Área história da Praga, vista do Castelo |
Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse
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Qual
a mais bela cidade da Europa? Uma pergunta que não chega a lugar nenhum, pois
cada pessoa tem sua concepção particular de beleza. Mas uma das poucas
unanimidades (além de Paris, é claro) é a capital da República Tcheca, Praga.
Estive lá em 2010, durante um tour pelo Velho Continente e visitei esta
impressionante cidade.
Tudo
nela resplandece. Tudo é vida, é cor. É impressionante que, apesar de ter
integrado a linha dura da antiga União Soviética, esta cidade conseguiu se
manter intacta, linda, instigante.
As
fachadas dos prédios são bordadas. Ao invés de números, as residências são
designadas por símbolos e animais (a casa do Carneiro de Pedra, Casa da Raposa
Vermelha, Casa do Unicórnio Dourado, por exemplo, dentre outras). Os telhados
são vermelhinhos, parecendo das casas dos contos de fadas. A ponte é
deslumbrante. E ainda tem o rio Vlatava cruzando a cidade.
A Praça
da Cidade Velha é considerada, por muitos, uma das mais lindas do mundo. Nela,
além de um expressivo casario, observamos alguns edifícios marcantes, com a
antiga oficina U Rotta, a igreja de Nossa Senhora de Tyn, o palácio Kinsky e a
torre da Prefeitura Velha. Esta é uma atração à parte, pois nela está instalado
o incrível relógio astronômico, do século 15. Contam que o resultado final
ficou tão bonito, que os contratantes cegaram o criador para que ele não
fizesse outra peça mais bonita do que aquela.
A cada
hora cheia, uma multidão se aglomera em torno da torre. Do alto dela, um
corneteiro anuncia o programa. Em seguida, o relógio começa a se movimentar e
as figuras vão aparecendo. Os apóstolos movem-se em círculos, um galo canta e o
aparelho bate a hora. A sincronia é tão perfeita que o público se extasia e
aplaude. Wagner Cosse, que viajava comigo, subiu na torre e de lá flagrou
várias cenas desse momento tão especial.
Na praça
também há inúmeros restaurantes e cafés. Há uma profusão de turistas, embora eu
tenha ido no mês de março, quando ainda não é alta temporada. Havia de tudo um
pouco, até mesmo um casal de noivos fazendo fotos para o seu álbum de
casamento.
Na Cidade
Velha também visitei o museu dedicado ao artista plástico e ilustrador Mucha,
com suas obras marcadamente em estilo Art Noveau. Embora não seja um museu extraordinário, vale a pena pelas criações do grande pintor (https://www.mucha.cz/en/).
Andando
um pouco mais, é possível alcançar o bairro Judeu, com expressivas igrejas e
casario. Chamou-nos especial atenção a Sinagoga Staranová, de 1270, considerada
a mais antiga da Europa. É uma construção simples, com telhado em duas águas.
Ao seu lado está o Velho e arrepiante Cemitério Judeu. Ele foi iniciado há mais de 300 anos.
Acredita-se que haja mais de 12 mil lápides em um espaço razoavelmente pequeno.
Elas se amontoam e criam uma arquitetura bizarra, com tumbas se atropelando.
Embora não sejam enterradas mais pessoas no local desde 1787, lá deve ter mais
de 100 mil ossadas.
Para se
chegar ao bairro de Malá Strana, do outro lado do rio, é preciso atravessar a
Ponte Carlos IV, em estilo gótico. Seu nome é uma homenagem a um dos maiores
governantes do país, quando a região ainda era chamado de Boêmia. A ponte
começou a ser construída em 1357, com o intuito de ligar o centro da cidade ao
Castelo de Praga. Ela tem 516 metros de extensão, por 10 metros de largura. Ela
é adornada por 30 estátuas de santos, de Jesus e Nossa Senhora, sobressaindo-se
a que homenageia São João Nepomuceno, que foi o vigário geral da cidade, no
século 14. Ele foi morto e torturado na ponte e seu corpo foi jogado no rio. A
escultura dedicada ao santo é alvo de intensa devoção. Tanto que o bronze se
encontra corroído na área onde os fiéis depositam suas mãos.
Malá
Strana é o bairro mais bonito de Praga, devido ao conjunto de suas casas. Ali
podem ser visitadas a Igreja de São Nicolau, obra prima do Rococó tcheco, a
igreja do Menino Jesus de Praga, além de lojinhas e restaurantes. Vale a pena
se esmiuçar o artesanato local, que é encantador. São Nicolau merece uma visita
mais demorada, devido ao seu complexo estilo arquitetônico. O órgão, feito em
1746, foi tocado por Mozart.
