domingo, 26 de janeiro de 2014

No Rio, em pleno verão

No Museu de Belas Artes, admirando a obra de Pedro Américo


Seriam necessários vários textos para retratar a complexidade do Rio de Janeiro, uma belíssima cidade que carrega com muita fidelidade todos os pontos positivos e negativos do Brasil. É o nosso espelho mais evidente, na minha opinião. Portanto, feito este breve comentário, o que reporto aqui são fragmentos de emoções vividas na Cidade Maravilhosa em dois dias que lá estive em janeiro de 2014, em pleno verão.
Como a praia não estava própria para o banho e, confesso, não faz muito minha cabeça ficar horas deitado nas areias escaldantes sob um sol de 40 graus, preferi curtir o Rio histórico e cultural.
Vale ressaltar, também, que os preços extorsivos cobrados na praia expulsavam qualquer turista um pouco mais consciente do valor do dinheiro. Um coco beirava a R$ 15, enquanto uma latinha de Coca-Cola chegava a R$ 5. Água mineral, entre de R$ 3 e R$ 4. Os hotéis e restaurantes também acompanhavam este batente. Ou seja, a boa e velha exploração, que nos fazia repetir a frase mais falada pelos brasileiros: “imagina na Copa!”.
Em contrapartida, como o meu hotel ficava perto da Estação do Metrô Siqueira Campos, em Copacabana, descobri este meio de transporte carioca com algum entusiasmo. Não entrei em nenhum taxi, a não ser para ir ao aeroporto, mesmo assim porque o ônibus que leva ao Galeão estava muito atrasado, o que poderia comprometer o meu voo. Fora isso, metrô e ônibus de integração para ir ao Leblon, Ipanema e área central da cidade. Em todas as ocasiões, por sorte, com extremo conforto e ar condicionado, o que aliviava numa situação de calor insuportável. Tudo ao valor de R$ 3,20 a passagem.

No primeiro dia, o programa foi conhecer o Museu Nacional de Belas Artes, na Cinelândia. Esta parte da cidade é um charme e o museu é primoroso. Ali pude viajar nas obras de arte dos séculos 19 e 20, todas obras primas que frequentam nosso imaginário desde o primeiro contato com a história do Brasil. Rodolfo Amoedo, Pedro Américo, Vitor Meireles, Guignard, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, para citar alguns dos pintores. A entrada é gratuita. Deslumbrante!
Dali dei uma volta pelo centro da cidade, passando na Rua do Ouvidor, Confeitaria Colombo, Centro Cultural do Banco do Brasil, Igreja do Carmo, Paço Imperial e o Edifício Gustavo Capanema, obra prima do modernismo brasileiro, assinado por Lúcio Costa e Niemeyer. Por suas famosas colunas passaram grandes nomes da nossa cultura, inclusive Carlos Drummond de Andrade, que batia ponto nesse prédio. Azulejos de Portinari completam a cena.
Encerrei meu dia conferindo a peça “Azul Resplendor”, em cartaz no SESC Ginástico, ali perto. No elenco, a atriz Eva Wilma comemora 60 anos de carreira e 80 anos de idade. Uma boa reflexão sobre o teatro.

No segundo dia, fui conhecer o novo Museu de Arte do Rio, popularmente conhecido como MAR. O espaço, localizado na Praça Mauá, é o pilar das novas ocupações da área portuária do Rio de Janeiro, que será transformada num grande espaço de lazer e cultura até as Olimpíadas de 2016. Ao lado o prédio do museu, veem-se grandes guindastes e obras faraônicas, uma delas a polêmica destruição de um elevado, que enfeiava toda a região. Pela quantidade de concreto e ferro, nota-se que estão sendo gastos bilhões de reais.
O MAR é um projeto ambicioso. Existia um prédio antigo, muito bonito, que foi completamente restaurado. E, ao seu lado, foi edificada uma construção moderna, que se une ao prédio histórico, compondo o museu.
Ainda não existe um acervo permanente no MAR. Ele ainda está sendo levantado e catalogado. Por enquanto, as galerias estão sendo ocupadas por exposições temporárias, cujo mote principal é o Rio de Janeiro. O que mais me impressionou foi um vídeo gigante, que reproduz - em computação gráfica e muito realismo - como era a antiga Avenida Central (atual Rio Branco), na ocasião em que o prefeito Pereira Passos a construiu e quis transformar o centro do Rio de Janeiro numa cópia tropical de Paris. É lindo!
Chamaram a minha atenção outras exposições, inclusive uma sobre a arte pernambucana e a arte dos skatistas e surfistas. Pelo público, notam-se pessoas de diversas faixas etárias, pois os temas são abrangentes e interessantes. O museu também abriga dois restaurantes e uma lojinha. A entrada no museu custa R$ 8, Mas às terças-feiras, não se cobra nada pelo ingresso.

