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Em Meaípe, praia da Nova Guarapari (foto de Wagner Cosse editada por Thelmo Lins |
Clique nas fotos para ampliá-las.
Guarapari é um balneário capixaba, localizado a 51 km de
Vitória, capital do Espírito Santo, e a aproximadamente 530 km de Belo
Horizonte (MG). É considerada a “praia dos mineiros”, pela distância e pela
facilidade de acesso (ultimamente, tem como rivais Porto Seguro e Cabo Frio).
Em julho de 2024, após um hiato de 40 anos, retornei ao local, para conferir as
novidades.
É preciso enfatizar que, por muitos anos,
Guarapari sofreu com a pecha de praia dos farofeiros, de lugar “brega” e inferior
a outras localidades mais atraentes do litoral carioca ou nordestino. O que eu
e meu companheiro de viagem, Wagner, vimos foi muito diferente disso. Por ser
baixa temporada, a cidade estava mais vazia, com menos afluxo de turistas e
visitantes, que, geralmente, se aglomeram em maior quantidade nos meses de
dezembro, janeiro e fevereiro. E, talvez, por isso mesmo, as praias estavam
mais tranquilas, havia mais espaço para estacionar os automóveis, os
restaurantes estavam menos concorridos.
Na alta temporada, a coisa é bem
diferente. Nos três meses, o município de aproximadamente 125 mil habitantes
recebe mais de um milhão de pessoas. No entanto, fora desse período, é possível
encontrar muitos comércios fechados, com poucas opções de lanchonetes, restaurantes
e padarias, por exemplo. Muitos passeios oferecidos pelas empresas locais ficam
suspensos no inverno.
Achei estranho, considerando que
julho é o mês das férias escolares. Mas, em Guarapari, como parte do litoral
capixaba, a temporada costuma ser chuvosa, com muitos ventos e com a água do
mar mais fria. Felizmente, os dias que passamos por lá, a temperatura oscilou
entre 16 e 27 C, com o clima bastante ensolarado, o que tornou o lazer bastante
agradável.
Nos quatro dias que estivemos na
região, ficamos hospedados em Nova Guarapari, na Pousada Casa Verde. O local é
bastante simples, mas acolhedor, embora não servisse café da manhã nessa época
do ano, pelo baixo fluxo de hóspedes. Há poucas padarias funcionando, o que nos
exigiu fazer algumas compras nos supermercados locais para abastecer a
despensa. O proprietário Luís facilitou a situação, permitindo que usássemos a
cozinha e seus utensílios domésticos para que fizéssemos o nosso próprio desjejum.
Em Nova Guarapari estão algumas
das praias mais belas do município, como Bacutia, dos Padres, Meaípe e dos
Bairristas. Esta, em especial, um recanto agradabilíssimo, com uma barraca recheada
de ótimos petiscos e música boa para os meus padrões MPBistas, tocada de forma
suave. Já a Praia dos Padres concorre a uma das mais belas de Guarapari,
envolta por um parque adornado muitas castanheiras e um ambiente mais natural.
No segundo dia de viagem, fizemos
um passeio de barco pelo litoral para conhecer melhor os outros recantos. Do
mar, foi possível avistar a famosa Praia dos Morro, a preferida e mais
concorrida pelos banhistas e o litoral norte de Guarapari, formado por Três
Praias, praia Vermelha, praia dos Adventistas, praia do Ermitão, entre outras,
e o Parque Estadual Paulo César Vinha, onde se localiza Setiba, Setiba Pina e
Setibão.
Avistamos novos condomínios,
edifícios elegantes, novos empreendimentos hoteleiros, praias bem preservadas e
limpas, muitas áreas verdes e um mar caribenho. Várias rochas enfeitam e
dividem as principais praias, criando um cenário bastante idílico e de grande
beleza cênica. O barco parou em algumas localidades para que os interessados pudessem
tomar banho de mar. O tour leva cerca de três horas e custa R$ 80 ou R$ 90, dependendo da empresa.
No terceiro dia, fiz uma
caminhada pela parte central de Guarapari, onde estão as praias das
Castanheiras, dos Namorados, das Virtudes e da Areia Preta. Esta tem este nome
por causa da areia monazítica, que deu fama ao local no início de sua
exploração turística, ainda nos anos 1940. As areias têm propriedades
terapêuticas, podendo (segundo vários estudiosos) ser utilizadas até para a
prevenção do câncer. É ali onde se concentra a maior quantidade desse tipo de
mineral.
No centro da cidade encontram-se
várias lojinhas, restaurantes, cafés e alguns edifícios emblemáticos da
história local. Como antiga Matriz de Nossa Senhora da Conceição, de 1585,
construída na época do Padre Anchieta. Os contornos das janelas e paredes são
adornados com conchas. Bem perto estão as ruínas de outra igreja, datada de
1677. Estas são algumas das capelas mais antigas do Espírito Santo.
Outros edifícios marcantes são o
antigo hotel Radium, inaugurado em 1953 para ser o mais luxuoso de Guarapari,
com 140 quartos, dois salões, sendo um de jogos e outro de lazer. Menos de 10
anos depois, em 1964, ele iniciou seu ciclo de decadência e, entre idas e
vindas, encerrou definitivamente suas atividades em 1992. Desde então, a
prefeitura e o governo estadual buscam alternativas para sua reabertura.
