segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Europa 10 – Museus de Viena

À frente o museu Belvedere, um dos mais belos de Viena (foto de Vinicius Cosse editada por Thelmo Lins)

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Fotos de Thelmo Lins

            A capital da Áustria é, sem dúvida, uma das cidades mais belas e elegantes da Europa. Talvez por ter sediado o grande império Austro-húngaro, ela conserva palácios, praças, avenidas e outras construções com grande suntuosidade e beleza. Há um clima de sofisticação em cada canto e, também, de organização e método, característicos dos povos germânicos.

            Estive em Viena, pela primeira vez, em 2010 (leia: http://descobertasdothelmo.blogspot.com/2018/02/dica-da-semana-um-passeio-por-viena.html ) e, desde que entendo um pouco da arte e cultura, a cidade sempre foi um destino desejado por mim. Desta vez, foquei a visita em dois grandes museus: o Belvedere, famoso por abrigar algumas obras do movimento da Secessão (capitaneado por Klimt e Schiele); e o suntuoso Museu de História da Arte. O primeiro eu já conhecia, mas quis revisitá-lo.
            O Belvedere já impõe pela edificação, pelo urbanismo e pela localização. São dois grandes prédios (construídos entre 1716 e 1723) interligados por jardins monumentais, com cascatas, esculturas e alamedas. No Belvedere Superior estão expostas as telas. As obras primas de Klimt (1862-1918) estão lá, dentre eles o primoroso “O beijo” (1907-08), que considero um dos mais belos quadros já criados.
            Egon Schiele (1890-1918) é outro mestre austríaco. Apesar de sua morte tão prematura, conseguiu se impor com uma obra densa, forte e de profundo teor erótico e psicológico. A comparação com Klimt é inevitável. No entanto, nenhum deles perde. Quem ganha é o público que tem à sua disposição dois talentos imensuráveis.
            O museu do Belvedere apresenta obras de outros autores modernos e antigos, como Monet, Van Gogh, Munch, Rueland Frueauf the Elder, Franz Xaver Messerschmidt, Ferdinand Georg Waldmüller, Erika Giovanna Klien, Helene Funke e Oskar Kokoschka, dentre outros mais ou menos conhecidos. No site do museu são obtidas informações mais detalhadas sobre essa importante galeria (https://www.belvedere.at/en)
            Ao lado do amigo Vinicius Cosse, detivemo-nos por um bom tempo nos jardins do Belvedere, apreciando a paisagem e registrando as imagens. Apenas passamos pelo Belvedere Inferior, a caminho do centro da cidade. No horário, o local já estava fechado para visitações.
            No dia seguinte, foi a vez de visitar o Museu de História da Arte de Viena. Ele fica no famoso quarteirão dos museus, que reúne instituições dedicadas a vários temas e artistas. O da História da Arte, no entanto, é o mais famoso deles e o quarto maior do mundo em acervo. As obras foram reunidas pelos Habsburgo durante séculos, por meio de suas fantásticas coleções de arte.
            O palácio que abriga do museu já é, por si só, uma obra de arte. Para se ter uma ideia, tem até pinturas de Klimt na decoração da escadaria principal. O prédio já foi construído com esse objetivo, no período conhecido como Ringstrasse (1891). O café/restaurante é outro local encantador. Apesar da fila, dediquei alguns minutos da minha estadia para fazer um lanche no local só para apreciar o lugar.
            Os números são impressionantes. A galeria possui cerca de 1.400 pinturas, especialmente de mestres venezianos (Ticiano, Veronese, Tintoretto e outros), flamengos (van Eyck, Rubens e van Dyck) e uma das maiores coleções de Bruguel do mundo (incluindo os icônicos Torre de Babel, de 1563, e Caçadores na Neve, de 1565). Outro mestre presente é o holandês Vermeer (1632-75), com a obra-prima A Arte da Pintura (1665-66). A infanta Margarida e seu irmão e futuro rei, o infante Felipe, filhos do rei espanhol Felipe IV com Mariana da Áustria, estão presentes em vários quadros, que atestam seu crescimento. Eles foram criados pelo mestre Velázquez (1599-1660). Ali, é claro, eu passei intermináveis minutos de contemplação. Até o cachorrinho pintado por Velázquez é um deslumbre.
O renascentista Rafael apresenta sua a Virgem do Prado (1505), uma de suas obras mais emblemáticas. O milanês Arcimboldo, com seus rostos formados por legumes e frutas, também está no acervo do museu. Verão (1563) é um desses exemplos. Até mesmo Caravaggio integra essa soberba coleção. Por todos os salões, muitas faces, com expressões que remetem à toda gama de sentimentos humanos: pureza, ódio, desfaçatez, ironia, alegria, tristeza, fé, nobreza.
            Mas há também uma extensa ala dedicada às civilizações antigas, como a egípcia, a grega e a romana. Na coleção de esculturas e artes decorativas, são encontradas esculturas, tapeçarias e até instrumentos científicos. Uma das principais peças é o saleiro de Cellini (1543), com a representação de Netuno. A biblioteca possuiu 240 mil volumes entre livros, mapas e gravuras. E o arquivo abriga mais de 25 mil objetos, entre recortes de jornais, manuscritos, fotos e pôsteres.
            Ou seja, é impossível conhecer tudo e apreciar devidamente em um dia. Mas eu, bravamente, enfrentei boa parte desse acervo monumental. Em alguns momentos admirado, noutros espantado. E, em quase todo tempo, agradecido por ter tido esse privilégio.
            O sair do museu, a tarde caia em Viena. Como o quarteirão de museus fica próximo à praça da prefeitura e do parlamento, caminhei para aquela região e me deparei com o local onde estava sendo realizado o Festival de Cinema de Viena. Eles montaram uma estrutura fantástica, com uma sala de cinema ao ar livre e um grande telão. Vários quiosques serviam comidas de várias partes do mundo, talvez as nações que estivessem representadas na mostra.
Sentei por ali para comer alguma coisa quando, de repente, o sistema de som começou a tocar “Sonho Meu”, canção de Ivone Lara e Délcio de Carvalho, nas vozes de Gal Costa e Maria Bethânia. Fiquei bastante emocionado, pensando naquele lugar, tão distante do Brasil, tocando uma canção – em especial, um samba – de nossos compatriotas. Isso me despertou a curiosidade de conhecer a programação do evento e quando vi, em uma das últimas páginas do folheto, a foto de Gilberto Gil, anunciando-o como a atração de encerramento do evento. Que maravilha! Naqueles bem cuidados jardins de Viena, em meio a tantas obras de arte expostas em seus museus, a brasilidade veio à tona, com todo o respeito e dignidade que a cultura do Brasil merece. E a força que nossos grandes talentos têm mundo afora. Viva Viena e viva o Brasil!
A viagem agora parte para as terras italianas. Nas próximas postagens, vamos conhecer um pouco de Veneza, Florença e Roma. Arrivederci!

