quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Europa 2: De trem pela Europa

No trem rápido, entre Paris e Innsbruck. (foto Wagner Cosse)

Fotos de Thelmo Lins, Wagner Cosse e parceiros.
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Viajar de trem pela Europa costuma ser uma boa opção para quem quer conhecer os países por terra, apreciando as paisagens, ou – no caso dos trens noturnos – aproveitar para dormir entre um destino e outro.

Essa foi a nossa opção nesta viagem de 21 dias pela Europa. Depois de pesquisas e vários conselhos, optamos por comprar o Euro Pass, um passaporte que dá direito a usufruir de uma vasta rede ferroviária que interliga os diversos países da região. Além disso, optamos sempre pela primeira classe, uma vez que a diferença de preços para a segunda classe não era tão significativa e o conforto bem superior. E, por fim, garantimos a marcação dos lugares, pois temíamos que, por ser uma época muito concorrida, teríamos dificuldades de encontrar assentos ou cabines. No entanto, para reservar os lugares, teríamos que pagar uma taxa extra.
Fizemos nove trechos: Lisboa/Madri, Madri/Barcelona, Barcelona/Toulouse/Paris, Paris/Innsbruck, Innsbruck/Salzburgo, Salzburgo/Viena, Viena/Veneza, Veneza/Florença e, por fim, Florença/Roma. Destes, três trechos foram noturnos: entre Lisboa e Madri, entre Toulouse e Paris e entre Viena e Veneza. E um trecho foi na segunda classe, pois era diurno e não havia outra opção.

As passagens foram reservadas em Belo Horizonte, onde vivemos, com o apoio de duas agências de turismo. Podíamos fazer tudo pela internet, mas ficamos receosos de errar em algum detalhe e complicarmos nossa vida na Europa. Isso funcionou, de certa forma. Houve alguns deslizes, por falta de informação. A primeira é que os Euro Passes deveriam ter sido preenchidos com nossos nomes, números de passaporte e os trechos que iríamos percorrer. Não sabíamos disso e quase perdemos um trecho. Fomos salvos por um funcionário da rede, em Madri, que permitiu que preenchêssemos durante a viagem.

O outro inconveniente foi a situação de alguns trens, principalmente entre Toulouse e Paris. Simplesmente decepcionante. Mesmo sendo na primeira classe, tivemos que ficar os quatro passageiros em uma cabine muito pequena. O banheiro era coletivo e ficava no fundo do corredor. E a pia ficava em outro compartimento. Assim, como estávamos com uma viajante com problemas de locomoção, tivemos muitas dificuldades para que ela acessasse as instalações e para acomodar as malas no pequeno quarto.

Entre Viena e Veneza, já com trens mais confortáveis, quase não conseguimos embarcar na primeira classe, pois os funcionários do trem, ao verem que havia uma cadeirante entre nós, não queriam permitir que ela acessasse a primeira classe, porque alegaram que não havia espaço para a cadeira. Depois de uma longa discussão, tivemos que praticamente invadir o trem e garantir os nossos lugares. Caso contrário, teríamos viajado na segunda classe, mesmo tendo pago os serviços da primeira (incluindo a marcação das cabines). Até agora não entendemos porque isso aconteceu. Os atendentes chegaram a ser rudes conosco.
O transporte, apesar de ainda fascinante, não tem mais aquele charme dos filmes antigos. As mesinhas do vagão restaurante não existem mais, pelo menos nos trens que pegamos. No lugar delas, balcões. E, em alguns trechos, nem havia cadeiras. Tínhamos que lanchar em pé. As cabines são extremamente apertadas, com beliche. O banheiro tem um espaço exíguo, possível para pessoas que não estão acima do peso.

Então, por que não optamos pelo avião, mais rápido e com menos percalços? Em primeiro lugar, pela oportunidade de viajar de trem, raríssima no Brasil. Em segundo lugar, porque substituímos algumas estadias em hotéis pelas viagens noturnas. E, por último, para não passar por aquele estresse natural dos aeroportos, que nos obriga a chegar com muitas horas de antecedência para pegar um voo. Nas estações ferroviárias é possível chegar com até 20 minutos de antecedência, principalmente se você já tem o número do seu assento e do seu vagão.

Não é um transporte barato, mas era menos caro na comparação com os mesmos trechos de avião. Isso sem contar com os custos dos taxis entre os aeroportos, geralmente distantes da região dos hotéis. Neste caso, a maioria das estações fica no centro das cidades. O custo total, por pessoa, girou em torno de 1.000 euros, cerca de 111 euros por trecho. O custo da marcação também está incluído nesta conta. Somente entre Viena e Veneza pagamos 94 euros por pessoa para garantir o nosso lugar.

Em resumo, foi uma boa opção. Em termos de atendimento, o trem noturno entre Lisboa e Madri foi o melhor, incluindo a boa comida servida no restaurante (o único que fornecia assentos para os passageiros). Em termos de paisagem, a viagem entre Paris e Innsbruck foi inesquecível. Percorremos o belíssimo sul da França e atravessamos praticamente toda a Suíça durante o dia, apreciando suas paisagens maravilhosas. Para dormir, sem dúvida o trecho entre Viena e Veneza (garantida a primeira classe, é claro!). Quase todos oferecem uns pequenos brindes, como água, tampão para ouvido, chinelos e até uma pequena garrafa de espumante. Ou seja, valeu a pena!

Ah, e vale ressaltar que quase todas as situações foram tratadas com o melhor bom humor possível e, às vezes, geraram muitas risadas depois do fato acontecido e resolvido. Felizmente, não deixamos que esses aborrecimentos se perpetuassem na viagem.

Então, até a próxima postagem!

Carteira do Euro Pass

Estação ferroviária de Lisboa

No vagão restaurante do trem Lisboa/Madri

Vagão restaurante: pouco charme

Sopa servida no trem


Ainda no vagão restaurante entre Lisboa e Madri

Conceição e Vinicius na cabine apertada

Wagner no trem-bala entre Paris e Innsbruck

Conceição realiza o desejo de viajar de trem pela Europa

Enfrentando com humor a terrível cabine (de primeira classe!!!) entre Toulouse e Paris

Na cabine de Toulouse a Paris, tentando lanchar no meio e roupas e malas

Pouco espaço para guardar a bagagem



Fazendo humor com o cansaço de carregar as bagagens entre as estações

Grupo "despenca" de cansaço (rsrsrs)

Na Estação Campo di Marte, em Firenze (Florença)

Ainda na estação de Florença

Conceição aguarda o trem, depois de enfrentar os percalços da assessibilidade nas estações ferroviárias.





4 comentários:

  1. Passeio maravilhoso. Vocês merecem.

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  2. Ótimo artigo!! Sempre é maravilhoso viajar pela Europa... amo a opção do trem: prático, pontual, eficiente! Mas gosto muito, também, da opção do aluguel de carros Que, às vezes, compensa pelo valor e autonomia na viagem. Parabéns pelo relato!!

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