Enquanto isso, o edifício padece como um fantasma plantado na região da praia
de Areia Preta.
Enquanto eu conhecia a região
central, Wagner optou por um passeio comum nessa época do ano, que é o da
observação das baleias jubarte na orla capixaba. No mês de julho de cada ano, as
fêmeas se deslocam 4.000 quilômetros desde a Antártica, para dar à luz e
amamentar seus filhotes. Os barcos saem do porto de Guarapari e o passeio dura
cerca de seis horas. De acordo com Wagner, a visão desses mamíferos gigantescos
é muito emocionante, provocando gritos e outras manifestações eufóricas em
todos os participantes. O passeio custa R$ 300 por pessoa.
A praia do Morro, a maior e mais
importante da cidade, é um ótimo local para passear no final da tarde. É o
local com melhor infraestrutura, com excelentes barracas e quiosques, construídas com bom
gosto arquitetônico. Nessa época, alguns trechos estavam sendo reformados para
o verão, mas mesmo assim os calçadões são largos e propícios para caminhadas ou
corridas. Há um excelente mercadinho de artesanato, com muitas opções de
compras. A praia está limpa, em boas condições de banho e com caprichada
iluminação noturna.
Como a praia é muito frequentada
pelos mineiros, conhecemos um bar totalmente dedicado ao Clube Atlético,
chamado Bar do Galo. O local é totalmente adornado com fotos e imagens alusivas
ao clube e algumas esculturas também. Em dias de jogos, o espaço ferve.
Há muitas dicas culinárias na
região de Guarapari. A mais famosa é a moqueca capixaba, servida principalmente
nos afamados restaurantes da orla de Meaípe, como o Cantinho da Curuca e o
Gaeta. Prepare-se, pois os preços são bastante salgados. Mas na mesma Meaípe é
servida um famoso bolinho de aipim, com recheios variados. O prato é farto e delicioso.
De sobremesa, as famosas cocadas vendidas por ambulantes no calçadão da praia, com variados
sabores.
Por fim, antes de concluir os
assuntos referentes a esta viagem, é preciso ressaltar que, para nós, mineiros
que vivemos em Belo Horizonte, a viagem de carro inclui uma dose extra de sacrifício.
Gastamos 12 horas na estrada, que está em péssima conservação e com um trânsito
absurdo de veículos, a maioria caminhões. Os piores trechos estão entre a
capital mineira e Caeté, o trevo de João Monlevade e o trevo para Nova Era e Ipatinga.
Nesses locais o trânsito simplesmente para. Chega ser irritante, considerando
que é a principal canal de ligação rodoviário entre Belo Horizonte, o Vale do
Aço e o Espírito Santo, regiões famosas por suas indústrias, a produção de café
e o turismo.
Além da viagem de avião, outra
opção é por via ferroviária. Existe o Trem da Vale, que vai da capital mineira
até Cariacica (ES), na região metropolitana de Vitória. Embora seja uma viagem
agradável, de acordo com vários relatos (eu nunca tive a oportunidade de realizá-la),
ela também é lenta – leva cerca de 14 horas.
Em resumo: é preciso atentar para
a melhoria de condições de nossas principais pistas, com o objetivo de alavancar
o turismo, a economia do Estado e melhorar a vida dos viajantes e dos caminhoneiros
que enfrentam essa tortura diariamente.
No mais, incluam Guarapari entre
seus destinos de viagem. Vale a pena!
Meaípe
Praia dos Padres
Passeio de barco pela orla
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Ao fundo, a praia do Morro |
Área central
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Praia das Castanheiras |
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Calçadão |
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Hotel Radium |
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Vista noturna da praia do Morro |
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Quiosque da praia do Morro |
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Amanhecer em Guarapari |
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Porto |
Baleias Jubarte
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Saída para o observação das baleiras jubarte
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Fotos das baleias: divulgação |
Matriz de Nossa Senhora da Conceição e arredores
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Conchas na fachada |
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Interior da igreja |
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Ruínas da igreja de 1677 |
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Praia das Castanheiras |
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Praia dos Namorados |
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Praia dos Namorados |
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Lagoa em Nova Guarapari |
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Igreja Nova |
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Interior |
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Altar |
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Capela do Santíssimo |
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Detalhe |
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Porta principal |
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Porto |
Praia do Morro
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Fim de tarde na praia do Morro |
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Escultura na praia do Morro |
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Edifícios |
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Pássaros se aninham nas linhas de energia e arbustos |
Bacutia e região
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Iluminação noturna da área central |
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Bar do Galo |
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No Bar do Galo |
Praia dos Bairristas
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Sucos e bolinho de bacalhau
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Wagner e eu brindamos |
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Relaxando nas águas |
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Uma selfie |
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Descansando debaixo do guarda-sol |
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No balanço da Barraca do Robs |
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Condomínio em Nova Guarapari |
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Wagner, Luís e eu na Pousada Casa Verde |
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Pedra Azul ou pedra da lagartixa, vista da BR 262, em Venda Nova dos Imigrantes |
Memória
Duas recordações de idas a Guarapari:
Na primeira foto, aos 10 anos, ao lado de meu pai e meus irmãos.
Eu estou de joelhos.
Na segunda, aos 18 anos. A última vez que estive lá antes de julho deste ano.
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