Em frente ao Palace Hotel, em Poços de Caldas (MG) |
Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse
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Depois de mais de dois anos sem fazer uma viagem (a última foi em agosto de 2019 para a Europa), devido à pandemia do Covid-19, volto à estrada em outubro de 2021. Mesmo munido das duas doses da vacina e com mais segurança para sair de casa, preferi viajar de carro, para uma cidade dentro de meu próprio Estado: Poços de Caldas, em Minas Gerais.
A
estância hidromineral, localizada a 465 km da capital mineira e 278 km de São Paulo,
é um dos mais conhecidos pontos turísticos brasileiros. Graças, principalmente,
ao charme de suas edificações, construídas numa época de glamour, quando os jogos de
azar eram liberados no país. Foi, por muitos anos, passagem obrigatória de
autoridades e presidentes da República, tornando-se, mais tarde, um dos locais
preferidos para se passar a lua de mel.
Já
estive em Poços duas vezes. A primeira, há muitos anos. Confesso que não me
lembro de muitos detalhes daquela visita. A segunda, mais recentemente, foi por
conta de uma apresentação do musical infantil “O menino poeta”, no Auditório da
Urca, quando eu atuava como ator e cantor no espetáculo. Desta vez, não tive
muito tempo para o turismo. A visita atual é a mais completa que fiz da cidade.
Hospedei-me lá por quatro dias, quando pude conhecer mais a fundo as atrações
locais.
No
período do distanciamento social, as atividades ficaram paralisadas e,
recentemente, os pontos turísticos foram reabertos, seguindo os protocolos de
segurança. No entanto, eventos artísticos com público presencial ainda estavam
proibidos. Em todos os locais, os transeuntes portavam máscaras. Luvas eram
obrigatórias nos restaurantes, além – é claro – do álcool em gel em todos os
lugares visitados.
Fui
a Poços de Caldas com os amigos Wagner Cosse e Conceição Cosse. Nós nos
hospedamos no hotel Minas Garden, que fica na área central, próximo das Termas Antônio
Carlos. Lugar privilegiado, perto do Parque José Afonso Junqueira, onde ficam o
famoso Palace Hotel e o antigo Cassino. O parque/praça é belíssimo e muito bem
cuidado. Com a chegada da primavera, a vegetação estava florida e muito viçosa.
Passear ou caminhar por ali já se configura, por si só, um completo
relaxamento. O local é bastante seguro, inclusive à noite. Nas redondezas também
estão a antiga Estação Ferroviária, o Relógio Floral, o Espaço Cultural da Urca
(onde me apresentei) e o Museu Histórico e Geográfico.
A
entrada ao museu é gratuita e vale a pena ser feita. O acervo conta a história
da cidade por meio de objetos, móveis, mapas, livros e obras de arte. Só o
casarão que abriga a instituição já vale a visita. Seu acervo é, aparentemente,
muito bem cuidado e desperta interesse nos (poucos) visitantes. Fiquei lá por
um bom tempo, conversando com os funcionários, alguns deles estagiários de
cursos universitários, e conheci também a gerente. Detive-me por um bom tempo
observando um mapa de Minas Gerais publicado (pelo que apuramos) entre 1871 e
1881, quando a capital do Estado ainda era Ouro Preto. Uma raridade.
Outro
local bastante interessante é o Instituto Moreira Salles, conhecido como Casa
de Cultura. Só existem três unidades no país, sendo uma em São Paulo, outra no Rio
de Janeiro e esta, em Poços de Caldas. Foi nesta cidade que o banqueiro João Moreira
Salles (Unibanco/Itaú) fundou sua primeira casa bancária, em 1924. O prédio, em
arquitetura contemporânea, abriga exposições e uma loja. Na época de minha
visita, o tema da exposição era o fotógrafo poço-caldense Limercy Forlin (1921-1986),
famoso retratista da região. Estima-se que seu acervo constava de mais de 400 mil
unidades, boa parte exibida nas paredes da entidade cultural. Numa pesquisa
fenomenal, os retratados foram divididos por data de nascimento (dia e mês). Algumas
pessoas foram fotografadas duas ou mais vezes, compondo um fantástico
comparativo de épocas distintas. Na parte de trás das galerias de arte, no mesmo
terreno, existe uma construção de 1894, completamente restaurada, aonde
funciona um casa de lanches. O lugar é agradabilíssimo, muito bonito e bem
cuidado. O atendimento (como, aliás, em toda a viagem) foi marcado por muita
cortesia e atenção.
As
fábricas de cristais são outros locais bastante visitados. Estive na Cá D´oro,
fundada pela família italiana Seguso, que tem origem na Ilha de Murano, em Veneza.
Tive a oportunidade de conhecer esta ilha e garanto que o trabalho desenvolvido
em Poços de Caldas nada deixa a desejar. É possível comprar peças de valores
diversos, inclusive lembranças com preços acessíveis.
O
conjunto arquitetônico formado pelo Palace Hotel, o antigo Cassino e as Termas são
o principal atrativo da área central de Poços de Caldas. Nele se respira a
nostalgia de uma cidade balneária, bastante romântica, que viveu seus tempos áureos
nos anos 1930 a 1950. A Rede Globo já utilizou este belo cenário em várias de
suas novelas. O complexo é pano de fundo para a novela “Além da Ilusão”, que
deve estrear em fevereiro de 2022. O elenco, protagonizado por Rafael Vitti e Larissa
Manoela, passaram quase dois meses na cidade gravando as cenas. Presenciamos
alguns takes nesta viagem.
Desta
vez não usufrui dos serviços das Termas, que são vários, inclusive os famosos
banhos sulfurosos, massagens e tratamentos de pele. O prédio também é muito
imponente, com um vitral maravilhoso no teto.
