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No maravilhoso Hotel Rixos, em Antalya |
Boa
parte do roteiro que fizemos pela Turquia (Wagner, meu companheiro de viagem, e
eu) foi organizado pela agência turca Argeus, que tem como facilitadora uma simpaticíssima
brasileira chamada Cintia. Ela foi uma acertada indicação de nossa amiga, a
percussionista Ana Brandão, que também fez o roteiro alguns anos atrás. Achamos
essa a melhor opção para viajar por um país com uma língua e costumes tão
diferentes dos nossos.
O
tour começou em Kusadasi, onde recebemos um carro que alugamos para trafegar
pelo país. Viajar de carro pela Turquia é uma experiência fascinante e de
extrema liberdade. A princípio, confesso, fiquei temeroso por causa das regras
de trânsito, da sinalização e por desconhecer as condições das estradas.
Lembrei-me que, uma vez, há alguns anos, tentei sair do Rio de Janeiro de carro
para pegar a estrada para Petrópolis. O trânsito confuso e a falta de placas de
sinalização me fizeram perder o caminho, me levando para uma perigosa periferia
da capital fluminense. Fiquei pensando como isso podia acontecer em uma cidade
turística de tamanha importância.
Mas
na Turquia é diferente. Pelo menos no trajeto estamos fazendo, não encontramos
dificuldade. E olhe que ele é longo: começa em Kusadasi, no mar Egeu, e vai até
a Capadócia, no centro do país, percorrendo uma trajetória que seria mais ou
menos como ir de Belo Horizonte a Montes Claros, depois passar por Uberaba e
Poços de Caldas e, finalmente, voltar para Juiz de Fora. Veja, no mapa abaixo,
todo o roteiro que fizemos.
Mesmo
sem o auxílio de GPS, que parece não funcionar bem na Turquia, conseguimos
realizar o percurso com relativa tranquilidade. O carro ainda tinha equipamento
de som, o que nos permitiu ouvir e apreciar os CDs que havíamos adquirido em
Istambul, de artistas turcos. Para deixar a situação ainda melhor, as estradas
estão em boas condições e boa parte delas é duplicada, favorecendo que o limite
de velocidade chegue, em determinadas situações, a 120 km/hora.
O
que, diga-se de passagem, é impossível, considerando a beleza da paisagem. Os
lugares são paradisíacos. No mesmo local, vemos montanhas, mar, praias,
florestas de pinheiros, ruínas de antigas civilizações, mesquitas pontudas no
meio de casinhas coloridas, estufas de frutas e hortaliças, numa confusão de
cores e estilos, que nos deixam perplexos.
Fethiye,
por exemplo, é um sofisticado balneário e um porto de embarque de grandes
transatlânticos internacionais, com uma marina onde estão estacionados alguns
dos mais suntuosos barcos e iates que eu já vi em vida. Lá fizemos um passeio
de barco e conhecemos a famosa praia de Ölü Deniz, considerada uma das mais
belas do mundo. Desta cidade para Antalya, uma importante cidade do sul da
Turquia, passamos por uma estradinha beira-mar, coalhada de cidadezinhas
litorâneas, com paisagens espetaculares. No meio do caminho, uma parada por
Myra, onde se podem apreciar os famosos túmulos da civilização lícia, que viveu
naquelas paragens centenas de anos atrás.
Antalya
foi particularmente uma surpresa para nós. A começar pelo hotel, um
deslumbrante cinco estrelas da rede Rixos, com uma arquitetura incrível. Sentimo-nos
em Dubai, tamanha a exuberância dos serviços. Para se ter uma ideia, era da
marca Bulgari os xampuzinhos, creminhos e sabonetinhos oferecidos nos banheiros
dos quartos. Uau, que delícia!
Mas
Antalya é mais do que um hotel: tem uma paisagem montanhosa sublime, de onde
podemos apreciar um por do sol de tirar o fôlego. E, nas ruas, calçadas e um
centro histórico extremamente charmosos, comprovando que os turcos estão preocupados
com o bem estar e a qualidade de vida de sua população e dos seus visitantes.
Na parte antiga, ruelas lotadas de restaurantes, cafés e lojinhas encantadores.
Havia, inclusive, um sorveteiro bem típico da Turquia, que fez malabarismos
para nos fisgar como clientes.
Deixando
Antalya, partimos para Konya, uma cidade ao norte, terra natal dos dervixes
rodopiantes. Antes, uma parada numa pequena cidade do interior, onde pudemos
almoçar outro típico almoço turco, acompanhados por pessoas simpáticas e sempre
gentis.
Konya
não tem o charme de Antalya, embora tenha tido um passado grandioso, como centro
cultural de seljúcidas e hititas (vale uma visita ao Google para pesquisar).
