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Alimentando Dayse, uma girafa ameaçada de extinção |
Só
pela chegada ao aeroporto de Nairóbi percebe-se que é uma cidade onde o turismo
é tratado de maneira internacional. Muitas lojas, muitos corredores, gente do
mundo inteiro. Depois de conhecermos nosso guia, Ahmed, um rapaz de pouco mais
de 20 anos, que também fala espanhol, fomos para o hotel.
A
cidade é uma verdadeira Babel. Trânsito caótico, piorado (aos meus olhos) pela
mão inglesa, em que tudo é ao contrário. Como em Addis Ababa, há poucos sinais
de trânsito e, mesmo assim, os motoristas não os respeitam. Os pedestres não
têm nenhuma vez e são obrigados a andar nos cantos das avenidas – há poucos
passeios – esquivando-se dos carros. Mas é uma cidade muito arborizada, com
enormes parques, o que ameniza o sufoco.
Nairóbi
tem, na região metropolita, cerca de 4 milhões de habitantes. Destes, 2,5
milhões vivem na favela Kibera, a maior do mundo. Ahmed, nosso guia, nasceu lá.
Por onde passamos, vimos o conflito entre prédios sofisticados, muitos
shoppings, carros novos de marcas japonesas e coreanas e praças arborizadas com
ruas sem calçamento, falta de saneamento básico e, como disso, desorganização
urbana. Até no sofisticado bairro Karen, em homenagem a Karen Blixten, vivida
por Meryl Streep no famoso “Entre dois amores (Out of Africa)”, onde moram o
primeiro ministro do país e alguns das personalidades mais ricas, as ruas são
esburacadas e mal tratadas. Mas ali há mansões hollywoodianas, sucursais da
universidade de Cambridge, museus e restaurantes deslumbrantes. É como se o
mundo se dividisse do portão para dentro e do portão para fora.
Para
completar, o país está em construção. Engenheiros chineses com mão de obra
queniana estão plantando grandes estradas e viadutos nos principais corredores
de tráfego.
Para
sobreviver em Nairóbi é necessário atender a algumas recomendações tácitas,
como evitar sair à noite, exceto de táxi (desde que o próprio hotel faça o
pedido) ou deixar pertences à vista no
quarto de hotel (será que os funcionários roubariam?). Confesso que fiquei
aborrecido com tantas regras, mesmo tendo lido muito a respeito. Existe,
inclusive, um apelido infame para a cidade: Nairobbery, como se fosse a cidade
do roubo. Por incrível que pareça, as metrópoles africanas são cidades
tranquilas e seguras. Exceto Nairóbi.
Wagner (meu companheiro
de viagem) e eu aprendemos algumas palavras e expressões básicas na língua
suaíli (suaíli), que o povo queniano fala paralelamente ao inglês, imposto pela
colonização da Grã Bretanha. Jambo é olá; asante sana é muito obrigado; karibu
é bem-vindo; tafadhdi é por favor; e uhuru, liberdade. Com isso, conseguimos
tudo que queremos, não?
Depois
de tudo isso, chegamos ao confortável e aprazível Southern Sun Mayfair Nairóbi,
um três estrelas com aparência de quatro. Tudo maravilhoso, desde o café da
manhã ao jantar. Os funcionários são atenciosíssimos. Ah, e a internet funciona
maravilhosamente bem, o que me permitiu atualizar as postagens deste blog.
Dito
isso, é hora de abraçar as novidades que Nairóbi tem para nos oferecer. Além
dos almoços em locais elegantes e extremamente sofisticados (pelo menos para o
meu padrão), em paisagens exuberantes, visitamos dois orfanatos de animais, que
foram marcantes. No primeiro, convivem várias espécies, como macacos, leões,
tigres e pássaros. No segundo, um orfanato de elefantes. É difícil expressar,
em palavras, as emoções do contato com os bichos, principalmente de espécies às
quais não estamos acostumados a ver no dia a dia, ainda mais em liberdade.
Mesmo aqueles que estavam presos em grandes áreas, por questão de segurança,
proporcionaram um contato mais íntimo conosco.
Os
animais estão ali porque foram abandonados pelos seus pais, sofreram algum tipo
de maus tratos ou estão ameaçados de extinção. Em suas faces, a tristeza da
solidão era perceptível, mesmo com os cuidados que estavam tendo os zeladores
dos orfanatos. No caso dos elefantes, dóceis e extremamente sociáveis, a
proximidade com o público é encantadora. Eles são simpáticos, carismáticos,
brincalhões. Todos nos tornamos crianças novamente.
Outra
experiência fantástica foi numa reserva de girafas Rothschild, uma das três
espécies que vivem no Quênia. Elas se diferenciam pelo desenho estampado da
pele. As Rothschild, que estão entre os mais belos animais do planeta, estão
ameaçadas de extinção pela caça indiscriminada. Há somente 10 delas no parque
em Nairóbi. E algumas poucas nos outros parques do país. Por isso, são tão
preciosas. Nesse parque, pudemos alimentá-las com rações doadas pelos
zeladores. A girafa Dayse, uma das mais graciosas, recebeu alimentos
diretamente de nossas mãos, nos deixando muito emocionados.
Vale ressaltar, ainda em Nairóbi, a visita a uma fábrica de cerâmica, que desenvolve utensílios, como vasilhas, copos e xícaras e adereços (colares, pulseiras, entre outros). Fomos, ainda a Bomas de Quênia, um espaço cultural impressionante, para 3.000 lugares, onde acontecem apresentações de danças e músicas folclóricas. Há, no local, reproduções de nove aldeias típicas do país.
O
encantamento inicial do Quênia foi um preâmbulo para a comemoração de meu
aniversário de 50 anos, completados no dia 15 de maio. No meio desse turbilhão
de homens e animais, de máquinas e natureza, o país é um convite à reflexão sobre
o rumo que queremos dar ao planeta nos próximos anos e décadas. Renovar os
pensamentos, redimensionar nossas ideias pré-estabelecidas, refazer nossos
olhares para “visões novas”, como disse tão belamente Cecília Meireles, em seu
livro “Cânticos”. Agora, partir para o interior do país, onde conheceremos alguns
dos mais importantes parques naturais do mundo.
Karibu!
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No parque das girafas Rothschild |
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Wagner encarna um maasai mara |
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Piscina do hotel em Nairóbi |
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Na sequência, o orfanato dos animais... |
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Família de macacos brinca |
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Tirando piolho |
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Mãos delicadas |
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Maasai Mara: grupo tribal queniano |
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Restaurante nos arredores de Nairóbi |
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Crocodilos do Nilo |
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No orfanato dos elefantes... |
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Wagner cumprimenta Dumbo |
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Dumbo e eu |
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Em outro belo e sofisticado restaurante de Nairóbi |
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Na fábrica de cerâmica |
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Grupo musical folclórico Bomas do Quênia |
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Grupo de dança |
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Acrobatas quenianos |
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Réplica de tribo queniana |
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Nairóbi: entre o verde e a modernidade |
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Edifício de Nairóbi |
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Shopping center em Nairóbi |
Que experiência mais rica! Mas o que me impressionou mais foram os olhares tristes dos animais!Dói o coração e toca fundo na alma!Bjs Marina
ResponderExcluirDeve ter sido inesquecível essa experiência. Realmente belíssimo o lugar , espero um dia conhecer. bjs Ana !
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