No cartão postal da Chapada Diamantina: Morro do Pai Inácio |
Em 1995, fui à Bahia pela primeira vez. Conheci Salvador e
Morro de São Paulo. Apaixonei-me pelas belíssimas praias, vibrei com o som
contagiante dos tambores que ecoam nas ladeiras do Pelourinho, visitei a Igreja
do Bonfim. Na Lagoa do Abaeté, linda, linda, conheci os sons do antológico
disco de Dorival Caymmi, em que interpretava suas canções praieiras
acompanhadas apenas por seu violão. A magia do povo baiano foi tamanha, que
cogitei a possibilidade de um dia morar lá.
Passados 20 anos, retorno à Bahia em junho de 2015, na
companhia do cantor e jornalista Wagner Cosse, para viver mais uma aventura.
Desta vez, o foco principal é a Chapada Diamantina, considerado a maior atração
do ecoturismo nacional.
Chegamos a Salvador e alugamos um carro. Dali a Lençóis, na
Chapada, seriam aproximadamente 360 km. A saída da metrópole foi tranquila e,
felizmente, bem sinalizada. Antes de chegarmos ao destino final, fizemos uma
parada estratégica: visitamos Santo Amaro da Purificação, terra de Caetano
Veloso e Maria Bethânia. Na histórica cidade natal dos grandes artistas
brasileiros está a casa onde morou Dona Canô. O local é uma referência na
cidade. Mas, olhando um pouco além, notamos a beleza da igreja matriz, com
belíssimas pinturas no forro e nos azulejos. Ampliando o olhar, notamos alguns
casarões que remetem ao tempo que a cidade era um centro açucareiro. Esse
período está na memória, mas a realidade alterou bastante a paisagem.
Chegamos a Lençóis à noite. Ficamos instalados na Pousada
Lavramor, que contratamos por meio do Booking. Como era feriadão de Corpus
Christie, e havia muitos hóspedes, tivemos que nos contentar com um quarto bem
regular. No dia seguinte, ofereceram-nos novas acomodações por uma diferença de
preço que valia a pena pagar. Ficamos com o quarto principal, com uma vista
privilegiada da cidade.
Lençóis é uma cidade histórica, que desenvolveu por meio da
mineração de diamantes, que teve seu auge a partir de meados do século 19. Mais
do dobro dos seus atuais 9 mil habitantes viviam naquela região explorando o
importante filão econômico. Do período, sobreviveram muitas casas que retratam
a pujança e a riqueza da região. Atualmente, Lençóis vive do turismo. As
antigas rochas e rios de onde eram extraídos os diamantes transformaram-se em
um centro de peregrinação de todos aos amantes da natureza. Ali estão várias
grutas fantásticas, poços de águas azuis cristalinas, cachoeiras de tirar o
fôlego e montanhas... montanhas divinas.
Chovia nos primeiros dias da viagem, contrariando todas as
previsões que tínhamos do tempo. Mas, segundo os moradores locais, sempre
choveu um pouco em junho. No entanto, isso não tirou inteiramente nosso ânimo.
Aproveitamos os primeiros momentos para fotografar a cidade. No dia seguinte,
somente com nuvens encobrindo o sol, pudemos partir para a Gruta Torrinha,
cerca de 60 km. Afinal, lá dentro não teríamos problemas com a chuva.
Torrinha é uma das mais extensas grutas em visitação do país.
Para ter uma ideia, com a nossa curiosidade, ficamos lá dentro por cerca de
quatro horas! São aproximadamente 5 km de caminhada ida-e-volta, sendo alguns
trechos bastante íngremes e, outros (para meu desespero), agachados. O que se
observa é uma profusão de cores nas rochas e de tipos de formação (helictites,
flores de aragonita, agulhas de gipsita e estalactites). Desisti de decorar os
nomes, mas fiquei embasbacado com a beleza. Fomos contemplados, também, com uma
visita a um salão especial, com muitas rochas brancas ou bem clarinhas, onde
tudo rebrilha, parecendo um céu de estrelas. Nesse local, o guia nos fez passar
pela experiência de desligar as lanternas para sentir o breu e o silêncio
profundo.
Ao
retornarmos a Lençóis, à noite, notamos que a cidade ficava cada dia mais
enfeitada, preparando-se para os festejos juninos. As bandeirolas coloridas
provocaram um surto nos dedos dos fotógrafos, que queríamos flagrar cada
instante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário