quinta-feira, 3 de março de 2016

Descobrindo as cores e as formas do Alentejo, bela região portuguesa

Na encantadora Monsaraz, no Alentejo (foto de Wagner Cosse)

A partir desta postagem, vou relatar a viagem de 21 dias que empreendi, ao lado de meu querido amigo Wagner Cosse, por Portugal (seis dias) e Marrocos (15 dias), em fevereiro de 2016. Visitamos uma sequência impressionante de lugares maravilhosos, com grande diversidade cultural e social, mas também com algumas identificações, considerando que há grande influência mourisca em terras lusitanas e Portugal já teve várias possessões em Marrocos, no passado. A intenção, no entanto, é mergulhar nessas culturas e observar, mesmo em poucos dias, o que elas têm de melhor para nos oferecer.
            Saímos de Belo Horizonte perto da meia noite do dia 07 de fevereiro e chegamos a Lisboa por volta no início da tarde, considerando as três horas de diferença em consequência do horário de verão (no Brasil), do horário de inverno (Portugal) e do fuso horário. Alugamos um carro nas imediações do aeroporto internacional e rumamos para a primeira parada: Montemor-O-Novo, onde Wagner reencontraria alguns amigos que fez durante o festival internacional de folclore, no ano passado, do qual o Grupo Arunda, de Belo Horizonte, fez parte. Fomos bem recebidos com carinho por Antônio, João, Nuno, Suzete e o pequeno Gonçalo.
           Depois de jantarmos em um tradicional restaurante local, caminhamos pelas ruas da cidade, que estava parcialmente invadida por pessoas fantasiadas. Era segunda-feira de carnaval. Claro, não é a festa a qual estamos acostumados no Brasil. Lá, ela é tímida e pouco espalhafatosa. Mas foi incrível ver a quantidade de pessoas fantasiadas e, como no nosso país, com muita criatividade na escolha dos temas.
            No dia seguinte, acompanhados por Antônio, partimos para conhecer um pouco mais do Alentejo, região particularmente agrícola de Portugal, com hábitos e costumes bem próprios, e uma natureza esplendorosa. Muitas vezes, nos sentimos em casa. Segundo Antônio, que esteve em Minas Gerais em janeiro, o alentejano tem muitas características em comum com os mineiros, inclusive na entonação e na forma de cortas as últimas sílabas das palavras.
Percorremos uma série de locais encantadores, como um sítio histórico com os megálitos, pedras que faziam parte de templos ritualísticos da antiguidade (como Stonehenge, na Inglaterra). Alguns datam de 4.000 A.C. Havia, ainda, inúmeras plantações de cortiça, árvore-símbolo de Portugal, que é o seu maior produtor mundial. A cortiça tem peso de ouro, uma vez que o material é muito disputado e sua colheita é feita somente uma vez em cada década. É possível, nas lojinhas da região, encontrar vários materiais feitos a partir da cortiça, inclusive vestidos, guarda-chuvas e até cartões postais.
            Nos outros dias, visitamos Évora, Estremoz, Vila Viçosa e Monsaraz, todas as cidades alentejanas. A mais famosa é Évora, patrimônio da humanidade, com belíssimas edificações. O contraste mais impressionante é a praça que abriga um templo romano do século II (D.C.), a Sé (de 1186) e palacetes dos séculos XVI a XVIII. No campo da visão, séculos de história e influências arquitetônicas.
           Évora é um ótimo local para caminhar a esmo, com muitas lojas, cafés, restaurantes, pousadas e hotéis de qualidade. Daqueles lugares com muitas mesinhas na praça principal. Há uma impressionante capela dos ossos, que não conheci pois estava fechada no dia que estivemos na cidade e vários museus. Preferimos percorrer as ruazinhas, acompanhados pelo nosso amigo alentejano, Antônio, que foi um ótimo cicerone. Além de conhecer bem a região, ele estuda na universidade local. Em consequência disso, há muitos estudantes pelas ruas.
             Estremoz fica a uns 40 km de Évora. A parte mais moderna da cidade tem uma bela praça e um respeitável casario, com belos prédios dos séculos XIX e XX. Trata-se de um município rico, principalmente porque possui a segunda maior mina de mármore do mundo (atrás somente da Itália). É possível ver a influência desse mineral nas edificações e até mesmo no calçamento das ruas. A parte mais antiga fica localizada nas proximidades da Torre das Três Coroas, monumento medieval, ladeado por um castelo e muralhas. O local onde viveu Santa Isabel, rainha de Portugal famosa por suas ações caridosas, funciona atualmente como uma pousada de luxo. A chuva e o frio intenso nos impediram de percorrer os locais com mais tranquilidade, mas deu tempo de visitar uma bela exposição dos bonecos de Estremoz, muito famosos em Portugal. Eles lembram um pouco a arte do Mestre Vitalino, de Pernambuco.
            Nesse mesmo dia, visitamos Vila Viçosa e o palácio ducal dos Bragança, que foram por muitos séculos reis de Portugal. E até do Brasil, pois Dom João VI e Dom Pedro I pertenciam a esta casa real. O luxuoso palacete é um museu, aberto à visitação, com uma impressionante fachada em mármore, grandes aposentos e riquíssimo mobiliário. A joia da coroa é a cozinha, com a maior coleção de panelas e utensílios de bronze da Europa – são mais de 600 peças. É encantadora! Infelizmente, não pudemos registrar em fotos, uma vez que é proibido fazer imagens da parte interna do palacete. O guia do museu, que conduziu nossa visita, foi uma atração à parte. Mesmo instigado por uma turista inconveniente, respondeu a todas as questões como uma especialista.
            Gastamos a última parte da viagem para conhecer Monsaraz, uma vilazinha branca amuralhada, no alto de uma colina. Para tornar a visão ainda mais encantadora, o local é circundado pela gigantesca Barragem da Alqueva, o maior lago artificial da Europa. Monsaraz fica próxima à fronteira com a Espanha e foi um importante ponto de defesa dos portugueses no passado. Atualmente, é um brinco, com lojinhas, restaurantes e pousadas. Por estar no inverno quando a visitamos, a temperatura girava entre 9 e 18 graus, atraindo menos turistas do que na alta temporada, em maio, junho e julho. O que tornava os recantos ainda mais misteriosos e aprazíveis.
            O Alentejo é muito mais, com incríveis vinhedos, florestas, rios e pequenas vilas encravadas nas planícies verdejantes. O sol e a chuva se revezavam, provocando um alucinante arco-íris, para deleite dos visitantes brasileiros, já encantados pela beleza da região.
            Na última noite, fomos brindados com um jantar, acompanhados por nossos amigos portugueses, em Montemor. O restaurante escolhido foi o A Ribeira. Descobrimos logo a razão: o proprietário é uma figuraça. Ele brinca com os clientes, canta, interpreta personagens e até sobe nas mesas e anuncia o menu em ritmo de rap. Nós, os clientes, o acompanhávamos com palmas. Comida deliciosa, com ótimo preço, com direito ao indefectível (e delicioso) vinho da casa. O encontro foi, segundo nosso amigo Antônio, “maravilhoso”!
No dia seguinte, retornamos a Lisboa, de onde pegaríamos o avião para Marrocos, segunda parte da nossa viagem. Uma última emoção foi atravessar a deslumbrante Ponte Vasco da Gama, com seus 17,3 km de extensão. O GPS já anunciava o fim da jornada. Deixamos o automóvel na locadora e rumamos para o aeroporto. Próxima parada: Marrakesh.

