Nadando no Rio Talhado. Foto de Wagner Cosse editada por Thelmo Lins |
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Todas as fotos são de Thelmo Lins e Wagner Cosse
No Carnaval 2024, ao invés de abraçar a folia, retirei-me para buscar um contato próximo com a natureza. Estava com saudade das cachoeiras e riachos de Minas Gerais. Fui conhecer o Parque Estadual de Serra Nova e Talhado, no norte do Estado, a aproximadamente 600 km de Belo Horizonte e 170 km de Montes Claros.
Minas Gerais tem muitos parques, sejam eles estaduais ou
nacionais. Há alguns anos eu venho tentando conhecê-los. Neste blog, você pode
conferir as visitas que fiz a parques como o “Grande Sertão, Veredas”, “Serra
da Boa Esperança”, “Serra do Brigadeiro”, “Rio Doce” e “Rio Preto”. Além deles,
já visitei a “Serra da Canastra”, a “Serra do Cipó”, dentre outros. São
importantes guardiões das nascentes dos rios, das reservas florestais e refúgio
dos animais silvestres.
Confesso que desconhecia a existência do Parque Estadual de Serra Nova e Talhado, que ocupa uma área de quase 50 mil hectares, nos
municípios de Rio Pardo de Minas, Serranópolis de Minas, Mato Verde,
Porteirinha e Riacho dos Machados. A cidade mais próxima da entrada principal é
Serranópolis de Minas, onde eu e meu companheiro de viagem, Wagner Cosse, nos hospedamos.
Ficamos no Hotel Serrano, uma das poucas opções de
hospedagem na região. As outras são pousadas na zona rural e camping. Apesar da
pujança do parque, Serranópolis de Minas ainda não acordou para o turismo e não
investe de maneira efetiva no aprimoramento desta área. Não existe uma boa
estrutura para receber os visitantes. É uma cidade muito pequena, com menos de
5 mil habitantes. Não tem alguns serviços básicos de qualidade, como
lanchonetes, cafeterias e restaurantes. Nem mesmo um caixa eletrônico tipo Banco 24 Horas, embora
todos aceitem PIX ou cartões de crédito ou débito. Há uma única exceção no
quesito alimentação, que é o Rancho Jatobá, que fornece uma culinária saborosa
e diferenciada.
Não há boas padarias nem um comércio razoável. Não vimos
nenhuma loja de artesanato local e algumas informações sugeridas pelo site www.visiteserranopolis.com.br estão desatualizados ou precisam de
agendamento antecipado. Tínhamos a pretensão de conhecer algumas pessoas, como
o Sr. Geraldo, que cultiva sementes crioulas, e a Queijaria da Dinda, que
fabrica queijos artesanais, mas não conseguimos concretizar os passeios, seja
por falta de disponibilidade ou dificuldade de acesso aos locais.
A cidade tem uma boa produção de café e laticínios, mas a
gente não encontra os produtos nos mercadinhos. Ou seja, falta uma interação
maior entre a oferta e a procura para que o turismo de Serranópolis de Minas
seja uma fonte concreta de renda para o município.
O Parque Estadual de Serra Nova e Talhado situa-se a cerca de 6 km do hotel, por uma estrada de terra razoavelmente conservada. Por ser um período de Carnaval, julguei que encontraríamos muitos visitantes. Ledo engano. O parque ainda tem uma visitação baixa, porque não é muito conhecido. Confesso que não achamos isso ruim, pois tivemos toda aquela natureza deslumbrante para nós e outros esporádicos visitantes.
Existem várias atrações, como o Poço do Talhado, que fica
bem na entrada do parque e é o melhor local para quem está viajando com
crianças pequenas. Já o Poço da Sereia, que Wagner e eu visitamos, é preciso
caminhar cerca de 8 km ida e volta, em uma trilha bem sinalizada, mas
acidentada. Existe também a trilha das Sete Quedas, que é um conjunto de
cachoeiras. Mas, para chegar até lá, é preciso andar cerca de 17 km (ida e
volta). Desta vez, não fizemos este trajeto. Outro atrativo é a travessia do Rio Talhado, que dura de dois a três
dias, mediante programação antecipada e a condução de guias especializados.
