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Na eclusa de Mirafores, no canal do Panamá |
Depois
de uma temporada em México e Cuba, dois países maravilhosos, dois dias no
Panamá pareciam apenas uma passagem antes de voltarmos para o Brasil. Para nossa
surpresa, o pequeno país de pouco mais de quatro milhões de habitantes, está
com fôlego para alçar voos mais altos, tanto na economia quanto no turismo.
Dizem
que o Panamá quer se tornar uma espécie de Dubai da América Latina, com um
livre comércio internacional e uma espécie de paraíso fiscal, para atrair tanto
grandes investidores e turistas. Ao sobrevoarmos a Cidade do Panamá, capital do
país, já notamos que por ali houve uma transformação impressionante. Uma
extensa área à beira mar abriga um sólido conjunto de grandes arranha-céus,
alguns estilosos, como o apelidado de Parafuso, com sua arquitetura ousada.
Wagner
e eu nos hospedamos na área mais moderna da cidade, praticamente dominada por hotéis,
grandes bancos, cassinos, restaurantes e lojas. Aliás, ali é a meca das
compras, para muitos que são atraídos por produtos, principalmente eletrônicos,
com preços supostamente abaixo dos praticados no Brasil. A economia é
totalmente dolarizada, sendo esta moeda a oficial do país. Sem muito dinheiro
para gastar e já no fim de viagem, me contentei em observar tudo e adquirir
somente aquilo que representasse a cultura local.
A
primeira atração foi o próprio hotel, com uma decoração bastante contemporânea,
que brinca o tempo todo com a nossa imaginação, usando e abusando do jogo de
luz e sombra. Segundo a recepcionista, trata-se de uma reforma recente, uma vez
que o hotel já tem mais de 40 anos.
Logo ao
acordarmos na primeira manhã no Panamá, integramos um grupo multinacional de
turistas, formado por mexicanos, paraguaios, equatorianos, peruanos, espanhóis
e nós, brasileiros. A primeira parada foi o famoso Canal do Panamá. Esta
impressionante obra está completando 100 anos de atividades em 2014. Visitamos
a eclusa de Miraflores, mais próxima da cidade, e onde se localiza o museu
dedicado ao canal. São ao todo 85 km de extensão, entre o oceano Pacífico e o
oceano Atlântico. Além de Miraflores, foram construídas mais duas eclusas que
se unem ao mar e a um grande lago artificial, no centro do país, represado a
partir da junção de vários rios da região. Assim, os navios podem atravessar
numa complicada obra de engenharia, em que a água é usada para elevar as
embarcações até o nível do lago, localizado nas montanhas da área central do
país e, em seguida, abaixar até alcançar o nível do Atlântico. No museu, há um
simulador em que nos sentimos em cima de um transatlântico passando pelas
várias etapas até cumprir os 85 km do canal. Com essa obra, foram economizados
32 dias, o tempo que levaria para dar a volta no sul do Chile e da Argentina.
A ideia
original da obra faraônica veio do visconde francês Lesseps, no final do século
19. No entanto, a equipe francesa abandonou a construção, após a falência da
empresa, devido aos inúmeros obstáculos enfrentados no país, tais como a
natureza muito arredia, insetos gigantescos, doenças tropicais e escassez de
recursos, por causa da iminente Primeira Guerra Mundial. A obra foi concluída
pelos norte-americanos, que fizeram um tratado de administrar os recursos
provenientes do canal para sempre, repassando uma parte pequena do lucro para
os panamenhos. Mas, resumindo a história, em 1964 houve um levante estudantil
contra a ocupação americana, que deflagrou num tratado posterior, assinado em
1976, pelo presidente então dos EUA, Jimmy Carter, e o presidente do país,
Torrijos Herrera, devolvendo o canal ao Panamá a partir de primeiro de janeiro
de 2000.
Foram nos
recentes 14 anos de administração do canal que deixaram o Panamá numa situação
privilegiada em relação a seus vizinhos na América Latina. Os navios pagam de
200 mil a 500 mil dólares para atravessarem o canal, de acordo com sua pesagem,
sendo que mais de 30 embarcações por lá passam diariamente. Num cálculo
aproximado, seria uma média de 10 milhões de dólares diários. Até 2015 estão previstas
novas eclusas, para navios de maior monta, o que ampliará esse recurso.
No
citado museu do canal, podemos conhecer um pouco da sua história e inclusive
conhecer alguns dos insetos e animais encontrados na região na época de sua
construção. Coisas pavorosas, diga-se de passagem. Muita gente morreu para dar
boas condições e de vida aos atuais panamenhos. E há também a curiosa história
do chapéu, feito no Equador e no México, que ajudava os trabalhadores a se
proteger do sol. Com o tempo, ele passou a ser conhecido como chapéu-panamá e,
atualmente, é a estrela dos suvenires encontrados no país.
