sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Uma visita a Poços de Caldas

 

Em frente ao Palace Hotel, em Poços de Caldas (MG)

Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse

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            Depois de mais de dois anos sem fazer uma viagem (a última foi em agosto de 2019 para a Europa), devido à pandemia do Covid-19, volto à estrada em outubro de 2021. Mesmo munido das duas doses da vacina e com mais segurança para sair de casa, preferi viajar de carro, para uma cidade dentro de meu próprio Estado: Poços de Caldas, em Minas Gerais.

            A estância hidromineral, localizada a 465 km da capital mineira e 278 km de São Paulo, é um dos mais conhecidos pontos turísticos brasileiros. Graças, principalmente, ao charme de suas edificações, construídas numa época de glamour,  quando os jogos de azar eram liberados no país. Foi, por muitos anos, passagem obrigatória de autoridades e presidentes da República, tornando-se, mais tarde, um dos locais preferidos para se passar a lua de mel.

            Já estive em Poços duas vezes. A primeira, há muitos anos. Confesso que não me lembro de muitos detalhes daquela visita. A segunda, mais recentemente, foi por conta de uma apresentação do musical infantil “O menino poeta”, no Auditório da Urca, quando eu atuava como ator e cantor no espetáculo. Desta vez, não tive muito tempo para o turismo. A visita atual é a mais completa que fiz da cidade. Hospedei-me lá por quatro dias, quando pude conhecer mais a fundo as atrações locais.

            No período do distanciamento social, as atividades ficaram paralisadas e, recentemente, os pontos turísticos foram reabertos, seguindo os protocolos de segurança. No entanto, eventos artísticos com público presencial ainda estavam proibidos. Em todos os locais, os transeuntes portavam máscaras. Luvas eram obrigatórias nos restaurantes, além – é claro – do álcool em gel em todos os lugares visitados.

            Fui a Poços de Caldas com os amigos Wagner Cosse e Conceição Cosse. Nós nos hospedamos no hotel Minas Garden, que fica na área central, próximo das Termas Antônio Carlos. Lugar privilegiado, perto do Parque José Afonso Junqueira, onde ficam o famoso Palace Hotel e o antigo Cassino. O parque/praça é belíssimo e muito bem cuidado. Com a chegada da primavera, a vegetação estava florida e muito viçosa. Passear ou caminhar por ali já se configura, por si só, um completo relaxamento. O local é bastante seguro, inclusive à noite. Nas redondezas também estão a antiga Estação Ferroviária, o Relógio Floral, o Espaço Cultural da Urca (onde me apresentei) e o Museu Histórico e Geográfico.

            A entrada ao museu é gratuita e vale a pena ser feita. O acervo conta a história da cidade por meio de objetos, móveis, mapas, livros e obras de arte. Só o casarão que abriga a instituição já vale a visita. Seu acervo é, aparentemente, muito bem cuidado e desperta interesse nos (poucos) visitantes. Fiquei lá por um bom tempo, conversando com os funcionários, alguns deles estagiários de cursos universitários, e conheci também a gerente. Detive-me por um bom tempo observando um mapa de Minas Gerais publicado (pelo que apuramos) entre 1871 e 1881, quando a capital do Estado ainda era Ouro Preto. Uma raridade.

            Outro local bastante interessante é o Instituto Moreira Salles, conhecido como Casa de Cultura. Só existem três unidades no país, sendo uma em São Paulo, outra no Rio de Janeiro e esta, em Poços de Caldas. Foi nesta cidade que o banqueiro João Moreira Salles (Unibanco/Itaú) fundou sua primeira casa bancária, em 1924. O prédio, em arquitetura contemporânea, abriga exposições e uma loja. Na época de minha visita, o tema da exposição era o fotógrafo poço-caldense Limercy Forlin (1921-1986), famoso retratista da região. Estima-se que seu acervo constava de mais de 400 mil unidades, boa parte exibida nas paredes da entidade cultural. Numa pesquisa fenomenal, os retratados foram divididos por data de nascimento (dia e mês). Algumas pessoas foram fotografadas duas ou mais vezes, compondo um fantástico comparativo de épocas distintas. Na parte de trás das galerias de arte, no mesmo terreno, existe uma construção de 1894, completamente restaurada, aonde funciona um casa de lanches. O lugar é agradabilíssimo, muito bonito e bem cuidado. O atendimento (como, aliás, em toda a viagem) foi marcado por muita cortesia e atenção.

