terça-feira, 21 de maio de 2013

Debutando nos safaris do Quênia

Eu, Wagner, Tímor e uma girafa, em Aberdare



O mergulho pelo interior do Quênia previa a busca pelo elo ancestral da livre convivência entre os homens e os animais, nos grandes parques do país, como Aberdare, Nakuru e Masai Mara. Neles, o principal atrativo são os safaris. Boa parte do mundo que tem contato com o National Geographic ou o Discovery Channel vislumbra um dia ter a oportunidade de realizar esse encontro.
Na saída de Nairóbi para o interior do país conhecemos o nosso guia, Kamotho, que fala português muito bem, e o Tímor, um jovem paulista que, a partir dali, dividiria os programas conosco. Poderíamos, enfim, falar nossa língua natal, contar casos e conhecer histórias diferentes de vida. Tímor se revelou um ótimo companheiro de viagem e uma pessoa gentil, amável e bem humorada.
No caminho para Aberdare, que seria nossa primeira escala do roteiro, passamos pela linha do Equador. Havia, ainda, várias lojas de artesanato, que confundem nossos sentidos, com tantos objetos maravilhosos. Compramos (Wagner, Tímor e eu) algumas peças, mediante a uma complexa negociação para reduzir os preços que inicialmente são altos. Na barganha, que é uma prática comum no país, os valores podem cair até 40%. A moeda queniana é o shilling, cuja proporção em relação com o dólar é de um para 80. Um café custa 100 shillings. Uma massagem relaxante, em torno de 4.500 shillings. Uma escultura artesanal de madeira é adquirida por 7.000 shillings e uma boa refeição, cerca de 1.500. Um suco ou a gorjeta para os carregadores nos hotéis, cerca de 200 shillings.
Para enfrentar os safaris, contamos com um 4x4 da Toyota, veículo que é indispensável nas estradas não asfaltadas. No parque de Aberdare, nos anos 1950, Elizabeth estava hospedada, quando recebeu a notícia que seria a nova rainha da Inglaterra. Elefantes, girafas, búfalos, impalas, babuínos e vários tipos de macacos, além de uma imensa diversidade de pássaros, fizeram parte do nosso roteiro. Logo recebemos o aviso para nos mantermos silenciosos para não espantar os animais, mas quase perdemos a compostura ao vermos duas hienas na estrada.
Ficamos hospedados no belo e confortável lodge (assim que eles denominam os hotéis localizados nos parques nacionais) The Ark, que simboliza a arca de Noé. O local é um esplêndido observatório de animais, que ficam pastando na frente do lodge. As dependências são divinas. Para comemorar tantas emoções, o encontro e a amizade com Tímor, brindamos com um delicioso vinho tinto sul africano. Observando a qualidade dos serviços é que a gente entende os custos altos de uma viagem para a África, pelo menos para nós da classe média brasileira.
No dia seguinte, rumamos para o parque do lago de Nakuru, internacionalmente famoso pelos flamingos, que migram para o local em busca de uma alga encontrada ali que, além de alimentá-las, colore suas penas brancas de um tom róseo. A viagem dos pássaros também envolve os rituais de acasalamento. No entanto, havia poucas aves no lago, contrariando as previsões e nos frustrando um pouco. Vamos tentar vê-las em outro lago, na Tanzânia. Esperamos ter mais sucesso.
Mas Nakuru é um parque soberbo pela beleza das acácias de tronco amarelo, pela imensa quantidade de outros animais e, principalmente, por ser uma das maiores reservas do rinoceronte branco, em risco de extinção. O animal, que pode pesar até três toneladas, vive ali em grupo familiar. Sua visão é fantástica e vale todo o percurso.
No lodge de Nakuru, também belíssimo, convivemos com dezenas de babuínos, que vinham visitar os apartamentos. É preciso trancar as portas e janelas, pois eles costumam levar objetos dos hóspedes. Na região ainda vimos pântanos com vegetações incríveis.
A próxima parada é a reserva dos Masai Mara, na divisa do Quênia com a Tanzânia. Os maasai são muito elegantes e vestem trajes característicos, marcados por roupas e colares coloridos. Atualmente, existem cerca de um milhão deles, entre os tradicionais e os que já assumiram hábitos mais ocidentais. Seu poder está no número de vacas que conseguem arrebanhar ao longo de suas vidas. Os animais são utilizados até nas transações matrimoniais. Uma bela mulher, com boa instrução, pode gerar até 10 vacas de dote para seu pai. Cada família tem um design diferente para marcar o gado.
Chegamos ao lodge da reserva após seis horas de viagem, as últimas delas numa estrada de terra inacreditavelmente ruim. Sacolejamos o tempo todo. O cansaço já rumava para a exaustão quando surgiu o paradisíaco hotel Mara Leisure Camp. Os quartos são luxuosas barracas, com uma estrutura fenomenal. Do lado de fora, os miquinhos fazem uma algazarra, lembrando-nos a todo o momento que estamos nesse lugar mágico chamado África.  Agora, é descansar um pouco, pois amanhã tem mais aventura!

