quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Na Trilha do Cangaço ou da Resistência 4 – Penedo, Alagoas

Eu e Convento de N.Sra.dos Anjos (foto de Wagner Cosse)

Clique nas fotos para ampliá-las
Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse



Depois da estadia em Cachoeira (BA), atravessamos, pela BR-101, o nordeste baiano e o Estado de Sergipe para chegarmos à cidade de Penedo (AL). Para alcançá-la, pegamos uma balsa em Neópolis (SE), do outro lado do Rio São Francisco.
Chegamos a Penedo no início da noite e, à distância, percebemos a bela iluminação de Natal que adornava e valorizava as igrejas, praças e casarões. Alimentamo-nos e nos dirigimos (eu e meu companheiro de viagem, Wagner Cosse) ao hotel para descansarmos. No dia seguinte, iríamos vasculhar a cidade histórica que margeia o Velho Chico.
Penedo e o rio se fundem. Ele é avistado de suas colinas e ladeiras, ruas e becos. Ele abraça a cidade com suas águas de tons azulados. Na cidade, que fica a 38 km da foz, o São Francisco já apresenta águas salobras, fruto da perda de sua força e do assoreamento ao longo de seu curso. O Pontal do Peba, que é onde o rio se encontra com o mar, é a praia preferida dos penedenses e aonde boa parte da população vai para se refrescar do calor abrasador da região. Desta vez, não fomos à foz, que já havíamos conhecido em uma viagem anterior. Mas passamos pelas praias próximas.
Muitos turistas visitam Penedo em um bate-e-volta de um ou dois dias a partir de Maceió (principalmente) ou Aracaju, privilegiando os passeios de barco à foz do Rio São Francisco. Seu imponente casario histórico muitas vezes é preterido ou visto rapidamente. Mas a cidade nos conquistou e acabamos ficando mais dias, o que foi importante para um reconhecimento mais apurado de suas belezas.
Depois do impacto inicial (positivo) da iluminação noturna, Penedo se mostra uma outra cidade durante o dia, tão bela quando pulsante. Boa parte de seu casario, tombado pelo IPHAN, está bem preservado. Fundada no século 17, ela é testemunha de mais de 300 anos de história. Portanto, conseguimos verificar construções de diversas épocas e estilos, desde o Barroco, o Rococó, o Neoclássico, o Art déco ao Modernismo.
Vale ressaltar a igreja de Nossa Senhora das Correntes, com seus altares dourados. A edificação foi construída no século 18 por um grande proprietário de terras, que era abolicionista. Por isso, ele escondia os negros fugidos em buracos criados atrás dos altares e, depois, dava oportunidade para suas fugas, que aconteciam durante o período noturno. Um pouco mais acima, encontra-se o Convento de Nossa Senhora dos Anjos, exuberante construção franciscana, também do século 18.
A Matriz, a prefeitura, a Casa da Aposentadoria, residências particulares, o prédio da Associação Comercial, dentre outros, atestam um passado imponente. O Museu Imperial, que estava fechado na ocasião, relata a visita do imperador Dom Pedro II ao município, em 1859. A igreja de São Gonçalo Garcia dos Homens Pardos, outra pérola arquitetônica, tem impressionantes adornos na fachada.
Outra edificação especial é o Teatro Sete de Setembro, de 1884, a mais antiga casa de espetáculos de Alagoas. Restaurado recentemente, o prédio abriga uma plateia de 300 lugares, com ótima acústica.
É possível encontrar artesanato de altíssima qualidade, por meio, principalmente, da associação Pontos e Contos, que cria bordados a partir das histórias vivenciadas pelos moradores ribeirinhos. São capas de almofadas, roupas e outros objetos feitos com muito primor e dedicação. Eles também fazem um trabalho de inclusão social dos artesãos, que conseguem, com a venda dos produtos, melhor qualidade de vida.
            Há bons restaurantes em Penedo, inclusive na beira do rio, onde se pode degustar um bom peixe, dentre outras iguarias nordestinas, como o cuscuz e a tapioca. O nosso hotel ficava um pouco distante da área central, o que lhe conferia mais tranquilidade, além de um atendimento especial dos funcionários, sempre atenciosos e bem-humorados.
Quanto ao Rio São Francisco, razão da existência de Penedo e de nossa visita à esta linda cidade, ele oferece outra atração imperdível. Quando a tarde cai, juntamente com o céu sertanejo, a paisagem é colorida pelos tons dourados do pôr-do-sol, deixando tudo ainda mais encantado.
Passamos o Reveillon em Penedo, embora a cidade não oferecesse nenhum tipo especial de festa pública. Havia fogos comemorativos em Neópolis, do outro lado do rio, em Sergipe. Mas o cansaço dos passeios diurnos e o calor nos derrubaram e comemoramos a passagem de ano somente no dia seguinte, degustando uma garrafa de espumante, presenteada pelo querido amigo Vinicius Cosse, e que levamos na bagagem para este momento.
A viagem continua e a próxima etapa é a antiga capital de Alagoas, Marechal Deodoro.

