quinta-feira, 12 de junho de 2014

Visitando a casa de Frida Khalo e Diego Rivera na cidade do México

 
Thelmo Lins é refletido no espelho que Frida Khalo usava para fazer seus autorretratos
(foto de Wagner Cosse)
            Dia 12 de junho de 2014. Um dia inesquecível sobre vários aspectos. Enquanto o Brasil se acotovela para ver a estreia da seleção de futebol e o início da Copa do Mundo (com vitória, diga-se de passagem, por 3x1 contra a Croácia), estou vivendo o primeiro dia de minha viagem ao México. Como de outras ocasiões, tenho como companheiro de viagem o cantor e jornalista Wagner Cosse.
            Mas a data também se torna relevante porque, no Brasil, é o Dia dos Namorados. Coincidentemente, o programa para este dia inspirador é a visita à Casa Azul, onde viveram Frida Khalo e Diego Rivera, um dos mais apaixonados e, com certeza, famosos casais de todo o mundo, em especial desse país.
            Há muito tempo sonhava com este dia. Entrar nas dependências desse lugar onde viveram dois dos artistas que mais admiro. Em especial, Frida Khalo, que teve uma vida sofrida, mas extremamente produtiva artisticamente. E essa sua faceta é observada em cada detalhe da casa, com enfeites em cada cômodo, com as camas onde a artista padeceu seus sérios problemas de saúde, algumas telas marcantes de sua vida e o ateliê onde, ao lado de Rivera, extraíram obras primas das telas em branco.
            O jardim é especial. O tom de azul, que dá o nome à residência, é de um anil profundo, com detalhes em cor de terra e verde, que criam uma sintonia profunda com as árvores, flores e fontes. Por todo lugar, observamos a riquíssima influência dos povos pré-colombianos, sejam nas esculturas como nas vestimentas que a artista assumiu em determinado momento de sua vida. Numa exposição, é possível conferir os vestidos que ela usou, assim como sapatos, botas e joias. Foi um ícone fashion, com certeza, numa época em que isso não era tão evidente.
            A Casa Azul é muito maior e mais bela do que nós supúnhamos. Atualmente, é gerenciada por uma comissão de iniciativa privada, que utiliza o preço dos ingressos (aproximadamente 16 reais por pessoa), para manter o acervo. Segundo uma das guias, os artistas não deixaram herdeiros. Há equipes que ainda restauram obras e fotografias e outras que recebem estudantes. Nas paredes, inclusive, há inúmeras referências adaptadas às crianças que visitam o local. O ambiente ainda comporta uma loja bem montada e um café, com preços bastante razoáveis.

            A Casa Azul está localizada no bairro de Coyoacán (que significa coiote), um dos mais charmosos da cidade do México. Nas ruazinhas arborizadas, tropeçamos com residências do século 16, belas praças, igrejas históricas e inúmeros cafés, bares e restaurantes. Lembra o bairro de Caminito, em Buenos Aires, com muitos artistas espalhados pelas ruas ou comercializando seus artesanatos em lojas e tendas.
            Há, também, um belo mercado, onde é possível saborear a comida local. Wagner e eu abraçamos com bastante alegria o Alambre ao Pastor (feita com carne de porco) e o Frango à Tropicana, servido dentro de um abacaxi cortado ao meio. Os sucos – deliciosos – vieram em taças enormes. Aproveitamos esse momento para conferirmos o primeiro tempo do jogo do Brasil contra a Croácia, de que falei no início do texto. Com direito a até lágrimas, pelo Hino Nacional.
            Viva o Brasil! Viva o México!


Fotos de Thelmo Lins 

Thelmo Lins na casa de Frida e Rivera

Crianças visitam o espaço cultural

Jardins

Jardins e paredes da Casa Azul

Retrato do pai de Frida Khalo, feito por ela

Pintura de Frida retratando sua família

Wagner no espelho do vestido inspirado nas vestes de Frida

Copa

Baú

Almofada

Ateliê: lado do Diego

Cama que Frida ficava durante o dia

Detalhe da decoração

Foto da artista no fim da vida

Wagner no espelho que Frida usava nos seus retratos

Máscara mortuária da artista

Thelmo Lins no jardim de Frida

Diego e Frida no mesmo lugar da foto anterior

Wagner na Casa Azul

Criança brinca na exposição da Casa Azul

Artesanatos vendidos na loja

Exposições de trajes

Bota usada pela artista

Colete usado nas recuperações das cirurgias na coluna

Detalhe de famoso retrato de Frida Khalo

Thelmo e Wagner brincam de Frida e Diego

Troca-troca?

