sábado, 19 de julho de 2014

Varadero: o deslumbrante balneário de Cuba

Relaxando na praia de Varadero, em Cuba

Depois de aproximadamente 800 quilômetros de estrada a partir de Santiago de Cuba, chegamos a Varadero, o mais importante balneário de Cuba. A viagem começou em Havana, capital do país, de onde tomamos um avião até Santiago, que fica a quase 1.000 quilômetros de lá. De Santiago, partimos para Bayamo, Camagüey, Ciego de Ávila, Sancti Spiritus, Trinidad, Cienfuegos, Cárdenas e, finalmente, Varadero. Nesses lugares apenas paramos para um lanche ou visitamos por algumas horas ou pernoitamos. Foram visitas rápidas, pois há localidades que mereciam mais aprofundamento, mais conhecimento. Mas era isso que eu e meu companheiro de viagem, Wagner Cosse, podíamos fazer naquele momento. Cuba merecerá nova visita, com um prazo mais alargado.
Enfim, ao chegarmos a Varadero, a viagem já completava 26 dias, entre o Brasil, México e Cuba. Ainda passaríamos dois dias em Varadero e dois dias no Panamá, totalizando 30 dias. Àquela altura do campeonato, o Brasil estava na semifinal da Copa do Mundo. Havia ganhado o jogo contra o Chile nos pênaltis e passaríamos também com sacrifício pela Colômbia, por 2x1. Ou seja, ainda estávamos esperançosos. O próximo jogo seria contra a poderosa Alemanha.
Na chegada a Varadero, foi possível notar que estávamos em um local internacional. O hotel era luxuoso, com uma praia praticamente particular, com aquele mar típico do Caribe, de inacreditáveis tonalidades de verde. Límpido, com areia branquíssima e coqueiros, muitos coqueiros. Paisagem encantadora, idílica. Os serviços, fantásticos. Piscina, vários restaurantes, bufê maravilhoso, atendimento vip. Conversamos com alguns garçons e notamos que quase todos tinham curso superior e falavam várias línguas, uma exigência dessa rede hoteleira. Foram muito amáveis e atenciosos. Nem bastava pedir e o objeto do desejo já estava ali, à nossa disposição. E tudo estava incluído na diária, inclusive as bebidas. As poucas coisas que tínhamos que pagar eram os atendimentos no spa e a internet que, como já escrevi, é um serviço caro no país.
Em contraponto a uma natureza exuberante e ao atendimento impecável, notamos a grosseria e falta de educação de muitos hóspedes. Considerando que estávamos em Cuba, um país com o histórico que ele tem, e não em outro balneário internacional qualquer, nos incomodava o desperdício de comida, a falta de gentileza em ações como arrastar cadeiras, não cumprimentar os atendentes e até, pasmem, cuspir insistentemente em vários lugares, inclusive no mar e na piscina. Apesar de tantos avisos, vi várias pessoas encharcadas de areia pulando na piscina e se limpando nas mesmas águas que outros hóspedes estavam se refrescando. Fiquei com tanta ojeriza desse tipo de atitude, principalmente de pessoas que são de uma classe social mais abastada, que comecei a buscar recantos menos frequentados. Refleti que, se essas pessoas, que têm acesso a uma boa educação e contam com uma vida financeira mais tranquila para fazer uma viagem dessas e frequentar um hotel de luxo, agem assim, imaginem quem não tem a mínima noção de convivência social. Triste, principalmente porque eles às vezes nem se dão conta de tamanha rispidez. Felizmente nem todos eram assim.
Nos dois dias e meio em que ficamos em Varadero, aproveitamos para curtir a praia e os benefícios do hotel, que incluíam alguns espetáculos e a natureza. Relaxamos, enfim. A praia é tranquila e não tem os costumeiros edifícios altos que vemos nas costas brasileiras. Os hotéis quase se escondem entre os coqueiros e ocupam uma larga área de terra, que mal dá para avistar as construções vizinhas. Um descanso para o corpo e para a alma.
