domingo, 18 de junho de 2023

Viagem ao Equador - Parte V - Cuenca

 

Em Cuenca, a bela cidade histórica do Equador

Fotos de Thelmo Lins 
Clique nas fotos para ampliá-las


            Esta é a quinta postagem sobre minha viagem ao Equador, que aconteceu entre o final de abril e o princípio de maio de 2023, tendo como companhia Wagner Cosse. Quem abre o blog pelo celular, tem acesso à última postagem. Depois do texto e das fotos, seguem-se as outras postagens. Já pelo laptop ou pelo computador, o sistema é mais fácil, pois é aberta uma lista de postagens (geralmente à esquerda do texto), podendo assim acompanhar melhor esta e outras viagens.

            No Equador, já estivemos em Quito, Otavalo, Mitad del Mundo, Quilotoa, Baños, dentre outros lugares. A próxima etapa é Cuenca, cidade histórica, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco desde 1997.

 

            Desvio na estrada

 

            Saímos de Baños antes do meio-dia para cumprirmos 337 km que separam esta cidade de Cuenca. Mais um desfile de novas e belíssimas paisagens. Nas proximidades de Alausi houve um deslizamento de terras no mês de março de 2023, que causou muitos danos e mortes. Até junho deste mesmo ano, os bombeiros já haviam encontrado 65 corpos debaixo dos escombros. Mais de 50 residências foram afetadas e dezenas de famílias tiveram que sair de suas casas. A Panamericana, principal artéria rodoviária do Equador, também foi afetada e, durante alguns meses, os motoristas tiveram que enfrentar desvios.

            O GPS do carro alugado nos mandou para um caminho alternativo. Nós o seguimos, sem saber o que enfrentaríamos. Pelo lado positivo, com certeza foi uma das mais esplendorosas paisagens que vi no Equador e, quiçá, em minha vida. Parávamos a todo minuto para fotografar e levar conosco a lembrança desses lugares maravilhosos (veja as fotos logo após este texto). O excesso de adjetivos é só para ter uma noção do que vimos e observamos. Pelo lado negativo, a estrada era um temor, sem asfalto e com momentos de pouquíssima visibilidade, causada pela neblina. O que de certa forma aliviou a tensão foi que, sempre à nossa frente, trafegava uma caminhonete de um morador local que conhecia bem o caminho e nós a seguimos. Pelo contrário, talvez tivéssemos perdido.

            Quilômetros mais tarde retomamos à Panamericana, já com o fim de tarde e o início da noite. A neblina continuava implacável e, por muito tempo, ficamos praticamente às cegas. Em vários trechos a rodovia era iluminada, o que nos salvou de maiores perigos.

 

            Cuenca

 

            Chegamos a Cuenca à noite, muito cansados. Deixamos o carro provisoriamente em um estacionamento privado, pois o hotel não oferecia este serviço e, pela localidade, não havia condições de deixá-lo nas ruas. O Del Parque Hotel & Suites foi, com certeza, o melhor e mais bonito hotel da viagem. Sua localização é excelente, pois está na principal praça principal da cidade, no centro histórico. O quarto é enorme, com uma pequena cozinha e, na sacada, um visual deslumbrante. (Lá vou eu de novo com meus superlativos. Mas o Equador merece todos!)

            No dia seguinte, transferimos nosso carro para um estacionamento municipal, cujo preço é bem mais em conta do que nas garagens particulares. E lá ele ficou durante os dias em que estivemos na cidade, pois o melhor em Cuenca é caminhar ou, mesmo, usar o ônibus turístico, que circula pelas principais atrações. As ruas na área turística são estreitas e difíceis de estacionar.

            O ônibus citado foi nossa primeira opção, recomendados pelos próprios moradores. Como em outras cidades, paga-se o valor de uma passagem que permite que o passageiro, ao longo do dia, desça em qualquer ponto do circuito e, posteriormente, retome a jornada. Fizemos isso e tivemos uma visão geral de Cuenca. Uma das paradas é o Mirador de Turi, de onde se tem uma das mais encantadoras vistas da cidade. Usando a mesma passagem, retornamos lá à noite, para conhecer a vista noturna. É um lugar bastante agradável, com cafés, restaurantes, lojinhas de artesanato e até mesmo um teatro de arena.

            Santa Ana de los Ríos de Cuenca ou, simplesmente, Cuenca, está localizada a 2.550m de altitude, no alto da cordilheira dos Andes. É a terceira maior cidade do país, depois de Guayaquil (a mais populosa) e a capital Quito. Sua área metropolitana tem cerca de 450 mil habitantes.