Subindo
um pouco as ladeiras de Malá Strana, chegamos à região do castelo. Ali foi,
durante muitos séculos, a sede da monarquia boêmia. Quem não quiser andar a pé,
pode chegar ao local por meio de taxi ou bonde.
Quando a
gente fala em castelo, imagina um prédio com muitos cômodos, feito
especialmente para o rei morar. Pelo menos, eu tinha esta ideia até conhecer o
Castelo de Praga. Trata-se, na verdade, de uma pequena cidade amuralhada, onde
podemos encontrar a residência do rei e de seus súditos, as casas onde viviam
os empregados do palácio, um convento e a magnífica Catedral de São Vito, uma
das mais belas construções da Europa.
Alugamos
um guia de audio, uma espécie de fone de ouvido que transmite, em várias
línguas, os detalhes do templo religioso. Com este aparelho, acessa-se à
catedral sem enfrentar as filas imensas que se formam do lado de fora. E cada
minuto vale a pena. Principalmente os belíssimos vitrais e o túmulo de São João
Nepomuceno, feito em prata maciça em 1736.
Outro
local que vale a visita é a Viela Dourada, um conjunto de casinhas medievais
onde viviam os guardas e artilheiros do castelo. Já o palácio e o convento
transformaram-se em galerias de arte, onde se pode apreciar as obras mais
marcantes da arte boêmia.
Como
ocorreu em Budapeste, tiramos um dia para conhecer o Teatro da Ópera de Praga.
A cidade possuiu dois, um nacional e um estatal. Conhecemos o nacional. Fiquei
impressionado com a agenda. Havia praticamente uma montagem de ópera de dois em
dois dias. Assistimos, por exemplo, a Madame Butterfly, de Puccini. A ópera foi
apenas um pretexto para entrar no local e conhecer as suntuosas dependências do
espaço cultural.
Outro
lugar muito interessante é o Museu Kafka, em homenagem ao mais famoso escritor
nascido na cidade. Ele fica às margens do Vlatava. De cara, somos recepcionados
por duas estátuas bem instigantes de dois homens nus, que são uma espécie de
fonte. Imaginem de onde saia a água...
O
visitante também pode fazer o passeio de barco em Praga. Mas confesso que não
achei muito interessante quanto o de Budapeste.
Mesmo não
sendo um amante inveterado da cerveja, confesso que não resisti aos encantos da
bebida na capital tcheca. Afinal, a cada esquina havia um bar ou restaurante
que servia uma cerveja especial da casa, com sabor e teor alcoólico
diferenciados. Os entendidos dizem que lá se fabricam as melhores do mundo.
Para se ter uma ideia, fomos a uma casa de 1499 que servia a bebida. Talvez seja
uma das mais antigas tabernas do mundo.
Por fim,
ressalto a arquitetura moderna de Praga. Pois sim, a cidade também tem suas
ousadias arquitetônicas. A mais notória é o prédio Ginger e Fred, feito em
homenagem aos bailarinos Fred Astaire e Ginger Rodgers, grandes ídolos do
cinema americano da metade do século 20.
Ficamos
uma semana em Praga, tempo suficiente para andar calmamente na cidade, sem
muita pressão do tempo. Ficou a impressão de uma cidade que desperta para o
turismo internacional e está se adaptando a ele paulatinamente. Nas ruas, à luz
do dia, vemos pessoas vendendo drogas abertamente, o que causa um certo
desconforto. O turismo sexual também é intenso. Há, ainda, casas que vendem
produtos oriundos da maconha de maneira licenciada, o que é curioso.
A questão
histórica e cultural, no entanto, é pulsante. E é ela que fica na memória quando
lembramos desta cidade tão especial.
Praça da Cidade Velha
Relógio
Público se aglomera em toda hora cheia |
Wagner no alto da torre |
Bairro Judeu
Sinagoga |
Cemitério |
Ponte Carlos IV e Malá Strana
Igreja de São Nicolau
Órgão usado por Mozart |
Artesanato local
Castelo de Praga
Com o audio-guia, na fachada da Catedral de São Vito |
Deslumbrantes vitrais da catedral |
Túmulo de S.João Nepomuceno, em prata maciça |
Viela Dourada |
Teatro da Ópera
Fachada |
Museu Kafka
Rio Vlatava e passeio de barco noturno
Cervejarias e restaurantes
Ginger e Fred
Fim de tarde em Praga
Descansando à beira do Vlatava, curtindo o por-do-sol |
Loja de produtos da maconha |
Wagner no aeroporto de Praga |
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