No entanto, não é preciso andar muito para se ter o prazer de relaxar nas corredeiras do Rio Talhado, que abastece toda a região. São pequenas quedas d´água, que se transformam em duchas e banheiras de hidromassagem. As águas têm a coloração avermelhada, embora sejam límpidas. O visual é impressionante. As formações rochosas lembram um pouco a Chapada Diamantina, na Bahia, pois ambos os parques integram a mesma serra, a do Espinhaço, uma das principais fontes de abastecimento de água do país. Mas lá eles a chamam de Serra Geral.
No dia seguinte, fomos conhecer a Cachoeira do Cerrado
(ou Serrado), que fica na divisa com o município de Porteirinha, a
aproximadamente 25 km de automóvel do centro de Serranópolis de Minas, por uma
estrada de terra bem conservada, mas quase sem placas indicativas. Como o GPS
não funcionou direito, o jeito foi parar várias vezes e perguntar para os
moradores da região.
A cachoeira é lindíssima e tem cerca de 100 metros de
altura. A queda surge no meio de uma montanha de pedras de grande beleza. Tanto na cachoeira, como na outra entrada do parque, é preciso se identificar com os funcionários do IEF (Instituto Estadual de Florestas),
autarquia que cuida da sua manutenção. A cachoeira também conta com apoio do
Corpo de Bombeiros, que está lá para qualquer eventualidade.
Não há nenhum serviço nesses locais, como lanchonete,
restaurante, camping, etc. É expressamente proibido acender fogo ou usar
churrasqueiras, utilizar aparelhagem de som ou jogar lixo e colher mudas de
plantas. Infelizmente nem sempre isso é cumprido à risca, apesar de todo o
cuidado dos funcionários, que são em pequena quantidade para tamanha demanda.
A Cachoeira do Cerrado (ou Serrado) é muito visitada pela população local,
apesar de não estar excessivamente cheia a ponto de incomodar a nossa
tranquilidade. Prepare-se: as águas são frias, mas o calor é tanto que logo
logo a gente se acostuma.
Outro ponto imperdível é a Prainha, um trecho do Rio
Talhado com areia branca em suas margens. Ela fica a menos de 5 km de
Serranópolis de Minas e a 500 m da entrada principal do parque. Visitamos o local na Quarta-Feira de Cinzas, quando a
maioria dos turistas já tinha ido embora. Portanto, o local ficou praticamente
exclusivo para nós dois. Ficamos lá mais de duas horas sozinhos, curtindo as
águas tranquilas e os poços e as corredeiras criadas pelo rio.
Acredito que a Prainha deva ser evitada em feriados e
finais de semana, quando há muita visitação. Vimos várias churrasqueiras e tivemos
impressão de que havia passado por ali uma turba sem educação, que deixou para
trás latinhas de cerveja, copos de plástico, muitas tampinhas de garrafa e até
(pasme!) um travesseiro e peças de roupa. Wagner coletou uma sacola plástica de
lixo e não conseguiu limpar tudo. Apesar disso, a Prainha é visita
obrigatória. O lugar é incrivelmente belo.
Ressalto, por fim, que ficamos surpreendidos com a
situação das rodovias que ligam Belo Horizonte a Montes Claros. Estão bem conservadas. O ponto negativo é a cobrança de pedágios, pois os
trechos foram privatizados. Passamos por seis deles, que nos levaram mais de R$
50 reais. Vários aceitam cartão de crédito ou débito.
No entanto, o trecho entre Janaúba e Serranópolis de Minas
é dramático. Há muitos buracos na pista, que a tornam extremamente perigosa.
Parece que há um projeto de recapeamento asfáltico para sanar o problema.
Espero que, quando você for visitar o parque, já encontre esse trecho da
estrada em melhores condições.
Espero que tenha gostado da dica. E até a próxima viagem!
Grande abraço!
P.S. Vale ressaltar que, apesar da pouca estrutura turística de Serranópolis de Minas, tivemos a sorte de conhecer a Márcia, proprietária do Hotel Serrano, uma mulher empreendedora, que sonha novos e melhores dias para este negócio.
Serranópolis de Minas
Parque Estadual Serra Nova e Talhado
Poço do Talhado
Trilha sinalizada com setas vermelhas |
Flora local |
Flor do pequizeiro |
Poço da Sereia
Quedas e piscinas do Rio Talhado
Paisagem da Serra Geral ou do Espinhaço
Cachoeira do Cerrado ou Serrado e estrada de acesso
Estrada rural entre Serranópolis e Porteirinha
Prainha
Prainha |
Wagner coleta lixo na Prainha |