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Contemplando a bela lagoa de Jacutinga, sul de Minas Gerais |
Como mineiro, sempre prezei por conhecer
todos os recantos do meu Estado natal. Inicialmente, foquei na Região dos
Inconfidentes, onde nasci. Depois, a intenção foi conhecer as cidades
históricas mineiras. Por fim, os parques estaduais e nacionais (ainda faltam
muitos). Neste espírito, resolvi passar o Réveillon de 2014 para 2015 no sul de
Minas, mais especificamente na região de Monte Sião. E, dali, fazer um tour por
outras cidades próximas, como Jacutinga (MG), Bueno Brandão (MG), Águas de
Lindoia (SP), Serra Negra (SP) e Holambra (SP).
Com o meu companheiro de viagem, Wagner
Cosse, fomos diretamente para Monte Sião, onde nos hospedamos no hotel Villa de
Minas, que pratica preços bastante inferiores aos dos hotéis das cidades
paulistas, com um bom serviço. E empregados bem humorados, que deixam o
ambiente agradável. Um dia fomos surpreendidos por uma roda de viola, com
direito a todos os clássicos sertanejos (de “raiz”, como dizem).
Monte Sião fica a 486 km de Belo Horizonte.
Num raio de menos de 100 km é possível conhecer todas as atrações que
visitamos. O município mais próximo é Águas de Lindoia, a apenas 9 km, e o mais
distante, Holambra, a pouco mais de 80 km. Com poucas exceções, as rodovias
estavam bem conservadas e o trânsito fluiu bem.
Veja, em seguida, um breve relato de cada cidade, com os registros fotográficos.
As duas maiores atrações de Monte Sião são as
malharias e a porcelana azul e branca. Ao rodar pelas ruas centrais – e a bela
praça principal – vimos centenas de lojinhas, algumas mais ou menos
sofisticadas, com todo tipo de ofertas. A maioria para o inverno. Como o calor
estava abrasador, com média de 30º, confesso que desanimei de experimentar as
roupas quentes. Algumas lojas chamam a atenção por suas vitrines caprichadas.
Eu fiquei particularmente interessado numa pequena lojinha, que mais parecia um
corredor, chamada Cuplover (www.cuplavershop.com.br),
da estilista Ge Gotardelo. São roupas femininas muito interessantes, com um
estilo brechó.
Monte Sião fica lotada nos fins de semana,
principalmente na época do frio, com compradores de todo o país atrás desses
produtos. São 800 malharias espalhadas pela cidade, que empregam milhares de
pessoas.
Outra atração é a bela porcelana. Visitamos a
fábrica, onde pudemos conhecer o local onde ela é produzida. Parecia que estávamos
entrando uma cidade medieval, com fornos imensos e toda uma sorte de moldes
para as diversas louças produzidas por ali. Chamou-nos a atenção a limpeza e a
organização do ambiente. Não resistimos e adquirimos algumas peças belíssimas,
com preços bastante razoáveis.
Uma atração de Monte Sião, que eu até então
desconhecia, é o turismo religioso. Na verdade, o lugarejo foi fundado, no século
19, em torno de um santuário dedicado à Medalha Milagrosa de Nossa Senhora,
fruto de uma aparição a Santa Catarina, na França. Ou seja, a santa visualizou
a imagem da Virgem que um corpo sensual, marcado por uma cintura fina, e trazia
um símbolo com a letra “M” e a cruz de Cristo. Da sua narração foi cunhada uma
medalha, considerada milagrosa, e Monte Sião foi a primeira cidade no mundo a
lhe dedicar uma igreja. Peregrinos de diversas partes do país vão em grupos ao
local, pedindo bênçãos e fazendo agradecimentos (www.santuariodamedalha.org.br).
Eu também trouxe uma para me proteger.
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Porcelanas de Monte Sião |
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Fábrica de porcelanas |
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Forno |
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Ensaio fotográfico dentro do forno |
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Dentro do forno (foto de Wagner Cosse) |
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Praça principal de Monte Sião |
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Igreja da Medalha Milagrosa |
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Virgem da Medalha |
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Árvore de Natal de Barbies |
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Vitrine |
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Vitrine |
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No hotel Villa de Minas |
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Igreja de São José |
Sem dúvida, o pequeno balneário situado na
divisa entre São Paulo e Minas Gerais é a cidade mais charmosa da região. Sua
água mineral famosa atrai grande número de turistas, a maioria idosa. É um
lugar bom para relaxar, caminhar na praça principal, sentar numa cafeteria e
observar as pessoas passando. Há grandes hoteis, alguns com mais de 70 anos,
que fazem lembrar a época dos cassinos. O Balneário Municipal, construído nos
anos 50, tem estilo modernista, com jardins originalmente criados por Burle
Marx (que, por sinal, estão muito mal cuidados). Ali, Wagner e eu tomamos um
banho de lavanda, que deixou todos os nossos resquícios de tensão na água
morna. Há, ainda, um complexo de piscinas, que não visitamos. Apesar de
interessante, o lugar merecia mais cuidado e algumas reformas, pois conserva
belos mobiliário e decoração.