No mais, o Rio de entrega de bandeja, numa paisagem escandalosamente bela. Mesmo com todos os maus tratos (e são muitos), como ruas sujas, canteiros mal cuidados, falta de informação e até mau humor dos cariocas (o que me surpreendeu, admito), a pujança é notória. Tudo ao mesmo tempo: sol, céu, montanhas, Cristo Redentor, praias paradisíacas (para se ver, pelo menos), pedras monumentais, ótimas livrarias, locais aprazíveis para caminhar e gozar a vida.
É preciso voltar lá muitas vezes para descobrir novos detalhes e segredos que a cidade vai nos contando aos poucos.

Algumas dicas:
No calor do Rio, o metrô é um descanso, graças ao ar condicionado. O mesmo vale para a visitação aos museus, todos fresquinhos e agradáveis.
Tente se hospedar perto de uma estação do metrô, pois dali se alcançam os melhores lugares.

Não se esqueça do protetor solar. Qualquer saidinha é um convite a ficar completamente vermelho. E vá pela sombra!

Evite tomar água dos bebedouros. O tratamentos de água no Rio não é confiável!

Procure se alimentar em locais mais distantes da orla. Os preços são extorsivos nos restaurantes. A poucos quarteirões, os valores podem cair de 20 a 50%.

Use o Decolar.com, Booking ou outros sites desta natureza para reservar a hospedagem e o transporte aéreo. No meu caso, o preço da diária do hotel caiu de R$ 360 (no balcão) para R$ 280 (no site). Vale a pena.


Ao perguntar alguma coisa na rua, prefira os guardas aos transeuntes. Além da segurança, muitos pedestres são também turistas que podem dar uma informação errada (como aconteceu comigo) ou simplesmente não saber. Mesmo os cariocas – comerciantes e outros – têm dificuldade de informar com precisão. Principalmente se o local for menos conhecido.

Fotos de Thelmo Lins

Praia de Copacabana

Calçadão de Copacabana

Bolsa com elementos cariocas

Copacabana

Hotel Copacabana Palace

Cristo Redentor

Teatro Municipal

MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES


















CENTRO DO RIO

Vista interna da Igreja da Candelária

Teto da Candelária

Igreja do Carmo, antiga Sé do Rio de Janeiro

Edifício Capanema

Confeitaria Colombo

Rua do Ouvidor (detalhe)

Torre e cúpula da Candelária

Cúpula do Centro Cultural do Banco do Brasil

Fachada da Igreja do Carmo

Monumento na Cinelândia

Detalhe da fachada da Biblioteca Nacional

MUSEU DE ARTE DO RIO - MAR












OUTRAS PAISAGENS



Praia de Botafogo, com o famoso Pão de Açúcar

Morro do Corcovado, no fim de tarde

2 comentários:

  1. Sobre a parte cultural do Rio. Um outro museu que vale a visita é o Museu Histórico Nacional que fica bem próximo ao Aeroporto Santos Dumont e a Praça XV tem um acervo único sobre a história do Brasil e a chegada da família portuguesa no Rio em 1808. Além do Centro Cultural da Marinha que fica ao lado da Capitania dos Portos que oferece um passeio super em conta à Ilha Fiscal. Vale a pena !

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