Na travessia de balsa entre Neópolis e Penedo

Penedo iluminada 

 Penedo à noite

Igreja de N.Sra.das Correntes 

Museu Imperial

Iluminação noturna



Detalhe da igreja de São Gonçalo

Visão noturna do teatro municipal

Iluminação noturna. Ao fundo a Igreja de São Gonçalo

Wagner caminha na rua iluminadas

Convento de N.Sra.dos Anjos

Igreja matriz

Wagner em frente ao prédio da prefeitura

 Penedo de dia





 Mirante do Rio São Francisco



 Teatro Sete de Setembro


 Igreja de S. Gonçalo Garcia dos Homens Pardos


 Porto



 Igreja N.Sra. das Correntes








Buraco onde os escravos se encondiam

Mercado das Farinhas

Feira

Flor que decorava o jardim de uma residência

 Outros imóveis





 Por-do-sol









 Convento e igreja de N.Sra. dos Anjos








 Bordados da Associação Pontos e Contos






sábado, 9 de fevereiro de 2019

Na Trilha do Cangaço ou da Resistência 3 - Cachoeira, Bahia

Convento do Carmo, em Cachoeira: profusão de dourados (foto de Wagner Cosse)

Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse
Clique nas fotos para ampliá-las



Cachoeira fica no Recôncavo Baiano, a 117 km de Salvador. Ela é cortada pelo Rio Paraguaçu, importante porto fluvial baiano do passado. Do outro lado da margem, está São Félix. São cidades gêmeas, irmãs.
            Trata-se de cidades históricas. Cachoeira é a segunda cidade que mais preserva seu patrimônio histórico e cultural no Estado da Bahia. Perde apenas para Salvador. Seu casario não está totalmente preservado, mas há atrações de tirar o fôlego na área central, que atesta os tempos áureos da economia da cidade, entre os séculos 19 e princípio do século 20. É a terra, também, de Ana Néri, grande enfermeira da Guerra do Paraguai.
            Dentre os locais em que vale a pena conhecer está a Casa da Câmara e Cadeia, que funciona como a sede do Poder Legislativo e galeria de arte. Há várias praças belas e agradáveis – uma delas é o point da cidade, onde funcionam vários bares e restaurantes (em especial o calçadão da Rua 25 de Junho). Vale também visitar o Convento do Carmo. O complexo abriga duas igrejas, sendo que uma delas é uma das mais encantadoras que já visitei, dentro do estilo Barroco-Rococó (e olha que eu sou mineiro, da região dos Inconfidentes!). Há ainda um museu e um hotel, local em que nos hospedamos. Fantástico, por sinal, embora careça de reformas. O custo-benefício e a sensação de dormir nas antigas celas dos religiosos garantem a estadia.
            O restante é flanar pelas ruas, becos e ladeiras. Passear perto do rio, visitar o mercado, conhecer a antiga estação ferroviária. Não atravessei o rio para São Félix, por falta de tempo, mas é fácil chegar à cidade vizinha a pé ou de carro. É só enfrentar o calor e cruzar a linda ponte Dom Pedro II, de 365 metros de comprimento.
            Em Cachoeira também tivemos espaço para conhecer queridos novos amigos, dentre eles os professores baianos Cibele e Fábio e a funcionária pública mineira radicada em São Paulo, Helena. Papos incríveis, de pessoas com afinidades políticas e culturais, que sonham com um Brasil melhor, sem tantas desigualdades. Assuntos pertinentes, aliás, numa cidade baiana formada em sua maioria por afrodescendentes.
            Embora não tenhamos participado, pois conhecemos Cachoeira no final de dezembro de 2018, soubemos da mais importante festa religiosa da cidade, que mistura rituais católicos e do candomblé: a festa de Nossa Senhora da Boa Morte. Ela acontece sempre no mês de agosto, na proximidade do dia 15. Pelas informações que obtivemos, é de uma beleza incrível. Quem sabe, um dia, teremos tempo para conhecer melhor essa celebração.
            Continuemos a viagem. Próxima parada: Penedo, Alagoas.

Convento do Carmo











Centro Histórico de Cachoeira




Do lado direito, a Casa da Câmara






Mercado Municipal

Feira


Estação Ferroviária

Ponte D. Pedro II

Rio Paraguaçu, Ponte D. Pedro II e São Félix

Mural de rua

Barbearia



Igreja de Santa Maria Madalena


Quadro mostra detalhe da Festa de N. Sra. da Boa Morte

Casa da Câmara

Complexo do Carmo e pousada (direita) onde ficamos

Por-do-sol no Rio Paraguaçu



Vista noturna de São Félix

Calçadão da 25 de julho: point noturno

Calçadão da 25 de Julho

Rio Paraguaçu à noite

Mural

Mural
Uma selfie com Helena, Cibele, Fábio e Wagner: amizades e afinidades


Turnê Atacama/Uyuni Parte IV: Salar de Uyuni

  No bosque das bandeiras, atração do Salar de Uyuni Veja as fotos no final do texto Clique nas fotos para ampliá-las      Chegamos à última...