segunda-feira, 23 de abril de 2012

Güle güle, Istambul

No palácio Domalbahçe

            Istambul amanheceu chovendo neste penúltimo dia de viagem. Pensei, como Woody Allen em seu filme “Meia Noite em Paris” se referiu à capital francesa, se Istambul poderia ser mais linda ainda quando chovia. Para um fotógrafo, um dia nublado pode ser melhor para registrar os locais, por ter menos incidência de claro e escuro. Mas a chuva torrencial que caía chegava a incomodar um pouco. E, para pior, estava sem guarda-chuva. Por isso, fui ao palácio Domalbahçe para conhecê-lo.
            Diferentemente do Topkapi, um palácio com o clima oriental da cidade, Domalbahçe respira o ocidente. Foi construído no século 19, quando o Império Otomano já não ia bem das pernas, mas o sultão ignorou esse fato e fez de tudo para construir um palácio com todos os requintes necessários. Infelizmente, não pude fotografá-lo internamente, mas a decoração é arrebatadora, inspirada no palácio francês de Versalhes. Imaginem escadarias e lustres de cristal, imensos vasos de porcelana chinesa, tapeçarias riquíssimas e um douramento de grande ostentação nos móveis e frisos. A sala dos embaixadores é de arrepiar de tão suntuosa. Mas há também salões todos nas tonalidades de rosa e azul.
            A visita foi um tanto protocolar, pois só é possível entrar no palácio em grupos com números predeterminados de pessoas. É uma estratégia para não superlotar o ambiente e preservar as raridades ali expostas. São mais de 200 cômodos. A gente acaba fazendo uma fila indiana enorme. E até engraçada.
            Encerrando a estadia em Istambul, no dia seguinte, resolvemos bater perna: o meu programa favorito. Nada de museus, de restaurantes, de passeios. Simplesmente andar pela cidade, em suas vias, ruelas, becos, mercados, lojas, descobrindo coisas, flagrando cenas, ouvindo o sons emitidos em todos os cantos. Procurar uma lembrança, fotografar uma vitrine, observar os pássaros, encantar-se com as suntuosas entradas dos hotéis de luxo. Sermos humanos e simplesmente observadores.
            Tomei o metrô e o funicular, desci na praça Taksim, passeei pela Istiklal Caddesi, adentrei os becos que conduzem à torre de Gálata, surpreendi-me com as imensas filas de acesso a este belo monumento, prossegui adiante até chegar na ponte de Gálata, que cruza do Chifre de Ouro. A região é lotada de pessoas andando, pescando, trabalhando, conversando e até rezando nas mesquitas próximas. Fui mais uma vez ao mercado das especiarias sentir o aroma do local e resolvi parar um pouco debaixo da ponte de Gálata, onde se situam vários restaurantes especializados em peixes. Ali mesmo almocei e tomei uma cerveja turca, que achei suave e saborosa. Rodei um pouco por ali, visitando algumas lojas e me perdendo na algazarra.
            Depois, resolvi ir a pé até o hotel, passando pela estação ferroviária, criada especialmente para receber o então famoso Expresso Oriente, subindo por algumas ruazinhas lotadas de lojas de artesanato e presentinhos, comprando alguns discos de música turca (maravilhosos!!!), experimentando todos os sentidos.
            Para arrematar a viagem a esta encantadora metrópole, Wagner (meu companheiro de viagem) e eu fomos a um show de dança turca. A princípio, como aconteceu em Sevilha, referindo-se ao espetáculo de flamenco, achei que era uma furada. Mas, para nossa surpresa, assistimos a um espetáculo sensacional, de aproximadamente uma hora e meia, com cerca de 20 bailarinos e uma pequena orquestra de músicos excepcionais. Foi, realmente, extasiante. O próprio local, um edifício octogonal de, pelo menos, seis séculos, já era um convite para entrar naquele universo sensorial.
            Pensamos muito no Aruanda, um grupo folclórico mineiro, de alto nível, que mesmo com 50 anos de serviços dedicados à cultura brasileira, ainda não possui sede própria e não conta com um espaço desse nível para se apresentar. Que bom seria se o turista ou o visitante que chegasse a Belo Horizonte e pudesse ir a um local para assistir a uma apresentação do Aruanda, com as principais danças do nosso folclore. Mais ou menos o que vimos em Istambul.
            Bem, agora nos resta despedir e levar, desse local, um sabor de “quero mais”, de até breve. E recordar, por meio das imagens e das sensações, todas as alegrias que essa cidade me trouxe. Güle güle!

Portal principal do Domalbahçe

Jardins do palácio

Detalhe da fachada do palácio

Palco da apresentação de danças turcas

Wagner na plateia

Dançarinas


Grupo musical




Bondinho da Istiklal Caddesi

Rua de artesanato, no centro de Istambul

Torcedores em frente ao estádio de futebol

Salão do hotel Pera Palace, onde os vips se hospedam

Grupo musical se apresenta na rua

Carrinho de simitçi, um pão típico da Turquia

Café de Istambul

Outro café, com motivos em art deco

Banca de frutas

Artesanato inspirado nos dervixes rodopiantes

Um dos milhares de gatos que circulam pela cidade

Ponte de Gálata (os restaurantes ficam na parte de baixo)

A cidade ferve

Barcos exóticos no Chifre de Ouro

Banca de sucos de frutas

Praça em frente ao mercado de especiarias

Gente de todas as tribos

Multidão

Nacionalismo

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