Em Águas de Lindoia, passamos a noite de Ano
Novo. Reservamos uma mesa no restaurante do Hotel Guarany, um dos mais
tradicionais da cidade. A despeito da ótima música, do bom atendimento e da
comida boa, a noite acabou se revelando um desastre. É que um trio elétrico,
patrocinado pela prefeitura, fez ponto na frente do restaurante, tirando todo o
sossego da festa. Ligou um som ensurdecedor com funks, axés e outras modices,
que conseguiram tirar o nosso humor. Pior do que som alto é música ruim ouvida
a altíssimos decibéis. Saímos dali antes da meia noite e fomos para um recanto
da praça principal, de onde pudemos ver os fogos e nos confraternizar.
Brindamos timidamente o Ano Novo, desejando que nossos ouvidos sejam brindados
por belas melodias, que revelem o quanto a música produzida no Brasil vai além
da babaquice que a indústria fonográfica insiste em nos vender.
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Vista geral do centro da cidade |
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Praça principal |
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Lago |
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Balneário |
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Interior do balneário |
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Piso do balneário |
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Jardins de Burle Marx |
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Mobiliário do balenário |
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Com Wagner, no Cristo Redentor de Águas de Lindoia |
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A mesa do Reveillon |
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Fogos |
Visitamos a também famosa Serra Negra, cidade
a pouco mais de 20 km de Monte Sião. O trajeto é pequeno, mas o governo
paulista – talvez com o sentido da precaução contra os motoristas imprudentes
- instalou mais de 30 detectores de
velocidade. E o limite era de 50 km por hora. Ou seja, um suplício. Como dizia
um velho ditado popular: “nem tanto ao mar nem tanto à terra”. Para piorar, o
trânsito de Serra Negra nos obriga a passar por sua rua principal, que é
estreita e muito movimentada. Uma longa e interminável fila de carros, andando muito
devagar – ou melhor – quase parando.
Serra Negra se revelou decepcionante à
primeira vista. Julgamos que teria atrativos mais relevantes do que Águas de
Lindoia, mas eles não apareceram em nossa curta visita. Há, sim, cafés
deliciosos. Uma bela praça com fonte luminosa. Muitas lojinhas e alguns
recantos bucólicos. Vimos que existe um renomado restaurante português, mas não
o conhecemos. O caos do trânsito predomina a paisagem, tirando o sossego que
deveria reinar numa localidade como aquela, onde as pessoas vão para descansar
e curtir a vida.
Ficamos também impressionados com o grande
número de obesos não só em Serra Negra como em toda a região. Notamos que as
pessoas, mesmo jovens, estão acima do peso, o que vai se transformar em breve em
um sério problema de saúde pública.
A melhor surpresa local foi o museu Disneilândia
(com “i” mesmo) dos Robôs, criado pelo inventor Pedrinho Tomé, a partir de todo
tipo de quinquilharia. O prédio é um convite a exercitar todos os instintos. É
divertido tanto para crianças quanto para os adultos. Entre as atrações está um
presépio, uma mini ferrovia, moinho d´água, vários caleidoscópios e automóveis
estilizados. No final da visita, ganhamos um diploma e uma carteirinha de
cliente preferencial. A visita custa R$ 11 (para adultos).
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Disneilândia dos Robôs |
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Wagner brinca de robô |
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Wagner no espelho que distorce |
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Caleidoscópio |
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No espelho do Engorda/Emagrece |
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Museu |
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Praça de Serra Negra |
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Praça de Serra Negra |
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Descansando em Serra Negra |
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Matriz |
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Quitutes de cafeteria local |
Outro município visitado na região foi Bueno
Brandão, em solo mineiro. A região é famosa pelo grande número de cachoeiras –
são 33 catalogadas. Por sugestão do Guia Quatro Rodas, contratamos um guia
local para conhecermos pelo menos três delas – a de Santa Rita, a dos Luís e a
do Mergulho. Com a experiência de 20 anos nessa lida, Romero Dumont (35-9969-6154) nos conduziu para
os melhores lugares, inclusive pelas estradas belíssimas da região, com
paisagens de emocionar.
As cachoeiras estavam levemente turvas pela
chuva que caiu no dia anterior e o tempo estava um pouco nublado, mas isso não
foi suficiente para nos impedir de entrar nas águas geladas para fazermos o
ritual do descarrego das energias negativas de 2014, para entrarmos em 2015 com
o espírito renovado. É estranho e encantador o efeito positivo da água
corrente. Aproveitamos para rezarmos e pedirmos um ano cheio de paz e harmonia,
com muita alegria e saúde. Para nós e para a humanidade. Wagner, que adora
água, divertiu-se como uma criança.
Algumas cachoeiras possuem uma boa
infraestrutura, até com restaurantes e pousadas. Noutras, o acesso é possível
por trilhas pouco conhecidas. Em alguns locais, os proprietários da terra
cobram uma taxa para acessar as quedas d´água, que vão de R$ 3 a R$ 5 por
pessoa. Houve questionamento, mas a prefeitura tentou impor uma mínima
organização para justificar a cobrança. E assim vem sendo feito.
