Com crianças cubanas, divulgando nosso patriotismo e recebendo carinho |
Estar em Cuba, para mim, teve outro
sabor. Abrir mão de alguns confortos, como a internet. Não que ela não exista.
Os hotéis oferecem, mas o custo é alto. Vai de 6 a 12 CUCs por hora. Ou seja,
algo em torno de 11 a 23 reais. Desliguei-me da fissura de ficar consultando o
Facebook, os e-mails e outras coisas que nos acostumamos a fazer, como havia
desligado o celular logo que pisei em terras estrangeiras. Para ter uma ideia,
em um único momento que liguei o aparelho telefônico, com o intuito de ouvir
música, recebi uma chamada do Brasil. Tempos depois, ela foi cobrada na minha
conta: R$ 11,90. E não durou nem um minuto! Sem celular e sem internet, estava
também sem postagens neste blog. Por isso, estou rememorando todos os fatos uma
semana depois do acontecido, já em casa, no Brasil.
A internet em Cuba é
cara, porque ela é concedida pelos satélites chineses, uma vez que o embargo
econômico norte-americano também inclui qualquer expansão nas redes cubanas. Nas
escolas e nos hotéis, ela é liberada, mediante um controle do governo federal.
O mesmo controle que é aplicado nas transmissões televisivas e radiofônicas.
Nos hotéis, podemos acessar canais de várias partes do mundo, inclusive a CNN
americana. Mas o predomínio, na TV aberta, que a maioria da população acessa,
são as estatais cubanas e a Telesur, da Venezuela. Mas, como tudo que é
controlado, há sempre formas de burlar a ordem estabelecida e hoje, com a
entrada do celular no país (mesmo com chamadas caras para o padrão local), eles
acabam recebendo notícias de todo o mundo.
O maior prazer de
ficar fora do ar foi notar o quanto é bom nos desligarmos das redes sociais,
dos sites, das mensagens, num refúgio tecnológico necessário. O mesmo eu digo
em relação à limpeza provocada pela falta de tantos anúncios nas vias públicas.
Nada de propaganda de bebida, refrigerante, redes de fast food ou telefonia celular. O máximo que vemos é o rum Habana
Club, as marcas de charuto e um ou outro produto, como os sorvetes Coppelia e os
similares da Nestlé ou da Kibon. Limpeza total. Nos outdoors, só imagens de Fidel, Che Guevara, Raul Castro, Hugo
Chaves ou, até mesmo, de Nelson Mandela. E palavras de ordem revolucionárias.
Antes de chegarmos ao
nosso próximo destino, que foi Varadero, Wagner e eu vivemos um momento de
grande emoção juntamente com o nosso guia Ricardo e o motorista Fidel. Havíamos
coletado em todos os hotéis que ficamos na viagem todos aqueles produtos que são
oferecidos nos apartamentos, como xampus, sabonetes e cremes, que não tivemos
oportunidade de usar. O propósito era fazer alguns pacotes e entregar para
famílias pobres de Cuba, que carecem desses produtos no país. Como disse
anteriormente, até papel higiênico é artigo de luxo. Além disso, carregávamos
na bagagem algumas lembranças do Brasil, como bandeiras, chapéus e outros
suvenires da Copa do Mundo. Pedimos ao nosso guia que parasse em algum lugar da
estrada, onde houvesse famílias necessitadas, para fazermos a doação.
Em determinado ponto,
vimos um grupo de crianças brincando com uma bola de futebol. O guia sugeriu
que parássemos ali, pois era um lugar carente. Quando chegamos com os brindes,
começaram a aparecer as famílias e, entre elas, crianças de várias faixas
etárias. Ao notar que estávamos ali para dar-lhe um “regalo”, ficaram muito satisfeitas.
Uma senhora pegou na mão do Wagner e o fez entrar em sua modesta residência e
só permitiu que ele fosse embora carregando algumas frutas como agradecimento.
Estremecemos pelo gesto e Wagner não conteve as lágrimas. O guia quis registrar
os momentos conosco e as crianças. Nesse momento, notei que um dos meninos
tinha algum problema físico e isso me tocou profundamente. Um ato tão simplório
e tão corriqueiro para nós, brasileiros, que temos fartura da área de higiene
pessoal e perfumaria, transformou-se em um dos mais belos e tocantes momentos
de nossa viagem. E, confesso, os grandes presenteados fomos nós, que que recebemos tanto carinho dessas pessoas maravilhosas que são o povo cubano.
Fotos de Thelmo Lins, Wagner Cosse e do guia Ricardo
Wagner (dir) e crianças: reparem, em sua mão, as bananas que ele recebeu da senhora |
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