sábado, 5 de maio de 2018

DICA DA SEMANA: Na resplandecente Praga, capital da República Checa

Área história da Praga, vista do Castelo

Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse
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            Qual a mais bela cidade da Europa? Uma pergunta que não chega a lugar nenhum, pois cada pessoa tem sua concepção particular de beleza. Mas uma das poucas unanimidades (além de Paris, é claro) é a capital da República Tcheca, Praga. Estive lá em 2010, durante um tour pelo Velho Continente e visitei esta impressionante cidade.
            Tudo nela resplandece. Tudo é vida, é cor. É impressionante que, apesar de ter integrado a linha dura da antiga União Soviética, esta cidade conseguiu se manter intacta, linda, instigante.
As fachadas dos prédios são bordadas. Ao invés de números, as residências são designadas por símbolos e animais (a casa do Carneiro de Pedra, Casa da Raposa Vermelha, Casa do Unicórnio Dourado, por exemplo, dentre outras). Os telhados são vermelhinhos, parecendo das casas dos contos de fadas. A ponte é deslumbrante. E ainda tem o rio Vlatava cruzando a cidade.
A Praça da Cidade Velha é considerada, por muitos, uma das mais lindas do mundo. Nela, além de um expressivo casario, observamos alguns edifícios marcantes, com a antiga oficina U Rotta, a igreja de Nossa Senhora de Tyn, o palácio Kinsky e a torre da Prefeitura Velha. Esta é uma atração à parte, pois nela está instalado o incrível relógio astronômico, do século 15. Contam que o resultado final ficou tão bonito, que os contratantes cegaram o criador para que ele não fizesse outra peça mais bonita do que aquela.
A cada hora cheia, uma multidão se aglomera em torno da torre. Do alto dela, um corneteiro anuncia o programa. Em seguida, o relógio começa a se movimentar e as figuras vão aparecendo. Os apóstolos movem-se em círculos, um galo canta e o aparelho bate a hora. A sincronia é tão perfeita que o público se extasia e aplaude. Wagner Cosse, que viajava comigo, subiu na torre e de lá flagrou várias cenas desse momento tão especial.
Na praça também há inúmeros restaurantes e cafés. Há uma profusão de turistas, embora eu tenha ido no mês de março, quando ainda não é alta temporada. Havia de tudo um pouco, até mesmo um casal de noivos fazendo fotos para o seu álbum de casamento.
Na Cidade Velha também visitei o museu dedicado ao artista plástico e ilustrador Mucha, com suas obras marcadamente em estilo Art Noveau. Embora não seja um museu extraordinário, vale a pena pelas criações do grande pintor (https://www.mucha.cz/en/).
Andando um pouco mais, é possível alcançar o bairro Judeu, com expressivas igrejas e casario. Chamou-nos especial atenção a Sinagoga Staranová, de 1270, considerada a mais antiga da Europa. É uma construção simples, com telhado em duas águas. Ao seu lado está o Velho e arrepiante Cemitério Judeu.  Ele foi iniciado há mais de 300 anos. Acredita-se que haja mais de 12 mil lápides em um espaço razoavelmente pequeno. Elas se amontoam e criam uma arquitetura bizarra, com tumbas se atropelando. Embora não sejam enterradas mais pessoas no local desde 1787, lá deve ter mais de 100 mil ossadas.
Para se chegar ao bairro de Malá Strana, do outro lado do rio, é preciso atravessar a Ponte Carlos IV, em estilo gótico. Seu nome é uma homenagem a um dos maiores governantes do país, quando a região ainda era chamado de Boêmia. A ponte começou a ser construída em 1357, com o intuito de ligar o centro da cidade ao Castelo de Praga. Ela tem 516 metros de extensão, por 10 metros de largura. Ela é adornada por 30 estátuas de santos, de Jesus e Nossa Senhora, sobressaindo-se a que homenageia São João Nepomuceno, que foi o vigário geral da cidade, no século 14. Ele foi morto e torturado na ponte e seu corpo foi jogado no rio. A escultura dedicada ao santo é alvo de intensa devoção. Tanto que o bronze se encontra corroído na área onde os fiéis depositam suas mãos.
Malá Strana é o bairro mais bonito de Praga, devido ao conjunto de suas casas. Ali podem ser visitadas a Igreja de São Nicolau, obra prima do Rococó tcheco, a igreja do Menino Jesus de Praga, além de lojinhas e restaurantes. Vale a pena se esmiuçar o artesanato local, que é encantador. São Nicolau merece uma visita mais demorada, devido ao seu complexo estilo arquitetônico. O órgão, feito em 1746, foi tocado por Mozart.