No 4x4 essencial para enfrentar os safaris do Quênia

Artesanato queniano


Parque Aberdare: girafas

Impalas e javalis em Aberdare

Trombando com elefantes

Uma espécie de alce e os búfafos em Aberdare

Vai encarar?

Antílope

O lodge The Ark, com grupo de elefantes na sua frente: paraíso

Eu e Tímor, em The Ark

Wagner e nosso novo amiguinho, Edward

Eu, Wagner e Timor comemorando com vinho sul africano

The Ark

Hienas, uma festa para fotografar

Zebra

Na linha do Equador

Garota queniana

Olhos de menina do Quênia

Wagner e os pequenos camaleões

Tímor, Wagner e eu, numa cachoeira do Quênia

Impalas

A natureza invade o quarto do lodge em Nakuru

Pássaro do Quênia

Lodge em Nakuro: simplesmente fantástico


Rinoceronte branco

Rinocerontes brancos

Rinocerontes brancos na floresta de acácias amarelas

Flamingos de Nakuru: poucos, mas lindos

O lago Nakuru

Família de babuínos

Patos quenianos

Pântanos do parque Nakuru

Pássaros sobrevoam Nakuru

Quarto em Nakuru: à prova de mosquitos

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Chegando em Nairóbi, capital do Quênia