Como tudo tem que acabar, preparamos para nosso retorno a Havana, 120 quilômetros dali, para tomarmos nosso voo para a Cidade do Panamá. Para nossa surpresa, ao invés de um ônibus ou uma van, veio nos buscar um motorista em um charmosíssimo Chevrolet 1957 rabo-de-peixe, adaptado com alguns confortos modernos, como ar condicionado, por exemplo. Foi uma delícia andar naquele carro espaçoso, ao som de música cubana, sentindo-me num tempo passado, cheio de glamour. Na estrada, fizemos duas paradas. Uma foi para fazer uma compra de última hora, que são dois perfumes da empresa cubana de cosméticos Suchel Camacho: o Mariposa (que presenteei à minha mãe, que aniversariou dias depois) e o Alicia, em homenagem a grande bailarina cubana Alicia Alonso, com o qual me presenteei. Queria sair do país carregando alguns de seus aromas. Paramos, em seguida, nas proximidades da ponte de Bacunayagua, a mais alta do país, com 110m de altura, construída no início dos anos 60. No local, uma bela vista da floresta tropical e do mar. Wagner aproveitou para se despedir da deliciosa Piña Colada.
A chegada a Havana não foi muito auspiciosa, apesar da agradabilíssima viagem. O primeiro pequeno desastre foi ter prensado meu dedo mindinho da mão direita na porta do carro, provocando uma dor terrível e muito sangramento. O acontecimento causou um grande constrangimento no motorista. Mas a culpa foi toda minha, por pura distração. Mais tarde, estanquei o sangue por meio de um curativo feito no ambulatório do aeroporto.
O próximo drama foi a cobrança de uma taxa, no aeroporto de Havana, para sair do país: 25 CUCs ou aproximadamente 66 reais por pessoa. Quem acompanha estes relatos de viagem, sabe o quanto estávamos desabonados em Cuba pelo fato do nosso cartão de débito não ter sido aceito no país, deixando-nos com um bom racionamento de dinheiro. O restante que ainda tinha, gastei nos perfumes. Por isso, agora não tínhamos os 50 CUCs para mim e para o Wagner. Como da vez anterior, Wagner conseguiu sacar com o cartão de crédito, aliviando a nossa barra. Gostaria de ressaltar, mais uma vez, que não fomos avisados em nenhum momento dessa taxa, o que nos deixou a descoberto. Nesse momento, é imprescindível a informação dos guias ou do agente de viagem. Falha terrível (e não foi a primeira da viagem) que quase nos fez perder o voo. Pagamos a taxa e fomos direto para a área de embarque internacional.
Não bastasse a dor no dedo, o curativo e a taxa de embarque, havia ainda outra notícia. Esta, trágica. Sim, o fatídico jogo do Brasil contra a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo. E com o Wagner exibindo orgulhosamente sua camisa canarinha. Ao olhar para o monitor da televisão, um choque: 4x0 para a Alemanha e o primeiro tempo nem havia terminado. Sem TV na área de embarque, ficamos sem notícias. Até que, ao entrar no voo para o Panamá, o comandante do avião avisou aos “fanáticos” que o primeiro tempo havia sido concluído com a acachapante vitória alemã por cinco a zero. Imediatamente houve um rebuliço no avião e muitos aplausos. Era um grupo de alemães satisfeitíssimo com o resultado. Para mim e, principalmente, para o Wagner (que vestia a camisa da seleção), silêncio e vergonha.
Pois é, ao chegarmos ao Panamá, já fomos avisados do 7x1. Pânico. O que teria acontecido? Não tínhamos visto nenhuma imagem. Agora, era aturar todos nos olhando com aquele olhar meio penalizado e meio debochado.
Fim de ciclo cubano. Depois da derrota da seleção, bastava-nos aproveitar a chance de conhecer um pouco este pequeno e desenvolvido país chamado Panamá. Mas isso é assunto para a próxima postagem!
            Até lá!



Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse.

Piscina do hotel em Varadero

Praia de Varadero: 20 quilômetros de extensão

Tonalidades da água

Wagner e o jardim de coqueiros no hotel em Varadero

Na piscina do hotel

No quiosque dos recém-casados

Wagner (com a camisa de seleção brasileira) e a praia de Varadero

Casal de passarinhos em plena dança do acasalamento

Será uma garça?

O nosso flamboyant é a árvore oficial de Cuba

Com o Chevrolet 1957

Frente o carro

Ponte de 110 metros de altura

Eu e Wagner comemoramos nossos dias em Varadero com champanhe

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