De acordo com a Wikipedia, foi fundada 1557, pelo explorador espanhol Diego Hurtado de Mendoza e a sua independência foi declarada em 1820. Mas sua história remonta à vila nativa de Cañari de Guapondeleg ("terra tão grande quanto o céu"), de 500 d.C., conquistada mais tarde pelo inca Tomebamba.

 

Museus

 

            Há vários museus na cidade e um deles é o Pumapungo, que conta um pouco dessa história. O prédio está localizado em um sítio arqueológico onde é possível conhecer como eles viviam e cultivavam seus alimentos. Há também uma ala voltada para os hábitos e costumes do povo, com vestimentas, maquetes, objetos, cenários e obras de arte. Se não tiver tempo para visitar outras instituições na cidade, este museu já abastece de importantes informações. A entrada é gratuita.

            Outro museu muito simpático é o de Arte Moderna, localizado em um antigo presídio local. No seu interior, obras de diversos artistas latino-americanos, como Enrique Dávila Cobos, José Villareal, Francisco Coello, Luis Crespo Ordóñez e Félix Aráuz, dentre outros, sendo grande parte deles do próprio Equador. Quando o visitei, havia uma excelente exposição temporária de artistas cuencanos da nova geração, em especial Catalina Carrasco, que trabalha com impressão digital e pintura. Tive a oportunidade de conhecer seu diretor, Bernardo Vega, com quem travei uma ótima conversa e até troquei contatos.

 

            Chapéu-panamá

 

            Cuenca é a terra do chapéu-panamá. Pode parecer estranho o sombreiro ter este nome, mas o fato é que, na época da construção do canal do Panamá, entre o final do século XIX e princípio do século XX (o canal foi inaugurado em 1904), havia muitos operários equatorianos. Para se abrigarem do sol forte, eles portavam seus práticos e elegantes chapéus, fáceis de guardar e muito leves. Logo o utensílio se tornou uma febre entre os trabalhadores. Tudo se transformou quando o próprio presidente dos EUA, Theodore Roosevelt (1858-1919), país patrocinador da obra, adquiriu seu chapéu e chamou sua atenção internacional. Por causa do país do canal, o chapéu foi rebatizado. No entanto, ele é feito há mais de 1.000 anos pelos povos incas. Sua principal origem é Cuenca, onde existe um museu em sua homenagem, mas outras cidades do país também fabricam o artefato.

            Outra coisa que chama a atenção em Cuenca são suas ruas limpas e bem cuidadas, com muitas praças. À beira do rio Tomebamba tem um calçadão muito arborizado, por onde se pode fazer um ótimo passeio a pé. Lá estão as antigas residências que aproveitavam o declive do terreno e se constituíam de vários andares (as mais altas têm sete pavimentos).

            Há muitas igrejas, como em Quito, mas sem tanto luxo como na capital equatoriana. A maioria das construções do centro histórico são do período neoclássico. A Catedral Nova (Catedral de la Inmaculada Concepción de Cuenca), no Parque Calderón, no centro da cidade, praticamente ao lado do nosso hotel, teve sua construção iniciada em 1885, mas até hoje não foi totalmente finalizada. Ela impressiona por seu tamanho e suas cúpulas arredondadas, pintadas na cor azul. Dizem que comporta até 8.000 pessoas. Do alto das torres se tem uma vista panorâmica de toda a região central.

            Durante os dias em que estivemos em Cuenca, apreciamos vários desfiles nas ruas, envolvendo escolares, bombeiros e até membros da Cruz Vermelha. Em alguns deles, os participantes portavam trajes típicos da região e danças folclóricas. Havia, também, uma imponente fanfarra. A cidade parece gostar dessas manifestações, que geralmente acontecem nos finais de semana.

 

            Feiras e flores

 

            Podem ser encontradas várias feiras de artesanato e uma das praças abriga uma feira de flores, com arranjos de vários formatos e cores. Como já mencionei anteriormente, o Equador é um grande produtor e exportador de flores, em especial de rosas.

            Uma das coisas interessantes que soubemos a respeito de Cuenca é que, na parte moderna da cidade, há uma lei que regula as construções para seguirem um padrão arquitetônico que não interfira na beleza do centro histórico. A maioria das casas e prédios utiliza tijolos vermelhos, comuns naquela região, e há um limite de andares, trazendo assim uma uniformidade à paisagem.

