sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

DICA DA SEMANA – Um passeio por Viena, capital da Áustria

Bem-vindo à Viena! (foto de Wagner Cosse)


Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse.
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            Há muitos anos, deparei-me com um livro instigante chamado “Viena fin-de-siècle”, de Carl E. Schorske. Nele, o autor relatava a exuberante capital da Áustria, entre o final do século 19 e o princípio do século 20, quando a cidade passou por uma revolução urbanística, cultural, política e artística. No mesmo tempo, conviveram nomes que hoje fazem parte da história da Humanidade, como o fundador da psicanálise, Sigmund Freud, os pintores Gustav Klimt, Egon Schiele e Oscar Kokoschka, os teatrólogos Hugo von Hofmannsthal e Arthur Schnitzler, o arquiteto Otto Wagner e o urbanista Camillo Sitte.
            O livro chamou a minha atenção para este local impressionante, banhado pelo Rio Danúbio e que foi o centro do Império Austro-Húngaro. E, desde então, sempre cultivei o sonho de conhecer Viena. Em 2010, tive a oportunidade de passar uma semana nessa cidade, encantado com cada um de seus inúmeros atrativos.
            O mais impressionante dos movimentos culturais de Viena, para mim, é o da Secessão. Ele aconteceu entre 1897 e 1920 e é bem relatado no livro de Schorske. Naquela época, um grupo de jovens artistas desenvolveu um novo estilo de arte, que desejava romper com o tradicionalismo, principalmente na pintura. O grande líder deste movimento é Klimt, um dos meus artistas preferidos.
            Em Viena, esbarramos com muitos edifícios do período da Secessão, marcados por uma decoração arrojada, cúpulas douradas e detalhes arquitetônicos instigantes. Há inclusive a sede do próprio movimento, que tive a oportunidade de visitar, assim como uma bela estação de trem.
            No museu do Belvedere é onde estão abrigadas algumas das principais obras dos artistas da Secessão, inclusive o icônico “O Beijo”, de Klimt. Lá também conheci a obra de Egon Schiele. Ele não era tão famoso (e nem tão decorativo) como Klimt. E viveu somente 28 anos, entre 1890 e 1918), mas deixou obras viscerais, quase pornográficas, marcadas por personalidade vulcânica.
            Viena é muito além da Secessão. É, sobretudo, uma cidade imperial. Ali tropeçamos em palácios e monumentos belíssimos. Talvez o símbolo mais evidente é da imperatriz Sissi, ou melhor, Isabel (ou Elisabeth) da Baviera (1837 -1898), que foi casada com o imperador Francisco José I. Ela era considerada a mulher mais bonita do mundo, em sua época. E teve uma vida marcada por tragédias e encantamento. Morreu assassinada ainda jovem. Sissi foi tema de edulcorados filmes estrelados por Romy Schneider nos anos 1950.
            Na região central de Viena, localiza-se o Hofburg, um complexo de palácios onde viviam os imperadores, e que atualmente abriga vários museus e a famosa Escola Espanhola de Equitação (que não tive a oportunidade de conhecer). O luxo é impressionante. A coleção de joias, telas e móveis é espantosa. Havia inclusive uma mesa toda montada para centenas de convidados, com baixelas douradas. Os jardins que circundam o complexo também são lindíssimos.
            Um pouco mais afastado do centro da cidade há outro espaço arrebatador. Trata-se do Schonbrunn ou a Versalhes austríaca. A enorme mansão, concluída no reinado de Maria Teresa (século 18), é composta de luxuosíssimos cômodos. Cada espaço, uma decoração diferenciada, alguns com estilo francês, outras em estilo chinês. A Grande Galeria, ou salão de baile, é chocante.
            O entorno do palácio é formado por jardins em estilo francês. O grande parque tem vários atrativos, dentre eles um belo lago, um jardim botânico e um zoológico.
            Voltando à parte central de Viena, é imprescindível visitar a região da catedral de Stephandson (Santo Estêvão), com seu estilo gótico. É lá que está um dos principais símbolos do catolicismo austríaco, o altar Neustäder, de 1447. Lá também estão muitas lojas e restaurantes, que são uma boa parada para relaxar.
            Outro templo belíssimo é a barroca Karlskirche (Igreja de São Carlos), de 1737. Os principais atrativos desta igreja são as torres ou colunas, com passagens da vida de São Carlos Borromeu, seu padroeiro, e a imensa cúpula de 72 metros de altura.
            Voltando ao século 20, mas ainda navegando no campo da arquitetura, outro prédio singular de Viena é a Hundertwasser Haus, de 1985. Ela tem este nome em homenagem ao arquiteto austríaco Friedensreich Hundertwasser (1928-2000). Com certeza, é a construção mais estranha da cidade, com seus andares diferenciados por cores e em um estilo que parece aproveitar materiais de diversas obras, com janelas irregulares, linhas arredondadas e muitos jardins suspensos. Ele lembra um pouco as viagens arquitetônicas de Gaudi, em Barcelona. O prédio mostra que é possível morar em um edifício de apartamentos, sem que se sinta morando em uma caixinha com todas as residências idênticas. Hundertwasser tem obras espalhadas por todo mundo, todas marcadas por seu estilo personalíssimo.
            Outra visita que vale a pena, na parte moderna de Viena, é o complexo da ONU, que fica às margens do Danúbio. O local é uma área internacional, localizado numa área de 600 mil km2. Lá perto fica o famoso Prater, um parque de diversões criado no século 19 e que se mantém ativo até os dias atuais. A roda gigante é de 1896.
            Mas não é só a arquitetura e as artes plásticas que chamam a atenção nesta encantadora cidade. Viena foi o centro musical do mundo durante muitos anos. Basta lembrar que Mozart e Strauss são dois compositores austríacos famosos. E Beethoven viveu parte de sua carreira na cidade.
Aproveitando este clima, fui conhecer a sede da Filarmônica de Viena, uma das melhores orquestras do mundo. Só o edifício já vale a visita. Mas o programa era a Nona Sinfonia de Beethoven, com orquestra e coral. Com certeza, uma das mais belas obras musicais de todos os tempos. Como não haviam lugares sentados disponíveis, a solução foi comprar um ingresso bem no fundo do teatro, onde se podia assistir ao concerto de pé ou sentado no chão.  O respeito do público aos artistas e ao espaço é inacreditável. Não se ouve nenhuma respiração mais ofegante durante o tempo em que os músicos estão tocando. Dizem que até o papel de bala é diferenciado, para não provocar barulho. Havia, na plateia, muitos jovens com a partitura nas mãos, acompanhando cada acorde. Um momento ímpar em minha vida!
Fiquei também muito admirado com a civilidade dos vienenses. As ruas são limpas, impecáveis, com jardins repletos de tulipas e outras flores. Nenhum pedestre atravessava a rua fora da faixa ou quando o sinal estivesse vermelho. Mesmo que não tivesse nenhum automóvel transitando no local naquele horário. O metrô, de superfície, não tinha catracas. A compra do ingresso era uma confiança entre os usuários e companhia. Havia, sim, fiscais que de vez em quando percorriam os vagões, mas nada além disso. De metrô, conseguimos chegar aos principais pontos da cidade, inclusive os mais longínquos.
            Viena revelou-se acima de minhas expectativas. É um local múltiplo, vibrante. Há atrações para semanas de viagem. Mas, como nem sempre isso é possível, espero que gostem das minhas dicas.
            E até o nosso próximo encontro!


