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Com Jaqueliny, no Instituto Terra (foto de Wagner Cosse) |
Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse
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No dia 22 de janeiro de 2019, chegamos a
Aimorés, cidade mineira do Vale do Rio Doce, na divisa com o Espírito Santo. O
município encontra-se a 440 km de Belo Horizonte, capital do Estado. Esta é a
última etapa do circuito que denominamos de Trilha da Resistência ou do
Cangaço.
Como relatei na
primeira postagem, publicada em 3 de fevereiro deste ano neste blog, viajamos
(eu e meu companheiro de viagem, Wagner Cosse), 5.650 km de carro, entre os
dias 26 de dezembro de 2018 e 24 de janeiro de 2019. Começamos a viagem em Belo
Horizonte, onde vivo, e, em seguida, passamos por Minas Novas, Vitória da
Conquista, Cachoeira, Penedo, Esplanada, Marechal Deodoro, Maceió e praias do
Norte de Alagoas, União dos Palmares, Palmeira dos Índios, Quebrangulo, Água
Branca, Canindé de São Francisco, Piranhas, Paulo Afonso, Jeremoabo, Canudos,
Ilhéus, São Mateus, Linhares, Regência, Aimorés, Ipanema, dentre outras cidades.
Nessa etapa final da
viagem, iniciada em Linhares (ES), estamos percorrendo o curso do Rio Doce, terrivelmente
afetado pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério de Bento Rodrigues,
distrito de Mariana (MG). A entrada entre Linhares e Aimorés é belíssima, com
paisagens deslumbrantes. Quase toda ela margeia o rio.
A visão do leito do
rio, em Aimorés, não é das mais entusiasmantes. O assoreamento somado à construção
de uma represa e aos rejeitos provocaram uma sensível mudança em seu curso e,
onde havia um píer, hoje é um triste mirante. Vemos pedras, arbustos e um fino
curso d´água a uma certa distância. Confesso que foi chocante para mim ver esta
cena.
Aimorés, na minha ilusão,
por ser uma cidade montanhosa, teria um clima agradável. Nada disso, a
temperatura chegou a 40º nos dias em que estivemos lá. Calor, calor, calor.
Ficamos hospedados no hotel que leva o nome da cidade, bem na pracinha onde
fica a estação ferroviária e o Banco do Brasil. Embora tivesse seu auge nos anos
passados, o hotel conserva um certo charme de um tempo nostálgico. O
proprietário cuida dele com muito carinho, o que se revela nos detalhes.
A principal razão para
visitarmos Aimorés, além do Rio Doce, é o Instituto Terra, uma magnífica
iniciativa do casal Lélia e Sebastião Salgado, este um dos maiores fotógrafos
do mundo. Ele situa-se na antiga fazenda de gado que pertencia à família de
Sebastião Salgado, denominada Fazenda Bulcão, que era constituída por uma área
total de 709,84 hectares. Durante décadas de mau uso do solo, o terreno foi degradado.
Boa parte da arborização foi destruída e as nascentes sumiram.
O Instituto Terra
surgiu do sonho de reflorestar toda a área da fazenda, com o plantio de árvores
da Mata Atlântica. O resultado dos últimos 20 anos de trabalho é impressionante.
A mata prosperou, as nascentes voltaram a brotar, os animais retornaram ao seu
habitat original. E, além disso, o instituto desenvolveu um criatório de mais
de 6 milhões de mudas, que abastece toda a região. A atuação envolve também
outras frentes, como a recuperação das nascentes do Rio Doce, muitas delas
degradadas pela poluição ou outros problemas.
Vários profissionais atuam
no instituto, que conta com apoio de empresas parceiras. Graças à fama de Sebastião
Salgado, o projeto chamou a atenção do mundo inteiro, recebendo vários prêmios
internacionais e estimulando outras ações parecidas. Estimulou, inclusive, a
filmagem do documentário “O sal da terra”, dirigido por Win Wenders. Além
disso, eles contam com um contingente de estudantes e estagiários, que
consolidam sua formação no local. Exemplo disso é a jovem Jaqueliny, formada no curso técnico de Agropecuária. No instituto ela cursou o pós-técnico do Núcleo de Estudos em Restauração Ecossistêmica (NERE). Regularmente, a fazenda recebe
milhares de estudantes e visitantes de diversas localidades.
Até o clima na
Fazenda Bulcão é mais agradável. De três a cinco graus mais ameno do que no
centro de Aimorés. O lugar é um paraíso ecológico, que deveria servir de
exemplo para muitos proprietários de terra.
Sobre Aimorés, tenho
pouco a dizer. O museu histórico estava fechado no dia que visitei a cidade.
Dei algumas voltas na área central, para conhecer um pouco, mas confesso que o
calor inibiu as iniciativas mais ousadas de caminhada.
Hora de arrumar as
malas e seguir para casa. Atravessamos mais uma estrada encantadora, no
circuito Aimorés-Ipanema-Manhuaçu (MG). Depois disso, pegamos um trecho da BR-262
até Rio Casca. Como a rodovia está em obras, com muitas retenções, resolvemos
desviar pelo circuito Ponte Nova-Mariana-Ouro Preto-Itabirito-Belo Horizonte, na
BR-356, denominada Rodovia dos Inconfidentes.
Extraordinária viagem.... Obrigada por nos proporcionar as maravilhosas imagens do instituto Terra.
ResponderExcluirAgradecido. Favor assinar e curtir nosso blog. Abraços
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