sábado, 6 de janeiro de 2018

Sur Hermoso 4 – Colônia del Sacramento

Pôr-do-sol em Colônia del Sacramento (*)


A maioria das fotos são de Thelmo Lins. 
Outros créditos:
Wagner Cosse (WC) e Vinicius Cosse (VC)
Há casos de autores não identificados, como garçons, transeuntes e outros, que fizeram o registro a pedido do autor deste blog.


            O terceiro ponto turístico mais importante do Uruguai é Colônia del Sacramento. Ela fica a 180 km de Montevideo, ligadas uma rodovia duplicada, em ótimo estado de conservação e paisagens incríveis. De Buenos Aires, capital da Argentina, a Colônia basta atravessar o Rio da Prata. São 100 km de distância, realizados em uma hora e meia aproximadamente, nos confortáveis barcos disponíveis na região.
            Por se tratar de uma cidade histórica, tombada como Patrimônio Mundial pela Unesco, Colônia tem marcas do seu passado no casario preservado na área central. Ela ostenta o título de mais antiga cidade do Uruguai, fundada por espanhois e portugueses, que brigavam pela autonomia do disputado porto do Rio da Prata. Aquelas ruazinhas com calçamento de pedra também estão presentes, assim como as charmosas vielas típicas desse tipo de aglomerado urbano. Sem esquecer os lampiões com a iluminação sépia que deixam as atmosfera mais romântica.
            Não esperem uma Ouro Preto, uma Diamantina ou uma Tiradentes, para falar de três exemplos mineiros de patrimônio histórico tombados pela Unesco. Ali não existe o ouro nas igrejas e nem o imponente casario das Gerais. Pelo contrário, as casas são simples, algumas feitas de pedra. O museu Casa Nacarello, na Plaza Mayor, que reproduz uma residência do século 18, é de uma simplicidade chocante. O museu Municipal, ao lado, já é um pouco mais elaborado. Mas não chegam à sofisticação do Museu de Artes e Ofícios (em Belo Horizonte) ou do Museu da Inconfidência, na antiga Vila Rica.
            Caminhar descansadamente pelas ruas de Colônia, tomando um sorvete, fotografando ou contemplando a paisagem, é o bastante. Ali há também o farol, que podemos subir e de onde se avistam belas paisagens, principalmente a imensidão do Rio da Prata. Há o famoso pôr-do-sol, que se constitui em um programa obrigatório para todos os fins de tarde. Nadar nas praias fluviais também são um alívio para o calor e uma bênção para a renovação das energias.
            No intuito de conhecer melhor a região (além do pequeno centro histórico, a cidade se abre para uma parte mais moderna, onde estão as principais praias), alugamos um carrinho motorizado, que lembra aqueles usados pelos jogadores de golfe. Com ele percorremos as ruazinhas e seguimos até a Praça de Touros, a 8 km do centro. O aluguel por 24 horas custa 70 dólares.
            Em Colônia há várias galerias de arte, em especial na Calle de los Suspiros (Rua dos Suspiros), com obras e artesanatos incríveis. Como acontece em nossas cidades históricas, as casas antigas vão se abrindo em um sem número de cômodos até chegar a um pátio (ou quintal) com árvores e plantas. Colônia é muito arborizada e os plátanos dominam a paisagem por lá, formando verdadeiros corredores verdes, a exemplo do que vimos na capital uruguaia.
            Almoçar no coloridíssimo restaurante El Drugstore, em frente à igreja matriz, é outro bom programa. Além de sua decoração interna, muito vibrante, na parte externa estão dois calhambeques dos anos 20. Em um deles, foi colocada uma mesa; e o outro foi transformado em um grande vaso para plantas e flores. Eles viraram atração turística local e viraram o foco preferido dos fotógrafos amadores e profissionais.
            Para os meus companheiros de viagem, Conceição, Regina, Vinicius e Wagner, houve outra atração, que eu dispensei. Eles encararam uma paella uruguaia que, segundo eles, estava deliciosa. Como eu não posso comer frutos do mar, fiquei fora desta. Preferi tomar uma Patrícia (cerveja uruguaia) acompanhada pela famosas empanadas.
            Antes de terminar este texto, que marca minha visita ao Uruguai, gostaria falar sobre alguns viajantes que conhecemos nesse país. Um deles é o casal de paulistanos Adriana e Élio, com quem passamos o Natal. Eles vivem em Brodósqui, interior de São Paulo, de onde saíram para ir até o Uruguai de moto. Percorreram cerca 2.700 km, passando pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Uruguai, visitaram Cabo Polonio, Punta del Este até chegar a Montevideo, onde nos conhecemos. Voltariam por Colônia, margeando o Rio Uruguai até alcançarem o Brasil. Uma jornada e tanto!
            Mais espetacular ainda é a aventura de outro casal, desta vez de argentinos, que conheci em Colônia. Eles saíram de Buenos Aires, de moto, tendo com o destino final Porto de Galinhas, em Pernambuco. Ou seja, 4.700 km só de ida. Haja coragem! Lembrei-me do nosso Brasil Profundo, realizado em dezembro de 2016 e janeiro de 2017, em que Wagner e eu percorremos 8.700 km por vários estados brasileiros de carro. Ah, que saudade!
            Bom, hora de descansar um pouco, pois nos próximos dias voltarei à Buenos Aires, cidade que conheci em 2004 e que, 13 anos depois, retorno para apresenta-la aos meus amigos. O Uruguai se mostrou muito generoso conosco. Seu povo é alegre, receptivo e bastante educado. Amor à primeira vista.