            As fábricas de cristais são outros locais bastante visitados. Estive na Cá D´oro, fundada pela família italiana Seguso, que tem origem na Ilha de Murano, em Veneza. Tive a oportunidade de conhecer esta ilha e garanto que o trabalho desenvolvido em Poços de Caldas nada deixa a desejar. É possível comprar peças de valores diversos, inclusive lembranças com preços acessíveis.

            O conjunto arquitetônico formado pelo Palace Hotel, o antigo Cassino e as Termas são o principal atrativo da área central de Poços de Caldas. Nele se respira a nostalgia de uma cidade balneária, bastante romântica, que viveu seus tempos áureos nos anos 1930 a 1950. A Rede Globo já utilizou este belo cenário em várias de suas novelas. O complexo é pano de fundo para a novela “Além da Ilusão”, que deve estrear em fevereiro de 2022. O elenco, protagonizado por Rafael Vitti e Larissa Manoela, passaram quase dois meses na cidade gravando as cenas. Presenciamos alguns takes nesta viagem.

            Desta vez não usufrui dos serviços das Termas, que são vários, inclusive os famosos banhos sulfurosos, massagens e tratamentos de pele. O prédio também é muito imponente, com um vitral maravilhoso no teto.

            Nas redondezas podem ser encontradas a catedral, dedicada à Nossa Senhora da Saúde (bastante requisitada, aliás, no momento em que estamos vivendo), lojas de artesanato, restaurantes e muitos cafés. Durante a estadia, a cidade estava realizando o Festival de Sabores, que acontece nos meses de outubro e novembro. Várias casas comerciais participavam do evento, disputando a melhor iguaria na categoria de comida salgada e sobremesa. Experimentei um dos pratos, o Gratinado Colono, da casa de mesmo nome, e gostei muito. O doce era um Strudel com recheio de maçã, uva passa e amêndoas.

            Vale a pena visitar o Alto do Cristo. Antes, era possível alcançá-lo pelo teleférico, mas a atração está desativada desde setembro de 2020, quando houve a queda de um bondinho. Há uma estrada asfaltada até o local, que também é o acesso ao local conhecido como Pedra Balão, que é um monumento natural formado por erosões eólicas e pluviais. A vista lá de cima é esplêndida. Toda a cidade de Poços de Caldas pode ser admirada, assim como as montanhas que formam a região. A atração é gratuita.

            Estivemos também no Recanto Japonês, um jardim tipicamente oriental, com direito a fontes e caramanchão. Observei que estão construindo, no local, uma casa de chá que, futuramente, deverá ser um novo atrativo. O local também tem acesso gratuito.

            A Fonte dos Amores, outra atração tradicional, fica numa área bastante íngreme. Infelizmente, por causa da estiagem, a pequena queda d´água está praticamente seca, assim como secaram as fontes da região. Pequenos macacos vêm ao encontro dos visitantes, pedindo comida e água. Muitas pessoas, já sabendo da presença dos animais, levam frutas para agradá-los. A nota ruim é quando os turistas insistem em alimentar os bichinhos com comidas industrializadas, como biscoitos recheados ou batatas.

            Reparei que boa parte das atrações caldenses têm acessibilidade para cadeirantes e pessoas com dificuldades de locomoção. Principalmente na área central e em alguns monumentos, o que torna o passeio mais aprazível e menos turbulento.

            Existem muitas atrações, que não consegui visitar ou mesmo não me interessei. A viagem teve um cunho de descanso e de relaxamento, considerando o longo tempo de reclusão. Vale a pena fazer um contato com o Centro de Informações Turísticas (035 3697-2300) antes da viagem, para aproveitar melhor o tempo disponível.

            Saio de Poços de Caldas com uma ótima sensação e uma vontade de conhecer um pouco melhor a região. Tanto na ida quanto na volta (viajamos de carro), passamos por alguns locais muito interessantes, como Três Pontas (MG), aonde visitamos a casa onde viveu Milton Nascimento. Nesta cidade, descobrimos um delicioso café situado dentro de uma floricultura muito bem estruturada.

            Em Boa Esperança (MG), conhecemos o café Xícara da Silva, uma cooperativa de cafeicultores, que se transforma numa experiência marcante para quem gosta desta famosa bebida.

            Em Areado (MG), conhecemos algumas casas de artesanato, que vendem produtos regionais de muita qualidade, como colchas, travessas de mesa, almofadas, dentre outros artigos. Não resistimos e gastamos alguns reais em compras.

            Ressalto que atravessamos trechos do belo Lago de Furnas, que abraça vários municípios daquela parte do sul de Minas, que é sempre uma visão impressionante para todos que o visitam.

            Termino aqui o relato e convido para ver alguns registros fotográficos que fizemos nos locais visitados.

            Grande abraço e até a próxima viagem. E que ela venha logo, logo.

              

Parque José Afonso Junqueira - Área Central 















Veículos usados na gravação da novela da Rede Globo.


Termas Antônio Carlos e Catedral N.Sra. da Saúde





Wagner na lateral das Termas.










Alto do Cristo e Recanto Japonês













Instituto Moreira Salles/Casa de Cultura







Eu e o fotógrafo Limercy, num diálogo visual.







Fachada da casa de 1894


Brincando com o livro sobre o poeta Drummond, que comprei na loja.


Com Conceição, na cafeteria do Instituto Moreira Salles

Museu Histórico e Geográfico, Estação Ferroviária e Relógio Floral














Fábrica de Cristais Cá D´oro












Outras atrações








Este calendário floral é alterado todos os dias.



Comidinhas

Além do citado Gratinado Colono, da Casa do Colono, experimentamos também os sanduíches naturais de um trailer localizado em um charmoso vagão de trem, o Vagão A-11, que está fixado na praça principal da cidade, ao lado do antigo Cassino. Aliás, a rua inteira é formada de lanchonetes, mas esta foi especial, com sanduíches deliciosos e muito bem servidos.

Wagner também experimentou o Croabacon (croissant recheado com queijo e envolto no bacon, acompanhado de geleia de abacaxi com pimenta). Esta iguaria fazia parte do Festival de Sabores, representando a Rotina Café Galeria, situado no Instituto Moreira Salles/Casa de Cultura. Infelizmente, não fizemos registros fotográficos do prato. Informações sobre o festival em www.saboresdepocos.com.br






Brincando na Casa do Colono, localizada nas Termas Antônio Carlos






Hotel Minas Garden


O hotel, muito bem localizado, oferece uma boa estrutura de lazer, com academia, sauna, uma banheira de hidromassagem e uma bela vista da área central de Poços de Caldas. Os serviços não têm cobrança à parte e devem ser reservados antecipadamente na recepção.







Outros lugares


Águas da Prata (SP)

Localizada a 35 km de Poços de Caldas, já no Estado de São Paulo, a pequena cidade oferece um ambiente tranquilo, fontes hidrominerais e lojinhas de artesanato. Há, também, cachoeiras e trilhas, mas não tivemos a oportunidade de conhecer. O balneário está fechado há vários anos, tornando-se um "elefante branco", segundo uma moradora local.








Antigo balneário da cidade, fechado há vários anos

Três Pontas (MG)

Cidade mineira, localizada no sul do Estado, fica no caminho entre Belo Horizonte e Poços de Caldas, caso o motoristas se interesse por caminhos alternativos à BR-381. Entramos lá por causa do cantor e compositor Milton Nascimento, que passou parte de sua vida ali e de onde iniciou sua trajetória musical extraordinária. A casa paterna está na Praça Travessia, nome de uma de suas composições mais famosas (parceria com Fernando Brant).