Nas
redondezas podem ser encontradas a catedral, dedicada à Nossa Senhora da Saúde (bastante
requisitada, aliás, no momento em que estamos vivendo), lojas de artesanato,
restaurantes e muitos cafés. Durante a estadia, a cidade estava realizando o Festival
de Sabores, que acontece nos meses de outubro e novembro. Várias casas
comerciais participavam do evento, disputando a melhor iguaria na categoria de
comida salgada e sobremesa. Experimentei um dos pratos, o Gratinado Colono, da
casa de mesmo nome, e gostei muito. O doce era um Strudel com recheio de maçã,
uva passa e amêndoas.
Vale
a pena visitar o Alto do Cristo. Antes, era possível alcançá-lo pelo teleférico,
mas a atração está desativada desde setembro de 2020, quando houve a queda de
um bondinho. Há uma estrada asfaltada até o local, que também é o acesso ao local
conhecido como Pedra Balão, que é um monumento natural formado por erosões eólicas
e pluviais. A vista lá de cima é esplêndida. Toda a cidade de Poços de Caldas
pode ser admirada, assim como as montanhas que formam a região. A atração é
gratuita.
Estivemos
também no Recanto Japonês, um jardim tipicamente oriental, com direito a fontes
e caramanchão. Observei que estão construindo, no local, uma casa de chá que,
futuramente, deverá ser um novo atrativo. O local também tem acesso gratuito.
A
Fonte dos Amores, outra atração tradicional, fica numa área bastante íngreme. Infelizmente,
por causa da estiagem, a pequena queda d´água está praticamente seca, assim
como secaram as fontes da região. Pequenos macacos vêm ao encontro dos
visitantes, pedindo comida e água. Muitas pessoas, já sabendo da presença dos
animais, levam frutas para agradá-los. A nota ruim é quando os turistas insistem
em alimentar os bichinhos com comidas industrializadas, como biscoitos
recheados ou batatas.
Reparei
que boa parte das atrações caldenses têm acessibilidade para cadeirantes e
pessoas com dificuldades de locomoção. Principalmente na área central e em
alguns monumentos, o que torna o passeio mais aprazível e menos turbulento.
Existem
muitas atrações, que não consegui visitar ou mesmo não me interessei. A viagem
teve um cunho de descanso e de relaxamento, considerando o longo tempo de
reclusão. Vale a pena fazer um contato com o Centro de Informações Turísticas (035
3697-2300) antes da viagem, para aproveitar melhor o tempo disponível.
Saio
de Poços de Caldas com uma ótima sensação e uma vontade de conhecer um pouco
melhor a região. Tanto na ida quanto na volta (viajamos de carro), passamos por
alguns locais muito interessantes, como Três Pontas (MG), aonde visitamos a
casa onde viveu Milton Nascimento. Nesta cidade, descobrimos um delicioso café
situado dentro de uma floricultura muito bem estruturada.
Em
Boa Esperança (MG), conhecemos o café Xícara da Silva, uma cooperativa de
cafeicultores, que se transforma numa experiência marcante para quem gosta
desta famosa bebida.
Em
Areado (MG), conhecemos algumas casas de artesanato, que vendem produtos
regionais de muita qualidade, como colchas, travessas de mesa, almofadas,
dentre outros artigos. Não resistimos e gastamos alguns reais em compras.
Ressalto
que atravessamos trechos do belo Lago de Furnas, que abraça vários municípios
daquela parte do sul de Minas, que é sempre uma visão impressionante para todos
que o visitam.
Termino
aqui o relato e convido para ver alguns registros fotográficos que fizemos nos
locais visitados.
Grande
abraço e até a próxima viagem. E que ela venha logo, logo.
Parque José Afonso Junqueira - Área Central
Veículos usados na gravação da novela da Rede Globo. |
Termas Antônio Carlos e Catedral N.Sra. da Saúde
Alto do Cristo e Recanto Japonês
Eu e o fotógrafo Limercy, num diálogo visual. |
Fachada da casa de 1894 |
Brincando com o livro sobre o poeta Drummond, que comprei na loja. |
Com Conceição, na cafeteria do Instituto Moreira Salles |
Museu Histórico e Geográfico, Estação Ferroviária e Relógio Floral
Outras atrações
Comidinhas
Wagner também experimentou o Croabacon (croissant recheado com queijo e envolto no bacon, acompanhado de geleia de abacaxi com pimenta). Esta iguaria fazia parte do Festival de Sabores, representando a Rotina Café Galeria, situado no Instituto Moreira Salles/Casa de Cultura. Infelizmente, não fizemos registros fotográficos do prato. Informações sobre o festival em www.saboresdepocos.com.br
O hotel, muito bem localizado, oferece uma boa estrutura de lazer, com academia, sauna, uma banheira de hidromassagem e uma bela vista da área central de Poços de Caldas. Os serviços não têm cobrança à parte e devem ser reservados antecipadamente na recepção.
Outros lugares
Antigo balneário da cidade, fechado há vários anos |
Três Pontas (MG)
A surpresa foi encontrar uma agradável cafeteria, situada no trevo para Varginha, que é conhecida como floricultura Compre Plantas. O local vale a pena ser visitado.
Boa Esperança
Na volta para a capital mineira, passamos pela aprazível cidade de Boa Esperança, à beira do Lago de Furnas. A surpresa foi encontrar e conhecer a cooperativa de cafeicultores locais denominada Xícara da Silva. Fizemos uma parada para apreciar um bom café e outras iguarias, e ainda trouxemos algumas lembranças para casa, inclusive um pacote da deliciosa bebida. Recomendo!