Hasta luego!

(*) A foto em que apareço à frente do pôr-do-sol em Colônia, foi tirada pela filha de um casal de gaúchos que estavam visitando a cidade. Eu havia anotado os seus nomes, mas por infelicidade, acabei perdendo o papel. Mas tive com eles alguns momentos bastante agradáveis, em que discutimos política, cultura e, principalmente, o amor que temos pelo Brasil. Deixo aqui este registro, no intuito de um dia poder encontrá-los novamente.

Ruas arborizadas





Rio da Prata
  








Barca do Buquebus atravessando o rio entre Colônia e Buenos Aires


Farol de Colônia


Colônia vista do Farol (128 degraus)

Rio da Prata visto do Farol

Igreja Matriz vista do Farol

Do alto do Farol






Galeria da Calle dos Suspiros









Calhambeques que se transformaram em vasos e mesas de bar

Vinicius e o calhambeque que virou vaso de plantas

Wagner no calhambeque-mesa


Pôr-do-sol



 



A cerveja uruguaia e a empanada

 Galeria de Arte





Pátio externo da Galeria de Arte



Porta da Cidade Antiga

Restaurante Drugstore



Paella uruguaia


Museu Municipal




Artista de rua

Carrinho de golfe utilizado para passear pela cidade

Plaza de Toros



Regina e Wagner no Rio da Prata

Pôr-do-sol no Rio da Prata

Wagner

Regina

Wagner

Thelmo

Colônia à noite










Sur Hermoso 3 – Piriápolis e Punta del Este

Na Casapueblo. Foto de Wagner Cosse
A maioria das fotos são de Thelmo Lins. 
Outros créditos:
Wagner Cosse (WC) e Vinicius Cosse (VC)
Há casos de autores não identificados, como garçons, transeuntes e outros, que fizeram o registro a pedido do autor deste blog.

