quinta-feira, 16 de maio de 2013

Chegando em Nairóbi, capital do Quênia

Alimentando Dayse, uma girafa ameaçada de extinção



            Só pela chegada ao aeroporto de Nairóbi percebe-se que é uma cidade onde o turismo é tratado de maneira internacional. Muitas lojas, muitos corredores, gente do mundo inteiro. Depois de conhecermos nosso guia, Ahmed, um rapaz de pouco mais de 20 anos, que também fala espanhol, fomos para o hotel.
            A cidade é uma verdadeira Babel. Trânsito caótico, piorado (aos meus olhos) pela mão inglesa, em que tudo é ao contrário. Como em Addis Ababa, há poucos sinais de trânsito e, mesmo assim, os motoristas não os respeitam. Os pedestres não têm nenhuma vez e são obrigados a andar nos cantos das avenidas – há poucos passeios – esquivando-se dos carros. Mas é uma cidade muito arborizada, com enormes parques, o que ameniza o sufoco.
            Nairóbi tem, na região metropolita, cerca de 4 milhões de habitantes. Destes, 2,5 milhões vivem na favela Kibera, a maior do mundo. Ahmed, nosso guia, nasceu lá. Por onde passamos, vimos o conflito entre prédios sofisticados, muitos shoppings, carros novos de marcas japonesas e coreanas e praças arborizadas com ruas sem calçamento, falta de saneamento básico e, como disso, desorganização urbana. Até no sofisticado bairro Karen, em homenagem a Karen Blixten, vivida por Meryl Streep no famoso “Entre dois amores (Out of Africa)”, onde moram o primeiro ministro do país e alguns das personalidades mais ricas, as ruas são esburacadas e mal tratadas. Mas ali há mansões hollywoodianas, sucursais da universidade de Cambridge, museus e restaurantes deslumbrantes. É como se o mundo se dividisse do portão para dentro e do portão para fora.
            Para completar, o país está em construção. Engenheiros chineses com mão de obra queniana estão plantando grandes estradas e viadutos nos principais corredores de tráfego.
            Para sobreviver em Nairóbi é necessário atender a algumas recomendações tácitas, como evitar sair à noite, exceto de táxi (desde que o próprio hotel faça o pedido) ou deixar pertences  à vista no quarto de hotel (será que os funcionários roubariam?). Confesso que fiquei aborrecido com tantas regras, mesmo tendo lido muito a respeito. Existe, inclusive, um apelido infame para a cidade: Nairobbery, como se fosse a cidade do roubo. Por incrível que pareça, as metrópoles africanas são cidades tranquilas e seguras. Exceto Nairóbi.
Wagner (meu companheiro de viagem) e eu aprendemos algumas palavras e expressões básicas na língua suaíli (suaíli), que o povo queniano fala paralelamente ao inglês, imposto pela colonização da Grã Bretanha. Jambo é olá; asante sana é muito obrigado; karibu é bem-vindo; tafadhdi é por favor; e uhuru, liberdade. Com isso, conseguimos tudo que queremos, não?
            Depois de tudo isso, chegamos ao confortável e aprazível Southern Sun Mayfair Nairóbi, um três estrelas com aparência de quatro. Tudo maravilhoso, desde o café da manhã ao jantar. Os funcionários são atenciosíssimos. Ah, e a internet funciona maravilhosamente bem, o que me permitiu atualizar as postagens deste blog.
            Dito isso, é hora de abraçar as novidades que Nairóbi tem para nos oferecer. Além dos almoços em locais elegantes e extremamente sofisticados (pelo menos para o meu padrão), em paisagens exuberantes, visitamos dois orfanatos de animais, que foram marcantes. No primeiro, convivem várias espécies, como macacos, leões, tigres e pássaros. No segundo, um orfanato de elefantes. É difícil expressar, em palavras, as emoções do contato com os bichos, principalmente de espécies às quais não estamos acostumados a ver no dia a dia, ainda mais em liberdade. Mesmo aqueles que estavam presos em grandes áreas, por questão de segurança, proporcionaram um contato mais íntimo conosco.
            Os animais estão ali porque foram abandonados pelos seus pais, sofreram algum tipo de maus tratos ou estão ameaçados de extinção. Em suas faces, a tristeza da solidão era perceptível, mesmo com os cuidados que estavam tendo os zeladores dos orfanatos. No caso dos elefantes, dóceis e extremamente sociáveis, a proximidade com o público é encantadora. Eles são simpáticos, carismáticos, brincalhões. Todos nos tornamos crianças novamente.
            Outra experiência fantástica foi numa reserva de girafas Rothschild, uma das três espécies que vivem no Quênia. Elas se diferenciam pelo desenho estampado da pele. As Rothschild, que estão entre os mais belos animais do planeta, estão ameaçadas de extinção pela caça indiscriminada. Há somente 10 delas no parque em Nairóbi. E algumas poucas nos outros parques do país. Por isso, são tão preciosas. Nesse parque, pudemos alimentá-las com rações doadas pelos zeladores. A girafa Dayse, uma das mais graciosas, recebeu alimentos diretamente de nossas mãos, nos deixando muito emocionados.
                Vale ressaltar, ainda em Nairóbi, a visita a uma fábrica de cerâmica, que desenvolve utensílios, como vasilhas, copos e xícaras e adereços (colares, pulseiras, entre outros). Fomos, ainda a Bomas de Quênia, um espaço cultural impressionante, para 3.000 lugares, onde acontecem apresentações de danças e músicas folclóricas. Há, no local, reproduções de nove aldeias típicas do país.
            O encantamento inicial do Quênia foi um preâmbulo para a comemoração de meu aniversário de 50 anos, completados no dia 15 de maio. No meio desse turbilhão de homens e animais, de máquinas e natureza, o país é um convite à reflexão sobre o rumo que queremos dar ao planeta nos próximos anos e décadas. Renovar os pensamentos, redimensionar nossas ideias pré-estabelecidas, refazer nossos olhares para “visões novas”, como disse tão belamente Cecília Meireles, em seu livro “Cânticos”. Agora, partir para o interior do país, onde conheceremos alguns dos mais importantes parques naturais do mundo.
            Karibu!

No parque das girafas Rothschild

Wagner encarna um maasai mara

Piscina do hotel em Nairóbi

Na sequência, o orfanato dos animais...







Família de macacos brinca

Tirando piolho

Mãos delicadas



Maasai Mara: grupo tribal queniano

Restaurante nos arredores de Nairóbi

Crocodilos do Nilo

No orfanato dos elefantes...


Wagner cumprimenta Dumbo

Dumbo e eu



Em outro belo e sofisticado restaurante de Nairóbi

Na fábrica de cerâmica

Grupo musical folclórico Bomas do Quênia

Grupo de dança

Acrobatas quenianos

Réplica de tribo queniana

Nairóbi: entre o verde e a modernidade

Edifício de Nairóbi

Shopping center em Nairóbi



2 comentários:

  1. Que experiência mais rica! Mas o que me impressionou mais foram os olhares tristes dos animais!Dói o coração e toca fundo na alma!Bjs Marina

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  2. Deve ter sido inesquecível essa experiência. Realmente belíssimo o lugar , espero um dia conhecer. bjs Ana !

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