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Relaxando na praia de Varadero, em Cuba |
Depois de aproximadamente
800 quilômetros de estrada a partir de Santiago de Cuba, chegamos a Varadero, o
mais importante balneário de Cuba. A viagem começou em Havana, capital do país,
de onde tomamos um avião até Santiago, que fica a quase 1.000 quilômetros de lá.
De Santiago, partimos para Bayamo, Camagüey, Ciego de Ávila, Sancti Spiritus,
Trinidad, Cienfuegos, Cárdenas e, finalmente, Varadero. Nesses lugares apenas
paramos para um lanche ou visitamos por algumas horas ou pernoitamos. Foram
visitas rápidas, pois há localidades que mereciam mais aprofundamento, mais
conhecimento. Mas era isso que eu e meu companheiro de viagem, Wagner Cosse,
podíamos fazer naquele momento. Cuba merecerá nova visita, com um prazo mais
alargado.
Enfim, ao chegarmos a
Varadero, a viagem já completava 26 dias, entre o Brasil, México e Cuba. Ainda
passaríamos dois dias em Varadero e dois dias no Panamá, totalizando 30 dias. Àquela
altura do campeonato, o Brasil estava na semifinal da Copa do Mundo. Havia
ganhado o jogo contra o Chile nos pênaltis e passaríamos também com sacrifício
pela Colômbia, por 2x1. Ou seja, ainda estávamos esperançosos. O próximo jogo
seria contra a poderosa Alemanha.
Na chegada a
Varadero, foi possível notar que estávamos em um local internacional. O hotel
era luxuoso, com uma praia praticamente particular, com aquele mar típico do
Caribe, de inacreditáveis tonalidades de verde. Límpido, com areia branquíssima
e coqueiros, muitos coqueiros. Paisagem encantadora, idílica. Os serviços,
fantásticos. Piscina, vários restaurantes, bufê maravilhoso, atendimento vip.
Conversamos com alguns garçons e notamos que quase todos tinham curso superior
e falavam várias línguas, uma exigência dessa rede hoteleira. Foram muito
amáveis e atenciosos. Nem bastava pedir e o objeto do desejo já estava ali, à nossa
disposição. E tudo estava incluído na diária, inclusive as bebidas. As poucas
coisas que tínhamos que pagar eram os atendimentos no spa e a internet que,
como já escrevi, é um serviço caro no país.
Em contraponto a uma
natureza exuberante e ao atendimento impecável, notamos a grosseria e falta de
educação de muitos hóspedes. Considerando que estávamos em Cuba, um país com o
histórico que ele tem, e não em outro balneário internacional qualquer, nos
incomodava o desperdício de comida, a falta de gentileza em ações como arrastar
cadeiras, não cumprimentar os atendentes e até, pasmem, cuspir insistentemente
em vários lugares, inclusive no mar e na piscina. Apesar de tantos avisos, vi
várias pessoas encharcadas de areia pulando na piscina e se limpando nas mesmas
águas que outros hóspedes estavam se refrescando. Fiquei com tanta ojeriza
desse tipo de atitude, principalmente de pessoas que são de uma classe social
mais abastada, que comecei a buscar recantos menos frequentados. Refleti que,
se essas pessoas, que têm acesso a uma boa educação e contam com uma vida
financeira mais tranquila para fazer uma viagem dessas e frequentar um hotel de
luxo, agem assim, imaginem quem não tem a mínima noção de convivência social.
Triste, principalmente porque eles às vezes nem se dão conta de tamanha
rispidez. Felizmente nem todos eram assim.
Nos dois dias e meio
em que ficamos em Varadero, aproveitamos para curtir a praia e os benefícios do
hotel, que incluíam alguns espetáculos e a natureza. Relaxamos, enfim. A praia
é tranquila e não tem os costumeiros edifícios altos que vemos nas costas
brasileiras. Os hotéis quase se escondem entre os coqueiros e ocupam uma larga
área de terra, que mal dá para avistar as construções vizinhas. Um descanso
para o corpo e para a alma.