Desde que chegamos ao Uruguai, tentamos alugar um carro para passear pela região com mais liberdade de trânsito. No entanto, não conseguimos nenhum veículo disponível, talvez por causa da época do ano (entre o Natal e o Ano Novo). Por isso, a opção (uma vez que estávamos em grupo de cinco pessoas e sendo uma delas com mais de 70 anos) foi comprar pacotes de excursões. E assim fizemos para conhecer Punta del Este em pleno dia de Natal: 25 de dezembro de 2017.
            O passeio, que dura o dia inteiro, tem o destino final em Punta del Este, mas percorre as regiões de Canelones e Maldonado, num percurso de aproximadamente 130 km. O custo da viagem é de 50 dólares por pessoa.
            A primeira parada aconteceu em Piriápolis (98 km da capital uruguaia). O pequeno balneário foi criado no final do século 19 por iniciativa do rico empresário Francisco Piria (1847-1933). A ideia foi criar, no Uruguai, uma atração turística nos moldes da Riviera Francesa. A construção dos hotéis Argentino e Colón e do Castelo de Piria, lá pelos anos 1930, foi o marco inicial para a atração da elite uruguaia e argentina, que ali edificou suas belas mansões, várias delas ainda preservadas com seus belos jardins. A rambla também é muito charmosa, proporcionando um ar sofisticado ao local.
            Atualmente Piriápolis é o segundo balneário mais frequentado do Uruguai, perdendo apenas em número de turistas para Punta del Este. E a população do país, sejam ricos ou nem tanto, podem usufruir das praias tranquilas do Rio da Prata.
            Cercada de morros (cerros, em espanhol), uma das principais atrações da cidade é o Cerro San Antonio, de onde se tem uma bela vista da região. No monte há também uma pequena capela dedicada ao santo padroeiro, além de lojinhas de artesanato e lanchonetes.
            A próxima parada foi a impressionante Casapueblo, o museu-atelier criado pelo artista plástico Carlos Vilaró (1923-2014), expoente do modernismo uruguaio. Foi para esta construção que Vinicius de Moraes, amigo do proprietário, criou a canção “A casa” (“Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada...”). A guia da excursão mencionou o fato e fez todos os brasileiros que estavam no ônibus cantarem a música. Aliás, diga-se de passagem, só se ouvia português no Uruguai. De acordo com uma pesquisa de 2016, mais de 180 mil brasileiros estiveram em terras uruguaias naquele ano, e o Brasil é o segundo país em quantidade de visitantes, só perdendo para a Argentina, que enviou 1,3 milhão de turistas. O Chile ficou com o terceiro lugar, com 32 mil visitantes.
            A Casapueblo, por sua beleza, localização e significado, é muito visitada. Seus corredores tortuosos ficam lotados de pessoas de todas as faixas etárias e nacionalidades. Há uma bela vista para o Rio da Prata, que contrasta com o branco da sua pintura. Numa foto aérea, descobriu-se que o complexo tem o formato do mapa do Brasil. Não se sabe se foi intencional ou não, mas é uma curiosidade.
            Há, também, uma galeria de arte e lojas, onde podem ser adquiridas reproduções das obras do Vilaró. Os cômodos e áreas de circulação trazem nomes de amigos do artista, dentre eles o do poeta Vinicius e do pintor Pablo Picasso.
            Deixamos a Casapueblo e nos dirigimos para Punta del Este. Circulamos por bairros da cidade, alguns deles com nomes importados como Pine Beach, Aidy Green, Deauville e Beverly Hills (eca!). Este último deve-se ao fato de abrigar, dentre tantas casas, mansões de estrelas de cinema. Há também campos de golfe e hotéis estrelados.
            Segundo a nossa guia turística, Punta del Este vem perdendo o espaço dentre as preferências dos ricos e famosos para José Ignácio, outro pequeno balneário bem perto dali. Tudo por questões de exclusividade. Mas, em Punta estão os principais cassinos, dentre eles o luxuoso Conrad, que vimos só de passagem. A famosa escultura La Mano, que mostra os cinco dedos de uma mão emergindo das areias da praia, é a atração mais visitada. Fica lotada de turistas o tempo inteiro. Ela foi criada pelo artista chileno Mario Irarrázabal, em 1982.
            Transitamos ainda pela Ponte Ondulada, de 1965, que proporciona uma pequena sensação de vertigem quando o automóvel a percorre em velocidade mais alta. É claro que o motorista do ônibus fez a brincadeira conosco!
            Punta del Este, fiquei sabendo nesta viagem, é onde termina o Rio da Prata e começa o Oceano Atlântico. Por isso, parte das praias é de água doce (ou salobra) e outra parte, de água salgada. A Praia Mansa é formada pelo rio, enquanto a Praia Brava, pelo mar. Em alguns lugares, é possível observar as suas diferentes tonalidades: o rio é mais barrento, embora as águas sejam limpas; e o mar, mais azul esverdeado.
            E dá-lhe brasileiros. Parecia que um transatlântico, que estava ancorado no porto, havia desembarcado centenas de conterrâneos no local. Era difícil ouvir o castelhano. Nas lojas, não sei se para agradar ou espantar tocava em alto som aquelas baladas sertanejas que ouvimos em nossas emissoras de rádio. Mas havia uma loja onde se ouviam os sons de Gal, Bethânia, Chico, Gil, Caetano, Djavan, dentre outros. Preferimos ficar mais tempo por ali.
            Outra coisa que chamou a atenção foi a tranquilidade. Tanto em Montevideo quanto em Punta del Este, as mansões não têm muros. São belos jardins que se integram à paisagem, sem anteparos. Há exceções, mas na maioria dos casos é assim. A violência e a criminalidade no país são baixas e há muita segurança. Que continue assim!
            Desde que viajamos (Conceição, Regina, Vinicius, Wagner e eu) fomos abençoados pelo ótimo clima do Uruguai. Quase o tempo todo o sol brilhava no céu azul. Havia um certo calor, principalmente na região das praias, mas adequadíssimo ao local e à época do ano, o verão. Portanto, muito melhor do que a encomenda (tínhamos receio que chovesse!).

            Depois do tour, voltamos ao nosso hotel em Montevideo, para um descanso. No dia seguinte, logo da manhã, partiríamos para uma nova etapa da viagem: Colônia del Sacramento.

 Piriápolis


Hotel Colón

Hotel Argentino e as ramblas

Wagner no Cerro San Antonio

Com Conceição, Vinicius e Regina, no Cerro San Antonio (foto WC)

 Casapueblo





Construção em formato do mapa do Brasil, vista do alto

Na foto, Carlos Vilaró





Picasso e Vilaró

Conceição admira o hotel da Casapueblo

Punta del Este


La Mano


Regina e eu em La Mano (foto WC)

Hotel e cassino Conrad

Arquitetura da área de hotelaria


Praia Brava

Iate clube de Punta del Este (foto WC)

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