domingo, 4 de janeiro de 2015

Réveillon na divisa de Minas e São Paulo, entre Monte Sião e Holambra

Contemplando a bela lagoa de Jacutinga, sul de Minas Gerais


Como mineiro, sempre prezei por conhecer todos os recantos do meu Estado natal. Inicialmente, foquei na Região dos Inconfidentes, onde nasci. Depois, a intenção foi conhecer as cidades históricas mineiras. Por fim, os parques estaduais e nacionais (ainda faltam muitos). Neste espírito, resolvi passar o Réveillon de 2014 para 2015 no sul de Minas, mais especificamente na região de Monte Sião. E, dali, fazer um tour por outras cidades próximas, como Jacutinga (MG), Bueno Brandão (MG), Águas de Lindoia (SP), Serra Negra (SP) e Holambra (SP).
Com o meu companheiro de viagem, Wagner Cosse, fomos diretamente para Monte Sião, onde nos hospedamos no hotel Villa de Minas, que pratica preços bastante inferiores aos dos hotéis das cidades paulistas, com um bom serviço. E empregados bem humorados, que deixam o ambiente agradável. Um dia fomos surpreendidos por uma roda de viola, com direito a todos os clássicos sertanejos (de “raiz”, como dizem).
Monte Sião fica a 486 km de Belo Horizonte. Num raio de menos de 100 km é possível conhecer todas as atrações que visitamos. O município mais próximo é Águas de Lindoia, a apenas 9 km, e o mais distante, Holambra, a pouco mais de 80 km. Com poucas exceções, as rodovias estavam bem conservadas e o trânsito fluiu bem.

Veja, em seguida, um breve relato de cada cidade, com os registros fotográficos.

Monte Sião

As duas maiores atrações de Monte Sião são as malharias e a porcelana azul e branca. Ao rodar pelas ruas centrais – e a bela praça principal – vimos centenas de lojinhas, algumas mais ou menos sofisticadas, com todo tipo de ofertas. A maioria para o inverno. Como o calor estava abrasador, com média de 30º, confesso que desanimei de experimentar as roupas quentes. Algumas lojas chamam a atenção por suas vitrines caprichadas. Eu fiquei particularmente interessado numa pequena lojinha, que mais parecia um corredor, chamada Cuplover (www.cuplavershop.com.br), da estilista Ge Gotardelo. São roupas femininas muito interessantes, com um estilo brechó.
Monte Sião fica lotada nos fins de semana, principalmente na época do frio, com compradores de todo o país atrás desses produtos. São 800 malharias espalhadas pela cidade, que empregam milhares de pessoas.
Outra atração é a bela porcelana. Visitamos a fábrica, onde pudemos conhecer o local onde ela é produzida. Parecia que estávamos entrando uma cidade medieval, com fornos imensos e toda uma sorte de moldes para as diversas louças produzidas por ali. Chamou-nos a atenção a limpeza e a organização do ambiente. Não resistimos e adquirimos algumas peças belíssimas, com preços bastante razoáveis.
Uma atração de Monte Sião, que eu até então desconhecia, é o turismo religioso. Na verdade, o lugarejo foi fundado, no século 19, em torno de um santuário dedicado à Medalha Milagrosa de Nossa Senhora, fruto de uma aparição a Santa Catarina, na França. Ou seja, a santa visualizou a imagem da Virgem que um corpo sensual, marcado por uma cintura fina, e trazia um símbolo com a letra “M” e a cruz de Cristo. Da sua narração foi cunhada uma medalha, considerada milagrosa, e Monte Sião foi a primeira cidade no mundo a lhe dedicar uma igreja. Peregrinos de diversas partes do país vão em grupos ao local, pedindo bênçãos e fazendo agradecimentos (www.santuariodamedalha.org.br). Eu também trouxe uma para me proteger.

Porcelanas de Monte Sião

Fábrica de porcelanas


Forno

Ensaio fotográfico dentro do forno

Dentro do forno (foto de Wagner Cosse)