A surpresa foi encontrar uma agradável cafeteria, situada no trevo para Varginha, que é conhecida como floricultura Compre Plantas. O local vale a pena ser visitado.








Boa Esperança

Na volta para a capital mineira, passamos pela aprazível cidade de Boa Esperança, à beira do Lago de Furnas. A surpresa foi encontrar e conhecer a cooperativa de cafeicultores locais denominada Xícara da Silva. Fizemos uma parada para apreciar um bom café e outras iguarias, e ainda trouxemos algumas lembranças para casa, inclusive um pacote da deliciosa bebida. Recomendo! 






segunda-feira, 3 de maio de 2021

Isaura Paulino: viajar é um caderno em branco para preencher.

Isaura Paulino: amor especial pela África

Mineira de Belo Horizonte, Isaura Paulino é uma viajante que escolhe lugares tão distantes e diferentes como Tailândia e Argentina, Chile e Filipinas. Turismóloga por formação acadêmica, ela atua no setor de cultura e entretenimento há 14 anos, organizando shows e eventos de diversas naturezas, como pessoa física ou por meio de sua empresa, a Ubuntu Produções. Atualmente, ela trabalha em Dubai. Embora tenha uma profunda conexão com a música, a paixão pela yoga e pelos vinhos, seu verdadeiro amor é viajar, em especial para a África, que chama de “continente mãe”. Lá ela conheceu Botswana, Namíbia, África do Sul e Moçambique. Estava presente no país sul africano quando seu ídolo, Nelson Mandela faleceu. Nesta entrevista, feita com exclusividade para o DESCOBERTAS DO THELMO, Isaura Paulino conta um pouco de sua perambulação pelo mundo. As fotos são do acervo pessoal de Isaura Paulino. 

DESCOBERTAS DO THELMO - O que é viajar pra você? 

ISAURA PAULINO - Viajar é sair fora da gente mesmo. É esquecer o que você sabe, pra poder ver com os olhos da primeira vez, da novidade. Sem vícios, achismos, (pre)conceitos. Viajar é se abrir para aprender. É ir de mochila vazia, caderno em branco, para preencher na jornada. Cada lugar novo que a gente passa, ou revisita, carrega uma história que só é possível entender ao vivo. Tudo é diferente. Ainda bem! Viajar pra mim é estar disposto, entregue e atento para “deixar e receber um tanto”. E pela lei natural das chegadas e despedidas, descobrimos que, muitas vezes, a beleza do movimento faz-se mais presente na jornada, do que no destino final. 


 “Passei pela África do Sul, Namíbia e Botswana. Nesse último, país do qual eu desconhecia a existência, morei por 20 dias, em uma vila de 3.000 habitantes. Fui a casamento, funeral, formatura, igreja. Passei meu aniversário, Natal, Réveillon. Virei atração turística.” 


 DESCOBERTAS DO THELMO - Quais as viagens que você mais gostou ou que mais marcaram a sua vida? 