Como tudo tem que
acabar, preparamos para nosso retorno a Havana, 120 quilômetros dali, para
tomarmos nosso voo para a Cidade do Panamá. Para nossa surpresa, ao invés de um
ônibus ou uma van, veio nos buscar um motorista em um charmosíssimo Chevrolet
1957 rabo-de-peixe, adaptado com alguns confortos modernos, como ar
condicionado, por exemplo. Foi uma delícia andar naquele carro espaçoso, ao som
de música cubana, sentindo-me num tempo passado, cheio de glamour. Na estrada,
fizemos duas paradas. Uma foi para fazer uma compra de última hora, que são
dois perfumes da empresa cubana de cosméticos Suchel Camacho: o Mariposa (que
presenteei à minha mãe, que aniversariou dias depois) e o Alicia, em homenagem
a grande bailarina cubana Alicia Alonso, com o qual me presenteei. Queria sair
do país carregando alguns de seus aromas. Paramos, em seguida, nas proximidades
da ponte de Bacunayagua, a mais alta do país, com 110m de altura, construída no
início dos anos 60. No local, uma bela vista da floresta tropical e do mar.
Wagner aproveitou para se despedir da deliciosa Piña Colada.
A chegada a Havana
não foi muito auspiciosa, apesar da agradabilíssima viagem. O primeiro pequeno
desastre foi ter prensado meu dedo mindinho da mão direita na porta do carro,
provocando uma dor terrível e muito sangramento. O acontecimento causou um
grande constrangimento no motorista. Mas a culpa foi toda minha, por pura
distração. Mais tarde, estanquei o sangue por meio de um curativo feito no
ambulatório do aeroporto.
O próximo drama foi a
cobrança de uma taxa, no aeroporto de Havana, para sair do país: 25 CUCs ou
aproximadamente 66 reais por pessoa. Quem acompanha estes relatos de viagem,
sabe o quanto estávamos desabonados em Cuba pelo fato do nosso cartão de débito
não ter sido aceito no país, deixando-nos com um bom racionamento de dinheiro.
O restante que ainda tinha, gastei nos perfumes. Por isso, agora não tínhamos
os 50 CUCs para mim e para o Wagner. Como da vez anterior, Wagner conseguiu
sacar com o cartão de crédito, aliviando a nossa barra. Gostaria de ressaltar,
mais uma vez, que não fomos avisados em nenhum momento dessa taxa, o que nos
deixou a descoberto. Nesse momento, é imprescindível a informação dos guias ou
do agente de viagem. Falha terrível (e não foi a primeira da viagem) que quase
nos fez perder o voo. Pagamos a taxa e fomos direto para a área de embarque
internacional.
Não bastasse a dor no
dedo, o curativo e a taxa de embarque, havia ainda outra notícia. Esta,
trágica. Sim, o fatídico jogo do Brasil contra a Alemanha na semifinal da Copa
do Mundo. E com o Wagner exibindo orgulhosamente sua camisa canarinha. Ao olhar
para o monitor da televisão, um choque: 4x0 para a Alemanha e o primeiro tempo nem
havia terminado. Sem TV na área de embarque, ficamos sem notícias. Até que, ao
entrar no voo para o Panamá, o comandante do avião avisou aos “fanáticos” que o
primeiro tempo havia sido concluído com a acachapante vitória alemã por cinco a
zero. Imediatamente houve um rebuliço no avião e muitos aplausos. Era um grupo
de alemães satisfeitíssimo com o resultado. Para mim e, principalmente, para o
Wagner (que vestia a camisa da seleção), silêncio e vergonha.
Pois é, ao chegarmos ao
Panamá, já fomos avisados do 7x1. Pânico. O que teria acontecido? Não tínhamos
visto nenhuma imagem. Agora, era aturar todos nos olhando com aquele olhar meio
penalizado e meio debochado.
Fim de ciclo cubano.
Depois da derrota da seleção, bastava-nos aproveitar a chance de conhecer um
pouco este pequeno e desenvolvido país chamado Panamá. Mas isso é assunto para a
próxima postagem!
Até lá!
Fotos de Thelmo Lins
e Wagner Cosse.
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Piscina do hotel em Varadero |
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Praia de Varadero: 20 quilômetros de extensão |
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Tonalidades da água |
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Wagner e o jardim de coqueiros no hotel em Varadero |
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Na piscina do hotel |
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No quiosque dos recém-casados |
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Wagner (com a camisa de seleção brasileira) e a praia de Varadero |
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Casal de passarinhos em plena dança do acasalamento |
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Será uma garça? |
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O nosso flamboyant é a árvore oficial de Cuba |
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Com o Chevrolet 1957 |
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Frente o carro |
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Ponte de 110 metros de altura |
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Eu e Wagner comemoramos nossos dias em Varadero com champanhe |
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