Alimentando Dayse, uma girafa ameaçada de extinção



            Só pela chegada ao aeroporto de Nairóbi percebe-se que é uma cidade onde o turismo é tratado de maneira internacional. Muitas lojas, muitos corredores, gente do mundo inteiro. Depois de conhecermos nosso guia, Ahmed, um rapaz de pouco mais de 20 anos, que também fala espanhol, fomos para o hotel.
            A cidade é uma verdadeira Babel. Trânsito caótico, piorado (aos meus olhos) pela mão inglesa, em que tudo é ao contrário. Como em Addis Ababa, há poucos sinais de trânsito e, mesmo assim, os motoristas não os respeitam. Os pedestres não têm nenhuma vez e são obrigados a andar nos cantos das avenidas – há poucos passeios – esquivando-se dos carros. Mas é uma cidade muito arborizada, com enormes parques, o que ameniza o sufoco.
            Nairóbi tem, na região metropolita, cerca de 4 milhões de habitantes. Destes, 2,5 milhões vivem na favela Kibera, a maior do mundo. Ahmed, nosso guia, nasceu lá. Por onde passamos, vimos o conflito entre prédios sofisticados, muitos shoppings, carros novos de marcas japonesas e coreanas e praças arborizadas com ruas sem calçamento, falta de saneamento básico e, como disso, desorganização urbana. Até no sofisticado bairro Karen, em homenagem a Karen Blixten, vivida por Meryl Streep no famoso “Entre dois amores (Out of Africa)”, onde moram o primeiro ministro do país e alguns das personalidades mais ricas, as ruas são esburacadas e mal tratadas. Mas ali há mansões hollywoodianas, sucursais da universidade de Cambridge, museus e restaurantes deslumbrantes. É como se o mundo se dividisse do portão para dentro e do portão para fora.
            Para completar, o país está em construção. Engenheiros chineses com mão de obra queniana estão plantando grandes estradas e viadutos nos principais corredores de tráfego.
            Para sobreviver em Nairóbi é necessário atender a algumas recomendações tácitas, como evitar sair à noite, exceto de táxi (desde que o próprio hotel faça o pedido) ou deixar pertences  à vista no quarto de hotel (será que os funcionários roubariam?). Confesso que fiquei aborrecido com tantas regras, mesmo tendo lido muito a respeito. Existe, inclusive, um apelido infame para a cidade: Nairobbery, como se fosse a cidade do roubo. Por incrível que pareça, as metrópoles africanas são cidades tranquilas e seguras. Exceto Nairóbi.
Wagner (meu companheiro de viagem) e eu aprendemos algumas palavras e expressões básicas na língua suaíli (suaíli), que o povo queniano fala paralelamente ao inglês, imposto pela colonização da Grã Bretanha. Jambo é olá; asante sana é muito obrigado; karibu é bem-vindo; tafadhdi é por favor; e uhuru, liberdade. Com isso, conseguimos tudo que queremos, não?
            Depois de tudo isso, chegamos ao confortável e aprazível Southern Sun Mayfair Nairóbi, um três estrelas com aparência de quatro. Tudo maravilhoso, desde o café da manhã ao jantar. Os funcionários são atenciosíssimos. Ah, e a internet funciona maravilhosamente bem, o que me permitiu atualizar as postagens deste blog.
            Dito isso, é hora de abraçar as novidades que Nairóbi tem para nos oferecer. Além dos almoços em locais elegantes e extremamente sofisticados (pelo menos para o meu padrão), em paisagens exuberantes, visitamos dois orfanatos de animais, que foram marcantes. No primeiro, convivem várias espécies, como macacos, leões, tigres e pássaros. No segundo, um orfanato de elefantes. É difícil expressar, em palavras, as emoções do contato com os bichos, principalmente de espécies às quais não estamos acostumados a ver no dia a dia, ainda mais em liberdade. Mesmo aqueles que estavam presos em grandes áreas, por questão de segurança, proporcionaram um contato mais íntimo conosco.
            Os animais estão ali porque foram abandonados pelos seus pais, sofreram algum tipo de maus tratos ou estão ameaçados de extinção. Em suas faces, a tristeza da solidão era perceptível, mesmo com os cuidados que estavam tendo os zeladores dos orfanatos. No caso dos elefantes, dóceis e extremamente sociáveis, a proximidade com o público é encantadora. Eles são simpáticos, carismáticos, brincalhões. Todos nos tornamos crianças novamente.
            Outra experiência fantástica foi numa reserva de girafas Rothschild, uma das três espécies que vivem no Quênia. Elas se diferenciam pelo desenho estampado da pele. As Rothschild, que estão entre os mais belos animais do planeta, estão ameaçadas de extinção pela caça indiscriminada. Há somente 10 delas no parque em Nairóbi. E algumas poucas nos outros parques do país. Por isso, são tão preciosas. Nesse parque, pudemos alimentá-las com rações doadas pelos zeladores. A girafa Dayse, uma das mais graciosas, recebeu alimentos diretamente de nossas mãos, nos deixando muito emocionados.
                Vale ressaltar, ainda em Nairóbi, a visita a uma fábrica de cerâmica, que desenvolve utensílios, como vasilhas, copos e xícaras e adereços (colares, pulseiras, entre outros). Fomos, ainda a Bomas de Quênia, um espaço cultural impressionante, para 3.000 lugares, onde acontecem apresentações de danças e músicas folclóricas. Há, no local, reproduções de nove aldeias típicas do país.
            O encantamento inicial do Quênia foi um preâmbulo para a comemoração de meu aniversário de 50 anos, completados no dia 15 de maio. No meio desse turbilhão de homens e animais, de máquinas e natureza, o país é um convite à reflexão sobre o rumo que queremos dar ao planeta nos próximos anos e décadas. Renovar os pensamentos, redimensionar nossas ideias pré-estabelecidas, refazer nossos olhares para “visões novas”, como disse tão belamente Cecília Meireles, em seu livro “Cânticos”. Agora, partir para o interior do país, onde conheceremos alguns dos mais importantes parques naturais do mundo.
            Karibu!

No parque das girafas Rothschild

Wagner encarna um maasai mara

Piscina do hotel em Nairóbi

Na sequência, o orfanato dos animais...







Família de macacos brinca

Tirando piolho

Mãos delicadas



Maasai Mara: grupo tribal queniano

Restaurante nos arredores de Nairóbi

Crocodilos do Nilo

No orfanato dos elefantes...


Wagner cumprimenta Dumbo

Dumbo e eu



Em outro belo e sofisticado restaurante de Nairóbi

Na fábrica de cerâmica

Grupo musical folclórico Bomas do Quênia

Grupo de dança

Acrobatas quenianos

Réplica de tribo queniana

Nairóbi: entre o verde e a modernidade

Edifício de Nairóbi

Shopping center em Nairóbi



Viagem ao Peru - Parte VIII - Machu Picchu

  Conhecendo o esplêndido sítio arqueológico de Machu Picchu (Foto de Wagner Cosse editada por Thelmo Lins) Clique nas fotos para ampliá-las...