ISAURA PAULINO - Acho que a viagem mais marcante da minha vida, foi a minha primeira ida à África. Sonhava em ir à África desde pequena. Na contramão da Disney, eu sempre quis conhecer o continente mãe. Mandela sempre foi pra mim um ícone. Quase um avô distante, de quem eu sempre quis me aproximar. Entre 2013 e 2014, consegui realizar meu sonho e parti. Sem lenço. Sem planos feitos. Só com o documento. Comprei passagem de ida, sem saber da volta... Eu estava lá quando Mandela morreu. Eu vivi a comoção de uma nação inteira, sob a perspectiva de quem pertence. Eu me sentia em casa. Eu estava em casa. No resumo da obra, minha jornada durou 40 dias. Viajei de avião, carro, ônibus. Passei pela África do Sul, Namíbia e Botswana. Nesse último, país do qual eu desconhecia a existência, morei por 20 dias, em uma vila de 3.000 habitantes. Fui a casamento, funeral, formatura, igreja. Passei meu aniversário, Natal, Réveillon. Virei atração turística. Fui acolhida por uma família que me provou que nada é por acaso e que meu anjo da guarda está atento e vigilante. A família que conheci lá, hoje é família que chamo de minha. E como uma boa filha à casa sempre torna, voltei em Botswana em 2018 e falo com eles sempre. Assim que a pandemia deixar, pretendo retornar. Minha primeira viagem à África foi, sem sombra de dúvidas, um divisor de águas na minha vida. Mas, cada uma das aventuras que já me lancei, me marcou de forma diferente: as praias paradisíacas em Zanzibar, os corais e águas cristalinas das piscinas naturais de Porto de Galinhas, o rei da selva perseguindo os búfalos no safari do Kilimanjaro, o show da Beyoncé em Joanesburgo, a primeira viagem internacional com meus pais para o Uruguai, a costa de Moçambique, os túneis de guerra no Vietnã, o refúgio de elefantes na Malásia, o tufão que me prendeu nas Filipinas, os templos maravilhosos da Tailândia, o deserto do Atacama no Chile, o maracatu de Recife, os vinhos em Buenos Aires... E eu poderia ficar aqui horas falando sobre tudo o que já vi e que assimilei como parte do meu caminhar. Mas, prefiro aconselhar para que, assim que possível, você que está lendo se lance em qualquer aventura, para criar memórias inesquecíveis, como as minhas. 

Em Botswana

Jornal publicado no dia da morte de Nelson Mandela

Em Soweto

Paisagem da Tanzânia


 “Sabe aquele banheiro público no final de show? Pois bem, imagina ele no final do show, só que com a 'celite' assim rente ao chão, pra você pisar, agachar, ficar de cócoras e fazer o seu xixi. Acho que nunca vivi nada parecido. E o pior, era o sistema de descarga: um balde com uma panelinha pra você encher e jogar na “celite”. Fiquei encarando aquela realidade por alguns segundos, tentando entender como eu ia fazer.” 


DESCOBERTAS DO THELMO - Conte alguma coisa que não deu certo ou que deixou você em uma saia justa. 

ISAURA PAULINO - Em 2016, eu estava na Tailândia. Tinha agendado um passei pra sair de Chiang Mai e visitar diversos pontos. Às 7h30 da matina a van passou no hotel para nos buscar. Na primeira parada do passeio, nos aconselham a usar o banheiro, já que a partir dali a viagem prosseguiria por alguma hora. Eu já tinha lido sobre os banheiros típicos tailandeses. Mas, não pensei que fosse ter que usar um. Minha vontade era a de procurar um matinho. Mas, não tinha nenhum discreto o suficiente. Sabe aquele banheiro público no final de show? Pois bem, imagina ele no final do show, só que com a “celite” assim rente ao chão, pra você pisar, agachar, ficar de cócoras e fazer o seu xixi. Acho que nunca vivi nada parecido. E o pior, era o sistema de descarga: um balde com uma panelinha pra você encher e jogar na “celite”. Fiquei encarando aquela realidade por alguns segundos, tentando entender como eu ia fazer. Tive que desenvolver o desapego da privada normal e ainda aprimorar minhas técnicas de yoga, pra conseguir ficar de cócoras sem cair dentro da privada. O passeio valeu? Muito! Mas é isso... ou você se hidrata no passeio e fica sujeita à casinha do terro, ou morre seca e não usa o banheiro das paradas. No final, tudo vira história! 

Latrina na Tailândia


 “Da minha percepção, a identidade de Dubai era pautada apenas em recordes vazios. Tipo, no meio de todos esses recordes, quem é daqui gosta do quê? Come o quê? Se expressa de que forma? Depois de vir pra cá, consegui conhecer um pouco mais da história, visitar a parte antiga da cidade, entender como Dubai cresceu e, impressionantemente, como se tornou esse polo de negócios e turismo.” 