Depois
do canal, fomos conhecer um pouco da cidade, incluindo a parte moderna, o cais
e até o modernoso museu desenhado pelo mesmo criador do Guggenhein de Bilbao,
Frank Gehry. Ele ainda não foi inaugurado, mas causa espanto e estranheza por
suas cores extravagantes. Encerramos a visita no Casco Antigo, vulgo centro
histórico. Ali, Wagner e eu nos despedimos do grupo, e partimos para uma
inspeção pessoal.
Depois
de almoçarmos em um charmoso restaurante ao lado da catedral, que nos ofereceu
um delicioso menu (entrada, prato principal e um maravilhoso suco de limão com
rapadura) por apenas sete dólares por pessoa, fomos prospectar a região
histórica da cidade. Para nosso espanto, a região é belíssima e, do passado de abandono,
ressurge com caprichadas restaurações. São dezenas de prédios em obras, que deverão
se transformar brevemente em hotéis, restaurantes e em outros pontos e
interesse turístico.
Ficamos
tão encantados que permanecemos no local para ver a iluminação noturna, apesar
de meu dedo mindinho latejar de dor todo o tempo (eu o havia prensado no táxi
de Varadero para Havana, no dia anterior, lembram-se?), apresentando algum sangramento.
Aproveitamos para concluir a noite, relaxando em um delicioso bistrô italiano,
beliscando algumas iguarias e saboreando um cálice de vinho tinto. E no ar
condicionado!
No dia
seguinte, quando voltaríamos ao Brasil somente no voo de 21h, aproveitamos para
deixar as malas no hotel e retornar o centro histórico para mais uma visitação.
O calor não nos impediu de andar pelas ruas tranquilas e registar sua beleza.
Fomos ao local denominado Praça de França, que homenageiam os homens que
sonharam com a grande obra do canal. Entre eles, está o cubano Carlos Finlay,
que descobriu como combater a febre amarela, tratando os empregados da
construção.
Perto
dali fica localizada uma área à beira mar, onde existem várias tendas com
produtos criados pelas índias panamenhas. São bordados maravilhosos, baseados
em sobreposição de tecidos, com motivos de animais, como pássaros e peixes. São
tantas cores e opções, que temos vontade de levar tudo. Como isso não é
possível por causa de espaço na mala ou dos nossos recursos financeiros, nos
contentamos em adquirir algumas pelas e fotografar o local, para retermos na
memória tamanha beleza.
Na
cidade também assistimos à vitória, nos pênaltis, da Argentina contra a
Holanda, colocando-a na final da Copa. Saboreávamos uma bebida em uma praça em
frente ao belíssimo hotel Colômbia, ladeados por monumentos históricos.
Os
jornais estampavam a incrível derrota do Brasil, que também era motivo de
conversas nas ruas, argumentações dos taxistas que contratamos na cidade e dos
colunistas esportivos nos diversos canais de televisão. Rostos em pânico e
muitas lágrimas estavam por todos os lados, em bancas de revistas.
O
Panamá é mais do que a capital, pois oferece outros pontos turísticos, como
cidades coloniais e praias tanto do Atlântico ou do Pacífico, como pudemos
observar em alguns guias de viagem. Ali também faz parte do Mar do Caribe, onde
ficam algumas dos mais belos balneários do mundo. Mas o tempo da viagem estava
no fim e era hora de voltar para o Brasil.
Rumo ao
aeroporto, pegamos um engarrafamento, mostrando que o mundo capitalista (depois
de tantos dias vivendo no socialismo cubano) era dos automóveis. Milhares,
obstruindo as vias, num ritual que conhecemos bem em Belo Horizonte.
Depedimo-nos do Panamá e dessa viagem encantadora, que agora viverá na memória,
nas imagens e nos sons que trouxemos de lá. E concluímos, nesta postagem, o
relato americano, acreditando que em breve teremos novidades. Até breve!
Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse.
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Arranha-céus da Cidade do Panamá |
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Prédios evidenciam poder econômico do país |
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Ao centro, o Parafuso |
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Navio atravessa a eclusa de Miraflores |
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Espécie de gafanhoso encontrado na região |
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Insetos gigantes do Panamá: sua picada pode ser mortal |
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Mapa do canal |
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Wagner no simulador do museu |
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Edifício de Frank Gehry: novo museu do Panamá |
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Postes do Casco Antigo |
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Catedral da Cidade do Panamá |
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Casarões do centro histórico |
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Casarões do centro histórico |
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Loja de artesanato |
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Detalhe da arquitetura do centro histórico |
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Wagner em uma das praças do centro histórico |
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Edifício histórico de madeira que imita uma embarcação |
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Desenho pintado na área histórica |
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Altar de madeira da igreja de San Juan |
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Wagner na Praça de França |
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Busto do francês Lesseps, que arquitetou o canal |
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Loja de bordados panamenhos |
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Praça no centro histórico da Cidade do Panamá |
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Hotel Colômbia |
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Arranha-céus da cidade moderna |
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Iluminação noturna do centro histórico |
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Praça da catedral à noite |
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Iluminação noturna |
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Iluminação noturna
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