domingo, 13 de julho de 2014

Santiago de Cuba, a cidade del fuego

Praça da Revolução, em Santiago de Cuba


O trecho entre Havana e Santiago de Cuba, segunda cidade do país, a 969 km de distância da capital, foi feito de avião. Resumo da ópera: um aeroporto chinfrim, voo atrasado (como, aliás, estamos acostumados no Brasil) e restrições quanto ao peso da bagagem – 40 quilos por pessoa, sendo, no máximo, 20 quilos em cada mala. Nossa bagagem – minha e do meu companheiro de viagem, Wagner Cosse – ultrapassou o limite e era preciso pagar, pelo excesso, o equivalente a 100 reais. Não é muito, pensando bem, mas para quem já estava com restrições financeiras foi uma facada. Para piorar a situação, o funcionário da companhia aérea nos propôs o pagamento de uma gorjeta (ou propina) para liberar o valor. Isso nos deixou muito indignados. E acabamos pagando o valor total, mesmo contrariados.
            Santiago de Cuba tem cerca de 520 mil habitantes. Além de ser a segunda cidade do país, é conhecida como um local de grande efervescência musical e artística. E pelo calor. É o município mais quente de Cuba. E dá-lhe quente nisso. A temperatura vai a quase 40 graus com tranquilidade. Além de ser quente, é abafada e úmida, diferentemente de cidades onde há uma brisa ou um vento amenizador.
            Sentimos o bafo logo que saímos do avião. No táxi ou no quarto de hotel, com o ar condicionado, a situação é diferente, mas na vida real a coisa é enlouquecedora. A cidade fervia (no sentido exato da palavra) por causa da Fiesta del Fuego, que acontece anualmente no princípio de julho. E emenda com o Carnaval, a partir da segunda quinzena. O festival é um encontro de culturas, com o foco na América Latina. Cada ano, um país é homenageado. Este ano, foi a vez do Suriname. Vimos apenas a movimentação dos turistas e dos visitantes, mas saímos da cidade antes de começar a festa. Sobre o Carnaval, soubemos que é animadíssimo (o melhor do país), com desfiles de carros alegóricos e fantasias, como acontece no Brasil.
            A cidade foi se revelando aos poucos e, com todo esse fogo, mostra toda sua fama musical e cultural. Em cada esquina e praça, um grupo musical. Lá, conhecemos a Casa de Trova, uma instituição no país, um lugar onde os músicos se apresentam e mostram toda potência de seus ritmos musicais. No caso de Santiago, o son, a salsa, o bolero e outros ritmos. Uma energia parecida com a do samba e dos ritmos afro-brasileiros. Vale lembrar que foi ali que o grande Compay Segundo, do Buena Vista Social Clube, fez sua carreira e foi enterrado.
            Conhecemos, ainda, o museu Casa de Diego Velásquez, tombado pelo patrimônio universal. Não se trata do famoso pintor espanhol. Esse Velásquez, também da Espanha, foi o colonizador de Cuba nos idos de 1500, quando construiu na cidade uma belíssima residência, que serviu de suporte para a conquista do território cubano. Janelas de treliça, forros de inspiração mourisca, madeiras nobres em toda a estrutura compõem a arquitetura do prédio, mobilizado magníficos móveis de diversas épocas da colonização.
            O museu fica principal praça da Santiago de Cuba, o Parque Céspedes. Ali estão a catedral, a prefeitura municipal e inúmeros prédios históricos, alguns deles hotéis de fama internacional, que receberam famosos de várias épocas. Ao lado da praça, fica uma rua comercial, que achei encantadora. Aberta somente para os pedestres, a via Enramada, é enfeitada por várias placas comerciais – que não havia visto em Havana – colocadas ali ainda nos tempos pré-revolucionários. Os edifícios neoclássicos que ladeiam toda a rua dão um ar aristocrático ao local, muito frequentado pela população. Há uma belíssima farmácia com mobiliário muito antigo, museus e outros monumentos. Chamou-nos a atenção um grupo musical composto de senhores mais idosos, que faziam um som diferenciado, tendo como instrumento principal um órgão mecânico fabricado no próprio país.
            Em Santiago se encontra um monumento de grande importância para a história recente de Cuba, o Quartel Moncada, onde houve a primeira tentativa, embora frustrada, de tomada de poder dos revolucionários liderados por Fidel Castro, em 1953. Ainda podem ser vistas, no local, as marcas de bala do confronto. O quartel abriga um bem equipado museu sobre o episódio, que deflagrou, posteriormente, na revolução de 1959.
            Outro monumento importante é o Castelo do Morro, um imponente forte construído em 1637, pelos espanhóis, para defender a cidade dos ataques de piratas. Declarado patrimônio da humanidade, o castelo proporciona uma vista maravilhosa da baía de Santiago, além de permitir uma viagem ao tempo dos corsários e das diversas lutas sangrentas travadas naquelas águas.
            De grande impacto é a escultura do General Maceo, na Praça da Revolução. Criada por um artista local, Alberto Lezcay, mistura rocha com grandes placas de ferro. Visitamos, também, o monumento dedicado a Che Guevara, com palavras de ordem dessa personalidade icônica.
            Conhecemos, na cidade, o nosso guia Ricardo e o motorista Fidel, com quem viajaríamos para o interior de Cuba, numa convivência de sete dias. Uma viagem exclusivíssima, feita somente para mim e para o Wagner. Faríamos o percurso de carro, num automóvel moderno, que faz parte da frota de táxis do governo federal. No país, estamos sendo atendidos pela Cubanacan, agência pública, que representa outras agências internacionais.

            Continuamos a trilha. E viva Cuba!

Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse

Mansão Bacardi, em bairro elegante da cidade

Quartel Moncada

Marcas de bala em Moncada

Catedral de Santiago: a torre sofreu abalos com o furacão Sandy

Parque Céspedes. Na varanda azul, foi realizado o primeiro discurso de Fidel, após vencer a revolução

Estudante cubana

Edifícios elegantes do centro da cidade

Casa de Diego Velásquez

Casa de Diego Velásquez

Forro da Casa de Diego Velásquez

Wagner (dir) recebe informações do bem preparado guia da Casa de Diego Velásquez

Belo exemplar do mobiliário da Casa de Diego Velásquez

Casa de Diego Velásquez

Com o Wagner, na Casa de Diego Velásquez

Casa de Diego Velásquez

Casa de Diego Velásquez

Via Enramada

Grupo musical no centro da cidade: órgão mecânico

Museu Bacardi, o mais antigo do país

Prefeitura de Santiago de Cuba

Loja de artesanato

Artesã

Ave local

Castelo do Morro

Baía de Santiago de Cuba

No hall de entrada do hotel em Santiago de Cuba

Monumento a Che Guevara

Residência do bairro Vista Alegre

Praça

Parque Céspedes à noite

Casa de Diego Velásquez à noite

Cartaz da Fiesta del Fuego

Grupo musical da Casa de Trova

Vista panorâmica da cidade à noite

Vista panorâmica da cidade à noite

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