Wagner no jardim de Frida

Obra de Frida Khalo

Cozinha

Fachada

No mercado de Coyoacán

Frango à Tropicana

Alambre ao Pastor

No almoço no mercado de Coyoacán

Esperando pelo jogo do Brasil e Croácia

Wagner: emoção com o Hino Nacional na abertura da Copa do Mundo

Iguarias do mercado

No mercado

No mercado

No mercado

No mercado

Especiarias do mercado

Mais especiarias do mercado

Banca de artesanato nas ruas de Coyoacán

Artesanato

Anéis

Praça Hidalgo

Detalhe da Igreja de São João Batista

Fachada da Igreja de São João Batista, em Coyoacán

Ruas calmas do bairro

Wagner e a fonte dos coiotes que dão nome ao bairro

Coyoacán

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Nas entranhas da histórica Estrela do Sul, no Triângulo Mineiro

Thelmo Lins e o Rio Bagagem, de onde eram extraídos os famosos diamantes de Estrela do Sul (foto de Silvana Barbalho)


Diamantes imensos, corrida ao garimpo, Dona Beja, histórias de sangue, suor e lágrimas são alguns dos argumentos disponíveis no trailer cinematográfico da pequena Estrela do Sul, localizada no Alto Paranaíba, justamente no cantinho entre o nariz e a testa de Minas Gerais, na divisa com o Estado de Goiás. Ali, a 512 quilômetros da capital mineira, empreendi (ao lado da minha amiga e professora de História Silvana Barbalho) a tarefa de conhecer a única cidade histórica da região do Triângulo Mineiro.
A história do local remonta a 1722, quando, às margens do Rio Bagagem, foram descobertos os primeiros diamantes pelo bandeirante João Leite da Silva Ortiz, o mesmo que fundou o antigo vilarejo que veio a ser Belo Horizonte. Mas Ortiz buscava ouro e as belas pedras não o entusiasmaram. No entanto, o local passou a chamar a atenção de centenas de garimpeiros da região e de outros pontos do país. No local onde ficavam as bagagens dos pioneiros, instalou-se o povoado, depois a vila.
Bagagem teve sua história marcada pela descoberta, em 1853, de um dos maiores diamantes do mundo, o Estrela do Sul, que mais tarde viria a batizar o município. A pedra, que hoje pertence à Casa Cartier, em Paris, chamou a atenção internacional para o pequeno vilarejo. Em pouco tempo, estavam ali mais de 50 mil pessoas (alguns dizem 30 mil), elevando consideravelmente a população local, que era de pouco mais de 15 mil almas, segundo historiadores. Atraiu até a atenção da mais famosa cortesã do país, Dona Beja, famosa por sua beleza e pela habilidade em ganhar dinheiro. Beja, como outras pessoas da elite da época, começou a garimpar naquela localidade, onde passou a residir até sua morte, em 1873, aos 73 anos anos.
Deste passado glorioso, restaram alguns casarões, documentos, escombros, fantasmas. A antiga mansão de Beja foi destruída (só restam algumas pedras, que parecem ser de uma escadaria). A ponte de madeira que mandou construir para atravessar o rio foi levada por uma forte enchente nos anos 1980. Os descuidos com o patrimônio histórico se incumbiram de arrasar com a outra parte: o belo casario que ainda hoje podemos ver estampado em fotografias antigas. É possível, também, entrar nesse passado por meio do livro “O garimpeiro”, de Bernardo Guimarães. O autor de “A escrava Isaura” lançou, em 1872, um livro ambientado no lugarejo, com descrições bem fiéis.
Mas ainda restam esperanças. Há um museu municipal, onde estão guardadas diversas relíquias, entre elas duas supostas fotografias de Dona Beja (constestadas por alguns historiadores) e um sem-número de documentos à espera de organização. Há a bela capela de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, que passou por uma desastrada reforma e, atualmente, aguarda sua restauração. O aspecto do tempo, solitário em sua luta contra a extinção, é de dar pena.
Alguns bravos habitantes envergam a quixotesca batalha pela preservação da história, que pode ser observada em vários casarões restaurados ou não. Há planejamento para a construção de hotéis na região, o que poderia alavancar o turismo, totalmente incipiente na atualidade.
Os jovens – por falta de informação ou interesse – se digladiam nas praças principais (bem cuidadas, aliás), com seus poderosos carros com som automotivo, que fazem vibrar nossos tímpanos pela noite adentro com músicas de baixa qualidade e forte cunho erótico.
Resta, no entanto, a chama de uma boa prosa. Os moradores que conhecemos (Silvana e eu), gostam de contar os causos, lembram fatos históricos e apostam em um novo tempo, com mais investimentos e sensibilidade por parte do poder público para com a cultura estrelassulense.
Há muito que se fazer. Por exemplo, explorar o artesanato local, que está escondido em casas particulares. As lojas não abrem nos fins de semana, impedindo que conheçamos o comércio local. Muitas igrejas estão fechadas, também, apesar de visitarmos a cidade na Semana Santa, época que normalmente as cidades históricas deixam os tempos abertos à visitação e à oração. A única agência bancária também lacra suas portas, pois já teve seus caixas eletrônicos estourados em duas ocasiões. As estradas rurais precisam de conservação, para que o turista possa visitar as cachoeiras, fazendas e montanhas famosas pela beleza.
Pessoas interessantes como o professor Mário Rosa, o Henrique (que cuida do museu), o Romildo (jardineiro da prefeitura, que faz as vezes de guia e interpreta o personagem Caifás na encenação da Paixão de Cristo), Fabiano e Eliane, da pousada local, o brincalhão Nelson e sua esposa, a cozinheira do restaurante, fizeram a viagem valer a pena. Fizeram-nos acreditar que a chama está acesa, aguardando apenas um bom combustível para que se desenvolva e se torne perene.

