sábado, 22 de março de 2025

Turnê Atacama/Uyuni Parte II: Lagunas Altiplanas

 

Em frente à laguna Miscanti (foto de Wagner Cosse)

Veja as fotos no final do texto
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    A segunda parte da nossa viagem ao Deserto do Atacama (viajamos em um grupo de cinco pessoas, organizado pela agência Minas Ecoturismo, de Belo Horizonte), envolveu as Lagunas Altiplanas. 

    O passeio começa bem cedo e o café da manhã é servido em uma parada próxima ao Trópico de Capricórnio. Aliás, nesta latitude descemos para tirar fotos tanto na placa alusiva nas margens da estrada. Era uma rodovia extensa e muito plana, com pouquíssimo movimento de automóveis, o que permitia poses diversas no meio do asfalto.

    Apesar de ser um deserto, o degelo das montanhas forma vários lagos, como as lagunas Miscanti, Miñeques e Chaxa. A paisagem é, realmente, sensacional, com inúmeros tons de azul, laranja, amarelo, verde e outras cores, de forma cristalina e vibrante. Todas ficam a altitudes em torno de 4.000 metros acima do nível do mar e são circundadas por montanhas (e vulcões) com neves eternas.

    A região fica perto de minas de sal e salitre, a maioria já esgotada ou extinta, que outrora foram a fonte de renda de milhares de famílias. Cidades-fantasma como Humberstone, tombada pela Unesco como patrimônio da Humanidade. Tem um filme, disponível na Prime Vídeo, chamado “A contadora de filmes”, que é inspirado em histórias da região.

    Ali perto também está situado o Salar do Atacama, que não conhecemos, pois o nosso passeio já incluía o de Uyuni, na Bolívia, que é considerado o maior do mundo. Quem tiver disponibilidade de ficar mais tempo na região, vale a pena colocar esta atração no passeio.

    Para ter acesso às lagunas acima citadas, temos que caminhar um pouco. Coisa de, talvez, uns cinco quilômetros no total, realizados de maneira bastante tranquila, em trilhas planas e bem sinalizadas, com a presença constante de um guia. Por causa da altitude, às vezes ela pode se tornar cansativa. Mas eu confesso que não senti nada, além de alguma leve dor de cabeça, que já faz parte do “enredo”.


Intransigência


    O próximo destino são as Piedras Rojas. Mas houve um pequeno incidente que quase atrapalhou a minha viagem. Ao iniciar a trilha, notei que havia me esquecido da câmera fotográfica na van. Era coisa de um minuto para abrir o carro e pegar o objeto, que muito me faz falta, pois eu gosto de fazer uma boa cobertura fotográfica, principalmente para inserir neste blog fotos de qualidade. No entanto, o motorista se recusou a abrir o veículo, mesmo com os apelos feitos por mim e por Wagner. Ele alegou que não poderíamos voltar e que teríamos que seguir junto com o grupo. 

    Um guia chileno, que acompanhava um grupo próximo ao nosso, tomou as nossas dores e também insistiu com o guia, mas ele foi irredutível. Por pouco não desisti de continuar o trajeto para a região das Piedras Rojas, tamanha a minha indignação. Só fiz porque Wagner insistiu muito, dizendo que aquele problema não poderia atrapalhar o meu passeio. Fui engasgado com aquela situação.

    Acabou que as fotos daquela região foram feitas pelo celular e em outra máquina com menos recursos. Ao voltarmos para São Pedro de Atacama, Wagner quis fazer a queixa sobre o ocorrido e a intransigência do motorista junto às agências que organizaram o passeio. Uma delas tinha proprietários brasileiros. Talvez não dê em nada, porque essas coisas acabam sendo esquecidas. Mas eu fiz questão de fazer este registro e desabafar nessa postagem.

    Depois disso, almoçamos na mesma parada do café da manhã. Um almoço horrível, diga-se de passagem, pois foi servido frio. O local não tinha paredes para fazer anteparo ao vento insistente que vinha das montanhas, piorando a situação. Assim, a experiência não foi agradável.

    Para finalizar, visitamos a laguna Chaxa, de onde podem ser avistados alguns (poucos) flamingos andinos. Segundo o guia, nessa época do ano, o bando costuma rumar para outras regiões, deixando apenas poucas e resistentes aves no local. Apesar do sol escaldante, a beleza da paisagem compensou o esforço.

    Retornamos a São Pedro no princípio da noite, tempo suficiente para jantar e, depois, descansar, pois no dia seguinte iniciaríamos o tour para a Bolívia. Teríamos que estar prontos às 4 da madrugada. Ufa!


