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À frente o museu Belvedere, um dos mais belos de Viena (foto de Vinicius Cosse editada por Thelmo Lins)
Clique nas fotos para ampliá-las Fotos de Thelmo Lins
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A
capital da Áustria é, sem dúvida, uma das cidades mais belas e elegantes da
Europa. Talvez por ter sediado o grande império Austro-húngaro, ela conserva
palácios, praças, avenidas e outras construções com grande suntuosidade e
beleza. Há um clima de sofisticação em cada canto e, também, de organização e
método, característicos dos povos germânicos.
Estive
em Viena, pela primeira vez, em 2010 (leia: http://descobertasdothelmo.blogspot.com/2018/02/dica-da-semana-um-passeio-por-viena.html ) e, desde que entendo um pouco da arte e cultura, a cidade
sempre foi um destino desejado por mim. Desta vez, foquei a visita em dois
grandes museus: o Belvedere, famoso por abrigar algumas obras do movimento da
Secessão (capitaneado por Klimt e Schiele); e o suntuoso Museu de História da
Arte. O primeiro eu já conhecia, mas quis revisitá-lo.
O Belvedere já impõe pela edificação,
pelo urbanismo e pela localização. São dois grandes prédios (construídos entre
1716 e 1723) interligados por jardins monumentais, com cascatas, esculturas e
alamedas. No Belvedere Superior estão expostas as telas. As obras primas de
Klimt (1862-1918) estão lá, dentre eles o primoroso “O beijo” (1907-08), que
considero um dos mais belos quadros já criados.
Egon Schiele (1890-1918) é outro
mestre austríaco. Apesar de sua morte tão prematura, conseguiu se impor com uma
obra densa, forte e de profundo teor erótico e psicológico. A comparação com
Klimt é inevitável. No entanto, nenhum deles perde. Quem ganha é o público que
tem à sua disposição dois talentos imensuráveis.
O museu do Belvedere apresenta obras
de outros autores modernos e antigos, como Monet, Van Gogh, Munch, Rueland
Frueauf the Elder, Franz Xaver Messerschmidt, Ferdinand Georg Waldmüller, Erika
Giovanna Klien, Helene Funke e Oskar Kokoschka, dentre outros mais ou menos conhecidos. No
site do museu são obtidas informações mais detalhadas sobre essa importante
galeria (https://www.belvedere.at/en)
Ao lado do amigo Vinicius Cosse, detivemo-nos
por um bom tempo nos jardins do Belvedere, apreciando a paisagem e registrando
as imagens. Apenas passamos pelo Belvedere Inferior, a caminho do centro da
cidade. No horário, o local já estava fechado para visitações.
No dia seguinte, foi a vez de
visitar o Museu de História da Arte de Viena. Ele fica no famoso quarteirão dos
museus, que reúne instituições dedicadas a vários temas e artistas. O da História
da Arte, no entanto, é o mais famoso deles e o quarto maior do mundo em acervo.
As obras foram reunidas pelos Habsburgo durante séculos, por meio de suas
fantásticas coleções de arte.
O palácio que abriga do museu já é,
por si só, uma obra de arte. Para se ter uma ideia, tem até pinturas de Klimt
na decoração da escadaria principal. O prédio já foi construído com esse
objetivo, no período conhecido como Ringstrasse (1891). O café/restaurante é
outro local encantador. Apesar da fila, dediquei alguns minutos da minha
estadia para fazer um lanche no local só para apreciar o lugar.
Os números são impressionantes. A
galeria possui cerca de 1.400 pinturas,
especialmente de mestres venezianos
(Ticiano, Veronese, Tintoretto e outros), flamengos
(van
Eyck, Rubens e van Dyck) e uma
das maiores coleções de Bruguel do mundo (incluindo os icônicos Torre de Babel,
de 1563, e Caçadores na Neve, de 1565). Outro mestre presente é o holandês
Vermeer (1632-75), com a obra-prima A Arte da Pintura (1665-66). A infanta
Margarida e seu irmão e futuro rei, o infante Felipe, filhos do rei espanhol Felipe
IV com Mariana da Áustria, estão presentes em vários quadros, que atestam seu
crescimento. Eles foram criados pelo mestre Velázquez (1599-1660). Ali, é
claro, eu passei intermináveis minutos de contemplação. Até o cachorrinho
pintado por Velázquez é um deslumbre.
O renascentista Rafael apresenta sua a Virgem do Prado (1505),
uma de suas obras mais emblemáticas. O milanês Arcimboldo, com seus rostos
formados por legumes e frutas, também está no acervo do museu. Verão (1563) é
um desses exemplos. Até mesmo Caravaggio integra essa soberba coleção. Por
todos os salões, muitas faces, com expressões que remetem à toda gama de
sentimentos humanos: pureza, ódio, desfaçatez, ironia, alegria, tristeza, fé,
nobreza.