Praça principal de Monte Sião

Igreja da Medalha Milagrosa

Virgem da Medalha

Árvore de Natal de Barbies

Vitrine

Vitrine

No hotel Villa de Minas

Igreja de São José


Águas de Lindoia

Sem dúvida, o pequeno balneário situado na divisa entre São Paulo e Minas Gerais é a cidade mais charmosa da região. Sua água mineral famosa atrai grande número de turistas, a maioria idosa. É um lugar bom para relaxar, caminhar na praça principal, sentar numa cafeteria e observar as pessoas passando. Há grandes hoteis, alguns com mais de 70 anos, que fazem lembrar a época dos cassinos. O Balneário Municipal, construído nos anos 50, tem estilo modernista, com jardins originalmente criados por Burle Marx (que, por sinal, estão muito mal cuidados). Ali, Wagner e eu tomamos um banho de lavanda, que deixou todos os nossos resquícios de tensão na água morna. Há, ainda, um complexo de piscinas, que não visitamos. Apesar de interessante, o lugar merecia mais cuidado e algumas reformas, pois conserva belos mobiliário e decoração.
Em Águas de Lindoia, passamos a noite de Ano Novo. Reservamos uma mesa no restaurante do Hotel Guarany, um dos mais tradicionais da cidade. A despeito da ótima música, do bom atendimento e da comida boa, a noite acabou se revelando um desastre. É que um trio elétrico, patrocinado pela prefeitura, fez ponto na frente do restaurante, tirando todo o sossego da festa. Ligou um som ensurdecedor com funks, axés e outras modices, que conseguiram tirar o nosso humor. Pior do que som alto é música ruim ouvida a altíssimos decibéis. Saímos dali antes da meia noite e fomos para um recanto da praça principal, de onde pudemos ver os fogos e nos confraternizar. Brindamos timidamente o Ano Novo, desejando que nossos ouvidos sejam brindados por belas melodias, que revelem o quanto a música produzida no Brasil vai além da babaquice que a indústria fonográfica insiste em nos vender.

Vista geral do centro da cidade

Praça principal

Lago

Balneário

Interior do balneário

Piso do balneário

Jardins de Burle Marx

Mobiliário do balenário

Com Wagner, no Cristo Redentor de Águas de Lindoia

A mesa do Reveillon

Fogos


Serra Negra

Visitamos a também famosa Serra Negra, cidade a pouco mais de 20 km de Monte Sião. O trajeto é pequeno, mas o governo paulista – talvez com o sentido da precaução contra os motoristas imprudentes -  instalou mais de 30 detectores de velocidade. E o limite era de 50 km por hora. Ou seja, um suplício. Como dizia um velho ditado popular: “nem tanto ao mar nem tanto à terra”. Para piorar, o trânsito de Serra Negra nos obriga a passar por sua rua principal, que é estreita e muito movimentada. Uma longa e interminável fila de carros, andando muito devagar – ou melhor – quase parando.
Serra Negra se revelou decepcionante à primeira vista. Julgamos que teria atrativos mais relevantes do que Águas de Lindoia, mas eles não apareceram em nossa curta visita. Há, sim, cafés deliciosos. Uma bela praça com fonte luminosa. Muitas lojinhas e alguns recantos bucólicos. Vimos que existe um renomado restaurante português, mas não o conhecemos. O caos do trânsito predomina a paisagem, tirando o sossego que deveria reinar numa localidade como aquela, onde as pessoas vão para descansar e curtir a vida.
Ficamos também impressionados com o grande número de obesos não só em Serra Negra como em toda a região. Notamos que as pessoas, mesmo jovens, estão acima do peso, o que vai se transformar em breve em um sério problema de saúde pública.
A melhor surpresa local foi o museu Disneilândia (com “i” mesmo) dos Robôs, criado pelo inventor Pedrinho Tomé, a partir de todo tipo de quinquilharia. O prédio é um convite a exercitar todos os instintos. É divertido tanto para crianças quanto para os adultos. Entre as atrações está um presépio, uma mini ferrovia, moinho d´água, vários caleidoscópios e automóveis estilizados. No final da visita, ganhamos um diploma e uma carteirinha de cliente preferencial. A visita custa R$ 11 (para adultos).

Disneilândia dos Robôs

Wagner brinca de robô

Wagner no espelho que distorce

Caleidoscópio

No espelho do Engorda/Emagrece 

Museu

Praça de Serra Negra

Praça de Serra Negra

Descansando em Serra Negra

Matriz

Quitutes de cafeteria local


Bueno Brandão

Outro município visitado na região foi Bueno Brandão, em solo mineiro. A região é famosa pelo grande número de cachoeiras – são 33 catalogadas. Por sugestão do Guia Quatro Rodas, contratamos um guia local para conhecermos pelo menos três delas – a de Santa Rita, a dos Luís e a do Mergulho. Com a experiência de 20 anos nessa lida, Romero Dumont (35-9969-6154) nos conduziu para os melhores lugares, inclusive pelas estradas belíssimas da região, com paisagens de emocionar.
As cachoeiras estavam levemente turvas pela chuva que caiu no dia anterior e o tempo estava um pouco nublado, mas isso não foi suficiente para nos impedir de entrar nas águas geladas para fazermos o ritual do descarrego das energias negativas de 2014, para entrarmos em 2015 com o espírito renovado. É estranho e encantador o efeito positivo da água corrente. Aproveitamos para rezarmos e pedirmos um ano cheio de paz e harmonia, com muita alegria e saúde. Para nós e para a humanidade. Wagner, que adora água, divertiu-se como uma criança.
Algumas cachoeiras possuem uma boa infraestrutura, até com restaurantes e pousadas. Noutras, o acesso é possível por trilhas pouco conhecidas. Em alguns locais, os proprietários da terra cobram uma taxa para acessar as quedas d´água, que vão de R$ 3 a R$ 5 por pessoa. Houve questionamento, mas a prefeitura tentou impor uma mínima organização para justificar a cobrança. E assim vem sendo feito.
O potencial turístico de Bueno Brandão é espantoso. Ficamos sabendo, mais tarde, que a cidade está se especializando no turismo místico, voltado para rituais de magia e outras especialidades. Há, inclusive, alguns hoteis voltados para idosos e para portadores de deficiência, que conseguem, com ajuda de monitores, fazer arvorismo e escalar montanhas. A hotelaria está se preparando para receber os turistas com mais atenção e cuidado. No entanto, boa parte da população ainda não está totalmente convencida disso e prefere investir na agricultura e na pecuária tradicionais. Mas, pelo menos, parece que os desmatamentos já foram contidos e existe uma nova consciência ecológica entre os habitantes, principalmente os fazendeiros.

