domingo, 4 de agosto de 2024

Impressões atuais a respeito de Guarapari

 

Em Meaípe, praia da Nova Guarapari
(foto de Wagner Cosse editada por Thelmo Lins

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            Guarapari é um balneário capixaba, localizado a 51 km de Vitória, capital do Espírito Santo, e a aproximadamente 530 km de Belo Horizonte (MG). É considerada a “praia dos mineiros”, pela distância e pela facilidade de acesso (ultimamente, tem como rivais Porto Seguro e Cabo Frio). Em julho de 2024, após um hiato de 40 anos, retornei ao local, para conferir as novidades.

             É preciso enfatizar que, por muitos anos, Guarapari sofreu com a pecha de praia dos farofeiros, de lugar “brega” e inferior a outras localidades mais atraentes do litoral carioca ou nordestino. O que eu e meu companheiro de viagem, Wagner, vimos foi muito diferente disso. Por ser baixa temporada, a cidade estava mais vazia, com menos afluxo de turistas e visitantes, que, geralmente, se aglomeram em maior quantidade nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. E, talvez, por isso mesmo, as praias estavam mais tranquilas, havia mais espaço para estacionar os automóveis, os restaurantes estavam menos concorridos.

Na alta temporada, a coisa é bem diferente. Nos três meses, o município de aproximadamente 125 mil habitantes recebe mais de um milhão de pessoas. No entanto, fora desse período, é possível encontrar muitos comércios fechados, com poucas opções de lanchonetes, restaurantes e padarias, por exemplo. Muitos passeios oferecidos pelas empresas locais ficam suspensos no inverno.

Achei estranho, considerando que julho é o mês das férias escolares. Mas, em Guarapari, como parte do litoral capixaba, a temporada costuma ser chuvosa, com muitos ventos e com a água do mar mais fria. Felizmente, os dias que passamos por lá, a temperatura oscilou entre 16 e 27 C, com o clima bastante ensolarado, o que tornou o lazer bastante agradável.

Nos quatro dias que estivemos na região, ficamos hospedados em Nova Guarapari, na Pousada Casa Verde. O local é bastante simples, mas acolhedor, embora não servisse café da manhã nessa época do ano, pelo baixo fluxo de hóspedes. Há poucas padarias funcionando, o que nos exigiu fazer algumas compras nos supermercados locais para abastecer a despensa. O proprietário Luís facilitou a situação, permitindo que usássemos a cozinha e seus utensílios domésticos para que fizéssemos o nosso próprio desjejum.

Em Nova Guarapari estão algumas das praias mais belas do município, como Bacutia, dos Padres, Meaípe e dos Bairristas. Esta, em especial, um recanto agradabilíssimo, com uma barraca recheada de ótimos petiscos e música boa para os meus padrões MPBistas, tocada de forma suave. Já a Praia dos Padres concorre a uma das mais belas de Guarapari, envolta por um parque adornado muitas castanheiras e um ambiente mais natural.

No segundo dia de viagem, fizemos um passeio de barco pelo litoral para conhecer melhor os outros recantos. Do mar, foi possível avistar a famosa Praia dos Morro, a preferida e mais concorrida pelos banhistas e o litoral norte de Guarapari, formado por Três Praias, praia Vermelha, praia dos Adventistas, praia do Ermitão, entre outras, e o Parque Estadual Paulo César Vinha, onde se localiza Setiba, Setiba Pina e Setibão.

Avistamos novos condomínios, edifícios elegantes, novos empreendimentos hoteleiros, praias bem preservadas e limpas, muitas áreas verdes e um mar caribenho. Várias rochas enfeitam e dividem as principais praias, criando um cenário bastante idílico e de grande beleza cênica. O barco parou em algumas localidades para que os interessados pudessem tomar banho de mar. O tour leva cerca de três horas e custa R$ 80 ou R$ 90, dependendo da empresa.

No terceiro dia, fiz uma caminhada pela parte central de Guarapari, onde estão as praias das Castanheiras, dos Namorados, das Virtudes e da Areia Preta. Esta tem este nome por causa da areia monazítica, que deu fama ao local no início de sua exploração turística, ainda nos anos 1940. As areias têm propriedades terapêuticas, podendo (segundo vários estudiosos) ser utilizadas até para a prevenção do câncer. É ali onde se concentra a maior quantidade desse tipo de mineral.

No centro da cidade encontram-se várias lojinhas, restaurantes, cafés e alguns edifícios emblemáticos da história local. Como antiga Matriz de Nossa Senhora da Conceição, de 1585, construída na época do Padre Anchieta. Os contornos das janelas e paredes são adornados com conchas. Bem perto estão as ruínas de outra igreja, datada de 1677. Estas são algumas das capelas mais antigas do Espírito Santo.

Outros edifícios marcantes são o antigo hotel Radium, inaugurado em 1953 para ser o mais luxuoso de Guarapari, com 140 quartos, dois salões, sendo um de jogos e outro de lazer. Menos de 10 anos depois, em 1964, ele iniciou seu ciclo de decadência e, entre idas e vindas, encerrou definitivamente suas atividades em 1992. Desde então, a prefeitura e o governo estadual buscam alternativas para sua reabertura. Enquanto isso, o edifício padece como um fantasma plantado na região da praia de Areia Preta.