Visitando a região

Aproveitando a viagem, visitamos também alguns locais nas proximidades, como a singela Cascalho Rico, a desenvolvida Araguari (com sua maravilhosa estação ferroviária e o cinema que virou restaurante) e Araxá (com o belo conjunto formado por casarões e o Grande Hotel). Além, é claro, de paisagens de tirar o fôlego nas estradas de Minas, comprovando a resistência da natureza em nos brindar com seus diamantes mais perfeitos.

Fotos de Thelmo Lins e Silvana Barbalho (*)

Algumas dicas:
- Experimente o guaraná Mineiro, fabricado em Uberlândia. Gostamos, também, da cerveja Cristal, muito saborosa;
- Leve dinheiro, pois o Banco do Brasil não fica aberto nos finais de semana e nem todos os locais aceitam cartão de crédito;
- Evite usar carro de passeio para ir à zona rural. As estradas são pedregosas. Segundo nos disseram, existem pessoas na cidade que levam turistas de jipe com tração nas quatro rodas para conhecer a parte rural da cidade, cachoeiras e o Morro Vermelho, ponto de atração turística. Infelizmente, não conseguimos fazer os passeios.


Paisagem na estrada



Estrela do Sul: vista geral

Matriz de Nossa Senhora dos Homens

Casarões na praça da matriz

Suposta foto de Dona Beja, já idosa
O diamante Estrela do Sul (fonte internet)

O guia e jardineiro Romildo, no museu municipal

Casarão

Fazenda na área urbana de Estrela do Sul


Igreja de Santa Rita


Thelmo Lins e Silvana Barbalho numa das praças bem cuidadas de Estrela do Sul

Brinquedo de uma escola da cidade

Capela de N.Sra.do Rosário e São Benedito: carente de restauração

Paisagem urbana

Fachada da capela de N.Sra. do Rosário e São Benedito




Thelmo Lins e o guaraná Mineiro (*)


Silvana Barbalho, numa pose de namoradeira

Cidade tem recantos tranquilos



N.Sra. das Dores preparada para a procissão

Cristo em seu leito de morte (procissão)

O guia Romildo vestido de Caifás

O jovem anjo de Estrela do Sul


Paineira em flor

Arredores
A singela Cascalho Rico

Residência em Cascalho Rico

Detalhe da arquitetura colonial de Cascalho Rico

A suntuosa estação ferroviária de Araguari



Casarão de Dona Beja, em Araxá

Detalhe das Termas de Araxá

Grande Hotel de Araxá



Viagem ao Peru - Parte VIII - Machu Picchu

  Conhecendo o esplêndido sítio arqueológico de Machu Picchu (Foto de Wagner Cosse editada por Thelmo Lins) Clique nas fotos para ampliá-las...