sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Viagem ao Peru - Parte VII - Vale Sagrado dos Incas

 

Em Ollantaytambo (foto de Wagner Cosse)

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            Para conhecer melhor o Peru, em especial o Vale Sagrado dos Incas, é preciso decifrar uma série de nomes que parecem mais um trava-línguas. Além dos já citados anteriormente – Sacsayhuaman, Q’enco, Puka Pukara, Tambomachay e Coricancha – surgem outros: Chinchero, Moray e, principalmente, Ollantaytambo. Todos estes visitados por nós. E ainda há outros, que não conhecemos, como Intipunku, Phuyutamarca, Runkurakay, Wyña Wayna, Huayllabamba, Llactapata, Warmiwañusca e Sayacmarka, possíveis de ser acessados por quem faz a trilha dos incas a pé. Ou seja, difíceis de decorar e até de pronunciar.

 

            O Vale Sagrado é um dos lugares mais belos e misteriosos do país. Ali, entre Pisac e Ollantaytambo, em aproximadamente 60 km, os incas construíram cidades espetaculares, avançados postos de agricultura e salinas que resistem até os dias atuais.

            Começamos a visita por Chinchero, 28 km de Cusco, a 3.772 m acima do nível do mar. Ali existia a cultura pré-incaica de Ayamarca. Depois, o décimo imperador inca Tupac Yupanqui teria construído ali seus palácios. No século XVI, os conquistadores destruíram parte do conjunto e edificaram, em cima das fundações, um templo católico barroco, decorado com pinturas de Diego Quispe Tito e Francisco Chihuantito.

            No dia em que estivemos lá, o atual povoado estava em festa. Parecia ser um evento religioso, pois a comunidade se concentrava em torno de uma pequena capela. Homens e mulheres pareciam ter saído de um livro de história, pois era como se voltássemos ao passado, às raízes do império. Eles celebravam com suas vestimentas coloridíssimas.

            O local também abriga uma feira famosa, que tem seu auge todos os domingos, mas estava disponível no dia em que visitamos o sítio. Perto dali os moradores mantêm uma cooperativa, formada somente por mulheres, que trabalham com artesanato feito de lã de alpaca. Aprendemos como funciona o processo de tecelagem e colorização dos tecidos, elaborados com materiais colhidos da própria natureza, exatamente como era feito no passado. Há vários produtos artesanais à venda.

 

            Dali fomos para Moray, um complexo arqueológico de terraços agrícolas, chamados de “muyu” na língua quéchua. Visualmente, eles lembram anfiteatros ao ar livre, mas sua função era muito mais complexa. Os incas testavam, nesses locais, como os diversos tipos de alimentos reagiam aos vários níveis de solo, de temperatura, elevação e incidência do sol. De acordo com os estudiosos, ali eram plantados cerca de 250 cereais e legumes, com destaque para os vários tipos de batatas.

            Perto de Moray, estão as Salinas de Maras, que não tivemos a oportunidade de conhecer. São 3.000 poços de água salgada natural, de onde é extraído o sal peruano de excelente qualidade. Centenas de mineradores ainda trabalham no local. Há alguns postos de venda do produto na região. Trouxemos um pacote para experimentarmos.

 

            A próxima e mais espetacular estação de nosso tour é Ollantaytambo, situado a 97km de Cusco. O povoado é considerado uma “cidade inca viva”, pois os moradores vivem, comercializam, cultivam e realizam seus serviços seguindo as antigas tradições incas.

            De acordo com o historiador cusquenho Valentín Martíne, o nome se origina do general do Antisuyo chamado Ollantay, que residia e tinha seu quartel general nesta localidade. O militar teria se apaixonado pela filha de Pachacútec, nono governante inca, numa história digna de Romeu e Julieta.

            Ollantaytambo também foi um dos povoados que resistiu à ocupação espanhola, mas acabou sendo reconquistada por eles em 1537.

            O sítio arqueológico é formado por uma série de terraços, silos, escadarias, residências, fontes e sistema de abastecimento de água, além de templos dedicados ao Sol. Na fortaleza de Araqama Ayllu estão também o salão real, as termas da princesa e o Intihuatana, utilizado para observar a trajetória do sol. Como em outras construções, os encaixes das pedras são perfeitos e, por vezes, é difícil acreditar como aquelas pedras tão pesadas foram alçadas a lugares tão altos. Os silos construídos no alto da montanha são outra atração à parte, devido à dificuldade de acesso.

            Há uma variada feira de artesanato na entrada do sítio histórico, que é muito visitado pelos turistas. Estivemos lá na parte da manhã, quando ainda era possível transitar no local com uma certa tranquilidade. Na parte da tarde, as filas alcançavam vários quarteirões. Ali também se encontram cafés, restaurantes e outros tipos de comércio.

 

            Encerrando nosso dia, chegamos ao hotel Agusto's, onde pernoitaríamos. Não acreditamos quando vimos – e conhecemos – os jardins da hospedagem. Há muito não via canteiros tão bem tratados, com tanta harmonia e beleza. É claro que esquecemos nosso cansaço e nos dedicamos a fazer um ensaio fotográfico no local, ladeado por construções brancas e montanhas encantadoras. Dali também se pode observar um belo pôr-do-sol. Tivemos a oportunidade de conhecer e conversar com o casal proprietário do hotel, que nos recebeu com extrema cortesia. 

            Depois de experimentar um Pisco, uma forte bebida peruana que me deixou particularmente entorpecido, e saborear uma massa deliciosa, fomos nos recolher, pois no dia seguinte bem cedo iríamos pegar o trem para Machu Picchu, parte final desta viagem.


Chinchero





Detalhes da pintura na fachada da igreja





Povoado se enfeita para evento religioso

Feira de artesanato

Cores desenvolvidas pela cooperativa de mulheres


Regina e Wagner com as artesãs

Moray


Com Regina e Wagner na entrada do sítio arqueológico






Com Wagner, em Moray


Ollantaytambo






Silos no alto da montanha


Feira de artesanato 

Rua da vila

Crianças locais

Sistema de saneamento

Com novos amigos da Argentina...

... e da Espanha.

Hotel Agusto´s e seu jardim fantástico














Que tal um pisco?

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