Ópera de Viena


Museu Albertina, no Hofburg



Jardins










Burgtheater

Prefeitura de Viena


Prédios da Secessão


Prédio Secessão (detalhe)

Prédio Secessão

Arquitetura da Secessão

Arquitetura da Secessão

Estação em estilo da Secessão

Área central da cidade


Prefeitura de Viena


Senado

Belos parques são usados pela população para descansar e tomar sol



Schonbrunn






Horto Florestal



Igreja de São Carlos

Catedral de Santo Estêvão

Detalhes da catedral de Santo Estêvão



Acima, fotos do interior da catedral

Rua Graben

Coluna da Trindade

Pausa para o almoço na área central de Viena

Doces e tornas vienenses

Monumento em homenagem a Strauss


Ao fundo, a estátua de Schubert


Hundertwasser Haus



Filarmônica de Viena




Orquestra, coro e solistas da Nova de Beethoven

Monumento dedicado a Mozart

Monumento dedicado a Beethoven

Belvedere





Artigos do Museu Belvedere

Sede da ONU europeia, Rio Danúbio e arredores

Prédio da ONU




Rio Danúbio


Região do Rio Danúbio

Postais

Obra de Otto Wagner

Sissi

Sissi

O beijo, de Klimt (detalhe)

Obra de Klimt (detalhe)

Obra de Klimt

Obra de Klimt

Obra de Klimt

Obra de Schiele

Obra de Schiele

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