sábado, 27 de junho de 2015

Bahia 1 - Na terra de Dorival Caymmi para conhecer a Chapada Diamantina

No cartão postal da Chapada Diamantina: Morro do Pai Inácio


Em 1995, fui à Bahia pela primeira vez. Conheci Salvador e Morro de São Paulo. Apaixonei-me pelas belíssimas praias, vibrei com o som contagiante dos tambores que ecoam nas ladeiras do Pelourinho, visitei a Igreja do Bonfim. Na Lagoa do Abaeté, linda, linda, conheci os sons do antológico disco de Dorival Caymmi, em que interpretava suas canções praieiras acompanhadas apenas por seu violão. A magia do povo baiano foi tamanha, que cogitei a possibilidade de um dia morar lá.
Passados 20 anos, retorno à Bahia em junho de 2015, na companhia do cantor e jornalista Wagner Cosse, para viver mais uma aventura. Desta vez, o foco principal é a Chapada Diamantina, considerado a maior atração do ecoturismo nacional.
Chegamos a Salvador e alugamos um carro. Dali a Lençóis, na Chapada, seriam aproximadamente 360 km. A saída da metrópole foi tranquila e, felizmente, bem sinalizada. Antes de chegarmos ao destino final, fizemos uma parada estratégica: visitamos Santo Amaro da Purificação, terra de Caetano Veloso e Maria Bethânia. Na histórica cidade natal dos grandes artistas brasileiros está a casa onde morou Dona Canô. O local é uma referência na cidade. Mas, olhando um pouco além, notamos a beleza da igreja matriz, com belíssimas pinturas no forro e nos azulejos. Ampliando o olhar, notamos alguns casarões que remetem ao tempo que a cidade era um centro açucareiro. Esse período está na memória, mas a realidade alterou bastante a paisagem.

Chegamos a Lençóis à noite. Ficamos instalados na Pousada Lavramor, que contratamos por meio do Booking. Como era feriadão de Corpus Christie, e havia muitos hóspedes, tivemos que nos contentar com um quarto bem regular. No dia seguinte, ofereceram-nos novas acomodações por uma diferença de preço que valia a pena pagar. Ficamos com o quarto principal, com uma vista privilegiada da cidade.
Lençóis é uma cidade histórica, que desenvolveu por meio da mineração de diamantes, que teve seu auge a partir de meados do século 19. Mais do dobro dos seus atuais 9 mil habitantes viviam naquela região explorando o importante filão econômico. Do período, sobreviveram muitas casas que retratam a pujança e a riqueza da região. Atualmente, Lençóis vive do turismo. As antigas rochas e rios de onde eram extraídos os diamantes transformaram-se em um centro de peregrinação de todos aos amantes da natureza. Ali estão várias grutas fantásticas, poços de águas azuis cristalinas, cachoeiras de tirar o fôlego e montanhas... montanhas divinas.
Chovia nos primeiros dias da viagem, contrariando todas as previsões que tínhamos do tempo. Mas, segundo os moradores locais, sempre choveu um pouco em junho. No entanto, isso não tirou inteiramente nosso ânimo. Aproveitamos os primeiros momentos para fotografar a cidade. No dia seguinte, somente com nuvens encobrindo o sol, pudemos partir para a Gruta Torrinha, cerca de 60 km. Afinal, lá dentro não teríamos problemas com a chuva.
Torrinha é uma das mais extensas grutas em visitação do país. Para ter uma ideia, com a nossa curiosidade, ficamos lá dentro por cerca de quatro horas! São aproximadamente 5 km de caminhada ida-e-volta, sendo alguns trechos bastante íngremes e, outros (para meu desespero), agachados. O que se observa é uma profusão de cores nas rochas e de tipos de formação (helictites, flores de aragonita, agulhas de gipsita e estalactites). Desisti de decorar os nomes, mas fiquei embasbacado com a beleza. Fomos contemplados, também, com uma visita a um salão especial, com muitas rochas brancas ou bem clarinhas, onde tudo rebrilha, parecendo um céu de estrelas. Nesse local, o guia nos fez passar pela experiência de desligar as lanternas para sentir o breu e o silêncio profundo.
            Ao retornarmos a Lençóis, à noite, notamos que a cidade ficava cada dia mais enfeitada, preparando-se para os festejos juninos. As bandeirolas coloridas provocaram um surto nos dedos dos fotógrafos, que queríamos flagrar cada instante.

            Continuamos a viagem à Chapada Diamantina na próxima postagem. Até mais!

Fotos de Thelmo Lins e Wagner Cosse


Santo Amaro da Purificação







Na casa natal de Caetano Veloso e Maria Bethânia

Lençóis















Na Gruta da Torrinha











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