizade com canadenses e franceses em um trem na República Tcheca


Descobertas do Thelmo - Você também viveu uma experiência em Portugal. Como foi?
André Salles - Em 2016, meu amigo que morava em Dublin havia se mudado para Lisboa. Novamente, motivado por esse contato, fui ao Velho Continente. Fiquei dois meses viajando, conheci Portugal (Lisboa, Fátima, Óbidos, Guimarães, Porto, Vila Nova de Gaia, Sintra, Cascais, Évora, Batalha, Coimbra) e a Espanha (Madrid e Barcelona). Dessa vez, como fui acompanhado de uma amiga e sua mãe, decidimos optar por hospedagens mais confortáveis – o que aumentou nossos gastos. Mas alugamos apartamentos pelo AirBnb, considerando os valores justos e a boa localização. Em Portugal usamos muito o trem como transporte. Era bom e barato. Quando viajamos de ônibus, optamos pela a Rede Expressos, considerada a melhor da Península Ibérica.


Com os amigos Filipe e Gabriela, à beira do Rio Mondego, em Coimbra (Portugal)


Em Coimbra tive a sorte de assistir a uma defesa de doutorado na Sala dos Capelos da Universidade. Os estudantes usam o tradicional traje que inspirou J.K.Rowling a criar os uniformes dos Hogwarts, nos livros do Harry Potter.

Descobertas do Thelmo – O que mais chamou a atenção em Portugal?
André Salles - Lisboa é uma cidade lindíssima e cheia de comida boa! Destaco a LX Factory, uma fábrica antiga e abandonada, que se tornou um grande centro comercial, com restaurantes com conceitos superinteressantes, cafés e livrarias mirabolantes, startups de publicidade e um ótimo bar chamado Rio Maravilha. No interior, visitei lugares belíssimos, com já citei. Mas em Coimbra, tive a sorte de assistir a uma defesa de doutorado na Sala dos Capelos da Universidade. Os estudantes usam o tradicional traje que inspirou J.K.Rowling a criar os uniformes dos Hogwarts, nos livros do Harry Potter. Por ser uma cidade universitária, vivi uma experiência antológica numa festa das repúblicas. Conheci a República dos Kágados. Para entrar, você grita bem forte: "Kágados!!!". Quando os estudantes ouvem seu chamado, eles jogam pela janela a chave pendurada em um pequeno paraquedas. É bom tomar cuidado com os portugueses, pois não são muito simpáticos, principalmente com relação aos brasileiros. Eles consomem muito nossa cultura, principalmente música e novelas, mas em certos momentos eles demonstram muita antipatia por nós.

Espanha é um país incrível, onde eu adoraria morar. Os espanhóis são muito simpáticos, alegres e sabem muito bem administrar o país

Descobertas do Thelmo – E a Espanha?
André Salles – É um país incrível, onde eu adoraria morar. Os espanhóis são muito simpáticos, alegres e sabem muito bem administrar o país. Enquanto Madrid é mais sóbria, mais clássica, apesar de ter uma ótima vida noturna, Barcelona é o caos, a juventude, a esbórnia - mas claro, com pontos turísticos clássicos e incríveis.

Descobertas do Thelmo - Quais os outros conselhos ou dicas que você daria para as pessoas que pretendem fazer uma viagem nesses moldes?
André Salles – O mais importante é o planejamento. Saí do Brasil com as hospedagens e os deslocamentos pagos. Portanto, não precisei perder com isso e aprovei meu tempo melhor nos passeios. Faça tabelinhas e imprima, anotando aonde você vai ficar, que dia e horas parte seu ônibus ou avião. Isso adianta muito! Converse com quem já viajou, anote os principais pontos de cada cidade. Não tenha vergonha de perguntar, quando se sentir perdido. Na hora de se vestir, opte pelo conforto. Cuide dos bolsos e mochilas! Em transportes públicos fique de olho em sua mochila. E preste atenção nas especificidades de cada lugar. Em Berlim, por exemplo, eu fui multado por não validar o bilhete do metrô. Lá, como em outros países europeus, não existe catraca. Você deve validar o ticket em uma máquina para, depois, entrar no trem. Como eu havia me esquecido, fui pego por um fiscal e ele me aplicou uma multa de 60 euros.

E preste atenção nas especificidades de cada lugar. Em Berlim, por exemplo, eu fui multado por não validar o bilhete do metrô.

Descobertas do Thelmo - Há planos para a próxima viagem?
André Salles - Agora que já conheci boa parte da Europa como turista, sinto que está na hora de subir um degrau: ir morar no lá para estudar, buscar uma qualidade de vida mais barata e melhor. Sinto uma dor no coração de deixar o Brasil, minha pátria amadíssima, mas sinto que é hora de buscar novos desafios.

Descobertas do Thelmo - O que significa viajar para você? Quais suas melhores lembranças de viagens?
André Salles - Viajar me ensinou o quanto somos pequenos no mundo. No Brasil, temos casa, família, profissão. Na Europa, não somos nada, não representamos nada. Isso é uma bela lição de humildade, de como ir conquistando seu espaço aos poucos, como se fosse um livro com as páginas em branco. Além disso, como artista, visitar outros países é aprender com suas variadas culturas. No entanto, as minhas lembranças mais queridas estão nas mesas: seja almoçando, jantando, tomando café ou cerveja, vivi momentos incríveis em diversos lugares, sempre cercado de gente do mundo inteiro.

