Lagoa Dom Helvécio, a principal do Parque do Rio Doce |
Fotos de Thelmo Lins (clique nas fotos para ampliá-las)
Há algum tempo, reservei espaços
livres em minha agenda para conhecer os parques naturais brasileiros, em
especial aqueles que se situam em Minas Gerais, onde vivo. Aqui, neste blog,
vocês podem acompanhar algumas dessas viagens para paraísos, como o
Parque Estadual do Rio Preto (Vale do Jequitinhonha) e a Serra do Papagaio, em
Aiuruoca, ambos em Minas. Estive também em Sete Cidades, Serra da Capivara (no
Piauí) e a Chapada das Mesas, em Carolina (MA).
Mas já tive o prazer de conhecer
outras pérolas, como a Serra do Cipó, Parque o Itatiaia e Ibitipoca, dentre
outras maravilhas, não relatados no Descobertas do Thelmo.
Desta vez, segui (acompanhado pelo
meu companheiro de viagem, Wagner Cosse) para o Vale do Aço mineiro para
conhecer o Parque Estadual do Rio Doce, o mais antigo de Minas Gerais (fundado
em 1944) e uma importante reserva remanescente da Mata Atlântica.
Apesar do nome e de ser circundado
pelo famoso rio, o parque não foi afetado pela lama da Samarco, que quase
dizimou o leito de um dos mais importantes cursos d´água brasileiros. Suas 42
lagoas são abastecidas por outros canais. Ou seja, o paraíso ainda está intato,
embora sofra com outros problemas que afetam os parques brasileiros: falta de
verba e mão de obra.
No início de 2017 (estive lá de 15 a
19 de junho), o parque padecia pelas informações equivocadas a respeito da
poluição do Rio Doce. Muitos turistas se afastaram, julgando que as águas
estavam poluídas. Em seguida, ele foi fechado por três meses por causa da febre
amarela. Somente no final do semestre é que ele começou a respirar, mas ainda
com aparelhos. Há somente dois guardas-parque e parte das trilhas está fechada
à visitação, por falta de guias especializados. As canoas que promoviam um
delicioso passeio pelas lagoas também estão suspensas, aguardando nova
licitação. Resultado disso é a pequena visitação atual.
No entanto, a exuberância da
natureza e a boa estrutura (alojamento de ótima qualidade, assim como bem
equipados centros de treinamento, dentre outros edifícios), garantem ao
visitante a uma boa estadia. Há ainda um restaurante com uma deliciosa comida
caseira, comandado pelo Tarcílio e sua família.
Grande parte dos turistas que
visitam o parque prefere passar o dia na área de churrasqueiras. Havia, nos
dias em que estive por lá, poucas barracas. O alojamento, que utilizamos,
também estava pouco frequentado. A lagoa Dom Helvécio, a única em que é
permitido o banho, estava mais propícia à contemplação. A área para natação era
muito pequena e rasa, afastando os mais corajosos.
Um grupo de fotógrafos visitou o
parque nesses dias. Eles foram lá para observar e registrar as mais de 350
espécies de pássaros. É um dos lugares privilegiados no Brasil para este tipo
de atividade.
Quanto aos passeios, eles se
concentram nas vizinhanças da área de camping. A grande extensão do parque é
voltada para pesquisadores e especialistas. Há muitas espécies de animais,
inclusive onças e jaguatiricas que rondam as áreas mais ermas. Em recente
levantamento fotográfico, foram encontradas belíssimas espécies de onça parda e
pintada. Elas estão na lista de animais em extinção, assim como macuco
e o mono-carvoeiro, considerado o maior primata das Américas.
Fomos alertados pela administração a
respeito dos macacos. Eles fazem uma festa, principalmente quando os visitantes
deixam comida à disposição. Costumam, inclusive, visitar os alojamentos quando
os descuidados deixam a porta aberta. Para evitá-los e aos pernilongos e outros
insetos, há telas em todas as janelas. Eles colocaram até redes elétricas nos
telhados, pois os primatas sobem e derrubam as telhas.
Há muitas espécies de peixes, que
atraem vários pescadores da região.
O Parque do Rio Doce abriga
belíssima vegetação. O incêndio de 1967, que devastou boa parte da mata,
iniciou uma floresta mais jovem, mas é possível observar algumas árvores com
mais de quatrocentos anos, entre jequitibás, vinháticos e gameleiras.
Aproveitamos os dias tranquilos para
ler, meditar, relaxar e caminhar. Bem perto do parque há algumas cidadezinhas
pitorescas, como Dionísio e Marliéria. Nesta última, presenciamos uma divertida
festa junina promovida pela escola local, com direito a danças e muitas
comidinhas típicas, como canjica doce, canjiquinha, quentão, dentre outras.
Outra atração da região é o mirante
do Morro Jacroá, perto de Marliéria, de onde se aprecia uma encantadora vista
das montanhas e dos lagos. Muitas gostam do local para apreciar o pôr do sol. Vale
ressaltar que o nome é uma derivação da expressão “Je crois en Dieu” (Eu creio
em Deus), proferida pelo descobridor do local ao admirar pela primeira vez a
beleza da paisagem.
O Parque do Rio Doce e a região são
uma parte de Minas que merece ser conhecida, explorada e cuidada com muito
carinho. Somam-se, no entorno, mais de 200 lagoas, além de rios e uma mata
esplendorosa, onde vivem fauna e flora impressionantes. A atual administração
do parque, pertencente ao governo mineiro, busca soluções a curto e médio
prazos para revitalizar o local e atrair os visitantes, depois de tantas
notícias ruins. Creio que conseguirão, tendo em vista seus encantadores
atrativos.
Saiba mais
em www.ief.mg.gov.br/component/content/195?task=view
Alguns
valores (junho de 2017):
Refeição: R$
32,90 o quilo ou R$ 25,00 (à vontade)
Café da
manhã: aproximadamente R$ 10,00 por pessoa, incluindo café, leite, misto e
frutas (a pedidos). É bom levar alguma coisa, como mamão, banana, biscoitos e
outros para o caso de bater uma fome à noite.
Alojamento:
R$ 50,00 ao dia (devem-se levar a roupa de cama e artigos de higiene pessoal)
Para quem
quer passar o dia no parque, o valor do ingresso é de R$ 10,00 (por pessoa)
Flora
Wagner |
Descanso na natureza |
Trilha do Pescador |
Área das churrasqueiras |
Restaurante |
Centro de atendimento aos visitantes |
Alojamento e prédios administrativos
Capela |
Padroeira do parque |
Dionísio
Marliéria
Muro pintado com antiga casa que foi destruída |
Morro do Jacroá e vista
Com Wagner, na estrada principal do parque |
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