DESCOBERTAS DO THELMO - Fale um pouco sobre a experiência de morar em Dubai. Como é a cidade, as surpresas e decepções. 

ISAURA PAULINO - Me mudei pra Dubai por conta de um projeto profissional. Dubai nunca tinha feito parte da minha lista de desejos, mas morar fora do Brasil era sonho antigo. Famoso pela arquitetura arrojada e pelo luxo, o Emirado é um destino bem diferente dos outros por onde passei. No conceito geográfico/antropológico, pra mim se enquadrava como um “não lugar”: aquele que não nos fornece um sentido, uma história. O maior prédio do mundo, o maior shopping do mundo, o maior jardim do mundo, o maior prédio residencial do mundo, a maior pista de ski indoor do mundo, o hotel mais luxuoso do planeta. Da minha percepção, a identidade de Dubai era pautada apenas em recordes vazios. Tipo, no meio de todos esses recordes, quem é daqui gosta do quê? Come o quê? Se expressa de que forma? Depois de vir pra cá, consegui conhecer um pouco mais da história, visitar a parte antiga da cidade, entender como Dubai cresceu e, impressionantemente, como se tornou esse polo de negócios e turismo. Entendi também que a maior parte da população aqui é de estrangeiros, que vieram pra cá ou nasceram aqui, em busca de melhores oportunidades. Então, natural a dificuldade de se encontrar uma identidade única pra expressar um lugar que na sua composição é tão plural e diverso. Estar no Oriente Médio é uma sensação diferente. Os costumes são outros. E, no início, a gente pensa que a liberdade tem outra nuance. Mas, está aí a magia de desvendar outras culturas e estar receptiva a entender o que a gente desconhece. Aprendo todo dia. Ainda é diferente pra mim ir à praia de biquini e ver uma mulher de burquini (burca) do meu lado. Mas, hoje eu entendo, que mesmo o conceito de liberdade, depende do referencial. E está tudo certo. 

Golden Triangle, na Tailândia (2016)

Krabi, Tailândia (2016)

Na Tailândia (2016)

Templo Branco, na Tailândia (2016)

No Vietnã (2016)

Batu Caves, na Malásia (2016)



DESCOBERTAS DO THELMO - Quais os planos de viagem para depois da pandemia? 

ISAURA PAULINO - Eu tenho vários planos de viagem, assim que a pandemia permitir. Penso em ir a Europa, que é um continente ainda desconhecido pra mim. Mas, acho que devo adiar temporariamente meus planos também por conta de trabalho e para receber meus pais e minha irmã em Dubai até o final de 2021. Para além da Europa, Egito e Índia estão na minha lista de próximos destinos. O plano é ficar em Dubai até abril de 2022, concluir essa etapa profissional e depois voar pra outro porto. Com uma parada estratégica no meu país Minas Gerais, claro. Sinto muita falta do meu mar de morros e das cachoeiras. Depois de trabalhar em tantas cidades diferentes, de conhecer outros países e culturas, tenho pra mim que meu lar é onde meu coração está. E o meu coração é do mundo. Mas, apesar disso, é sempre bom saber que a gente tem pra onde voltar. E vai ser sempre o Brasil.

Saltando de paraquedas em Dubai

Abu Dhabi (2020)

Centro Histórico de Dubai (2021)

Dubai

Outros destinos

Na ordem: Fotos 1 e 2 (Deserto do Atacama, 2015); 
Foto 3 (Serra do Cipó, Minas Gerais, Brasil)
Fotos 4 e 5 (viajando com a família para o Uruguai, em 2019)
Foto 6 (Porto de Galinhas, Pernambuco, Brasil, em 2021)
Foto 7 (Fazendo yoga em Dubai, em 2021)














Viagem ao Peru - Parte VII - Vale Sagrado dos Incas

  Em Ollantaytambo (foto de Wagner Cosse) Clique nas fotos para ampliá-las                Para conhecer melhor o Peru, em especial o Vale Sa...