Amsterdã, Holanda

Na fábrica da Heineken, em Amsterdã

Entrada do campo de concentração nazista na Alemanha

Experimentando uma cerveja local em Praga

Festa das Tochas, em Edimburg

Igreja dos Ossos, em Kutná Hora (República Checa)

Na roda gigante London Eye, em Londres (Inglaterra)

Em frente à Notre Dame em Paris (França)

Num parque de Viena (Áustria)

 Portugal e Espanha

Cascais

Cascais

Sintra

Porto (Mercado do Bolhão)

Mosteiro da Batalha

Mosteiro da Batalha

Lisboa

Porto

Tapas espanhois




terça-feira, 13 de março de 2018

ENTREVISTA – Seb Kastro lança livro de percepções sobre viagens

Seb Kastro: turismo e vivências em 40 países

Fotos do acervo pessoal de Seb Kastro



O escritor Seb Kastro, 60 anos, acaba de lançar seu livro Pequim a Denver – Viagens e Vivências. Com formação em Psicologia e Biologia, ele também se especializou em Gestão Ambiental. Graças à sua carreira profissional, atuando tanto em empresas de grande porte quando em instituições educacionais, acumulou milhas em viagens internacionais. Já visitou mais de 40 países, tendo residido na Inglaterra e nos EUA. Ele concedeu uma entrevista ao blog Descobertas do Thelmo sobre o lançamento e sua relação com o turismo.

Descobertas do Thelmo - Você está lançando o livro de Pequim a Denver – Viagens e Vivências. Do que se trata o projeto?

Seb Kastro - O livro fala de "viagens interiores"  e daquelas para fora de mim. São pinceladas de percepções, sentimentos, momentos vividos, surpresas, alegrias, algumas raivas, admiração... sentimentos, emoções, pensamentos, vividos por mim a partir de estímulos externos, em alguns países do mundo, ao longo de décadas. São crônicas e até um pequeno ensaio sobre estética. Há uma crônica de uma primeira viagem, quando eu tinha 19 anos, e outras crônicas de viagens mais recentes.



Descobertas do Thelmo - Quais foram as viagens mais marcantes de sua vida?

Seb Kastro - Honestamente, é até meio difícil de dizer... já visitei mais de 40 países... uma das mais marcantes foi conhecer a China, pelas dimensões de tudo... da Grande Muralha, da Cidade Proibida, de Guillin... encontrar um povo extremamente simpático e humilde, com uma cultura de 7 mil anos, como eles gostam de lembrar, e mantendo seu equilíbrio interno. Ver o tanto de verde que tem o país. Visitar Shangai, que será a capital do mundo neste século XXI, e que é estonteante. Visitar casas e lojas de chá, deslumbrantes, profundas, desconhecidas, acolhedoras, bonitas...

Descobertas do Thelmo - Você já atuou em projetos de turismo. Na sua opinião, qual é a maior fragilidade do turismo no Brasil? Por que o turismo no Brasil é mais caro do que o turismo internacional?

Seb Kastro - Acredito que o turismo brasileiro é frágil por algumas questões: a "insegurança" pública; a exploração do turista, e não do turismo; a estrutura hoteleira e de receptivo em geral, muito ainda amadora; a falta de capacitação de agentes de turismo em geral; a prática de preços exorbitantes, sem motivo algum; a fraca percepção do potencial turístico real do país; a falta de vontade política para mudar esse cenário. Por várias dessas razões, o turismo brasileiro é caro, muitas vezes sem razão. É uma tristeza esse panorama.

O turismo brasileiro é caro, muitas vezes sem razão

Descobertas do Thelmo - Como viajante, quais as principais lições que uma viagem pode proporcionar?

Seb Kastro - Viajar, para mim, é a melhor forma ou meio para aprender. Aprender sobre tolerância, aceitação; aprender a lidar com o diferente, revendo conceitos de "certo e errado", "normal e anormal", essas coisas. É um modo excelente de expandir nossos horizontes, nossas ideias, nossa cultura. Desde que nos mantenhamos abertos e flexíveis ao longo das viagens e desde que consigamos refletir sobre o que estamos vivendo, em países e contextos diferentes.

Descobertas do Thelmo -  Qual é o próximo projeto de viagem. Por quê?

Seb Kastro - Tenho alguns projetos próximos... passar um período num fjorde norueguês (conheço alguns, mas nunca fiquei neles mais do que 3 dias e quero passar 3 meses); conhecer a Índia e a Rússia. São realidades muito distintas da brasileira, culturas muito antigas, belezas naturais, culinárias muito específicas... gosto disso tudo que é bem diferente do meu dia a dia.

Já fui à Itália 12 vezes, para diferentes partes do país, mas também repetindo, muito, locais como Roma, Veneza, Florença, Sicília, Milão, Capri (que considero um pequeno paraíso)

Descobertas do Thelmo - Tem algum lugar que deseja conhecer e ainda não teve a oportunidade?

Seb Kastro - Como disse acima, esses países e lugares são desejos fortes... mas adoro voltar a locais já visitados e de que gostei muito... por exemplo, já fui à Itália 12 vezes, para diferentes partes do país, mas também repetindo, muito, locais como Roma, Veneza, Florença, Sicília, Milão, Capri (que considero um pequeno paraíso). Mas, claro, o mundo é vasto... os países do centro da África, por exemplo, também tenho grande vontade de conhecer. A Mongólia, idem.

Cuba



 Pequim





 Las Vegas



Turnê Atacama/Uyuni Parte IV: Salar de Uyuni

  No bosque das bandeiras, atração do Salar de Uyuni Veja as fotos no final do texto Clique nas fotos para ampliá-las      Chegamos à última...