Fotos


Mapa da região
(fonte: National Geográfic)

Laguna Miscanti






Wagner



Laguna Miñeques









Laguna Chaxa






Entre os dois pássaros, uma espécie de lagarto típico do
local e protegido pelos órgãos ambientalistas


Tipos de flamingos encontrados nos Andes

Piedras Rojas



Trilha






Trópico de Capricórnio




Com Guto, Márcia e Wagner

Com Wagner, em Piedras Rojas,
trocando a minha indignação por um sorriso
(foto de Guto)

quinta-feira, 20 de março de 2025

Turnê Atacama/Uyuni Parte I: São Pedro de Atacama e redondezas

 

Em frente à Igreja Matriz de São Pedro de Atacama
(foto de Wagner Cosse)

No final do texto, confira as fotos da viagem. Clique para ampliá-las

No dia 28 de março de 2025, o blog Descobertas do Thelmo completa 13 anos de história. Neste período visitamos vários países estrangeiros, parques nacionais e estaduais e recantos do Brasil. Foram 182 postagens (esta é a de número 183), acessadas por quase meio milhão de pessoas, numa média de 2.700 por postagem. 

    Mesmo escrito em português, os principais visitantes vêm dos Estados Unidos, seguidos pelo Brasil, Singapura, Portugal, França, Colômbia, Reino Unido, Hong Kong e Índia, entre outros países. Trata-se de um triunfo, considerando que não faço publicidade, não invisto em impulsionamentos nas redes sociais e nem monetizo minhas postagens. Ou seja, tudo que está escrito nestas páginas é fruto exclusivo de minhas experiências pessoais em viagens que faço, com recursos próprios, enfatizando meu gosto e prazer em tirar fotos e dividir com as pessoas o meu olhar sobre determinados lugares.

    Dito isto, parto para novas postagens, desta vez envolvendo o Deserto do Atacama, no Chile, e o Salar de Uyuni, na Bolívia. A viagem foi realizada em março de 2025, com a duração de uma semana. O pacote foi adquirido na Minas Ecoturismo, agência que realiza passeios nacionais e internacionais. É a primeira vez que viajo com esta agência e realizo um pacote desta natureza depois de anos viajando por conta própria ou montando meus pacotes, de acordo com as necessidades particulares.

    Confesso que uma semana é muito pouco para este tipo de viagem. Primeiramente, porque o deslocamento é muito cansativo. Voamos pela Latam de Belo Horizonte a Calama (Chile), com conexões em Brasília (ida) ou São Paulo (volta) e em Santiago. Ou seja, passamos praticamente o dia inteiro em aviões e aeroportos. De Calama a São Pedro mais 150 quilômetros de rodovia.

    Em segundo lugar, porque sobraram apenas cinco dias para visitar as atrações, sendo que um deles – o penúltimo – foi gasto praticamente no trecho entre Uyuni e São Pedro de Atacama, fato que relatarei posteriormente. A maioria dos dias a programação começava muito cedo e terminava tarde, sobrando pouco tempo para descansar entre um atrativo e outro. Não gostaria de repetir este tipo de viagem novamente. Quero ter mais tempo para apreciar cada local, com alguma calma e tranquilidade.


São Pedro de Atacama


    São Pedro de Atacama é uma vila chilena de aproximadamente 5.000 habitantes, situada a 2.400 metros acima do nível do mar. É ponto principal para conhecer o Deserto do Atacama que, segundo as estatísticas, é a principal atração turística do Chile. De acordo com recente pesquisa, realizada pelo site Booking e com a participação de mais de 23.000 pessoas de diversos países, Atacama é o destino preferido de 62% dos entrevistados para o ano de 2025. Fiquei sabendo que 70% dos turistas que visitam o deserto são brasileiros. Não tenho certeza do percentual, mas havia muita gente que falava nossa língua por lá, inclusive entre os guias e proprietários de agências de turismo.

    A melhor época para ir ao Atacama é no verão (entre dezembro e março), quando as temperaturas médias são mais amenas (cerca de 17 graus) e o céu está em melhores condições para observar o firmamento. O Atacama é um dos lugares mais secos da face da Terra e com o céu mais límpido. Não é à-toa que lá estão os principais observatórios astronômicos do mundo.

    Por isso, também, São Pedro é muito poeirenta. Há poucas ruas calçadas. A maioria é de terra. Em março, o trânsito de veículos não é tão intenso quanto em dezembro e janeiro, mas mesmo assim a poeira é intensa. Usei máscara quase o tempo todo para transitar entre a pousada e centro histórico, onde ficavam os restaurantes, lojas e as principais atrações do lugarejo. A mineração (principalmente de lítio) ameaça os pontos turísticos e há vários cartazes nos muros da cidade reivindicando cuidados com o meio ambiente. Perto dali está a maior mina de cobre do mundo: Chuquicamata.

    Frio e poeira, para um alérgico como eu, não é uma boa pedida: a garganta e o nariz ficaram afetados. Felizmente, levei soro fisiológico para limpar as vias nasais, o que é artigo de primeira necessidade por ali. É preciso estar preparado com outros medicamentos, quase todo o grupo ficou espirrando ou com tosse seca.