O potencial turístico de Bueno Brandão é espantoso.
Ficamos sabendo, mais tarde, que a cidade está se especializando no turismo
místico, voltado para rituais de magia e outras especialidades. Há, inclusive,
alguns hoteis voltados para idosos e para portadores de deficiência, que
conseguem, com ajuda de monitores, fazer arvorismo e escalar montanhas. A
hotelaria está se preparando para receber os turistas com mais atenção e
cuidado. No entanto, boa parte da população ainda não está totalmente convencida
disso e prefere investir na agricultura e na pecuária tradicionais. Mas, pelo
menos, parece que os desmatamentos já foram contidos e existe uma nova
consciência ecológica entre os habitantes, principalmente os fazendeiros.
Saiba mais no site www.buenobrandao.com.br
Uma atração à parte é a grande estátua do
Menino da Porteira, na entrada de Ouro Fino, cidade que fica no caminho entre
Bueno Brandão e Monte Sião. Paramos, como muitos turistas, para tirar fotos.
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Paisagem |
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Estrada |
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Cachoeira de Santa Rita |
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Cachoeira dos Luís |
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Wagner relaxando nas águas |
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Andando nas águas? |
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Mirante |
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Pico |
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Cachoeira do Mergulho |
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Paisagem |
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Mais uma do adorador das águas |
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Montanhas |
À primeira vista, Jacutinga é apenas mais uma
cidade famosa pelas malharias. Mas ali também há uma boa infraestrutura urbana,
com belas edificações antigas e praças agradáveis. A lagoa, por exemplo, é a
mais bela e bem urbanizada da região.
Fomos lá, a princípio, para visitar uma amiga
de Wagner, a publicitária e fotógrafa Nívea, que mora ali com seu marido Hilton
e os filhos. Fomos bem recebidos em sua casa, com um almoço delicioso e um papo
fluido, que remontaram os velhos tempos de juventude. Mas a cidade chama a atenção
por uma arquitetura invulgar e por sua água mineral. Infelizmente, parece que a
população local não atentou para esse potencial. A fonte fica em um lugar mal
cuidado, que precisa de pintura e conservação. A estação ferroviária desativada
também precisa de atenção especial. Parece, também, que há um descuido com o
meio ambiente. Sem dúvida, quando houver esse despertar, eles descobrirão que
ali existe um grande filão e, com isso, atrair mais turistas tanto para as
compras como para o lazer.
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Arquitetura local |
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Palacete |
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Lago |
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No lago |
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Pássaro |
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Pássaro |
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Vista de Jacutinga a partir do lago |
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Caixa de marimbondos |
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Moradores do lago |
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Arquitetura local |
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Matriz |
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Praça principal |
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Comércio local |
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Wagner encarando o Papai Noel |
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Mural |
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Jardim particular |
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Arquitetura em verde e azul |
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Detalhe arquitetônico |
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Loja maçônica |
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Estação ferroviária |
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Maria fumaça |
A última parada foi Holambra, município
localizado no Estado de São Paulo, próximo a Campinas. Conhecida como a Cidade
das Flores, o município teve colonização holandesa. Havia uma grande
expectativa, de nossa parte, para visitar os campos floridos, com seu colorido
vibrante. Mas não havia guias disponíveis na cidade no dia que estivemos lá e,
sem eles, as floriculturas não recebem os turistas. Tivemos que nos contentar
em conhecer o Gardencenter, uma grande distribuidora de flores, e algumas
atrações locais, como a Rua Turística, o lago, o moinho e uma confeitaria.
Conhecemos, também, a cidade do Papai Noel, localizada em frente ao Paço
Municipal. São lugares bonitos, mas que não traduzem a beleza dos campos. Até
que insistimos, mas não obtivemos êxito.
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Lua |
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Portal |
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Rua Turística |
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Moinho |
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Cidade do Papai Noel |
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Cidade do Papai Noel |
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Praça |
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Arquitetura local |
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Doce de rosas |
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Lago |
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Placa de trânsito personalizada |
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Todas as fotos anteriores: Gardencenter |
Vale refletir, como já fiz em outras
ocasiões, sobre o potencial turístico que o Brasil tanto desperdiça. Por que,
em pleno final de ano, quando os hotéis estão cheios e há grande fluxo de pessoas,
os restaurantes, museus e outras atrações ficam fechados? Os moradores não
acreditam nesses potenciais ou falta uma política mais adequada?
Em alguns locais, por exemplo, não havia a
possibilidade de usar cartão de crédito ou débito, o que dificultava a
aquisição de produtos. Em outros, não havia informação nem locais para
atendimento aos visitantes.
O receptivo também deixa a desejar, mesmo no
Estado de São Paulo, que tanto preza por isso. Havia filas sem sentido e
organização, frustrando os visitantes e tirando-lhes o prazer de usufruir as suas
férias com mais tranquilidade e intensidade.
Fica aqui a observação e o alerto. Não
faltam, no entanto, maravilhas para serem contempladas.
Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse
O blog Descobertas do Thelmo deseja a todos um Feliz 2015, com muitas viagens e novidades!
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FELIZ 2015! |