Mas há também uma extensa ala
dedicada às civilizações antigas, como a egípcia, a grega e a romana. Na
coleção de esculturas e artes decorativas, são encontradas esculturas, tapeçarias e até instrumentos
científicos. Uma das principais peças é o saleiro de Cellini (1543), com a
representação de Netuno. A biblioteca possuiu 240
mil volumes entre livros,
mapas e gravuras. E o arquivo abriga mais
de 25 mil objetos, entre recortes de jornais, manuscritos, fotos e pôsteres.
Ou seja, é impossível conhecer tudo
e apreciar devidamente em um dia. Mas eu, bravamente, enfrentei boa parte desse
acervo monumental. Em alguns momentos admirado, noutros espantado. E, em quase
todo tempo, agradecido por ter tido esse privilégio.
O sair do museu, a tarde caia em
Viena. Como o quarteirão de museus fica próximo à praça da prefeitura e do parlamento,
caminhei para aquela região e me deparei com o local onde estava sendo
realizado o Festival de Cinema de Viena. Eles montaram uma estrutura fantástica,
com uma sala de cinema ao ar livre e um grande telão. Vários quiosques serviam comidas
de várias partes do mundo, talvez as nações que estivessem representadas na
mostra.
Sentei por ali para comer alguma coisa quando, de repente, o
sistema de som começou a tocar “Sonho Meu”, canção de Ivone Lara e Délcio de
Carvalho, nas vozes de Gal Costa e Maria Bethânia. Fiquei bastante emocionado,
pensando naquele lugar, tão distante do Brasil, tocando uma canção – em especial,
um samba – de nossos compatriotas. Isso me despertou a curiosidade de conhecer
a programação do evento e quando vi, em uma das últimas páginas do folheto, a
foto de Gilberto Gil, anunciando-o como a atração de encerramento do evento. Que
maravilha! Naqueles bem cuidados jardins de Viena, em meio a tantas obras de
arte expostas em seus museus, a brasilidade veio à tona, com todo o respeito e
dignidade que a cultura do Brasil merece. E a força que nossos grandes talentos
têm mundo afora. Viva Viena e viva o Brasil!
A viagem agora parte para as terras italianas. Nas próximas
postagens, vamos conhecer um pouco de Veneza, Florença e Roma. Arrivederci!
Belvedere
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Palácio do Belvedere Superior, que abriga obras primas de Klimt e Schiele, dentre outros grandes artistas |
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Obra de Munch |
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O Beijo, de Klimt |
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Vinicius e uma das obras de Klimt |
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É o quadro mais visitado e fotografado do museu |
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O Abraço, obra visceral de Schiele |
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Schiele |
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Klimt |
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Schiele: o pintor e sua família, num autorretrato |
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Obra de Schiele |
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Jardins do Belvedere |
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Monet |
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Os salões do Belvedere apresentam bela decoração interna |
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Coleção de arte da Idade Média e Renascimento |
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Detalhe da parede de uma das galerias |
Jardins do Belvedere
Vistas de Viena
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Burgtheater |
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Conceição, Vinicius e Wagner em frente ao Hofburg |
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Filarmônica de Viena |
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Igreja de São Carlos Borromeu |
Museu de História da Arte
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Bruegel |
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Caçadores na Neve, obra-prima de Bruegel: uma das estrelas do museu |
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Torre de Babel, de Bruegel |
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Arcimboldo |
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Cupido Talhando o Arco, de Parmigianino |
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Hals |
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Rembrant |
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Rubens |
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Obra atribuída a Jean Fouquet (1445) |
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Virgem do Prado, de Rafael: a estrela do museu |
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Pintura de Klimt na decoração do palácio |
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Infanta Margarida, de Velázquez |
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O cachorrinho de Velázquez |
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O infante Felipe, também de Velázquez |
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Vermeer |
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Arte greco-romana |
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Arte egípcia |
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Painel da Mesopotâmia |
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Salão egípcio |
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Esculturas gregas |
Objetos decorativos do museu
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Saleiro de Cellini |
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Jogo de Gamão |
Praça da Prefeitura e do Parlamento
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Escultura na entrada do prédio do Parlamento |
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Jardins |
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Entrada do Festival de Cinema de Viena |
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Prédio da Prefeitura |
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Telão |
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Detalhe da fachada da Prefeitura |
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Cinema ao ar livre |
Arredores da Catedral de Santo Estêvão
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Catedral é a centro de Viena |
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Torta Mozart, lanche obrigatório na capital austríaca |
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Vista da igreja com a torre de 137 metros de altura |