Belvedere 

Palácio do Belvedere Superior, que abriga obras primas de Klimt e Schiele,
dentre outros grandes artistas





Obra de Munch


O Beijo, de Klimt





Vinicius e uma das obras de Klimt

É o quadro mais visitado e fotografado do museu



O Abraço, obra visceral de Schiele

Schiele

Klimt

Schiele: o pintor e sua família, num autorretrato

Obra de Schiele

Jardins do Belvedere








Monet




Os salões do Belvedere apresentam bela decoração interna

Coleção de arte da Idade Média e Renascimento



Detalhe da parede de uma das galerias


 Jardins do Belvedere






 Vistas de Viena




Burgtheater


Conceição, Vinicius e Wagner em frente ao Hofburg



Filarmônica de Viena

Igreja de São Carlos Borromeu

 Museu de História da Arte









Bruegel

Caçadores na Neve, obra-prima de Bruegel: uma das estrelas do museu

Torre de Babel, de Bruegel


Arcimboldo

Cupido Talhando o Arco, de Parmigianino


Hals

Rembrant

Rubens

Obra atribuída a Jean Fouquet (1445)



Virgem do Prado, de Rafael: a estrela do museu

Pintura de Klimt na decoração do palácio

Infanta Margarida, de Velázquez

O cachorrinho de Velázquez

O infante Felipe, também de Velázquez

Vermeer

Arte greco-romana







Arte egípcia



Painel da Mesopotâmia



Salão egípcio



Esculturas gregas

 Objetos decorativos do museu





Saleiro de Cellini



Jogo de Gamão

 Praça da Prefeitura e do Parlamento

Escultura na entrada do prédio do Parlamento

Jardins

Entrada do Festival de Cinema de Viena

Prédio da Prefeitura

Telão

Detalhe da fachada da Prefeitura

Cinema ao ar livre





 Arredores da Catedral de Santo Estêvão

Catedral é a centro de Viena




Torta Mozart, lanche obrigatório na capital austríaca

Vista da igreja com a torre de 137 metros de altura


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