Enquanto eu conhecia a região central, Wagner optou por um passeio comum nessa época do ano, que é o da observação das baleias jubarte na orla capixaba. No mês de julho de cada ano, as fêmeas se deslocam 4.000 quilômetros desde a Antártica, para dar à luz e amamentar seus filhotes. Os barcos saem do porto de Guarapari e o passeio dura cerca de seis horas. De acordo com Wagner, a visão desses mamíferos gigantescos é muito emocionante, provocando gritos e outras manifestações eufóricas em todos os participantes. O passeio custa R$ 300 por pessoa.

A praia do Morro, a maior e mais importante da cidade, é um ótimo local para passear no final da tarde. É o local com melhor infraestrutura, com excelentes barracas e quiosques, construídas com bom gosto arquitetônico. Nessa época, alguns trechos estavam sendo reformados para o verão, mas mesmo assim os calçadões são largos e propícios para caminhadas ou corridas. Há um excelente mercadinho de artesanato, com muitas opções de compras. A praia está limpa, em boas condições de banho e com caprichada iluminação noturna.

Como a praia é muito frequentada pelos mineiros, conhecemos um bar totalmente dedicado ao Clube Atlético, chamado Bar do Galo. O local é totalmente adornado com fotos e imagens alusivas ao clube e algumas esculturas também. Em dias de jogos, o espaço ferve.

Há muitas dicas culinárias na região de Guarapari. A mais famosa é a moqueca capixaba, servida principalmente nos afamados restaurantes da orla de Meaípe, como o Cantinho da Curuca e o Gaeta. Prepare-se, pois os preços são bastante salgados. Mas na mesma Meaípe é servida um famoso bolinho de aipim, com recheios variados. O prato é farto e delicioso. De sobremesa, as famosas cocadas vendidas por ambulantes no calçadão da praia, com variados sabores.

Por fim, antes de concluir os assuntos referentes a esta viagem, é preciso ressaltar que, para nós, mineiros que vivemos em Belo Horizonte, a viagem de carro inclui uma dose extra de sacrifício. Gastamos 12 horas na estrada, que está em péssima conservação e com um trânsito absurdo de veículos, a maioria caminhões. Os piores trechos estão entre a capital mineira e Caeté, o trevo de João Monlevade e o trevo para Nova Era e Ipatinga. Nesses locais o trânsito simplesmente para. Chega ser irritante, considerando que é a principal canal de ligação rodoviário entre Belo Horizonte, o Vale do Aço e o Espírito Santo, regiões famosas por suas indústrias, a produção de café e o turismo.

Além da viagem de avião, outra opção é por via ferroviária. Existe o Trem da Vale, que vai da capital mineira até Cariacica (ES), na região metropolitana de Vitória. Embora seja uma viagem agradável, de acordo com vários relatos (eu nunca tive a oportunidade de realizá-la), ela também é lenta – leva cerca de 14 horas.

Em resumo: é preciso atentar para a melhoria de condições de nossas principais pistas, com o objetivo de alavancar o turismo, a economia do Estado e melhorar a vida dos viajantes e dos caminhoneiros que enfrentam essa tortura diariamente.

No mais, incluam Guarapari entre seus destinos de viagem. Vale a pena!


Meaípe











Praia dos Padres







Passeio de barco pela orla


Ao fundo, a praia do Morro





Área central

Praia das Castanheiras

Calçadão

Hotel Radium

Vista noturna da praia do Morro

Quiosque da praia do Morro

Amanhecer em Guarapari


Porto


Baleias Jubarte

Saída para o observação das baleiras jubarte

Fotos das baleias: divulgação




Matriz de Nossa Senhora da Conceição e arredores


Conchas na fachada


Interior da igreja


Ruínas da igreja de 1677

Praia das Castanheiras

Praia dos Namorados

Praia dos Namorados 

Lagoa em Nova Guarapari

Igreja Nova

Interior

Altar

Capela do Santíssimo

Detalhe

Porta principal

Porto


Praia do Morro

Fim de tarde na praia do Morro

Escultura na praia do Morro

Edifícios 

Pássaros se aninham nas linhas de energia e arbustos


Bacutia e região







Iluminação noturna da área central

Bar do Galo

No Bar do Galo


Praia dos Bairristas

Sucos e bolinho de bacalhau

Wagner e eu brindamos

Relaxando nas águas

Uma selfie

Descansando debaixo do guarda-sol

No balanço da Barraca do Robs

Condomínio em Nova Guarapari

Wagner, Luís e eu na Pousada Casa Verde

Pedra Azul ou pedra da lagartixa, vista da BR 262,
em Venda Nova dos Imigrantes

Memória


Duas recordações de idas a Guarapari: 

Na primeira foto, aos 10 anos, ao lado de meu pai e meus irmãos.
Eu estou de joelhos.

Na segunda, aos 18 anos. A última vez que estive lá antes de julho deste ano.






Impressões atuais a respeito de Guarapari

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