Subindo um pouco as ladeiras de Malá Strana, chegamos à região do castelo. Ali foi, durante muitos séculos, a sede da monarquia boêmia. Quem não quiser andar a pé, pode chegar ao local por meio de taxi ou bonde.
Quando a gente fala em castelo, imagina um prédio com muitos cômodos, feito especialmente para o rei morar. Pelo menos, eu tinha esta ideia até conhecer o Castelo de Praga. Trata-se, na verdade, de uma pequena cidade amuralhada, onde podemos encontrar a residência do rei e de seus súditos, as casas onde viviam os empregados do palácio, um convento e a magnífica Catedral de São Vito, uma das mais belas construções da Europa.
Alugamos um guia de audio, uma espécie de fone de ouvido que transmite, em várias línguas, os detalhes do templo religioso. Com este aparelho, acessa-se à catedral sem enfrentar as filas imensas que se formam do lado de fora. E cada minuto vale a pena. Principalmente os belíssimos vitrais e o túmulo de São João Nepomuceno, feito em prata maciça em 1736.
Outro local que vale a visita é a Viela Dourada, um conjunto de casinhas medievais onde viviam os guardas e artilheiros do castelo. Já o palácio e o convento transformaram-se em galerias de arte, onde se pode apreciar as obras mais marcantes da arte boêmia.
Como ocorreu em Budapeste, tiramos um dia para conhecer o Teatro da Ópera de Praga. A cidade possuiu dois, um nacional e um estatal. Conhecemos o nacional. Fiquei impressionado com a agenda. Havia praticamente uma montagem de ópera de dois em dois dias. Assistimos, por exemplo, a Madame Butterfly, de Puccini. A ópera foi apenas um pretexto para entrar no local e conhecer as suntuosas dependências do espaço cultural.
Outro lugar muito interessante é o Museu Kafka, em homenagem ao mais famoso escritor nascido na cidade. Ele fica às margens do Vlatava. De cara, somos recepcionados por duas estátuas bem instigantes de dois homens nus, que são uma espécie de fonte. Imaginem de onde saia a água...
O visitante também pode fazer o passeio de barco em Praga. Mas confesso que não achei muito interessante quanto o de Budapeste.
Mesmo não sendo um amante inveterado da cerveja, confesso que não resisti aos encantos da bebida na capital tcheca. Afinal, a cada esquina havia um bar ou restaurante que servia uma cerveja especial da casa, com sabor e teor alcoólico diferenciados. Os entendidos dizem que lá se fabricam as melhores do mundo. Para se ter uma ideia, fomos a uma casa de 1499 que servia a bebida. Talvez seja uma das mais antigas tabernas do mundo.
Por fim, ressalto a arquitetura moderna de Praga. Pois sim, a cidade também tem suas ousadias arquitetônicas. A mais notória é o prédio Ginger e Fred, feito em homenagem aos bailarinos Fred Astaire e Ginger Rodgers, grandes ídolos do cinema americano da metade do século 20.
Ficamos uma semana em Praga, tempo suficiente para andar calmamente na cidade, sem muita pressão do tempo. Ficou a impressão de uma cidade que desperta para o turismo internacional e está se adaptando a ele paulatinamente. Nas ruas, à luz do dia, vemos pessoas vendendo drogas abertamente, o que causa um certo desconforto. O turismo sexual também é intenso. Há, ainda, casas que vendem produtos oriundos da maconha de maneira licenciada, o que é curioso.
A questão histórica e cultural, no entanto, é pulsante. E é ela que fica na memória quando lembramos desta cidade tão especial.



 Praça da Cidade Velha










 Relógio

Público se aglomera em toda hora cheia




Wagner no alto da torre 





 Bairro Judeu

Sinagoga

Cemitério

 Ponte Carlos IV e Malá Strana












 Igreja de São Nicolau




Órgão usado por Mozart


 Artesanato local


 Castelo de Praga


Com o audio-guia, na fachada da Catedral de São Vito


Deslumbrantes vitrais da catedral



Túmulo de S.João Nepomuceno, em prata maciça

Viela Dourada

 Teatro da Ópera

Fachada




 Museu Kafka


 Rio Vlatava e passeio de barco noturno








 Cervejarias e restaurantes






 Ginger e Fred

Fim de tarde em Praga

Descansando à beira do Vlatava, curtindo o por-do-sol




Loja de produtos da maconha

Wagner no aeroporto de Praga


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