Atualmente, é uma cidade moderna com alguns pontos históricos e uma população
religiosa. Seu principal atrativo é o mosteiro onde viveu Mevlana, o fundador
da seita dos dervixes dançantes. Como eu estava muito cansado (e a parada em
Konya não durou mais do que umas oito horas), preferi ficar no hotel, de onde
se avistava o complexo arquitetônico, com uma interessante cúpula verde. Wagner
foi ao mosteiro e visitou o museu dos dervixes. Infelizmente, eles só se
apresentam na segunda quinzena de dezembro, quando realizam seu ritual de fim
de ano. Mas há, em todo o país, grupos que realizam o ritual parecido. Na
programação, está planejada uma apresentação dos dervixes na Capadócia, de que
falarei posteriormente.
A
visita ao museu deixou Wagner muito tocado. Ele sentiu a força daquele local,
que tem uma energia espiritual muito acentuada, mesmo depois de tantos anos da
morte de Mevlana, que aconteceu em 1273. Aproveitou para comprar os CDs com
músicas utilizadas no ritual, que ouvimos mais tarde no carro. Ficamos muito
emocionados com a música, que é de uma pureza e força descomunais. As mudanças rítmicas,
numa mesma faixa, com uma percussão forte e intensa, são arrebatadoras. Bem,
planejo fazer uma postagem posterior a respeito da música que ouvi na viagem,
para melhor abordar o assunto.
Por
falar em música, uma cidade não vive só da sua paisagem ou dos locais
turísticos que tem para oferecer. Ela tem, principalmente, o seu povo. Num
passeio pelo centro de Konya, deparamo-nos com um prédio muito antigo e bonito,
atualmente utilizado como café. Na porta do café, dois rapazes fumavam
calmamente o narguilé. Um deles, dono do espaço, ao nos ver fotografar o
edifício nos chamou, convidando-nos para um chá por sua conta. Mais um ato de
amabilidade e cordialidade dos turcos, que chegamos a nos acostumar, de tão
corriqueiro. Dali, ficamos algumas horas, batendo um papo delicioso sobre as
diferenças e semelhanças dos nossos povos. Como as pessoas lá amam o Brasil!
Logo em seguida, chegaram alguns músicos locais e a conversa acabou se
estendendo e se ampliando.
Em
um inglês de compreensão difícil, mas de comunicação ampla, a experiência
mostrou que nada pode travar ou reduzir aquilo que o ser humano mais quer: o
encontro com o outro. Tomar conhecimento de outros mundos, de outras maneiras
de enfrentar as situações, de outras formas de sobrevivência no planeta. Tudo
às vezes tão diferente e tão parecido no final das contas.
Saímos
dali pensando que a música é um dos mais poderosos canais para união dos povos
e para a transcendência da humanidade. A música e, é claro, um bom papo. Confesso
que dar umas tragadas no narguilê sem nicotina ajudou bastante!
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Marina, em frente ao nosso hotel, em Fethiye |
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Paisagem de Fethyie: mar e montanha em tons de azul |
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Em Fethyie |
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Hotel Ece Marina, em Fethyie |
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Praia de Ölü Deniz |
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Cidade cheia de estufas para cultivo de frutas e hortaliças |
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Praia no mar mediterrâneo |
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Túmulos lícios encravados na rocha, em Myra |
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No teatro de Myra |
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Wagner e eu no luxuoso Rixos, em Antalya |
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Montanhas e praia de Antalya |
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Paisagem de Antalya, com a torre símbolo da cidade |
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Entrada do sítio histórico de Antalya |
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Centro histórico de Antalya |
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Wagner observa o por do sol em Antalya |
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Rua do centro histórico, à noite |
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Wagner e o sorveteiro malabarista |
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A lua é turca |
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Cidade turca |
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Montanhas e pinheiros |
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Café em Konya: encontro de pessoas |
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Mosteiro de Mevlana, em Konya |
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Roteiro de carro pela Turquia (vermelho)
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Thelmo, excelente roteiro, você tem o contato da Cintia da agência Argeus?
ResponderExcluirMuito obrigado.
Oi querido, escreva para cintia@argeus.com.tr.
ExcluirEla tem um compromisso de responder em até 24 horas.
Grande abraço
olá
ResponderExcluirEstou querendo fazer de Selçuk a Antalya de carro mas percebi, em consultas no GOOGLE MAPS que pequenos percursos levam muito tempo( ex: 187km em 3h13m)...então pergunto...AS ESTRADAS NA TURQUIA SÃO MAIS DIFICEIS?
Manoel, tive o receio de viajar de carro a princípio, mas foi surpreendentemente tranquilo. As estrada são muito boas e o carro nem tinha GPS!
ExcluirFomos no rumo e consultando mapas. E, é claro, perguntando aos turcos, num misto de inglês e turco... Vale a pena. Pode ir tranquilo.
Antalya é um lugar maravilhoso. Fiquei lá somente um dia e meio. Se puder ficar pelo menos uns dois dias ou três será perfeito.
Abraços, Thelmo Lins