Saiba mais no site www.buenobrandao.com.br

Uma atração à parte é a grande estátua do Menino da Porteira, na entrada de Ouro Fino, cidade que fica no caminho entre Bueno Brandão e Monte Sião. Paramos, como muitos turistas, para tirar fotos.


Paisagem

Estrada

Cachoeira de Santa Rita

Cachoeira dos Luís

Wagner relaxando nas águas

Andando nas águas?

Mirante

Pico

Cachoeira do Mergulho

Paisagem

Mais uma do adorador das águas

Montanhas


Jacutinga

À primeira vista, Jacutinga é apenas mais uma cidade famosa pelas malharias. Mas ali também há uma boa infraestrutura urbana, com belas edificações antigas e praças agradáveis. A lagoa, por exemplo, é a mais bela e bem urbanizada da região.
Fomos lá, a princípio, para visitar uma amiga de Wagner, a publicitária e fotógrafa Nívea, que mora ali com seu marido Hilton e os filhos. Fomos bem recebidos em sua casa, com um almoço delicioso e um papo fluido, que remontaram os velhos tempos de juventude. Mas a cidade chama a atenção por uma arquitetura invulgar e por sua água mineral. Infelizmente, parece que a população local não atentou para esse potencial. A fonte fica em um lugar mal cuidado, que precisa de pintura e conservação. A estação ferroviária desativada também precisa de atenção especial. Parece, também, que há um descuido com o meio ambiente. Sem dúvida, quando houver esse despertar, eles descobrirão que ali existe um grande filão e, com isso, atrair mais turistas tanto para as compras como para o lazer.


Arquitetura local

Palacete

Lago

No lago

Pássaro

Pássaro

Vista de Jacutinga a partir do lago

Caixa de marimbondos

Moradores do lago

Arquitetura local

Matriz

Praça principal

Comércio local

Wagner encarando o Papai Noel

Mural

Jardim particular

Arquitetura em verde e azul

Detalhe arquitetônico

Loja maçônica

Estação ferroviária

Maria fumaça


Holambra

A última parada foi Holambra, município localizado no Estado de São Paulo, próximo a Campinas. Conhecida como a Cidade das Flores, o município teve colonização holandesa. Havia uma grande expectativa, de nossa parte, para visitar os campos floridos, com seu colorido vibrante. Mas não havia guias disponíveis na cidade no dia que estivemos lá e, sem eles, as floriculturas não recebem os turistas. Tivemos que nos contentar em conhecer o Gardencenter, uma grande distribuidora de flores, e algumas atrações locais, como a Rua Turística, o lago, o moinho e uma confeitaria. Conhecemos, também, a cidade do Papai Noel, localizada em frente ao Paço Municipal. São lugares bonitos, mas que não traduzem a beleza dos campos. Até que insistimos, mas não obtivemos êxito.


Lua

Portal

Rua Turística

Moinho

Cidade do Papai Noel

Cidade do Papai Noel

Praça

Arquitetura local

Doce de rosas

Lago

Placa de trânsito personalizada







Todas as fotos anteriores: Gardencenter



Turismo

Vale refletir, como já fiz em outras ocasiões, sobre o potencial turístico que o Brasil tanto desperdiça. Por que, em pleno final de ano, quando os hotéis estão cheios e há grande fluxo de pessoas, os restaurantes, museus e outras atrações ficam fechados? Os moradores não acreditam nesses potenciais ou falta uma política mais adequada?
Em alguns locais, por exemplo, não havia a possibilidade de usar cartão de crédito ou débito, o que dificultava a aquisição de produtos. Em outros, não havia informação nem locais para atendimento aos visitantes.
O receptivo também deixa a desejar, mesmo no Estado de São Paulo, que tanto preza por isso. Havia filas sem sentido e organização, frustrando os visitantes e tirando-lhes o prazer de usufruir as suas férias com mais tranquilidade e intensidade.

Fica aqui a observação e o alerto. Não faltam, no entanto, maravilhas para serem contempladas.


Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse


O blog Descobertas do Thelmo deseja a todos um Feliz 2015, com muitas viagens e novidades!


FELIZ 2015!

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