Algumas observações:

Fiquem atentos à contratação de veículos pela internet. Ao chegarmos a Lisboa, descobrimos que não havia o automóvel disponível e tivemos que esperar mais de 30 minutos até encontrarem um carro em outra locadora da região. Um casal já estava há mais de uma hora tentando a liberação.

Outro problema para quem opta por dirigir em Portugal são os preços dos pedágios. Em curto período, pagamos mais de 15 euros. Por isso, optamos – quando possível - por vias paralelas, que também possuem uma ótima qualidade de pavimentação.

Embora muitos hoteis sejam deslumbrantes, mesmo para o padrão de duas ou três estrelas, o café da manhã não acompanhava o nível das dependências. Não encontramos, na região do Alentejo, um “pequeno almoço” à altura do padrão das hospedagens.

Por fim, sugiro que tenham muito cuidado – mas muito mesmo – com o Decolar.com, site de vendas de passagens aéreas. Durante a viagem, ouvi muitas reclamações de pessoas que se viram enganadas por passagens que não foram confirmadas. De minha parte, resolvi não me arriscar mais.


João, Suzete, Gonçalo, Nuno, Wagner e Antônio: amigos alentejanos

Hotel em Montemor-O-Novo

Árvores de cortiça
No restaurante A Ribeira, em Montemor, o proprietário sobe nas mesas para cantar o menu

No sítio dos megálitos


Carnaval em Montemor-O-Novo

Fotos de Wagner Cosse




Évora




















Estremoz













Vila Viçosa e paisagens alentejanas





Monsaraz


Foto de Wagner Cosse

















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