sábado, 5 de maio de 2012

Aeroportos, esperas e volta para casa

No teatro, à espera de Los Vivancos

             Deveria haver um antídoto contra as mazelas que acontecem em viagens. E um dos maiores problemas que enfrentamos nessa temporada de férias na Espanha e na Turquia são relativos ao transporte aéreo. Primeiramente foi a Spanair que faliu e nos deixou na mão em dois trechos, nos obrigando a comprar novas passagens. Depois vieram os atrasos nos voos que saíram e chegaram de Istambul (uma cidade que tem os mesmos problemas enfrentados por São Paulo). Os atrasos chegaram a duas horas e meia. Mas, completando a nossa saga, ainda tivemos que enfrentar a má administração do Basílica Hotel, de Istambul, que não manteve a nossa reserva e nos obrigou a passar uma noite inteira no aeroporto.

Restou-nos a resignação de ficar em um  cyber café do aeroporto, que estava fechado, mas com suas mesas, cadeiras e poltronas à disposição de outros viajantes que, como eu, estávamos obrigados a passar a noite em claro ou, quase isso, dormindo do jeito que der.

Mas, como em toda a situação há sempre uma saída, esse momento serviu para conhecermos uma bela garota, Talita Ibrahim, brasileira como nós, de São Paulo, que passava a noite no local a espera de seu voo para Londres. Talita é uma viajante na concepção mais ampla da palavra. Saiu de São Paulo para viver uma experiência internacional. Ao invés de escolher locais mais tradicionais, como Paris, Madri ou Roma, preferiu se enfrentar, sozinha, países distantes como Tailândia, Índia, Coreia e Turquia.

Quando nos encontramos, Talita estava na parte final de sua viagem e confessou-nos um certo desencantamento por locais como a Índia, por exemplo, em que se sentiu muito mal tratada por ser mulher e estar sozinha. Os relatos de Talita eram tantos e tão interessantes, que a noite no aeroporto ficou pequena. As nossas mazelas ficaram menores perante o que aquela menina havia enfrentado - e sem nenhuma companhia. Disse a ela que deveria escrever um livro sobre a experiência, do tipo “Comer, amar e rezar”, que se tornou um filme famoso com a Julia Roberts. Infelizmente, a foto que tiramos com ela desapareceu de meus arquivos, assim como outras imagens que eu fiz desses momentos finais da viagem. Mas, eu fui à página dela no Facebook e pincei uma imagem dessa bela mulher, com seus olhos a procurar  no mapa a sua próxima atração. Espero encontrá-la em outras ocasiões, de preferência no lançamento de seu livro de viagens.

De Istambul, fomos para Madri. Chegamos à capital espanhola por volta de meio dia e tínhamos 18 horas para pegarmos nosso voo de volta para casa, que ainda faria uma escala em Frankfurt, na Alemanha. Ficar esperando no aeroporto de Madri era um programa impensável, mesmo com o cansaço e a falta de uma boa noite de sono. Por isso, Wagner (meu companheiro de viagem) e eu depositamos nossa mala em um bagageiro do aeroporto e partimos para o centro da cidade. Diga-se de passagem, entre o aeroporto e o centro de Madri – ou em qualquer localidade dessa capital – é possível ir de metrô. Com apenas 2,50 euros, você chega em qualquer estação. Ai, que inveja!

Almoçamos em um restaurante delicioso de Madri, quase centenário, que serviu uma comida farta e ofereceu um serviço excelente. Bebericamos vinho e cerveja e ainda conhecemos uma família bem jovem, que tinha como sua “estrela” o lindo Daniel, um garotinho de pouco mais de um ano. Logo logo nos entrosamos e ficamos amigos. Pena que sua foto, também, desapareceu de meus arquivos.

Wagner sugeriu que fôssemos a uma atividade cultural, de preferência show musical ou balé. Pegamos o guia da programação e, meio no escuro, ele escolheu um espetáculo de um grupo espanhol chamado Los Vivancos. Nós nunca tínhamos ouvido falar desse grupo, mas ficamos estupefatos com a qualidade do espetáculo, que misturava dança flamenca, artes marciais, música e circo. Todo o cansaço se esvaiu com o talento daqueles sete rapazes bonitos e sarados, dançando e tocando com um talento excepcional. Eles acenderam a plateia, que retribuiu com muitos gritos e aplausos. Depois, descobrimos, para nosso espanto, que os sete rapazes são irmãos. Bem, já era impressionante se não fossem, mas considerando ainda que são todos de uma mesma família, ficamos simplesmente embasbacados. Los Vivancos: guardem esse nome!

Já é hora de voltar para casa. Uma breve parada na Alemanha, mas nosso destino é Rio de Janeiro e, por fim, Belo Horizonte. Uma boa dose de realidade ao chegar no Galeão, depois de tanta beleza nessa viagem. Um aeroporto que não faz juz ao nome que tem - “Antonio Carlos Jobim” - e nem à cidade que o abriga. Está sujo, cheio de goteiras, com lojas mal organizadas e poucas atrações para se passar o tempo antes de pegar o próximo voo. Dá pena saber que ele é a porta de entrada de muitos estrangeiros que chegam ao país. O Brasil é melhor do que isso e as autoridades precisam mudar essa situação. A Copa do Mundo e as Olimpíadas vêm aí e temos que mudar essa realidade.

Bem, chegar em Belo Horizonte é chegar em casa. Aonde está nosso trabalhos, nossos amigos, nosso canto. Agora, é começar a planejar a nossa próxima viagem. E que seja breve. Até lá!

Talita Ibrahim: uma viajante ousada

Wagner e o cartaz de Los Vivancos, em Madri

Los Vivancos

No belíssimo Mercado de S. Miguel, em Madri


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