    Ressalto que São Pedro é uma cidade histórica, com alguns prédios que remontam ao século XVI. Tem uma estrutura simpática, com lugares bastante agradáveis. Em especial o restaurante La Picada del Indio, que se tornou um “point” por apresentar comida boa com preços razoáveis (as coisas costumam ser caras na região). Gostei também da cafeteria Salon de Te, que tinha no cardápio tortas doces e salgadas. E o café, é claro. Digo isso porque todo o tempo nos ofereciam café solúvel e eu andava louco por um café de verdade.


Vale da Lua


    O roteiro previa a visita ao Vale da Lua, lugar muito procurado pelos viajantes e turistas. O passeio começa no início da tarde, pois a intenção final é observar o pôr do sol.  Subimos e descemos o vale, passando por dunas e montanhas de formações exóticas, algumas com formatos que aguçavam nossa criatividade. No local, foram encontrados vestígios de outras civilizações, graças ao trabalho de Gustavo Le Paige (1903-1980), um padre católico de origem belga, com conhecimentos de Arqueologia. Atualmente existe um museu em São Pedro com 300.000 peças recolhidas por ele ao longo da vida, entre peças de cerâmica, múmias, fragmentos de tecidos, dentre outras.

    Alerto que não são trilhas muito adequadas para pessoas com problemas de saúde ou mais idosas. Crianças, então, quase não são vistas. Sem falar nas condições climáticas (frio, vento, secura do ar), os locais ficam em altitudes que comprometem às vezes a respiração. É bom estar bem preparado fisicamente, embora tenhamos visto pessoas com dificuldade de caminhar e com idades mais avançadas. 


Vale de Marte


    A segunda parte do trajeto foi o Vale de Marte (ou da Morte, há controvérsias), a alguns quilômetros da primeira parada, de onde paramos para assistir ao crepúsculo. Antes um pouco, uma pequena parada para lanchar (por conta do passeio), com direito a um brinde de Pisco Sour, um coquetel típico da região andina, composto por pisco, limão, xarope de açúcar e clara de ovo (opcional).


Tour Astronômico


    Terminamos o dia no Tour Astronômico. Este passeio não estava no roteiro original. Foi realizado à parte. Trata-se da observação minuciosa do céu estrelado. Um micro-ônibus nos leva para um lugar ermo, sem energia elétrica e longe dos postes de iluminação, onde são disponibilizadas algumas espreguiçadeiras. O guia faz uma explicação do sistema solar e das constelações, utilizando uma caneta com um poderoso facho de luz, de onde ele mirava os pontos abordados. 

    Em seguida, os integrantes receberam instruções de como fotografar as estrelas utilizando o celular e ou câmeras fotográficas. Depois da lição e dos conseguintes testes, foi oferecido uma merenda, com direito a vinhos e petiscos. Havia, ainda, um fotógrafo à disposição para produzir uma imagem dos integrantes. Finalizando o tour, observamos a lua e algumas estrelas em telescópios especiais.

    A frustração, com certeza, foi o brilho intenso da lua que estava em fase crescente. O fato minimizou a claridade das estrelas e dos planetas. Havia, também, algumas nuvens no céu, que atrapalharam um pouco, mas não chegaram a interferir de maneira drástica na qualidade do passeio. 

    O Tour Astronômico termina tarde, depois de meia noite. Então, era hora de voltar para a pousada e descansar, pois o passeio do dia seguinte começaria bem cedo. 

    Ressalto que a viagem ao Atacama/Uyuni foi realizada originalmente na companhia de Wagner, Márcia, Guto e Leonardo, oriundos de Belo Horizonte por meio da Minas Ecoturismo. Posteriormente, conhecemos outros grupos e pessoas, o que tornaram o roteiro mais interessante e animado.


FOTOS


São Pedro de Atacama


Vista noturna de São Pedro, no dia de nossa chegada

Praça principal da cidade (Foto Wagner Cosse)


O vulcão Licancabur, que emoldura a cidade

O restaurante La Picada del Indio




Salon de Te

Interior do Salon de Te

Interior do La Picada del Indio


Vale da Lua e Vale de Marte


Trilha para o Vale da Lua

Guia Pilar informa sobre as formações rochosas








Ao fundo, um dos símbolos do vale (foto de Wagner Cosse)


Pilar e o motorista preparam o lanche


No Vale de Marte (ou da Morte), esperando o sol se por


Foto de Wagner Cosse

Da dir. para esq: Guto, Márcia, Leo, Wagner e eu:
novos amigos e companheiros de viagem
(foto de Pilar)


Pôr do sol no Vale de Marte


A lua crescente


Tour Astronômico


Wagner e eu pousando no tour

Foto realizada a partir das lições apreendidas

Tirando foto das estrelas

A lua quase cheia no dia do tour






Viagem à Colômbia – Parte VII – Cartagena

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