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Em Ollantaytambo (foto de Wagner Cosse)
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Para conhecer melhor o Peru, em especial o Vale Sagrado dos
Incas, é preciso decifrar uma série de nomes que parecem mais um trava-línguas.
Além dos já citados anteriormente – Sacsayhuaman, Q’enco, Puka Pukara,
Tambomachay e Coricancha – surgem outros: Chinchero, Moray e, principalmente,
Ollantaytambo. Todos estes visitados por nós. E ainda há outros, que não
conhecemos, como Intipunku, Phuyutamarca, Runkurakay, Wyña Wayna, Huayllabamba,
Llactapata, Warmiwañusca e Sayacmarka, possíveis de ser acessados por quem faz
a trilha dos incas a pé. Ou seja, difíceis de decorar e até de
pronunciar.
O Vale
Sagrado é um dos lugares mais belos e misteriosos do país. Ali, entre Pisac
e Ollantaytambo, em aproximadamente 60 km, os incas construíram cidades
espetaculares, avançados postos de agricultura e salinas que resistem até os
dias atuais.
Começamos a
visita por Chinchero, 28 km de Cusco, a 3.772 m acima do nível do mar. Ali
existia a cultura pré-incaica de Ayamarca. Depois, o décimo imperador inca
Tupac Yupanqui teria construído ali seus palácios. No século XVI, os
conquistadores destruíram parte do conjunto e edificaram, em cima das
fundações, um templo católico barroco, decorado com pinturas de Diego Quispe
Tito e Francisco Chihuantito.
No dia em que
estivemos lá, o atual povoado estava em festa. Parecia ser um evento
religioso, pois a comunidade se concentrava em torno de uma pequena capela. Homens
e mulheres pareciam ter saído de um livro de história, pois era como se
voltássemos ao passado, às raízes do império. Eles celebravam com suas
vestimentas coloridíssimas.
O local
também abriga uma feira famosa, que tem seu auge todos os domingos, mas
estava disponível no dia em que visitamos o sítio. Perto dali os moradores
mantêm uma cooperativa, formada somente por mulheres, que trabalham com
artesanato feito de lã de alpaca. Aprendemos como funciona o processo de tecelagem
e colorização dos tecidos, elaborados com materiais colhidos da própria
natureza, exatamente como era feito no passado. Há vários produtos artesanais à
venda.
Dali fomos
para Moray, um complexo arqueológico de terraços agrícolas, chamados de “muyu”
na língua quéchua. Visualmente, eles lembram anfiteatros ao ar livre, mas sua
função era muito mais complexa. Os incas testavam, nesses locais, como os
diversos tipos de alimentos reagiam aos vários níveis de solo, de temperatura,
elevação e incidência do sol. De acordo com os estudiosos, ali eram plantados
cerca de 250 cereais e legumes, com destaque para os vários tipos de batatas.
Perto de
Moray, estão as Salinas de Maras, que não tivemos a oportunidade de
conhecer. São 3.000 poços de água salgada natural, de onde é extraído o sal
peruano de excelente qualidade. Centenas de mineradores ainda trabalham no
local. Há alguns postos de venda do produto na região. Trouxemos um pacote para
experimentarmos.
A próxima e
mais espetacular estação de nosso tour é Ollantaytambo, situado a 97km
de Cusco. O povoado é considerado uma “cidade inca viva”, pois os moradores
vivem, comercializam, cultivam e realizam seus serviços seguindo as antigas
tradições incas.
De acordo com
o historiador cusquenho Valentín Martíne, o nome se origina do general do
Antisuyo chamado Ollantay, que residia e tinha seu quartel general nesta
localidade. O militar teria se apaixonado pela filha de Pachacútec, nono
governante inca, numa história digna de Romeu e Julieta.
Ollantaytambo
também foi um dos povoados que resistiu à ocupação espanhola, mas acabou sendo reconquistada
por eles em 1537.
O sítio
arqueológico é formado por uma série de terraços, silos, escadarias,
residências, fontes e sistema de abastecimento de água, além de templos dedicados
ao Sol. Na fortaleza de Araqama Ayllu estão também o salão real, as termas da
princesa e o Intihuatana, utilizado para observar a trajetória do sol. Como em
outras construções, os encaixes das pedras são perfeitos e, por vezes, é
difícil acreditar como aquelas pedras tão pesadas foram alçadas a lugares tão
altos. Os silos construídos no alto da montanha são outra atração à parte,
devido à dificuldade de acesso.
Há uma
variada feira de artesanato na entrada do sítio histórico, que é muito visitado
pelos turistas. Estivemos lá na parte da manhã, quando ainda era possível
transitar no local com uma certa tranquilidade. Na parte da tarde, as filas
alcançavam vários quarteirões. Ali também se encontram cafés, restaurantes e
outros tipos de comércio.
Encerrando
nosso dia, chegamos ao hotel Agusto's, onde pernoitaríamos. Não
acreditamos quando vimos – e conhecemos – os jardins da hospedagem. Há
muito não via canteiros tão bem tratados, com tanta harmonia e beleza. É claro
que esquecemos nosso cansaço e nos dedicamos a fazer um ensaio fotográfico no
local, ladeado por construções brancas e montanhas encantadoras. Dali também se
pode observar um belo pôr-do-sol. Tivemos a oportunidade de conhecer e
conversar com o casal proprietário do hotel, que nos recebeu com extrema
cortesia.
Depois de
experimentar um Pisco, uma forte bebida peruana que me deixou
particularmente entorpecido, e saborear uma massa deliciosa, fomos nos recolher,
pois no dia seguinte bem cedo iríamos pegar o trem para Machu Picchu, parte
final desta viagem.
Chinchero
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Detalhes da pintura na fachada da igreja |
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Povoado se enfeita para evento religioso |
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Feira de artesanato |
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Cores desenvolvidas pela cooperativa de mulheres |
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Regina e Wagner com as artesãs |
Moray
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Com Regina e Wagner na entrada do sítio arqueológico |
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Com Wagner, em Moray |
Ollantaytambo
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Que tal um pisco? |
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