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No Museu Nacional de Antropologia do México, tendo ao fundo a Pedra do Sol, dos aztecas |
O
segundo dia na cidade do México começou com a vibração da torcida mexicana que,
num jogo difícil, venceu a seleção camaronesa por 1 a 0. Diferentemente do
Brasil, o país não interrompe seus serviços e fecha o comércio para ver os
jogos da Copa do Mundo, nem mesmo quando seu escrete está em campo. Para nossa
felicidade, os museus e outros equipamentos turísticos estavam em pleno
funcionamento.
A
primeira atividade foi uma caminhada pelo belo Paseo de la Reforma, uma extensa
avenida decorada por árvores, jardins e esculturas, com aproximadamente 3,5
quilômetros. Quando foi criada, nos idos da década de 1910, era circundada por
imensos casarões de estilos variados, como o neoclássico e o art deco. Com o
tempo e o crescimento populacional, eles foram derrubados, assim como na Avenida
Paulista (São Paulo), e substituídos por edifícios gigantescos, alguns com
arquitetura bastante arrojada. A monumental estátua do Anjo da Independência,
que retrata uma mulher alada, em marcante tom dourado, foi instalada em ponto
de destaque no Paseo. Ela é o símbolo da capital mexicana. Nos domingos esse
local é fechado para os caminhantes e ciclistas, numa ação municipal para
valorizar o centro da cidade e atrair os moradores e seus familiares.
Mas
no dia de Santo Antônio, o nosso objetivo era chegar ao Museu Nacional de
Antropologia, com o importantíssimo legado dos povos que habitaram o país no
passado, como os aztecas e os maias, entre tantos outros. E difícil descrever o
impacto que os milhares de objetos provocam nos visitantes. São obras de arte,
instrumentos musicais, máscaras, estátuas, ídolos, joias e até templos inteiro,
entre originais e reproduções, que impressionam pela beleza e sofisticação.
Eles exibem, de maneira contundente, o legado das civilizações passadas nessa
parte do mundo. Um dos pontos altos é a Pedra do Sol, criada pelos aztecas. O
local ainda abriga um bom restaurante e uma loja de suvenires com preços razoáveis.
O
museu está localizado no Bosque Chapultepec, onde também ficam outros espaços
culturais, como o Museu de História e Museu de Arte Contemporânea. Além disso,
há um grande lago e outros atrativos. Um deles, que chamou a minha atenção, foi
a presença de um fotógrafo lambe-lambe, que disponibiliza dois cavalos de
madeira e trajes locais, como o sombreiro, para nos sentirmos mexicanos
tradicionais. Wagner, meu companheiro de viagem, e eu não resistimos a pousar
para uma foto, vestidos de Pacho Villa e Emiliano Zapata, para podermos posteriormente
rir da brincadeira.
O mico
Depois
desse entrevero lúdico e cultural, partimos para o que consideramos o mico da
viagem. Para introduzir o assunto, é importante ressaltar que sempre gostei de
experimentar a vida de uma cidade do jeito como vivem seus moradores. Na
capital do México, por sua grandiosidade e por sua população de 23 milhões de
habitantes, o metrô é o meio de transporte mais eficiente. Cinco milhões de
pessoas o utilizam diariamente. As 12 linhas cruzam todo o perímetro urbano,
com uma série de ônibus auxiliares, trólebus, trens ligeiros, que são metrôs de
superfície, e o modelo tipo BRT, que os mexicanos denominam de metrobus. O
sistema cobre 195 estações e 177 km de linhas. Uma lição para cidades como São
Paulo e, mesmo, Belo Horizonte que, apesar de bem menor, investe pouco na
melhoria do transporte público.
Mas,
voltando ao mico, a proposta era fazer o passeio de barco em Xochimilco (ou
seria XochiMico?), onde existem 140 quilômetros de canais e charmosas embarcações
coloridas, bem típicas do México. Depois de enfrentarmos quase duas horas entre
metrô e o trem ligeiro (que só tem rapidez no nome, pois ele para em 17 estações!),
chegamos a uma cidadezinha que lembra mais um bairro pobre da periferia das
grandes cidades. Um lugarejo feio e sem muitos atrativos. Mas ali se cultivam
as flores e verduras que abastecem o país. Tirando duas ou três coisas agradáveis,
como a igreja e a praça principal, tudo é de uma feiura impressionante,
agravada por uma iluminação pública de péssima qualidade, que deixa as ruas
muito escuras (ficamos lá entre 19 e 22h). O passeio pelos canais, apesar de
relaxante, foi tedioso. As margens são desinteressantes e sujas. Ou seja, não
consegui ver ali nenhuma razão para fazer parte dos guias turísticos – e com
destaque! Para piorar, não havia nem um lugar decente para comer. Uma pena,
depois de tanto esforço.
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