Vale a pena também conhecer os mercados da cidade, onde se encontram refeições típicas e mais econômicas, muitos artigos de artesanato e até mesmo roupas e chapéus, além – é claro – dos diversos tipos de alimentos. 

            É possível fazer vários passeios pelos arredores de Cuenca, como Ingapirca, localizado a cerca de 80 km de Cuenca. É o principal sítio arqueológico inca do país, apelidado de “Machu Picchu do Equador”. Outra opção é o Parque Nacional de Cajas, um dos maiores e mais importantes daquela parte do mundo. Mas nós preferimos ficar em Cuenca, para conhecer melhor a cidade, ao invés de fazer os passeios. No caso de Cajas, tivemos a sorte de passar por parte de sua área no retorno a Quito, quando tivemos a oportunidade de visitar um dos seus miradores (ou mirantes). É, realmente, deslumbrante.  

            Há outras tantas atrações, mas o tempo e até mesmo o custo dos traslados, nos impediu de realizar. No entanto, o período em que estivemos em Cuenca, valeu cada minuto.

            Revendo as fotos da cidade, depois do retorno da viagem, já distanciado daquelas emoções que as retinas captam pela primeira vez, noto o quanto Cuenca é bonita. É verde, é vibrante, colorida. Muitas flores nas ruas. A dourada iluminação noturna das vias e dos casarões. O povo acolhedor e simpático. A gastronomia. As lojinhas de artesanato, de joias e de chocolate. Tudo compõe um conjunto harmônico e, digo, sofisticado. Talvez seja uma das melhores cidades para se viver no Equador. Conhecê-la foi, com certeza, um privilégio.

 

            Fim da viagem

 

            Cuenca foi a última parada dessa viagem que durou duas semanas. Pegamos o carro e retornamos a Quito. A volta foi uma verdadeira saga, pois resolvemos pegar uma estrada diferente, que passava pela região costeira. Alguns trechos foram aterrorizantes, devido à quantidade de caminhões na rodovia e o estado deplorável da pista.

            Como tínhamos muito tempo, enfrentamos as agruras revezando doses de ansiedades e de tranquilidade. Chegamos a Quito já tarde da noite. Nosso voo só aconteceria às 6h20 da manhã. Exaustos, mas felizes por estarmos vivendo tantas aventuras.

            Termino aqui a série de postagens sobre o Equador, agradecendo a todos que me seguiram, por meio destas linhas. Agora é desfazer as malas, pensando numa nova viagem, em um novo destino. E, com certeza, contarei com você aqui me seguindo. Até lá!

A estrada









O carro alugado (foto de Wagner)


Cuenca - Centro Histórico


As cúpulas azuladas da Catedral Nova da sacada
de nosso quarto de hotel




Fachada do hotel





Mirador de Turi







Pelas ruas de Cuenca





Praça das Flores

Praça de Alimentação









Catedral Velha


Azulejos com o mapa do Centro Histórico

Catedral Nova





Visual do alto da torre


Praça Calderón vista do alto da torre da catedral



Praça Calderón


Andanças




Parte moderna da cidade: legislação urbana



Museu Pumapungo












Sítio Arqueológico do Museu Pumapungo



Wagner nas ruínas dos povos incas



"Caminhando pelas ruas de nossa cidade..."






Procissão

Mirador de Turi (noite)





Artesanatos locais

Cuenca Noturna




















Detalhes arquitetônicos e urbanísticos



















Pachamama: artista de rua








Artista de rua: fonte


Museu de Arte Moderna



Detalhe de tela de Enrique Dávila Cobos

José Villareal

Francisco Coello

Luis Crespo Ordóñez

Félix Aráuz

Detalhe obra Félix Aráuz




Obra de Catalina Carrasco

Catalina Carrasco (detalhe)

C.A.Michel



Interior do museu




Jardim do museu



Interagindo com as obras


Chapéu-panamá


Fábrica e museu do chapéu em Cuenca




Passeios e comidinhas


Confeitaria cuencana

Café da manhã

No ônibus turístico

No café da manhã

Nos corredores do hotel

Rio Tomebamba



Casarões que aproveitaram o declive da região


Parque



Colégio Benigno Malo, da elite local





Ponte em homenagem às vítimas de feminicídio


Danças e desfiles



Mercado







Parque Nacional de Cajas










Esta viagem foi uma das comemorações
dos meus 60 anos, completados
no dia 15 de maio de 2023










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